segunda-feira, junho 27, 2022
domingo, junho 26, 2022
BLOCO DOS CUECÕES
SUBSÍDIOS PARA HISTÓRIA DO CARNAVAL ITAUNENSE
DESFECHO HISTÓRICO D'OS CUECÕES
Em 1976 um pequeno agrupamento de amigos, resolveu organizar um bloco
para desfilar pelo “BLOCO DOS FARRAPOS”, o qual deram o nome de “CUECÕES”,
devido ao modelo de fantasia escolhida.
A fantasia se resumia em um cuecão listado de azul e branco,
camisa social branca, gravata e chapéu de palha. Tinha com componentes os
elementos: Vandão, Paulo, Antônio Albano, Jair (Didi), Joaquim (Didi cobal),
Clésio e demais componentes.
Neste mesmo ano, surgiu o bloco dos “LANFRANHUDOS”,
também tendo como objetivo desfilar pelo “BLOCO DOS FARRAPOS”.
Tinha como fantasia um roupão branco que trazia entre vários desenhos a
caricatura de cada componente, entre estes destacamos: Célio, José Augusto
(Zéu), Ronaldo (Nem), Antônio Sérgio (Bolão), Gilmar (Gibú), José Barbosa,
Luciano Jorge (o poeta) e demais componentes.
Já
em 1977, houve a fusão dos blocos acima mencionado que passou a denominar-se “CUECÕES
DOS LANFRANHUDOS “, que tinha por objetivo apenas participar de uma
forma mais ativa do carnaval de Itaúna. Contávamos com uns quarenta elementos,
onde o ideal era apenas curtir da melhor maneira possível o carnaval de 1977,
uma vez que, não tínhamos nenhuma organização e muito menos uma bateria adequada.
Entusiasmados com o efeito de 1977, passamos a encarar de uma
forma o carnaval de 1978, passando o bloco a denominar-se “D'OS
CUECÕES”, devido a melhor originalidade do nome.
O objetivo maior estava incutido em nossas cabeças, o de se fazer um
verdadeiro Bloco carnavalesco, e com ele as dificuldades, entre podemos citar a
financeira como a principal pra dar início ao desenvolvimento do bloco, por
isso lançamos mão de várias promoções, entre ela podemos destacar, rifas,
emblemas em camisas com a finalidade de promover o nome do bloco, etc.
Em 1978 saímos realmente como um bloco carnavalesco. Ficamos
surpresos com o grande número de componentes que desfilaram, pois não tínhamos
feito nenhum controle, ou seja, a inscrição para sabermos realmente quantos
foliões participaram. Em uma estatística feita pressupomos a participação de
mais ou menos 350 figurantes.
Entusiasmados com a grande arrancada e tentando aprimorar ainda
mais nosso bloco, passando a encarar o carnaval par 1979, fizemos várias
promoções onde tentamos levantar alguma renda, entre estas podemos destacar a
apresentação do time de futebol da AGAP de Belo Horizonte que enfrentou a
seleção de Itaúna.
Com a renda adquirida, investimos em nosso bloco aprimorando e
aumentando nossa bateria, procuramos melhorar ainda mais nossas alegorias, etc.
Apesar da grande indecisão a respeito do carnaval para 1979, nosso
bloco não desanimou, o tecido para nossa fantasia já estava a venda, a
diretoria se movimentava procurando avisar nossos componentes que se
preparassem, pois os CUECÕES acreditavam na realização do nosso brilhante carnaval
itaunense.
Este ano estamos desfilando com aproximadamente 300 componentes e nosso tema abordado é a Natureza letra composta pelo nosso poeta Luciano que cada ano que passa, vem aprimorando mais e mais nosso bloco. Queremos dizer que tudo que estamos apresentando é fruto de nosso próprio esforço, uma vez que não tivemos ajuda financeira direta de ninguém, tivemos sim, um grande apoio moral de todos, o que para nós, foi o suficiente para encararmos novamente a luta e colocarmos nosso bloco em desfile, tendo como objetivo o de abrilhantar ainda mais o carnaval de Itaúna.
CARNAVAL
80 – ITAÚNA/MG
BLOCO D'OS CUECÕES
Samba
enredo do Bloco D'OS CUECÕES
Autor:
Luciano Jorge
I
Os
jardins – A nossa passarela.
Viemos
cantar a natureza,
A
nossa de todas a mais bela!
II
Oh!
Que lindo azul,
Encontrando
com o mar,
E
praias tão brancas
Tão
cheias de sol!...
III
Gira,
Gira, girassol
Pro
lado de lá
Vai
mandar esse progresso
Para
outro lugar
Sempre
outro lugar
Sempre,
sempre, sempre viva
Há
de ficar
A
nossa liberdade
De
se respirar.
Samba,
samba, samambaia
Quero
ver sambar
Com
as forças da natureza
Ninguém poderá ...
___________________________________
Carlos Roberto de Freitas,
o Carlinhos da Prefeitura
“Fundador e presidente penta campeão do Bloco de Carnaval Cuecões.”
PROCESSO DE MOÇÃO Nº 12/2019
MOÇÃO DE APLAUSOS
Autoria: Vereadora Otacília Barbosa
A Câmara Municipal
de Itaúna, Estado de Minas Gerais, apresenta Moção de Aplausos
ao Sr. Carlos Roberto de Freitas
pelos 41 anos de serviço público com fiel dedicação, competência e compromisso na prestação
de serviços ao município
de Itaúna.
JUSTIFICATIVA
Carlos Roberto de Freitas, o Carlinhos da Prefeitura, nascido e criado em Itaúna. Casou- se com Maria Cristina Pereira de Freitas, professora, com quem teve os filhos Ana Luiza Pereira de Freitas, urbanista e escritora fundadora da Academia Itaunense de Letras, e Victor Eduardo Pereira de Freitas, estudante da Escola Técnica SENAI [...].
Em sua vida pública,
foi fundador da associação dos funcionários Publicos Municipais, do Sindicato
dos Servidores Públicos
Municipais, que presidiu
por três anos, bem como presidiu
também a Associação Comunitária dos bairros
Pio Xll e Morro do Sol. Foi ainda diretor do Clube União e do Iate Clube Itaúna por
dois mandatos, fundador e
presidente penta campeão do Bloco de Carnaval Cuecões[...].
Por tudo isso, julgo conveniente, oportuno, justo e merecido
que a Câmara Municipal de Itaúna preste uma homenagem ao Sr. Carlos Roberto de Freitas,
com a aprovação
desta MOÇÃO DE APLAUSOS E RECONHECIMENTO pelos 41 anos de trabalho público, competência e respeito
junto ao nosso Município de Itaúna.
________________________________________
O Osnofa e as boas lembranças do carnaval de Itaúna
“Tivemos
os nossos Blocos de Carnaval na mais lúdica folia, na rua São Vicente, dois
famosos Blocos de Carnaval da maior qualidade: os Terríveis e os Cuecões. Os
diretores dos Cuecões, Bolão, Carlinhos da Prefeitura e Mestre Pimenta;
em nome de todos os carnavalescos de Itaúna faço a minha homenagem ao Mestre
Pimenta, vai gostar de carnaval assim no Rio de Janeiro, mais Hélio Panela,
Flavinho, Cizil, Tilinho e Paulo Maçã de Peito”.
Referências:
Organização, arte e pesquisa:
Charles Aquino – Historiador nº 343/MG
Texto, Acervo: Professor
Marco Elísio
Apoio a pesquisa: Markinhos
Crispim - Bibliotecário/Historiador
Lembranças do Carnaval de Itaúna: Osnofa Silva - Recanto das Letras
Fotografia Shorpy :
meramente ilustrativa
Moção de Aplausos: Vereadora Otacília Barbosa – Câmara Municipal Itaúna. Disponível em: http://cmiserverip.hopto.org:8090/sapl/sapl_documentos/materia/454_texto_integral
terça-feira, junho 21, 2022
CLUBE DOS ZULUS
Breve
Histórico
Nossa
origem remonta ao ano de 1958. Itaúna não tinha o título (mundial) de Cidade Educativa,
conferido pela ONU. Seu parque industrial não tinha ainda a pujança que tem em
nossos dias. Nossa Universidade e outros colégios só viriam anos depois.
Naquele
ano alguns jovens itaunenses que estudavam em outros centros, resolveram, para despedir
das férias, abrilhantar um pouco o carnaval da cidade, com um novo bloco. Já
existia o tradicional “Farrapos da Lagoinha”, mas nem o Newton Regal saia ainda
com o “Eu Sozinho”.
Rumaram
os jovens para a casa do Tucha e, vestidos com sacos de aniagem, se pintaram com
pó preto e pomada. Era apenas uma brincadeira e nem bateria havia. “Todos os
anos repetiam o bloco, variando as fantasias. Em 1963 o bloco saiu com bateria,
o que era inédito na cidade. Tambores de carburetos foram transformados na
oficina do Afonso Franco em surdos e tamborins, aos quais a turma juntou frigideiras
obtidas em suas cozinhas.
Em
1965, surgiu o nome ZULUS, com fantasias de couro, confeccionadas pelo Vico Sapateiro.
De onde velo essa denominação? Vamos responder.
Tarefa,
conversando com outros do bloco em um banco da praça, imaginou reforçar o clube
com belas mulatas. Como parecia difícil conseguir que as famílias deixassem suas
cabrochas participar de carnaval de rua, alguém sugeriu que se importasse espécimes
da tribo africana dos Zulus. A brincadeira evoluiu e o audacioso plano previa até
uma criação de mulatas numa fazenda (com altas cercas, é claro) na Bagaginha ou
na Vista Alegre. Foi daí que a fantasia do bloco em 1965 se inspirou nas vestes,
armas e totens zulus, saindo o cortejo da casa do Nô do Jove. Face ao grande êxito,
a fantasia do ano seguinte foi ainda baseada na tribo africana.
Em
1967 criou-se o estatuto do Clube dos Zulus, registrado em 1968, quando o bloco
alugou uma casa, para sede, na rua do Correio, perto do Bazar do Abelardo. Nessa
altura foi que o Zé Waldemar desenhou o Zuluzinho, nosso símbolo. Em 1968 os
rapazes conseguiram incorporar diversas: moças ao bloco, o que foi uma novidade
na cidade, E hoje podemos até “exportar” mulatas, pois temos tido diversos convites
para desfilar em Belo Horizonte e outras cidades.
Em
1969, desfilamos no sábado, usando pólvora e outras milongas. Fomos proibidos
de queimar pólvora na rua é tivemos que continuar nosso carnaval na vizinha
cidade de Mateus Leme, ficando, assim, excluídos do primeiro concurso, patrocinado
pela Folha do Oeste...
Saímos
pela primeira vez como Escola de Samba em 1970 e ganhamos competindo com a
Unidos do Mirante e com a tradicional Unidos da Ponte, pioneira em Itaúna. Mas
nossa Escola foi, aqui, à primeira a sair dividida em alas, com mestre-sala,
porta bandeira, enredo e samba enredo.
O
enredo foi Gonçalves da Guia, bandeirante fundador da cidade. Procuramos, desde
o início, exaltar coisas, figuras e fatos de nossa terra. Em 1971 conseguimos o
bicampeonato com Brasil, Riquezas de Norte a Sul. Em 1972 apresentamos
Nordeste, Lendas e Glórias, com nova vitória. Em 1973 fomos, tetracampeões, com Zumbi,
Rei dos Palmares. Em 1974, com Um Sonho em um País de Sol, obtivemos à preferência,
popular. Não houve concurso da Prefeitura no ano de 1975, em virtude do grave
surto de meningite que atingiu a cidade, mas a Escola estava quase toda -
montada, com o enredo Domingo na Praça e o samba já escolhido.
Em
1976 obtivemos o penta campeonato, com O último Boêmio do Império (No Tempo de
Paula Ney). Finalmente, no ano de-1977 a Escola se Sagrou hexacampeã, homenageando
um escritor itaunense, com seu enredo baseado no conto Abunã. Em 1978 conseguimos
o heptacampeonato com “Ameno Resedá” O Rancho que foi Escola.
UMA
ESCOLA DE SAMBA AUTÊNTICA
Escola
de samba CLUBE DOS ZULUS congrega em suas alas, destaques, bateria e passistas,
elementos representativos de toda a comunidade itaunense. São muitos aqueles
que, com seu trabalho voluntário, colaboram para o engrandecimento da Escola.
Costureiras, bordadeiras figurinistas, pesquisadores de enredos, artistas
plásticos, compositores, cantores, ritmistas e uma longa lista de destacados maiorais
e encarregados de diversos setores, chefes de alas, coordenadores, etc., emprestam
a Escola todo o seu talento e criatividade.
Já
apresentamos diversos enredos de cunho Folclórico, de lendas, visando sempre
divulgar coisas do Brasil para maior aprimoramento cultural de nosso povo, como
ABUNÃ e O ÚLTIMO BOÊMIO DO IMPÉRIO (No Tempo de Paula Ney). Sempre promovemos
concursos de enredo e de samba enredo e de samba-enredo, dos quais participam
representantes da própria Escola, valorizando, assim, a prata-da-casa. No
próximo ano haverá concursos também para escolha de Porta-Estandarte, Porta-Bandeira
e Mestre-Sala. A ala de compositores já ê bem grande. Nossos concursos de samba-enredo
movimentam a cidade, dele participando até 12 composições musicais, como ocorreu
em 1974.
Nossa
Escola mais se assemelha a uma república livre e democrática, onde todos se confraternizam
em sadio lazer e onde só existe um status: o de sambista. Em 1978 nosso enredo foi
Ameno Resedá, onde revivemos o glorioso rancho que foi Escola. Este ano
apresentaremos “A Casa da Fantasia” escrito pelo: nosso garoto-poeta Dênio de
Carvalho.
Diretoria
da Escola de Samba Clube dos Zulus:
Presidente:
Silmar
Moreira de Faria
Vice
Presidente: José Eustáquio Campolina Diniz
1º
Secretário: José Estevão Pércope
2º
Secretário: Roosevelt Montecastelo Machado
1º
Tesoureiro: Sílvio Diniz Souza
Diretor
de Carnaval: Olber Moreira de Faria
Membros
do Conselho:
Raimundo
da Silva Rabello
Valmir
Falcão
Suely
de Faria Nogueira
Referências:
Organização
para o blog: Charles Aquino
Panfleto
da Escola de Samba Clube dos Zulus – Carnaval de Itaúna
1980
Apoio
a pesquisa: Markinhos Crispim - Bibliotecário/Historiador
sábado, junho 18, 2022
PEDRA NEGRA EDIÇÃO 04
segunda-feira, junho 13, 2022
EMANCIPAÇÃO SANTANENSE
EMANCIPAÇÃO SANTANENSE PARTE II
EMANCIPAÇÃO SANTANENSE PARTE III
EMANCIPAÇÃO SANTANENSE PARTE IV
EMANCIPAÇÃO SANTANENSE PARTE V
EMANCIPAÇÃO SANTANENSE PARTE VI
REFERÊNCIA:
Pesquisa e organização para o blog: Charles Aquino
TEXTO:
Dr. Miguel Augusto Gonçalves de Souza
TEXTO: Sebastião Nogueira Gomide - PIU - Jornalista itaunense
FONTE
IMPRESSA: SOUZA, Miguel Augusto de. Capítulos da história itaunense/Miguel
Augusto de Souza – Itaúna: Universidade de Itaúna, 2001.Ed. Impressa Oficial de
Minas.
EMANCIPAÇÃO SANTANENSE PARTE VI
Aproveitamos
o ensejo para levar ao conhecimento de V. Exa. alguns reparos à margem do que
vem acontecendo nesse tão falado caso de Santanense. Nossa formal repulsa ao
movimento suspeito partido de descontentes e agitadores que em Itaúna chegaram
até a promover o enterro simbólico de V.Exa. num evidente desrespeito à sua
pessoa de homem de bem e trabalhador. E essa repulsa ganha mais campo e
evidência, quando sabemos quanto o ilustre deputado tem feito para amparar e
ajudar as indústrias siderúrgicas daquele município, quer pleiteando melhores
preços para seus produtos, quer conseguindo melhoria através da concessão e
amparo de crédito para as mesmas.
Bem
sabemos que, passados os movimentos de agitações, aqueles círculos responsáveis
vão saber quão erradas e injustamente agiram em relação à pessoa de V.Exa. que
tem pautado a sua vida apenas em fazer o bem. Ademais, não podemos concordar em
absoluto e protestamos energicamente contra os insultos e injúrias lançados
contra as pessoas dos eminentes e ilustres colegas de V.Exa. que aqui vieram
para conhecer Santanense naquele memorável domingo.
De
fato a visita da caravana de deputados naquele domingo foi a maior honra que se
poderia prestar ao humilde povo de Santanense e a todos nós foi dado presenciar
talvez um dos maiores acontecimentos democráticos de todos os tempos. Estavam
ali o prestígio e a independência do Poder Legislativo verificando “in loco” as
condições para a prática de um ato de sua exclusiva competência e soberania. Por
isso mesmo deixamos aqui bem claro o nosso protesto contra o modo descortês e
desrespeitoso com que foram tratados pelos agitadores em Itaúna que, em praça pública,
lançaram toda a sua ira contra o Poder Legislativo mineiro, na pessoa daqueles
eminentes deputados.
Senhor
deputado, os interesses de nossos opositores são inconfessáveis. Daí a
violência de seus ataques injustos. Na realidade, queremos uma coisa muito
simples: o direito de um governo municipal próprio. Essa oposição violenta tem
origem na nossa capacidade tributária e no aspecto evidente de nossa
prosperidade. V.Exa. tem nos ajudado e muito. Mas, enganam-se aqueles que
julgam ter nascido o movimento por injunção pessoal de V.Exa. Esse movimento é
legitimamente popular e nasceu de nossas próprias condições geográficas e
sociais.
Não
somos bairro de Itaúna, nem o é também a vizinha localidade de Garcias. Se
estamos assim classificados é por artificialismo de uma lei municipal votada em
Itaúna que assim nos considerou antes do último recenseamento. Talvez tal lei visasse
a tola finalidade de demonstrar o progresso de Itaúna que assim apareceu com
porcentagem enorme de crescimento demográfico.
Mas,
na verdade não somos de fato bairro de Itaúna, como podem os senhores deputados
verificar, somos sim um próspero povoado próximo de Itaúna e claro, cerca de
quatro quilômetros, mas não ligado é à mesma como acontece com os bairros.
Outrossim,
passamos às mãos de V. Exa. a transcrição de um editorial publicado em O Diário,
edição de 13.9.63, relativo à rebelião dos sargentos, acontecimento semelhante
ao verificado em Itaúna, quando da sabida agitação social. Pedimos a V.Exa. a
divulgação do - mesmo relacionando-o com o nosso movimento pela emancipação.
Ao
terminar, fazemos aqui um apelo a V.Exa. para ser transmitido aos ilustres
deputados: “Conheçam a Santanense, antes do pronunciamento final dessa egrégia Assembleia”.
Com
os nossos cumprimentos.
(a)
Pe. Antônio João Maria Wiemers, Vigário.
(a)
João de Souza Barbosa, escriturário.
(a)
Geraldo Lopes de Magalhães, jornalista.
(a)
Dorvil Rocha, técnico em contabilidade e professor.
(a)
Pedro de Magalhães, comerciante.
(a)
Dorvil Rocha, membro do Sindicato dos Trabalhadores Têxteis.
(a)
Atacílio Henriques, vereador pelo PTB.
(a)
Nivaldo José da Silva, industriário.
(a)
Aníbal Nogueira dos Santos, comerciante.
(a)
Herzaide de Souza Franco, industriário.
(a)
Antônio Gonzaga da Rocha, vereador pela UDN.
(a)
Vicente Amâncio de Oliveira, industriário.
(a)
Nilo Magalhães, técnico em contabilidade.
P.S.:
Já tendo assinado várias listas de adesões encaminhadas à Cedaje e à Assembleia
Legislativa praticamente toda a população de Santanense, somente assinaram a
presente os coordenadores do movimento.
(a.)
João de Sousa Barbosa, escriturário.”
O
debate, na segunda e decisiva votação do Projeto de nova divisão administrativa
do Estado, atingiria o seu clímax. Ergueu-se, na Assembleia Legislativa, em
oposição à do deputado Alvimar Mourão, a voz do parlamentar natural de. Itaúna,
João Gomes Moreira, cuja personalidade já tivemos oportunidade de analisar. O
Diário da Assembleia, de 14 de setembro de 1963, publica o seu discurso de seguinte
teor:
“O
sr. Gomes Moreira — Sr. Presidente e srs. Deputados. Ocupamos esta Tribuna para
encaminhar a votação do Requerimento do nobre Deputado Cícero Dumont, no qual
S. Excia. solicita rito periódico para a tramitação da proposição que trata da
emancipação dos novos distritos de Minas Gerais.
Nesse
instante, Sr. Presidente, em que assumamos a Tribuna desta Casa, levamos a
nossa modesta palavra ao povo mineiro, lamentando profundamente que nestes
últimos anos nosso País tenha vivido momentos tão tumultuados. Ainda para
agravar a situação, lamentamos também profundamente o que vem ocorrendo no
Estado do Paraná, onde terríveis incêndios têm levado o luto, a orfandade, a viuvez,
a miséria a muitos lares dos nossos patrícios paranaenses.
Julgamos,
sr. Presidente, de nosso dever, da nossa obrigação, como lídimo representante
do povo mineiro nesta Assembleia, estarmos na obrigação de procurar e envidar esforços
no sentido de que a paz, a tranquilidade e o sossego público, possam voltar a
reinar no seio da família mineira, no seio da família brasileira. Infelizmente,
sr. Presidente, há certos problemas que surgem da parte, muitas vezes, de uma
minoria absoluta que não representa a vontade da maioria, que procura dividir a
opinião pública, concorrendo, ainda mais para proporcionar mais
intranquilidade, maior desassossego, e afastar o espírito de fraternidade que
deve ser mantido entre todos nós mineiros e todos nós brasileiros.
Refiro-me,
Sr. Presidente, à emancipação proposta a esta Assembleia de um dos bairros de
minha terra natal; refiro-me ao Bairro Santanense, que fora criado pela Câmara Municipal
de Itaúna, lei essa que recebeu o número 169, cujo texto diz: “O povo do
Município de Itaúna, por seus representantes decreta e em seu nome sanciona a
seguinte lei:
“Art.
1º - Fica a sede do município de Itaúna, além da zona urbana já limitada em
lei, dividida em sete (7) bairros, a saber: - Lourdes, Vargem da Olaria, Graça,
Santanense, Serrado, Mirante e Garcia.”
Este
é o texto da lei, sr. Presidente, subdividindo o município de Itaúna em 7
bairros. O único distrito que Itaúna possuía emancipou-se recentemente —
Distrito de Itatiauçú. — Hoje, o município de Itaúna tem um território restrito
e, ainda mais, para se emancipar é condição “sine qua non” que tenha, primeiro,
a condição de Distrito, para depois poder pleitear a sua emancipação. Esta
qualidade, Santanenses não a têm, porque ela é apenas um bairro, criado pela
Lei 169. Outro dispositivo inconstitucional, é a população que consta, apenas, de
dois mil novecentos e doze habitantes e, sobretudo, sr. Presidente e srs.
Deputados, destes 2.912 habitantes que constituem a honrada e progressista
classe operária de Santanense, 95% é constituída de operários daquele bairro que
não têm, absolutamente, o mínimo interesse de emancipação, porque Itaúna
começou, exatamente, em Santanense. O povo de Santanense e de Itaúna estão absolutamente
unidos pelo laço de fraternidade e não desejam, constitucional, nova discussão
da matéria, no segundo semestre de 1964 ou no ano de 1965.
5.5
- Itaúna, na luta pela preservação da integridade física de seu território,
para usar expressão popular, havia ganho duas importantes batalhas, na CEDAJE,
órgão presidido pelo Secretário de Estado do Interior, e no Plenário da
Assembleia Legislativa, com a não aprovação do Projeto nº 324/63, mas ainda não
havia vencido a guerra, pois restavam a ameaça da Emenda Constitucional
proposta pelo deputado Jorge Vargas, transferindo a revisão administrativa para
o segundo semestre de 1964 ou o ano de 1965, e o forte ressentimento existente
entre as ativas lideranças do bairro da Santanense que contavam com majoritário
apoiamento dos deputados que compunham a Legislatura a encerrar-se em dezembro
de 1966, sob o comando de Alvimar Mourão.
Ao
ser convidado, pelo eminente Governador Magalhães Pinto, para a missão de
Secretário do Estado a Fazenda, em momento dos mais difíceis da vida nacional,
dissemos que aceitaríamos, honrados, o encargo, mas em nenhuma circunstância
poderíamos concordar com a criação do município de Santanense, pretensão
ilegal, que mutilaria nossa terra natal de Itaúna, e para isso, usaríamos de
todos os poderes legítimos que o cargo colocaria à nossa disposição, para o que
pedíamos a prévia aprovação. O Governador, após dizer-nos que o homem político
tem o dever de colaborar para o progresso de sua cidade natal, aprovou nossa
atitude e recomendou-nos agir com discrição, pois grandes eram os interesses
políticos envolvidos na questão, como já lhe fora dito por influentes
deputados, seus amigos e correligionários.
Coube-nos,
como Secretário de Estado da Fazenda e Secretário de Estado de Governo e
Coordenação Política, no segundo semestre de 1964 e ano de 1965, superar estes
dois obstáculos e encerrar, em definitivo, o litígio, com a eliminação das
tensões e da ameaça à integridade física do município, tarefa que o destino nos
reservara, obtendo-se o consenso e a paz, tão necessários ao desenvolvimento de
Itaúna, e afastando-se, para sempre, o sombrio amanhã anunciado pelo deputado
Alvimar Mourão. Relataremos, a seguir, como isto foi alcançado.
Ficara
evidente, em meados de março de 1964, que não haveria tempo hábil para
aprovação da projetada Revisão Administrativa, tema apaixonadamente discutido
na Assembleia. As Reuniões Extraordinárias se sucediam, pela manhã e à noite,
improficuamente, e com negativas repercussões perante a opinião pública, tendo-se
em vista o ônus financeiro acarretado para os cofres estaduais. A situação
nacional, por outro lado, se agravava e estávamos na antevéspera do movimento
revolucionário que se iniciaria exatamente em Minas Gerais, na madrugada do dia
31 de março. O Parlamento mineiro necessitava de tempo para se concentrar no
debate dos grandes temas nacionais. Surgiu, então, como fórmula para adiar o
debate da Revisão Administrativa, conforme já exposto, a Emenda Constitucional
de autoria do deputado Jorge Vargas, apoiada por todas as principais lideranças
do Legislativo mineiro, independentemente de coloração partidária. Esta Emenda
Constitucional foi apresentada na 66º Reunião Extraordinária, realizada em 18
de março de 1964, e era do seguinte teor:
Emenda
Constitucional.
Artigo
1º - O artigo 80 da Constituição do Estado de Minas Gerais passa a ter a
seguinte redação "Artigo 80 — São condições essenciais para a criação do município:
I
- população mínima de dez mil habitantes;
II
- renda anual mínima de trezentos mil cruzeiros;
III-
existência, na sede, de, pelo menos, duzentos moradores, edifícios com
capacidade e condições para o Governo Municipal, instrução pública, posto
sanitário e matadouro, bem como terreno para cemitério.
Artigo
2º - O artigo 81 da Constituição do Estado de Minas Gerais passa a ter a
seguinte redação: “ Artigo 81 — São condições essenciais para a criação do
Distrito:
I
- População mínima de três mil habitantes;
II
- renda anual mínima de cinquenta mil cruzeiros;
III
- existência, na sede, de, pelo menos, cinquenta moradores, edifícios para
instrução pública e terreno para cemitério para 27 de fevereiro de 1.985.
Permanecemos,
por todo dia, no aeroporto de Amsterdam, pois ali chegamos pela manhã,
aguardando o avião da Varig que nos conduziria, á noite, para o Brasil. Recordamo-nos
do Padre Antônio Wemers e, realmente, tivemos desejo de visitá-lo, mas não nos
foi possível, pois não localizamos o seu endereço, que imaginávamos constar de
nossas anotações. Teria sido boa oportunidade de debater, com ele, os
angustiantes problemas do mundo moderno, que se refletem sobre a Igreja de
Cristo, sobretudo para quem retornava, como era o nosso caso, deste país-mártir
que é a Polônia.
Julgamos,
ademais, ser de justiça, escrevermos algumas palavras sobre a personalidade do
Deputado Alvimar Mourão, também figura central deste dramático episódio da moderna
história itaunense. Trata-se de cidadão de grandes méritos, empresário
vitorioso, chefe de família exemplar é uma das riais expressivas lideranças divinopolitanas,
nas últimas décadas.
Somos
testemunhas, como ex-Secretário de Estado e ex-Presidente de importantes
Empresas Públicas, que ele, como Deputado Estadual, por várias legislaturas,
prestou, a Divinópolis e ao Estado de Minas Gerais, relevantes serviços. No
caso específico da tentativa malograda de emancipação, do bairro de Santanense,
todavia, agiu, com a sua inata sagacidade, induzido por razões
político eleitorais e informações deformadas que “lhe foram transmitidas. Foi
combatido, frontalmente, como não poderia deixar de acontecer, por lideranças
itaunenses e, assim, não poderia obter êxito, como, de fato, aconteceu. A vida
pública é assim mesmo: uma sucessão de vitórias e derrotas, razão pela qual ela
é tão atraente. Alvimar Mourão soube assimilar, com elegância, o insucesso
inevitável da tese separatista. Manteve seu habitual “sense of humor”, sua
maneira cavalheiresca de tratar indistintamente todas as pessoas e soube preservar,
no plano pessoal, as suas amizades itaunenses, entre as quais honrosamente nós
incluímos.
Consideramos
nossa viril ação, nos anos de 1.963, 1.964 e 1.965, com o objetivo de manter a
integridade física da cidade de Itaúna, decisiva em decorrência das altas
missões que exercíamos, muito embora nossas limitações humanas, a segunda maior
contribuição que, através dos tempos, nos foi possível prestar á nossa terra
natal, precedida, em importância, tão somente, pela criação da Universidade de
Itaúna, obra de inigualável significação.
O
Governo do Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, a partir de 1.966,
adotou diversas medidas centralizadoras, em detrimento dos Estados da Federação
e respectivas Assembleias Legislativas, e a capacidade de legislar em matéria
de revisões administrativas, tendo-se em vista abusos e condenáveis atos de liberalidade
praticados, foi, praticamente, eliminada, razão pela qual não se realizou
qualquer revisão administrativa até o ano de 2.000, como aquela prevista para
1.965. Hoje, ao lermos, no noticiário da imprensa itaunense, notícias como as
da inauguração da Avenida Albino Santos, ligando Santanense e Garcias, bem como
os demais bairros que inevitavelmente surgiram, na região, ao longo dos últimos
vinte anos, no natural processo de crescimento urbano da cidade, sentimo-nos extremamente
felizes com a cordialidade reinante entre os habitantes dos dois bairros
citados, pois ela contrasta, felizmente, com o espírito de animosidade
suscitado, há trinta e cinco anos atrás, pelo lamentável movimento separatista
que, em boa hora, superamos. (Vide, edição de 21 de setembro de 1963, do jornal
“Folha do Oeste”).
O
Congresso Nacional, recentemente, revogou a legislação originária do presidente
Castelo Branco, permitindo, às Assembleias Legislativas Estaduais, com
facilidades, criar novos municípios, no ano de 2000. Estes, com o acontecido,
se elevaram para o número de 813, e, em sua maioria, no Estado de Minas Gerais,
não dispõem condições de autossustentação.
Quanto
à Itaúna, definitivamente continuará a progredir e, no máximo dentro de 15
anos, superará o número de 100.000 habitantes, enquadrando-se, como cidade de
médio porte, mesmo em termos nacionais, em harmonia com os ditames dos
planejadores federais, fato que, em muito lhe facilitará a obtenção de recursos
para áreas clássicas, com prioridade para o saneamento básico, saúde, educação e
segurança.
REFERÊNCIA:
Pesquisa e organização para o blog: Charles Aquino
TEXTO:
Dr. Miguel Augusto Gonçalves de Souza
FONTE IMPRESSA: SOUZA, Miguel Augusto de. Capítulos da história itaunense/Miguel Augusto de Souza – Itaúna: Universidade de Itaúna, 2001.Ed. Impressa Oficial de Minas, p.408-411,420-421, 440-441.