sábado, março 08, 2025

MULHERES NOTÁVEIS

Mulheres notáveis em Itaúna

Prestamos homenagem às mulheres notáveis em Itaúna, Minas Gerais, que, com coragem, dedicação e resiliência, moldaram a história da cidade em áreas como educação, saúde, filantropia, resistência, cultura e tradição. Este texto celebra a diversidade e contribuições e reforça a importância de seu legado para as gerações atuais e futuras.

 Mulheres de Fé e Serviço

Irmã Benigna Victima de Jesus: Madre superiora da Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira por 12 anos, liderou as Irmãs Auxiliares da Piedade desde sua chegada a Itaúna em 1945. 

Sob sua gestão, o hospital ofereceu serviços médicos internos, administração exemplar e atendimentos gratuitos na policlínica, trazendo esperança aos necessitados. Sua missão em Itaúna terminou em 1948, mas seu impacto na saúde e espiritualidade da comunidade permanece vivo.

 Educadoras que Transformaram Gerações

A educação em Itaúna foi profundamente marcada por mulheres que dedicaram suas vidas ao ensino, enfrentando desafios e deixando legados duradouros:

Professora Elsa Nogueira Gomide: Normalista e funcionária pública, superou preconceitos para se tornar influente na educação. Atuou no Ministério da Educação e assegurou verbas federais para a Universidade de Itaúna, um marco educacional.

Professora Thereza Juliano Boza Campos: Nascida em 1934, lecionou por mais de 20 anos em cidades como Santos Dumont e Itaúna, incluindo a Universidade de Itaúna, com paixão e compromisso.

Professora Gilka Drumond de Faria: Iniciou sua carreira aos 16 anos na zona rural e dedicou 49 anos à educação. Como professora e diretora, inspirou suas filhas a seguirem o magistério, sendo homenageada com a Escola Estadual Professora Gilka Drumond de Faria.

Professora Celuta das Neves: Nascida em 1885, formou-se em Mariana e lecionou até 1942, oferecendo aulas particulares até sua morte em 1968. Afrodescendente, foi um farol de sabedoria, recebendo o título de Cidadã Honorária em 1965 e a homenagem da Escola Municipal Professora Celuta das Neves em 1974.

Professora Yedda de Paula Machado Borges: Nascida em 1925, foi essencial na criação da Universidade de Itaúna, lecionando matemática e participando de cursos em Israel. Recebeu a Medalha de Ouro na primeira turma de Filosofia da universidade e foi uma das “Melhores do Ano” em 1981.

Professora e Escritora Nise Campos: Nascida em 1907 em Itapecerica, formou-se na Escola Normal de Itaúna em 1925. Lecionou até a aposentadoria e escreveu poesias de humanismo e melancolia, como a “Ode ao Tempo”. Faleceu em 1987.

Professora Graciana Courade Miranda: Nascida em 1914, dedicou quase 50 anos à educação. Implantou o Jardim de Infância Ana Cintra em Itaúna e lecionou por 30 anos na cidade, sendo um ícone até sua morte em 1997.

Professora Jesuína Americana Brasileira e Silva: Nascida em 1866, foi uma educadora pioneira que atuou por mais de 40 anos em Minas Gerais. Casada com Francisco de Paula Machado em 1884, teve 10 filhos e começou sua carreira docente antes de 1885, inicialmente como professora interina em Itatiaiuçu. Tornou-se efetiva em São João del Rei em 1888 após vencer um concurso e lecionou em áreas rurais e industriais, como a Fábrica da Cachoeira (Companhia de Tecidos Santanense), onde recebeu um aumento salarial de 5% em 1898 por seu desempenho excepcional. Atuou em Mateus Leme, Itatiaiuçu e São Sebastião do Gil, enfrentando recursos limitados e mudanças frequentes. Faleceu em 1960 em Belo Horizonte, deixando um legado transformador que inspirou gerações de educadores e contribuiu para o avanço das comunidades.

Professora Nair Chaves Coutinho: Descendente de famílias tradicionais de Itaúna, como os Gonçalves Chaves, foi educadora e diretora da Escola Normal "Manoel Gonçalves de Souza". Eleita Rainha de Itaúna em sua juventude, antes dos concursos de Miss, destacou-se por sua beleza estonteante e formação primorosa em Oliveira. Casou-se em 1924 com o médico e ex-prefeito Dr. Antônio Augusto de Lima Coutinho, com quem teve nove filhos. Sua vida foi marcada pela harmonia entre beleza, fé cristã, cultura didática e dedicação à família e à comunidade. Após sua morte, foi homenageada com a Praça Nair Chaves Coutinho (Lei Municipal 2987/95), reconhecida como exemplo de dignidade e virtude. 

Professora Dolores Nogueira Penido: Atuou na Escola Rural do Povoado de Pedra, alfabetizando gerações em uma região remota. Sua contribuição foi eternizada com a Escola Municipal Dolores Nogueira Penido.

Filantropia e Compromisso Social

Maria Gonçalves de Souza Moreira (Dona Cota): Nascida em 1875, fundou o Orfanato São Vicente de Paulo em 1949, doando sua fortuna para proteger crianças desamparadas. Seu trabalho, apoiado por figuras como Dona Tereza Gonçalves, é um exemplo de solidariedade.

Trabalhadoras e Resilientes

Associação de Santa Zita: Formada na década de 1950 por mulheres afrodescendentes como Dona Edite Marques de Oliveira Melo e Dona Geni Ferreira Pinto, apoiava empregadas domésticas. Celebraram a Lei 5.859/1972, que garantiu direitos à categoria.

Anna Egipcíaca (1807-1852): Mulher escravizada que resistiu com fé, unindo misticismo cristão e tradições afro-brasileiras.

Maria Adriana da Silva ("Bisa"): Afrodescendente nascida por volta de 1879, aprendeu a ler e escrever antes da abolição de 1888. Viveu até os 91 anos, inspirando sua descendência.

Dona Sinhá e Maria da Piedade: Representam a força das trabalhadoras rurais.

Maria Tião: Conhecida por seus biscoitos fritos de polvilho, trouxe alegria à vida cotidiana.

 Parteiras e Cuidadoras

Balbina Fortunata da Silva: Nascida em 1902 em Itatiaiuçu, foi parteira em Itaúna, ajudando centenas de nascimentos. Acolheu os pobres e foi ativa na política até sua morte em 1975.

Maria Viana Mendes: Parteira gratuita na região das ruas Agripino Lima e Getúlio Vargas, também costureira de vestidos de noiva. Faleceu em 1965.

 Guardiãs da Memória

Maria Augusta de Faria: Nascida em 1887, criou 13 filhos e foi homenageada em 1972 com uma escola em seu nome.

Maria Joaquina Parda: Faleceu em 1852 aos 95 anos, deixando uma grande descendência em Itaúna.

 Guardiãs da Cultura e Tradição

Eponina Maria do Carmo Nogueira Gomide Soares: Idealizadora da Bandeira de Itaúna, contribuiu para a identidade cultural da cidade.

Maria da Conceição Basílio de Jesus (Dona Sãozinha): Nascida em 10 de novembro de 1925 em Divinópolis, foi coroada Rainha da Irmandade de Santa Ifigênia aos 13 anos e liderou o Reinado de Nossa Senhora do Rosário em Itaúna por 85 anos. Sua casa no bairro Santo Antônio tornou-se o "quartel-general" das celebrações de 1º a 15 de agosto, atraindo milhares de participantes, incluindo políticos, artistas e congadeiros. Casada com João Ferreira em 1947, levantava a Bandeira de Santa Ifigênia todo 1º de agosto, marcando o início das festividades com danças, música e símbolos culturais. Faleceu em 26 de dezembro de 2023, aos 98 anos, e seu velório incluiu o ritual de "descoroação". Seu legado cultural afro-brasileiro será perpetuado por suas filhas e netas.

 

Essas mulheres — religiosas, educadoras, filantropas, trabalhadoras, parteiras, figuras culturais e guardiãs da tradição — construíram Itaúna com suas mãos e corações. Seus legados estão nas escolas, hospitais, ruas e celebrações da cidade, inspirando-nos a lutar por igualdade e valorizar as mulheres de hoje. Que possamos honrar suas histórias e trabalhar por um futuro onde todas as vozes sejam ouvidas, perpetuando os valores de coragem, compaixão, determinação e preservação cultural que elas exemplificaram. 

Organização, arte e elaboração: Charles Aquino