Mulheres notáveis em Itaúna
Prestamos homenagem às mulheres notáveis em Itaúna, Minas Gerais, que, com coragem, dedicação e resiliência, moldaram a história da cidade em áreas como educação, saúde, filantropia, resistência, cultura e tradição. Este texto celebra a diversidade e contribuições e reforça a importância de seu legado para as gerações atuais e futuras.
Irmã Benigna Victima de Jesus: Madre superiora da Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira por 12 anos, liderou as Irmãs Auxiliares da Piedade desde sua chegada a Itaúna em 1945.
Sob sua gestão, o hospital ofereceu
serviços médicos internos, administração exemplar e atendimentos gratuitos na
policlínica, trazendo esperança aos necessitados. Sua missão em Itaúna terminou
em 1948, mas seu impacto na saúde e espiritualidade da comunidade permanece
vivo.
A educação em
Itaúna foi profundamente marcada por mulheres que dedicaram suas vidas ao
ensino, enfrentando desafios e deixando legados duradouros:
Professora Elsa Nogueira Gomide: Normalista e funcionária pública, superou preconceitos para se
tornar influente na educação. Atuou no Ministério da Educação e assegurou
verbas federais para a Universidade de Itaúna, um marco educacional.
Professora Thereza Juliano Boza Campos: Nascida em 1934, lecionou por mais de 20 anos em
cidades como Santos Dumont e Itaúna, incluindo a Universidade de Itaúna, com
paixão e compromisso.
Professora Gilka Drumond de Faria: Iniciou sua carreira aos 16 anos na zona rural e dedicou 49 anos
à educação. Como professora e diretora, inspirou suas filhas a seguirem o
magistério, sendo homenageada com a Escola Estadual Professora Gilka Drumond de
Faria.
Professora Celuta das Neves: Nascida em 1885, formou-se em Mariana e lecionou até 1942,
oferecendo aulas particulares até sua morte em 1968. Afrodescendente, foi um
farol de sabedoria, recebendo o título de Cidadã Honorária em 1965 e a
homenagem da Escola Municipal Professora Celuta das Neves em 1974.
Professora Yedda de Paula Machado Borges: Nascida em 1925, foi essencial na criação da Universidade
de Itaúna, lecionando matemática e participando de cursos em Israel. Recebeu a
Medalha de Ouro na primeira turma de Filosofia da universidade e foi uma das
“Melhores do Ano” em 1981.
Professora e Escritora Nise Campos:
Nascida em 1907 em Itapecerica, formou-se na Escola Normal de Itaúna em 1925.
Lecionou até a aposentadoria e escreveu poesias de humanismo e melancolia, como
a “Ode ao Tempo”. Faleceu em 1987.
Professora Graciana Courade Miranda: Nascida em 1914, dedicou quase 50 anos à educação. Implantou o
Jardim de Infância Ana Cintra em Itaúna e lecionou por 30 anos na cidade, sendo
um ícone até sua morte em 1997.
Professora Jesuína Americana Brasileira e Silva: Nascida em 1866, foi uma educadora pioneira
que atuou por mais de 40 anos em Minas Gerais. Casada com Francisco de Paula
Machado em 1884, teve 10 filhos e começou sua carreira docente antes de 1885,
inicialmente como professora interina em Itatiaiuçu. Tornou-se efetiva em São
João del Rei em 1888 após vencer um concurso e lecionou em áreas rurais e
industriais, como a Fábrica da Cachoeira (Companhia de Tecidos Santanense),
onde recebeu um aumento salarial de 5% em 1898 por seu desempenho excepcional.
Atuou em Mateus Leme, Itatiaiuçu e São Sebastião do Gil, enfrentando recursos
limitados e mudanças frequentes. Faleceu em 1960 em Belo Horizonte, deixando um
legado transformador que inspirou gerações de educadores e contribuiu para o
avanço das comunidades.
Professora Nair Chaves Coutinho: Descendente de famílias tradicionais de Itaúna, como os Gonçalves Chaves, foi educadora e diretora da Escola Normal "Manoel Gonçalves de Souza". Eleita Rainha de Itaúna em sua juventude, antes dos concursos de Miss, destacou-se por sua beleza estonteante e formação primorosa em Oliveira. Casou-se em 1924 com o médico e ex-prefeito Dr. Antônio Augusto de Lima Coutinho, com quem teve nove filhos. Sua vida foi marcada pela harmonia entre beleza, fé cristã, cultura didática e dedicação à família e à comunidade. Após sua morte, foi homenageada com a Praça Nair Chaves Coutinho (Lei Municipal 2987/95), reconhecida como exemplo de dignidade e virtude.
Professora Dolores Nogueira Penido: Atuou na Escola Rural do Povoado de Pedra, alfabetizando
gerações em uma região remota. Sua contribuição foi eternizada com a Escola
Municipal Dolores Nogueira Penido.
Filantropia e Compromisso Social
Maria Gonçalves de Souza Moreira (Dona Cota): Nascida em 1875, fundou o Orfanato
São Vicente de Paulo em 1949, doando sua fortuna para proteger crianças
desamparadas. Seu trabalho, apoiado por figuras como Dona Tereza Gonçalves, é
um exemplo de solidariedade.
Trabalhadoras e Resilientes
Associação de Santa Zita: Formada na década de 1950 por mulheres afrodescendentes como
Dona Edite Marques de Oliveira Melo e Dona Geni Ferreira Pinto, apoiava
empregadas domésticas. Celebraram a Lei 5.859/1972, que garantiu direitos à
categoria.
Anna Egipcíaca (1807-1852): Mulher escravizada que
resistiu com fé, unindo misticismo cristão e tradições afro-brasileiras.
Maria Adriana da Silva ("Bisa"): Afrodescendente nascida por volta de 1879,
aprendeu a ler e escrever antes da abolição de 1888. Viveu até os 91 anos,
inspirando sua descendência.
Dona Sinhá e Maria da Piedade: Representam a força das trabalhadoras rurais.
Maria Tião:
Conhecida por seus biscoitos fritos de polvilho, trouxe alegria à vida
cotidiana.
Balbina Fortunata da Silva: Nascida em 1902 em Itatiaiuçu, foi parteira em Itaúna,
ajudando centenas de nascimentos. Acolheu os pobres e foi ativa na política até
sua morte em 1975.
Maria Viana Mendes: Parteira gratuita na região das ruas Agripino Lima e Getúlio
Vargas, também costureira de vestidos de noiva. Faleceu em 1965.
Maria Augusta de Faria: Nascida em 1887, criou 13 filhos e foi homenageada em 1972 com
uma escola em seu nome.
Maria Joaquina Parda: Faleceu em 1852 aos 95 anos, deixando uma grande descendência em
Itaúna.
Eponina Maria do Carmo Nogueira Gomide Soares: Idealizadora da Bandeira de Itaúna,
contribuiu para a identidade cultural da cidade.
Maria da Conceição Basílio de Jesus (Dona Sãozinha): Nascida em 10 de novembro de
1925 em Divinópolis, foi coroada Rainha da Irmandade de Santa Ifigênia aos 13
anos e liderou o Reinado de Nossa Senhora do Rosário em Itaúna por 85 anos. Sua
casa no bairro Santo Antônio tornou-se o "quartel-general" das
celebrações de 1º a 15 de agosto, atraindo milhares de participantes, incluindo
políticos, artistas e congadeiros. Casada com João Ferreira em 1947, levantava
a Bandeira de Santa Ifigênia todo 1º de agosto, marcando o início das
festividades com danças, música e símbolos culturais. Faleceu em 26 de dezembro
de 2023, aos 98 anos, e seu velório incluiu o ritual de
"descoroação". Seu legado cultural afro-brasileiro será perpetuado
por suas filhas e netas.
Essas mulheres — religiosas, educadoras, filantropas, trabalhadoras, parteiras, figuras culturais e guardiãs da tradição — construíram Itaúna com suas mãos e corações. Seus legados estão nas escolas, hospitais, ruas e celebrações da cidade, inspirando-nos a lutar por igualdade e valorizar as mulheres de hoje. Que possamos honrar suas histórias e trabalhar por um futuro onde todas as vozes sejam ouvidas, perpetuando os valores de coragem, compaixão, determinação e preservação cultural que elas exemplificaram.
Organização, arte e elaboração: Charles Aquino