segunda-feira, abril 01, 2019

SANT'ANNA

Nise Campos 
1934

Corre o São João, ao longe, preguiçosamente,
Talvez as suas tradições cantando ...
Como soberano, corta a várzea ao meio
E segue o seu caminho ...

— Que será que esse rio pensa?
— Nem um pescador na praia! ...
— Nem uma morena a lavar cantando! ...

Deixemos que ele chore a Sant’alma antiga,
Pois que o eco do progresso nos acorda ...
Canta a indústria e o comércio canta...
E a alma vibra longe do rio ...

Itaúna vive à luz de um claro sol,
Que ilumina a escola e a oficina aquece...
A alma se levanta com o fragor das máquinas.

E o espírito dorme no fervor da prece!
Olho o poente, onde a cor deslumbra,
Irisando o céu onde as nuvens erram...
Rogam numa saudade as águas do rio...
E Itaúna dorme como Sant’Anna Velha...





Referências:

Organização: Charles Aquino
Colaboradora: Lindomar Batista Lage
Texto: Nise Álvares da Silva Campos (In Memoriam)
Acervo: Professor Marco Elísio Chaves Coutinho(In Memoriam), Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira, Charles Aquino.


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