Padre José Ferreira Netto
Grande
figura humana, Modelar Discípulo de Jesus, Pastor dedicado e zeloso de seu
rebanho. Educador e formador de gente. Uma vida dedicada aos humildes,
principalmente aos carentes e órfãos.
Nasceu
no pequeno lugarejo, freguesia do Sagrado Coração do Coco (São Caetano de
Moeda), em 19 de junho de 1910. Mário Delfino Moreira, nascido na Moeda e
Antônia Ferreira são seus pais. Avós paternos, José Ferreira, português, e
Leonor Vieira Braga, do Coco. Avós maternos, Francisco Machado Netto e Maria
Ferreira Marques, de São José do Paraopeba.
Encaminhado
para a vida sacerdotal pelo grande arcebispo de Mariana, Dom Silvério Gomes
Pimenta. Seminarista no Seminário do Coração Eucarístico de Belo Horizonte, com
apoio de Dom Antônio dos Santos Cabral, com bolsa que lhe deram as irmãs do
Colégio Coração de Jesus, de Belo Horizonte.
O
Bispo e arcebispo Dom Cabral lhe devotava grande amizade e afeto, acompanhou
sua passagem pelo seminário e lhe deu a tonsura, as ordens menores, o
subdiaconato, o diaconato e o presbiterado. Ordenou-se no mesmo dia com Dom Cristiano
Portela de Araújo Pena, Padre Sinfrônio Torres e Padre Guilherme Kriger.
Antes
de vir para Itaúna, foi cooperador do Monsenhor Guedes na Lagoinha (1938/39),
depois, sucessivamente, vigário de Piedade do Paraopeba (1939/43) e de Itaúna
(1943/85). Nestes períodos, foi encarregado de várias outras paróquias: São
José do Paraopeba (1939/43), Moeda (1941/43), Itatiaiuçu (1943/46), Santanense
(1943) e Padre Eustáquio (1960).
Seu
colega de ordenação, Dom Cristiano, primeiro bispo de Divinópolis, concedeu-lhe
o título honorífico de cônego, por autorização do Papa Paulo VI (1966).
Em
nossa cidade, criou novas paróquias: Coração de Jesus de Santanense (1953),
Nossa Senhora de Fátima do Padre Eustáquio (1960), Nossa Senhora das Graças, na
Ponte (hoje Graças) e Nossa Senhora da Piedade do Serrado (hoje Piedade), em
1970.
A zona rural foi enriquecida com novas capelas: Córrego do Soldado,
Garcias (depois paróquia). Cachoeirinha, Vista Alegre (nome dado por ele ao
Pasto das Éguas), Carneiros, Paulas e Santo Antônio da Barragem (construída
pela Itaunense, com participação da comunidade).
Professor Guaracy
Cemitério Central de Itaúna
Bairro Cerqueira Lima
Rua Bonfim
Túmulo: 3538
Quadra: 02
Ala: 15
“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. ” (Jo 10, 11)
Bairro Cerqueira Lima
Rua Bonfim
Túmulo: 3538
Quadra: 02
Ala: 15
“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. ” (Jo 10, 11)
Pe.
José Ferreira Netto foi o nosso estimado Pároco de Sant'Ana de 1943 a 1985…42
anos de paroquiato. Praticamente viu a pequena Itaúna crescer, evoluir,
desdobrar-se em diversas outras paróquias (hoje são 6: Sant'Ana, Sagrado
Coração de Jesus, Fátima, Piedade, São José, Aparecida).
Itaúna,
Minas Gerais, o Brasil e o mundo mudaram por demais neste período do paroquiato
do nosso saudoso Pe. Zé Netto. Ele viu daqui o mundo e Igreja mudarem…
Quando
chegou, a Santa Missa era em latim, com o padre virado para o Sacrário e sempre
usando a batina negra como veste talar, ou seja, de uso contínuo mesmo fora da
Igreja.
E assim o fez por 22 anos, até o Concílio Vaticano II permitir um novo
rito em língua vernácula. A batina, esta, enquanto foi o Pároco, jamais deixou
de usar…. Somente a tirou devido a ordens médicas e já bem na sua velhice:
honrava seu sacerdócio acima de tudo.
Foi
um homem de vida espartana. Metódico, acordava sempre no mesmo horário, antes
das seis da manhã, mesmo na velhice e já aposentado das funções paroquiais.
Para tomar seu banho, fazer a barba cotidianamente e passar o seu café…
Gostava
de cuidar do jardim e da horta…. Muitos ainda se lembram dos jardins da antiga
Casa Paroquial (que foi construída no tempo dele) na praça, hoje Centro
Pastoral “Pe. José Ferreira Netto) sempre com as roseiras exuberantes e uma
horta bem viçosa e cuidada…Costume que levou para sua nova morada, quando se
aposentou; situada na rua São Miguel, nº 104 no bairro das Graças.
Pe.
José Netto trabalhou muito e muito para fora de sua sacristia…. Para muito além
da religião. Tinha preocupações e grandes para com o social, a educação e a
saúde em nossa cidade.
Quando
aqui chegou em 1943, não havia uma escola para os meninos, pois a Escola Normal
(hoje Escola Estadual de Itaúna, da qual foi também seu Diretor entre 1966 e
1970) só atendia as meninas e tocada por uma Congregação Religiosa (embaixo
funcionava a escola e no andar superior a capela que possuía uma sacada; as
celas das irmãs e o quarto para as internas.
Tratou
logo, portanto, com outras pessoas ilustres de nossa cidade, fundar o Colégio
Sant'Ana, para atender os meninos daquele tempo.
Por
ter contatos na capital, com a obra de Dom Bosco, logo pensou nos menores de
rua e desamparados de seu tempo: daí veio a fundação da Granja Escola São José,
junto com o então prefeito, Cel. Arthur Vilaça e sua esposa Dona Dorica.
Criou
também o antigo Lactário, que desaguou na Pastoral do Menor e hoje “Casa
Nossa”; preocupou-se com os idosos e junto com o Cordomar Silveira, abraçou a
causa do Asilo “Frederico Ozanam”. Tinha pelos detentos, os presos, um zelo de
pai…disso brotou a Pastoral Carcerária, que abriu caminho para a APAC de
Itáuna!
Sempre
prestou assistência e a fez prestar aos mais necessitados e imbuído do espírito
do resgate da dignidade da pessoa humana.
Resgatou
a Festa do Reinado de Itaúna, então com sérias divergências com a Arquidiocese
de Belo Horizonte, a qual pertencia a nossa Paróquia de Sant’Ana. Presidia sua
“missa conga” e colocava no altar da Igreja Matriz, as rainhas e reis do
Congado…tudo isso em um tempo onde nada disso era usual. Pe.
José Netto marcou indelevelmente sua passagem por estas terras. Itaúna muito lhe deve!
Professor Mascarenhas
REFERÊNCIAS:
Texto
1: Guaracy de Castro Nogueira (In Memoriam)
Texto
2: Prof. Luiz Mascarenhas
Organização
e Fotografia: Charles Aquino
Acervo:
Marco Antônio Lara