terça-feira, outubro 21, 2025

PRESERVAR X DEMOLIR (PARTE VII)

Das Ruínas à Forma — dia após dia, o renascer de uma história!

Por muitos anos, o antigo prédio da Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira foi lembrado apenas como “as ruínas do hospital”. Paredes abertas, janelas vazias e o silêncio de um tempo que parecia ter se encerrado marcaram por décadas a paisagem do local.

Mas hoje, esse cenário mudou. O que antes simbolizava o abandono, agora revela um novo tempo: o tempo da reconstrução, da esperança e do renascimento da memória.

Dia após dia, o antigo hospital vai tomando forma. É o labor das mãos trabalhadoras que substitui o eco do esquecimento por sons de reconstrução.

Em cada marco de porta ou janela, assentado cuidadosamente pelas mãos dos operários e sob o olhar atento dos responsáveis pela obra, a restauração vai dando forma e robustez ao edifício. Cada detalhe recuperado é mais do que uma ação técnica — é um gesto de respeito à memória e à história do município de Itaúna.

Um patrimônio que volta a respirar. As obras de revitalização seguem em ritmo acelerado e já alcançaram importantes etapas. A parte interna do prédio histórico foi totalmente recuperada, incluindo laterais e fundos, e as equipes agora concentram esforços na recuperação da fachada frontal, que começa a revelar, novamente, o traçado original do edifício.

A próxima fase será a instalação do novo telhado, devolvendo ao prédio a proteção e a imponência que o tempo havia levado. O projeto respeita cada linha e proporção da construção original, mantendo intactas as estruturas principais — um testemunho da qualidade e da solidez da obra erguida há mais de um século.

O objetivo é que o edifício, antes tomado pelas ruínas, abrigue o novo centro administrativo do Hospital Manoel Gonçalves, devolvendo-lhe função, vida e relevância comunitária. Mais que uma restauração arquitetônica, trata-se de um ato de reverência à história da saúde e da caridade em Itaúna — respeito à origem e à fé.

O altar centenário da antiga capela, que está aos cuidados do museu do município, retornará ao local, compondo a nova capela que será erguida no interior do prédio restaurado.
Será, ao mesmo tempo, um retorno físico e simbólico — o reencontro entre o espaço e a fé que lhe deu origem.

 Guardiões da memória — por trás das paredes recompostas, há rostos e mãos que trabalham com devoção. Cada registro fotográfico, cada pedra recolocada, cada traço de tinta que devolve cor ao reboco é testemunha viva desse novo tempo. Os restauradores, o arquiteto, historiadores, parlamentares colaboradores e gestores que acompanham a obra tornam-se, assim, guardiões da história — fiéis à missão de preservar o que o tempo tentou apagar.

O símbolo que se recusa a desaparecer — o antigo hospital foi, por muitos anos, o coração da solidariedade itaunense. Agora, ele volta a pulsar — não mais como ruína, mas como símbolo de continuidade e de esperança. A cada novo dia, o passado se reconcilia com o presente; e a paisagem que um dia foi de abandono, hoje é de reconstrução.

O tempo das ruínas ficou para trás — o tempo agora é outro: tempo de forma, de fé e de futuro. E no horizonte de Itaúna das Minas Gerais, entre andaimes e fachadas recompostas, o velho hospital se ergue novamente — como quem volta a respirar depois de um longo silêncio.

VEJA MAIS: FOTOGRAFIAS DO HOSPITAL ANTIGO

 Referência:

Organização e arte: Charles Aquino

Ilustração criada com IA, inspirada no conteúdo do texto.