Nise Campos
Na mansuetude das tardes frias,
Sem gemido, sem dor e sem lamento,
Vejo que se desfolham, lentamente,
as rosas,
Numa beatitude de sonho e de
renúncia...
Longe. Longe, lá no céu distante,
Há nuvens cor das rosas que
morreram...
E a voz das coisas que, no silêncio
falam,
Têm pena das rosas que nasceram...
Rosas, que desabrochais ao raiar
das alvoradas!
Rosas, que recebeis do sol beijo
ardente!
A nossa vida, que só dura um
instante,
É um poema que o vento canta e que
a gente escuta...
Vejo-as se desfolharem à luz do
acaso triste...
E as pétalas soltas, com perfume
ainda,
Vão rolando, rolando, levadas pela
brisa...
Cansaram-se de viver e, só viveram
um dia,
Uma vida de amor e de beleza!
Eu descubro em vós, rosas em
agonia,
Uma alma da mulher, chorando uma ilusão!
...
Eu sei que o último perfume, que no
jardim deixais,
É uma prece
de carinho e de perdão! ...
Referências:
Organização: Charles
Aquino
Fonte: Antologia
dos Poetas Itaunenses. – BH – Lemi;/Itaúna Diretoria de Pesquisa e Extensão da
Fundação Universidade de Itaúna, Nise Álvares da Silva Campos, 1990, p.103.
Acervo: Shorpy
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