Heroínas Esquecidas
Ou
simplesmente MARIA DO MENDES, nasceu em Itaúna, filha de Zamiro Lélis Viana e
Isaura Viana. Durante toda a sua vida morou na antiga Rua das Viúvas, depois
Boa Vista e atualmente Agripino Lima, justamente entre a residência da família
do Sr. Antônio Gonçalves Chaves e Sebastião Alves Franco.
Muito
cedo ficou órfã de mãe, tendo que assumir a tarefa de ajudar o pai a criar os
vários irmãos. Casou-se com José Mendes dos Santos, conhecido Barbeiro,
consertador de Sanfona e Clarinetista. Teve quatro filhos: Eunice, Eunísio,
Glício e Neusa.
MARIA
DO MENDES foi uma mulher de admiráveis virtudes e habilidades. Era excelente
dona de casa, exímia costureira, especialmente para noivas e, sobretudo,
PARTEIRA, pronta para servir ao próximo, fosse quem fosse. Nas décadas de 40 e
princípios da de 50, havia no máximo 3 médicos em Itaúna que faziam partos e
eram chamados de médicos parteiros (hoje têm o pomposo título de Ginecologistas
e Obstetras). Dr. Ademar Gonçalves de Souza era o mais conhecido.
No
entanto, naquela região das atuais Ruas Agripino Lima, Getúlio Vargas e
Mardoqueu Gonçalves, era MARIA DO MENDES quem resolvia os problemas. Os médicos
cobravam, ela fazia pelo prazer de ajudar. Dedicava-se inteiramente à grávida,
antes, durante e depois do parto. Em minha casa, pelo menos 5 de meus irmãos
vieram ao mundo amparados (termo comum na época), por ela.
Depois
do parto ela continuava assistindo à parturiente até que o umbigo caísse (este
era termo usado na época e que ela mesma me dizia). Dezenas e dezenas de pessoas
daquela região que são hoje pais, avós e até bisavós, vieram a este mundo pelas
mãos abençoadas dessa mulher. Sua outra habilidade era a Costura, como já
disse, especialmente vestidos de noivas. Lembro-me perfeitamente de jovens do
Córrego do Soldado e Batatas, vir escolher modelos, tirar medidas e, no dia do
casamento, vinham se vestir na casa de MARIA DO MENDES, de onde saíam para à
Igreja.
Nasci
e cresci convivendo com esta pessoa até sua morte, ocorrida em 1965 e que, por
ironia do destino, faleceu nos braços de minha mãe. Não houve tempo para
socorro. Mesmo já na adolescência eu a visitava diariamente. O simples fato de
lembrarmos dela já é uma grande homenagem a mais uma dessas heroínas
esquecidas. Lembro sempre dela e guardo com carinho sua foto.
Texto:
Juarez Nogueira Franco
Organização:
Charles Aquino