domingo, março 31, 2019

MEMORIAL NISE CAMPOS


   Nascida em Itapecerica, MG, em 1907, Nise Álvares da Silva Campos demonstrou desde muito jovem uma notável paixão pela educação e cultura. Em 1925, após concluir com êxito sua formação na prestigiada Escola Normal de Itaúna, passou a integrar o grupo inaugural de professores formados pela instituição. Ao longo da sua carreira, o seu compromisso com o ensino permaneceu como uma característica definidora, especialmente durante a sua passagem pelo Grupo Escolar José Gonçalves de Melo, onde continuou a inspirar e educar até à sua reforma.

   Nise Campos, escritora que colaborou em diversos jornais de Itaúna, mostrou seu talento na elaboração de composições poéticas e crônicas instigantes que captassem a essência da humanidade e da introspecção. Uma de suas peças mais requintadas, "Ode ao Tempo", é amplamente considerada uma obra-prima. Em seus escritos, Campos lamenta a destruição da histórica Matriz de Sant'Ana de Itaúna em 1934.

   Reconhecida por suas contribuições à cidade de Itaúna, Nise Álvares da Silva Campos não foi apenas uma respeitada escritora e poeta, mas também uma influente professora. Seu compromisso com a educação deixou um impacto duradouro em vários estudantes da comunidade local. Além de suas funções docentes oficiais, Nise também ofereceu aulas particulares de português, demonstrando sua profunda paixão pela educação e pelo próprio idioma.  Ao longo de seus esforços, Nise sempre demonstrou um profundo respeito pelas diversas crenças e abraçou ativamente o espiritismo kardecista, engajando-se ativamente em empreendimentos filantrópicos e religiosos por meio de seu envolvimento com a criação do GEFA – Grupo Espírita Francisco de Assis. Além disso, possuía talento musical para tocar bandolim.

   O impacto de Nise na literatura, particularmente no domínio da poesia, é tão significativo quanto a sua carreira docente. O profundo carinho e admiração da comunidade por ela ficaram evidentes durante a comemoração de seu 73º aniversário, que contou com apresentações musicais e leituras de poesia. Este acontecimento serviu como testemunho da marca profunda que ela deixou nos corações daqueles que a rodeavam. Em reconhecimento às suas notáveis ​​contribuições, Nise Campos foi agraciada com o estimado título de Cidadã Honorária de Itaúna em 1965, ao lado de outros conceituados educadores da região. Seu legado como educadora e suas inestimáveis ​​obras literárias continuam a ser valorizados como tesouros culturais vitais em Itaúna, um verdadeiro reflexo de sua dedicação à educação e às artes.

   Após o sepultamento de Nise, em 18 de dezembro de 1987, a comunidade itaunense passou por uma profunda perda. No entanto, seu impacto permanece constante. Apesar da natureza dispersa dos seus escritos, eles ainda servem como evidência da sua profunda sensibilidade literária e paixão pela educação e cultura. O seu legado não é celebrado apenas pelas inúmeras gerações que influenciou, mas também pela inspiração que proporcionou através de uma vida dedicada ao conhecimento e ao respeito pelos outros.

   Em reconhecimento a essa notável trajetória, o Memorial Nise Campos foi criado, buscando resgatar e preservar a história e o legado dessa grande mulher. O memorial não apenas celebra suas contribuições como educadora e escritora, mas também mantém viva a memória de sua vida dedicada à cultura e ao espírito comunitário de Itaúna. Esse espaço serve como um tributo duradouro, inspirando futuras gerações a valorizar a educação, a literatura ao altruísmo e ao bom combate à intolerância religiosa.
















Organização, pesquisa, arte e análise: Charles Aquino Historiador nº 343/MG


ODE AO TEMPO

Nise Campos

Ita – 1-1-1933


Eu te saúdo, tempo amigo,
Pelo teu poder e pela tua força!
És tão velho, tão velhinho,
Que eu não te sei contar os anos! ...
E a tua energia é sempre moça,
Desafiando as potências do Universo!
O teu domínio, amigo, é forte e inquebrantável!
Pois que é o único rei a que o homem não venceu!

Deus te pôs como sentinela ao mundo,
Sentinela que corre, que voa e que castiga...

Sob a tua força, tudo passa e tudo morre...
E, indiferente, vais vivendo e vais passando...
Não te retêm nem o sorriso, nem a graça...
Nada te comove: nem a dor, nem o pranto...
Coração, si o tens, amigo, ele é de pedra!
E, si alma tens, ó tempo, ela é de fogo!

Mas espera! Para, um instante só!
Não te cansaste ainda de correr e de voar?
Ouve, ó tempo, o que minha alma fala!
Espera para ouvir-me, porque te chamo amigo...
Eu quero te dizer baixinho alguma coisa
Um minuto só! Espera, que eu te digo! ...

Assim eu rogo todo ano ao tempo,
Mas ele nunca parou para me escutar...
Vou andando e vou correndo para ver si o alcanço
E é ele mesmo que um dia há de me fazer parar!

NOTA
Nise escreveu esta peça em 1 de janeiro de 1933, época em que o País era varrido pela moda modernista, vinda da Semana de Arte Moderna, com Mário e Oswaldo de Andrade. Nise foi madrinha de uma récita poética em 1981. 

Nesta obra, ela faz uma saudação ao tempo, a quem coloca como “o único rei que o homem não venceu”, ressaltando a irreversibilidade do envelhecer.

De sua farta obra, romântica e basicamente só em prosa poética, Nise destacou, para um compêndio de trabalhos seus, que juntou aos de escritores de renome nacional e internacional, como Guilherme de Almeida e Cruz e Souza, entre outros, o belíssimo “Ode ao Tempo”.

Referências:
Organização: Charles Aquino
Colaboradora: Lindomar Batista Lage
Texto: Nise Álvares da Silva Campos (In Memoriam)
Acervo: Lindomar Batista Lage
Colaboradora: Cláudia Lage
Arte: Fotografia da rede social
Nota: Jornal Ita Vox, janeiro de 1987, p.7.


ANÁLISE DO POEMA

A análise deste poema envolve explorar temas, estilo, estrutura e linguagem, bem como o impacto emocional e filosófico que ele provoca. O poema aborda o tempo como uma entidade poderosa e inescapável. Há um tom de reverência e submissão ao tempo, reconhecendo sua força, sua idade imensurável, e sua juventude eterna. O eu lírico reconhece o tempo como uma força indomável, que tudo domina e a que ninguém pode vencer. A relação entre o homem e o tempo é central, destacando a impotência humana frente à passagem inexorável do tempo.
O poema é composto por versos livres, sem uma métrica fixa ou rimas regulares, o que confere um ritmo natural e fluído, refletindo a própria natureza contínua e ininterrupta do tempo. O uso de exclamações e apelos diretos ao "tempo amigo" dá um tom de conversa íntima e urgente, intensificando a emoção e a seriedade do tema.
A linguagem utilizada é bastante emotiva e personificada. O tempo é retratado como um "amigo" com características humanas, mas ao mesmo tempo, é descrito como algo além do humano - uma força inquebrantável e impassível. Esta personificação do tempo como "velhinho" e, paradoxalmente, eternamente jovem, cria um contraste poderoso que enfatiza sua natureza paradoxal. 
Expressões como "tua energia é sempre moça" e "Deus te pôs como sentinela ao mundo" atribuem ao tempo uma dimensão divina e eterna, quase mítica. A impassibilidade do tempo frente às emoções humanas ("Nada te comove: nem a dor, nem o pranto...") reforça a ideia de que ele é indiferente aos sofrimentos e alegrias humanas, reforçando a impotência do eu lírico. O poema evoca uma sensação de desesperança e resignação diante da passagem do tempo. 
O apelo do eu lírico para que o tempo pare, mesmo que por um instante, é comovente, mostrando um desejo profundo de ser ouvido e compreendido. Esse desejo, porém, é sempre frustrado, pois o tempo nunca paralisa para escutar. A última linha, "E é ele mesmo que um dia há de me fazer parar!", carrega uma aceitação amarga de que a única forma de parar o tempo será na morte, quando o tempo finalmente vence o indivíduo.
Este poema é uma reflexão profunda sobre a natureza inexorável do tempo e a posição impotente do ser humano em relação a ele. Utilizando uma linguagem rica e emotiva, o poeta consegue transmitir a reverência, a frustração e a resignação que caracterizam nossa relação com o tempo. A personificação do tempo e o apelo direto a ele intensificam a conexão emocional, tornando o poema uma meditação filosófica e existencial poderosa sobre a passagem do tempo e a condição humana.
Charles Aquino 

quarta-feira, março 27, 2019

terça-feira, março 26, 2019

CAPELA SANTO ANTÔNIO DA BARRAGEM

Depois de um ano de construção, foi inaugurado a nova Capela de Santo Antônio da Comunidade da Barragem do Benfica no dia 12 de junho de 1983.

As 10 horas iniciou-se o movimento litúrgico da benção solene da capela. O Bispo Diocesano foi convidado para oficiar esta cerimônia, mas não pode comparecer.

O vigário (José Ferreira Netto) foi acolitado pelos Revmos. Senhores Padres — Waldemar de Pádua Teixeira e Nagib Gibran,  que deram solenemente a benção a capela.

Usou-se da palavra o incentivador da obra, Dr. Guaracy de Castro Nogueira, que discorreu sobre todo histórico da obra e saudou também ao Cônego Waldemar que estava aniversariando naquele dia, salientou também o grande trabalho que vem fazendo o nosso querido Teotônio Rosa, braço forte da obra.

Um grande número de fiéis da comunidade, autoridades e representantes das duas Companhias Itaunense e Santanense, auxiliaram muito na obra. Foi determinado que seria celebrada a santa missa no primeiro domingo de cada mês às 14 horas.





REFERÊNCIAS:

FONTE: LIVRO DO TOMBO II Paróquia de Sant'Ana de Itaúna, 1948 a 1992, p. 114.
PÁROCO RESPONSÁVEL PELOS REGISTROS NO LIVRO DO TOMBO II: Padre José Ferreira Netto (In memoriam)
PESQUISA, ORGANIZAÇÃO e FOTOGRAFIAS: Charles Aquino

domingo, março 24, 2019

MONUMENTO FUNERÁRIO JOSÉ NETO

Padre José Ferreira Netto

Grande figura humana, Modelar Discípulo de Jesus, Pastor dedicado e zeloso de seu rebanho. Educador e formador de gente. Uma vida dedicada aos humildes, principalmente aos carentes e órfãos.

Nasceu no pequeno lugarejo, freguesia do Sagrado Coração do Coco (São Caetano de Moeda), em 19 de junho de 1910. Mário Delfino Moreira, nascido na Moeda e Antônia Ferreira são seus pais. Avós paternos, José Ferreira, português, e Leonor Vieira Braga, do Coco. Avós maternos, Francisco Machado Netto e Maria Ferreira Marques, de São José do Paraopeba.

Encaminhado para a vida sacerdotal pelo grande arcebispo de Mariana, Dom Silvério Gomes Pimenta. Seminarista no Seminário do Coração Eucarístico de Belo Horizonte, com apoio de Dom Antônio dos Santos Cabral, com bolsa que lhe deram as irmãs do Colégio Coração de Jesus, de Belo Horizonte.

O Bispo e arcebispo Dom Cabral lhe devotava grande amizade e afeto, acompanhou sua passagem pelo seminário e lhe deu a tonsura, as ordens menores, o subdiaconato, o diaconato e o presbiterado. Ordenou-se no mesmo dia com Dom Cristiano Portela de Araújo Pena, Padre Sinfrônio Torres e Padre Guilherme Kriger.

Antes de vir para Itaúna, foi cooperador do Monsenhor Guedes na Lagoinha (1938/39), depois, sucessivamente, vigário de Piedade do Paraopeba (1939/43) e de Itaúna (1943/85). Nestes períodos, foi encarregado de várias outras paróquias: São José do Paraopeba (1939/43), Moeda (1941/43), Itatiaiuçu (1943/46), Santanense (1943) e Padre Eustáquio (1960).

Seu colega de ordenação, Dom Cristiano, primeiro bispo de Divinópolis, concedeu-lhe o título honorífico de cônego, por autorização do Papa Paulo VI (1966).

Em nossa cidade, criou novas paróquias: Coração de Jesus de Santanense (1953), Nossa Senhora de Fátima do Padre Eustáquio (1960), Nossa Senhora das Graças, na Ponte (hoje Graças) e Nossa Senhora da Piedade do Serrado (hoje Piedade), em 1970. 

A zona rural foi enriquecida com novas capelas: Córrego do Soldado, Garcias (depois paróquia). Cachoeirinha, Vista Alegre (nome dado por ele ao Pasto das Éguas), Carneiros, Paulas e Santo Antônio da Barragem (construída pela Itaunense, com participação da comunidade).

Professor Guaracy



Cemitério Central de Itaúna
Bairro Cerqueira Lima
Rua Bonfim
Túmulo: 3538
Quadra: 02
Ala: 15


“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. ” (Jo 10, 11)

Pe. José Ferreira Netto foi o nosso estimado Pároco de Sant'Ana de 1943 a 1985…42 anos de paroquiato. Praticamente viu a pequena Itaúna crescer, evoluir, desdobrar-se em diversas outras paróquias (hoje são 6: Sant'Ana, Sagrado Coração de Jesus, Fátima, Piedade, São José, Aparecida).

Itaúna, Minas Gerais, o Brasil e o mundo mudaram por demais neste período do paroquiato do nosso saudoso Pe. Zé Netto. Ele viu daqui o mundo e Igreja mudarem…
Quando chegou, a Santa Missa era em latim, com o padre virado para o Sacrário e sempre usando a batina negra como veste talar, ou seja, de uso contínuo mesmo fora da Igreja.

E assim o fez por 22 anos, até o Concílio Vaticano II permitir um novo rito em língua vernácula. A batina, esta, enquanto foi o Pároco, jamais deixou de usar…. Somente a tirou devido a ordens médicas e já bem na sua velhice: honrava seu sacerdócio acima de tudo.

Foi um homem de vida espartana. Metódico, acordava sempre no mesmo horário, antes das seis da manhã, mesmo na velhice e já aposentado das funções paroquiais. Para tomar seu banho, fazer a barba cotidianamente e passar o seu café…

Gostava de cuidar do jardim e da horta…. Muitos ainda se lembram dos jardins da antiga Casa Paroquial (que foi construída no tempo dele) na praça, hoje Centro Pastoral “Pe. José Ferreira Netto) sempre com as roseiras exuberantes e uma horta bem viçosa e cuidada…Costume que levou para sua nova morada, quando se aposentou; situada na rua São Miguel, nº 104 no bairro das Graças.

Pe. José Netto trabalhou muito e muito para fora de sua sacristia…. Para muito além da religião. Tinha preocupações e grandes para com o social, a educação e a saúde em nossa cidade.

Quando aqui chegou em 1943, não havia uma escola para os meninos, pois a Escola Normal (hoje Escola Estadual de Itaúna, da qual foi também seu Diretor entre 1966 e 1970) só atendia as meninas e tocada por uma Congregação Religiosa (embaixo funcionava a escola e no andar superior a capela que possuía uma sacada; as celas das irmãs e o quarto para as internas.

Tratou logo, portanto, com outras pessoas ilustres de nossa cidade, fundar o Colégio Sant'Ana, para atender os meninos daquele tempo.

Por ter contatos na capital, com a obra de Dom Bosco, logo pensou nos menores de rua e desamparados de seu tempo: daí veio a fundação da Granja Escola São José, junto com o então prefeito, Cel. Arthur Vilaça e sua esposa Dona Dorica.

Criou também o antigo Lactário, que desaguou na Pastoral do Menor e hoje “Casa Nossa”; preocupou-se com os idosos e junto com o Cordomar Silveira, abraçou a causa do Asilo “Frederico Ozanam”. Tinha pelos detentos, os presos, um zelo de pai…disso brotou a Pastoral Carcerária, que abriu caminho para a APAC de Itáuna!

Sempre prestou assistência e a fez prestar aos mais necessitados e imbuído do espírito do resgate da dignidade da pessoa humana.

Resgatou a Festa do Reinado de Itaúna, então com sérias divergências com a Arquidiocese de Belo Horizonte, a qual pertencia a nossa Paróquia de Sant’Ana. Presidia sua “missa conga” e colocava no altar da Igreja Matriz, as rainhas e reis do Congado…tudo isso em um tempo onde nada disso era usual. Pe. José Netto marcou indelevelmente sua passagem por estas terras. Itaúna muito lhe deve!

Professor Mascarenhas






REFERÊNCIAS:

Texto 1: Guaracy de Castro Nogueira (In Memoriam)
Texto 2: Prof. Luiz Mascarenhas
Organização e Fotografia: Charles Aquino
Acervo: Marco Antônio Lara


sexta-feira, março 22, 2019

quinta-feira, março 21, 2019

domingo, março 17, 2019

sábado, março 16, 2019

MONUMENTO FUNERÁRIO MONSENHOR HILTON

MOSENHOR HILTON
O TESTEMUNHO DE UM SANTO HOMEM

“Quero morrer filho da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, como sempre vivi e a que procurei servir com fidelidade. Peço aos meus paroquianos de Santanense que sufragem minha alma com missas e orações.

A todos da Paróquia eu agradeço a caridade com que sempre me trataram e peço perdão por todas as ofensas que porventura tenha feito contra qualquer pessoa. Em nome de Deus eu peço que me perdoem tudo que na minha vida, possa ter sido mau exemplo e a todos reafirmo minhas disposições de arrependimento por todo mal que tenha praticado.

Que Deus Pai, Filho e Espírito Santo me concedam a felicidade de morrer em estado de graça no seu santo nome. Amém.

Espero morrer tranquilo, confiando na misericórdia de Deus, que me a de perdoar a multidão de pecados. Desejo que meu enterro seja muito simples, em caixão de pano e não em urna de madeira ou de metal assim como peço que não gaste qualquer valor em coroas e flores.

Quero ainda ser sepultado no cemitério de Santanense em lugar bem visível junto ao portão de entrada ou no próprio necrotério para que todos vejam minha sepultura e rezem por mim.

Aceito plenamente a vontade de Deus sobre doença, sofrimentos e tristezas que me amargurarem os últimos dias. Morro contente e feliz, entregando-me confiante nas mãos de Deus. Assim Seja”.




Cemitério de Santanense
Rua Tarcísio Ribeiro, 211 – Santanense, Itaúna – MG, 35681-144


Referência:

Texto: Jornal Folha do Oeste, 22 de março de 1985, nº 1.734, p.1.
Acervo fotografia Monsenhor Hilton:  Centro Pastoral Monsenhor Hilton Gonçalves de Sousa.
Pesquisa, Fotografia e Organização: Charles Aquino

quinta-feira, março 14, 2019

HINO DE ITAÚNA


Hino do Município de Itaúna, Minas Gerais

O hino do município de Itaúna reflete profundamente o orgulho e a identidade local, destacando elementos históricos, culturais e econômicos que moldaram a cidade. Itaúna, situada em Minas Gerais, é apresentada como uma comunidade de fé, trabalho e progresso, atributos frequentemente exaltados em hinos municipais para fortalecer o sentimento de pertencimento e unidade entre os cidadãos. A menção a Sant'Ana, padroeira da cidade, sublinha a importância da fé religiosa na formação da identidade local.

O hino é composto por três estrofes e um estribilho. A estrutura rítmica e métrica facilita a musicalidade e a memorização, características essenciais para hinos, que são frequentemente cantados em eventos cívicos e escolares. Cada estrofe aborda um aspecto diferente da cidade: sua fundação, seu crescimento e seu desenvolvimento econômico.

A primeira estrofe destaca a fundação da cidade, mencionando "um sonho de fé e grandeza". Os primeiros habitantes, descritos como "boa gente", escolheram Itaúna pela segurança e pela "certeza de um bom pouso". A referência à "pedra bem preta" pode simbolizar a firmeza e a durabilidade do assentamento inicial. A menção a Sant'Ana de São João Acima destaca a conexão religiosa e o início da formação comunitária, refletindo a importância da fé e da proteção divina na história da cidade.

A segunda estrofe celebra o crescimento de Itaúna, ressaltando o esforço dos ancestrais. A cidade é descrita como uma "comuna brilhante", destacando seu desenvolvimento contínuo e a contribuição significativa de sua população. A frase "peleja constante" indica a luta diária e o trabalho árduo dos itaunenses para fazer a cidade prosperar. Este crescimento é visto como um esforço coletivo, onde a comunidade trabalha unida para alcançar um objetivo comum.

A terceira estrofe foca no progresso econômico de Itaúna, destacando a importância da mineração e da indústria. O "ferro que corre em fusão" simboliza a riqueza mineral da região, enquanto "dar movimento às turbinas" sugere o uso eficiente dos recursos naturais para gerar energia. Itaúna é apresentada como um "centro de grande labor", com atividades industriais diversas, incluindo tecelagem, siderurgia e oficinas. Este progresso industrial é visto como um reflexo direto do valor e do trabalho árduo da população local.

A linguagem utilizada no hino é poética e rica em simbolismos. Expressões como "boa gente", "pedra bem preta" e "dorso rochoso" evocam imagens vívidas da história e da geografia locais. A menção ao "tear, alto forno e oficinas" ilustra a diversidade das atividades econômicas que sustentam a cidade. A escolha de palavras reflete uma conexão profunda com a terra e a história de Itaúna, criando uma narrativa que celebra tanto os recursos naturais quanto a determinação dos moradores.

O estribilho serve como um refrão que une todos os habitantes em um sentimento comum de orgulho e esperança. A repetição de "Itaúna, comuna brilhante" e "tua gente te sente crescer" reforça a ideia de crescimento e progresso contínuo. A expressão "deseja, em peleja constante, com anseio, em teu seio viver" destaca o desejo de fazer parte do desenvolvimento da cidade e viver em um lugar que está em constante evolução. Este sentimento de unidade é essencial para fortalecer a coesão social e o orgulho cívico.

O hino de Itaúna é eficaz em cumprir seu propósito de instilar orgulho e identidade cívica. No entanto, uma análise crítica também deve considerar a idealização presente na narrativa. O hino enfatiza as virtudes e realizações da cidade.

O hino do município de Itaúna é uma peça cultural significativa que celebra a fé, o trabalho e o progresso da cidade. Com uma linguagem poética e rica em simbolismos, ele reflete a identidade local e fortalece o sentimento de pertencimento dos itaunenses. A análise crítica revela tanto as virtudes exaltadas quanto as idealizações inerentes ao gênero, oferecendo uma visão abrangente do valor e do impacto desse hino para a comunidade. Ao reconhecer tanto os aspectos positivos quanto os desafios, podemos apreciar a complexidade e a riqueza da história de Itaúna.


Nicole Cássia 13 de set de 2018

HINO DE ITAÚNA

Por um sonho de fé e grandeza

Por aqui boa gente aportou

E na pedra bem preta a certeza

De um bom pouso, sem medo, marcou.

Foi Sant'Ana de São João Acima

Desta forma criada em Gerais.

Dentro em pouco subia na estima

Pelo esforço de seus ancestrais.

 -----

Itaúna, comuna brilhante,

Tua gente te sente crescer

E deseja, em peleja constante, (Estribilho)

Com anseio, em teu seio viver!

----- 

Sem perder de Sant'Ana bondosa

A certeira e feliz proteção,

Itaúna, surgiste grandiosa

E criaste em trabalho um padrão.

Hoje te ergues no Estado de Minas

Como um centro de grande labor.

No tear, no alto forno e oficinas

O teu povo te exalta o valor.

----- 

Do teu dorso rochoso em colinas

Vem o ferro que corre em fusão.

Para dar movimento às turbinas

Em teu solo caminha o São João.

Com amor, Progressista Itaúna,

O teu povo jamais te faltou.

Pode, pois, te orgulhar da fortuna

Que na História teus passos guiou.




Veja mais:


Referências:
Organização e Análise: Charles Aquino
Vídeo Hino de Itaúna:
Interpretação artística em comemoração do aniversário da cidade. 
Publicado por Nicole Cássia no Youtube em 13 de set de 2018.
Gilberto Moura: Cavaquinho e edição de vídeo
Nicole Cássia: Vocal e violinista
Diego Ildefonso: Violonista
Rafael Fuzzatti: Guitarrista
Giuliano Severo: Viola

terça-feira, março 12, 2019

ONTEM & HOJE

João Dornas Filho
1925


Foi numa noite de luar assim ...
Era maio, também ...

Eu te jurei eternamente, eternamente,
Que havia — ai de mim!
Havia de trazer-te no presente,
No presente do peito e da lembrança ...

— E’s minha, Dona Graça da Esperança! ...
— E’s meu, Poeta dos beijos e das rosas! ...
— Crença de glória que meus sonhos embalançam ...
— Fonte d’amor das minhas horas venturosas ...

Era maio, também ...
Foi numa noite de luar assim ...

Juras que o vento leva e o pó consome! ...
Noite de luar, noites de maio,
Sois todas bem iguais ...

Ela esqueceu aquele juramento,
Que jurou que eternamente, eternamente,

Havia de trazer-me no presente,
No presente do peito e da lembrança ...





Referências:
Jornal A Estrella da Oeste, Orgam dos Poderes Municipais, Divinópolis, 27 de junho de 1926, nº 159, p.3.
Título original do poema: Hontem e Hoje
Texto: FILHO, João Dornas, 1925.
Fotografia: Charles Aquino
Local: Cachoeira dos Pintos – Ponta da Serra / Itatiaiuçu-MG, 2011.
Protagonistas: Tuane Aissa & Caique Rabelo.