Nascida em 12 de novembro de
1885, na bucólica Passagem de Mariana, um distrito do município de Mariana,
Minas Gerais, Celuta das Neves tinha o destino marcado pela dedicação ao ensino
e pela paixão por ajudar o próximo. Filha de Augusto de Faria Neves e
Sebastiana Neves, desde cedo demonstrou uma inclinação para a educação, que a
acompanharia por toda a vida.
Em 1900, Celuta formou-se
normalista pelo Colégio Providência de Mariana, um feito notável para a época,
especialmente para uma mulher jovem em uma sociedade predominantemente
patriarcal. De 1901 a 1907, ela lecionou francês com maestria, deixando uma marca
inapagável em seus alunos. Em janeiro de 1908, uma nova fase começou quando foi
nomeada professora primária em Pequi, Minas Gerais, pelo então governador João
Pinheiro da Silva. Em Pequi, Celuta lecionou até 1919, antes de ser transferida
para Itaúna, Minas Gerais, onde continuaria sua missão educacional até sua
aposentadoria em 1942.
Itaúna tornou-se não apenas seu
local de trabalho, mas também sua casa e a comunidade onde fez contribuições
inestimáveis. No Grupo Escolar Dr. Augusto Gonçalves, além de ensinar, ela
ocupou o cargo de vice-diretora, influenciando decisivamente a vida de inúmeros
alunos. Mesmo após a aposentadoria, Celuta continuou a dar aulas particulares,
dedicando-se a ensinar até a véspera de sua morte.
Celuta casou-se em 17 de agosto
de 1913, em Pequi, com José Lopes de Oliveira. Juntos, tiveram cinco filhos,
cada um deles refletindo a dedicação e os valores que Celuta inspirou. A vida
familiar, no entanto, não foi isenta de tragédias. Suas Filhas, Dora Alice e Eni
de Oliveira faleceram no mesmo dia, em 10 de maio de 1927, uma de pneumonia e a
outra atropelada enquanto se dirigia à igreja, vestida de anjo para coroar
Nossa Senhora. Essas perdas profundas marcaram a vida de Celuta, mas não
diminuíram seu espírito indomável e sua dedicação à educação.
Reconhecida por sua contribuição
extraordinária, Celuta recebeu o título de Cidadã Honorária de Itaúna em 1965.
Após sua morte em 5 de junho de 1968, sua memória continuou viva. Em 1974, uma
escola no bairro de Lourdes foi nomeada em sua homenagem, perpetuando seu
legado de amor pela educação e compromisso com a comunidade. Em 1994, essa
escola foi municipalizada, reafirmando a importância de Celuta das Neves na
história educacional de Itaúna.
Celuta das Neves não foi apenas
professora; ela foi um anjo da guarda e amiga de seus alunos. Sua figura
afrodescendente foi um farol de sabedoria e resiliência. Muitos jovens, de
diferentes origens sociais, procuraram as suas aulas particulares, encontrando
nela não só uma educadora, mas também uma fonte de inspiração e apoio. Suas
aulas de português, matemática e datilografia eram mais do que aulas
acadêmicas; foram momentos de formação de caráter e preparação para o futuro.
Sua influência ultrapassou as paredes da sala de aula, moldando o caráter e as
ambições de seus alunos.
Caros alunos e comunidade da
Escola Municipal Professora Celuta das Neves, hoje, nos reunimos para honrar e
celebrar o legado de uma mulher extraordinária, cuja vida e trabalho deixaram
marcas resistentes em nossa história. Celuta das Neves, cuja dedicação à
educação e ao bem-estar de seus alunos continua a inspirar-nos, é um exemplo
brilhante de como uma pessoa pode transformar vidas e comunidades através do
ensino.
Celuta das Neves foi uma exímia
educadora em sua época, deixando um legado que transcende gerações. Sua vida é
um testemunho do poder transformador da educação e do impacto duradouro que um
professor dedicado pode ter na vida de seus alunos e na comunidade em geral.
Sua memória continua a ser uma inspiração, lembrando-nos da importância de
dedicar-se ao bem-estar e ao desenvolvimento dos outros. Seu trabalho
incansável e sua paixão pelo ensino criaram um ambiente de aprendizado e
crescimento que beneficiou gerações de estudantes.
Que seu legado nos lembre
diariamente da importância de buscarmos o conhecimento com entusiasmo, de
apoiarmos uns aos outros com generosidade e de trabalharmos com dedicação para
construir um futuro melhor para todos. Como alunos desta escola, vocês são os
herdeiros dessa grande história, e cabe a vocês continuar a honrar a memória de
Celuta das Neves, mantendo vivos os valores que ela tanto prezava. Que sua
jornada de aprendizado aqui na Escola Municipal Professora Celuta das Neves
seja sempre guiada pelo espírito de excelência, compaixão e determinação que
ela exemplificou em sua vida.
História narrada em áudio! Imperdível!
Organização, arte e pesquisa: Historiador Charles Aquino, ex-aluno da escola Celuta das Neves.
Colaboradores:
Direção e professores da Escola Celuta das neves, Professor Luiz Otávio Rabelo
e Prefeitura Municipal de Itaúna.
Realizado em Sant'Ana
do Rio São João Acima, hoje Itaúna/MG — Pedra Negra!