sexta-feira, setembro 20, 2019

HISTÓRIA DA SAÚDE EM ITAÚNA (PARTE IV)

Robustez em Itaúna

Teve grande repercussão em nossa cidade o Concurso de Robustez Infantil promovido pelo Centro de saúde de Divinópolis, como preliminar ao grande concurso que será realizado no fim do ano na Capital do Estado.

O dr. Mario Figueiredo, esforçado diretor daquele centro, não tem poupado energias para o maior brilhantismo do certâmen: grande é o número de prêmios que recebeu aquele posto para serem distribuídos às crianças vencedoras.

Em Itaúna já estão fichadas e prontas para concorrerem ao concurso as seguintes crianças:
FILHO
PAI
Evandro Alberto
dr. Lima Coutinho
Luiz Augusto
dr. Augusto Gonçalves
Zenolia
sr. Crispim Magalhães
Ildeu
sr. Francisco Guimarães
José Jorge
Sr. Messias Jorge
José Joaquim
sr. Alcino Ribeiro
Danilo
sr. Bossuet Guimarães
Renée
sr. Tertuliano Queiroz
Carlo Nei
sr. Acrísio Moura Costa
Guido
sr. Francisco Saldanha
Adolfo
sr. Adolfo Mendes

Há ainda várias outras crianças cujas filhas estão em preparação. Os pais que possuírem filhos robustos, com idades de 3 meses a um ano, e desejarem que concorram ao concurso, devem procurar os drs. Lima Coutinho, Lincoln Nogueira, Hely Nogueira e José Drumond.

Robustez em Divinópolis

A campanha em torno do primeiro Concurso de Robustez Infantil em Divinópolis, estava com base na ideologia da “eugenia positiva”[1] (SOARES, 2012), por meio de cuidados biológicos e tratando dos problemas sociais, não como questões raciais, mas como decorrência de precárias condições de saneamento, que grande parte da população urbana e rural do início do século XX se encontravam.

O dr. Figueiredo acreditava que o concurso seria uma forma de conscientizar e educar as famílias para o fortalecimento das sociedades humanas e consequentemente a do país, tendo como principal alvo, “a participação da mulher na construção de uma nação forte e saudável”. (ALMEIDA, 1928, p.160).

As inscrições para o primeiro concurso de robustez foram realizadas no próprio Centro de Saúde de Divinópolis, entre o período de agosto a outubro de 1933.

O local do concurso de Robustez, foi realizado no Cine Avenida, localizado no centro da cidade. Neste evento, reuniram-se cerca de quatrocentas pessoas, entre várias personalidades: políticos, médicos, sanitaristas, colaboradores e a população divinopolitana. 

O concurso foi superintendido pelo dr. Mário Augusto de Figueiredo e composto por um grupo de médicos que constituiu uma comissão de júri: dr. José Drumonddr. Aristóteles de Barros, dr. Dario Gonçalves, dr. Antônio de Lima Coutinho, sendo todos médicos da cidade de Itaúna e dr. Ananias Ataliba Teixeira, médico da cidade de Formiga.


O evento contou com a presença do farmacêutico e prefeito da cidade de Divinópolis, Pedro X. Gontijo, ficando o discurso inicial na incumbência do juiz municipal, dr. José Pereira Brasil. O orador fez “largas considerações sobre a eugenia” e enalteceu o bom trabalho realizado pelo dr. Mário no município.

Em seguida, foi realizada uma conferência pelo universitário, Paulo Augusto de Figueiredo, filho do dr. Mário, com o tema: “Como enriquecer a nação com filhos sadios e robustos”, referindo-se também aos problemas da higiene infantil e pré-natal, focalizando na questão do amparo a infância proletária.


Encerrada a conferência, dr. Mário deu continuidade ao concurso de robustez que chegou ao número de 50 crianças participantes, sendo classificadas as 10 primeiras robustas recebendo prêmios e brindes como forma de incentivo à saúde. 



REFERÊNCIAS:

ORGANIZAÇÃO E PESQUISA: Charles Aquino
ALMEIDA, Jane Soares de. Imagem feminina e maternidade: o concurso de robustez infantil em São Paulo. 1928. p. 160,163,165,166. Disponível em: <http://emaberto.inep.gov.br/index.php/rbep/article/view/769/744> Acesso em:  04 out. 2016.
AZEVEDO Francisco Gontijo de; AZEVEDO, Antônio Gontijo de. Da História de Divinópolis. Divinópolis: Graphilivros,1988. p.50.
JORNAL: CORREIO DA MANHÃ, Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 1933, p.6.
JORNAL: CORREIO DA MANHÃ, Rio de Janeiro, 13 de setembro de 1931, p.6.
 JORNAL: CORREIO DA MANHÃ, Rio de Janeiro, 24 de novembro de 1933, p.7.
JORNAL: CORREIO DA MANHÃ, Rio de Janeiro, 28 de outubro de 1933, p.11.
JORNAL: CORREIO DA MANHÃ, Rio de Janeiro, 6 de janeiro de 1934, p.5.
JORNAL: LAVOURA E COMÉRCIO, Uberaba, 23 de julho de 1936, p.2.
JORNAL: O OPERÁRIO, Montes Claros, 15 de setembro de 1934, p.1.
AQUINO, CHARLES; SANTOS, HELENO: UEMG. 6º Período História. JORNADA DA SAÚDE: PRÁTICAS EDUCATIVAS E POLÍTICAS EM DIVINÓPOLIS NA DÉCADA DE 30.
ROBUSTEZ EM ITAÚNA TEXTO: Jornal de Itaúna, 22 de outubro 1933, p.1.
ACERVO: Professor Marco Elísio Chaves Coutinho (In Memoriam), Charles Aquino



[1] A eugenia no Brasil foi apropriada e lida de formas extremamente diversas, produziu vertentes mais radicalizadas, que obtiveram pouco efeito prático e também suscitou aproximações menos radicalizadas, onde alguns dos intelectuais brasileiros responderam a suposta “degeneração” advinda da mestiçagem que “acometia” a população brasileira de forma extremamente criativa e arrojada, defendiam que a mestiçagem não constituía um fator de degeneração na população brasileira, mas pelo contrário, a mestiçagem foi entendida como uma das melhores qualidades da população.