quinta-feira, setembro 20, 2012

PARTEIRAS DE ITAÚNA I


Heroínas Esquecidas
Ou simplesmente MARIA DO MENDES, nasceu em Itaúna, filha de Zamiro Lélis Viana e Isaura Viana. Durante toda a sua vida morou na antiga Rua das Viúvas, depois Boa Vista e atualmente Agripino Lima, justamente entre a residência da família do Sr. Antônio Gonçalves Chaves e Sebastião Alves Franco.

Muito cedo ficou órfã de mãe, tendo que assumir a tarefa de ajudar o pai a criar os vários irmãos. Casou-se com José Mendes dos Santos, conhecido Barbeiro, consertador de Sanfona e Clarinetista. Teve quatro filhos: Eunice, Eunísio, Glício e Neusa.

MARIA DO MENDES foi uma mulher de admiráveis virtudes e habilidades. Era excelente dona de casa, exímia costureira, especialmente para noivas e, sobretudo, PARTEIRA, pronta para servir ao próximo, fosse quem fosse. Nas décadas de 40 e princípios da de 50, havia no máximo 3 médicos em Itaúna que faziam partos e eram chamados de médicos parteiros (hoje têm o pomposo título de Ginecologistas e Obstetras). Dr. Ademar Gonçalves de Souza era o mais conhecido.

No entanto, naquela região das atuais Ruas Agripino Lima, Getúlio Vargas e Mardoqueu Gonçalves, era MARIA DO MENDES quem resolvia os problemas. Os médicos cobravam, ela fazia pelo prazer de ajudar. Dedicava-se inteiramente à grávida, antes, durante e depois do parto. Em minha casa, pelo menos 5 de meus irmãos vieram ao mundo amparados (termo comum na época), por ela.

Depois do parto ela continuava assistindo à parturiente até que o umbigo caísse (este era termo usado na época e que ela mesma me dizia). Dezenas e dezenas de pessoas daquela região que são hoje pais, avós e até bisavós, vieram a este mundo pelas mãos abençoadas dessa mulher. Sua outra habilidade era a Costura, como já disse, especialmente vestidos de noivas. Lembro-me perfeitamente de jovens do Córrego do Soldado e Batatas, vir escolher modelos, tirar medidas e, no dia do casamento, vinham se vestir na casa de MARIA DO MENDES, de onde saíam para à Igreja.

Nasci e cresci convivendo com esta pessoa até sua morte, ocorrida em 1965 e que, por ironia do destino, faleceu nos braços de minha mãe. Não houve tempo para socorro. Mesmo já na adolescência eu a visitava diariamente. O simples fato de lembrarmos dela já é uma grande homenagem a mais uma dessas heroínas esquecidas. Lembro sempre dela e guardo com carinho sua foto.





Texto: Juarez Nogueira Franco
Organização: Charles Aquino 


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