Primeiro surgiu Louis Daguerre,
depois o mundo teve Niépce e Fox Talbot, em meados do século dezenove. Itaúna
foi povoada por diversos deles e já existe um interessante estudo sobre os
fotógrafos itaunenses ao longo dos tempos (Abel Alexander – argentino).
Recordo-me do Benevides Garcia, do Osvaldo e sua Kombi azul e do Pedro. A
França deu ao mundo Daguerre; Itaúna oferece hoje Daniel Henrique (hors concours)
... Assinalo também Márcio Carvalho... e diversos outros dignos de nota na
contemporaneidade.
Contudo, feitas as devidas
reverências a quem de direito, discorro estas linhas sobre um outro fotógrafo.
Eu o chamo de “O Mago das Lentes”. Na tardinha deste dia, eu o surpreendi – na
saída do meu trabalho – e pude deleitar-me com a cena do artista em plena
execução de sua obra: lá estava ele em passos lépidos – armado de sua câmera-
correndo atrás de uma cena a ser registrada. Lá no horizonte, a imagem de uma
revoada de pássaros rumo ao crepúsculo.
Itaúna é celeiro das artes. Itaúna
tem em seu solo, o húmus fertilizador das artes – umedecido pelas águas calmas
do rio São João; donde as musas (travestidas de garças) inspiram e fazem brotar
artistas das mais variadas nuances. Humana e pitoresca – como afirmou Pancrácio
Fidélis. Pitoresca, artística, bucólica, bela, encantadora... pelas lentes da
máquina fotográfica de Adilson Nogueira.
Esse moço – pobre moço – de tantas
artes e arteiro também, vem se revelando o guardião do tempo presente. Adilson
fotografa, registra, eterniza, emoldura, dignifica, diviniza o bucólico.
Adilson fotografa Itaúna. Adilson nos revela Itaúna. Adilson redescobre a
cidade e nos dá de presente.
Aquela paisagem ali está. Em sua
normalidade cotidiana. Cenas que ninguém vê, pois todos estão imersos no mundo
que criaram.... Estão cegos diante do belo, pois só tem visão para aquilo que o
sistema lhes permite enxergar. Adilson não. Dá as costas para o real ou o
irreal do mundo acinzentado de nossos atropelos e nos oferece dia a dia a
Itaúna a nossa volta.
As pessoas, admiradas, logo elogiam a
arte do Mago das Lentes. Entretanto, não conseguem e jamais conseguirão ver com
os seus olhos o belo do mundo. É como se vissem a foto e não a enxergassem no
mundo.
A arte da fotografia é da mais
místicas e mágicas. Foto não faz barulho, não tem som, não tem sabor, não tem
cheiro, despidas de movimento..., no entanto, o observador ao mirá-la se lhe é
dado a capacidade mística de nela mergulhar e quase num transe sentir tudo
aquilo presente na realidade estática da foto. É uma viagem. E como em todas as
artes, uma vez feita, já não pertence ao artista e sim àquele que a contemplar.
Não precisa de legenda. Terá um
milhão de significados tantos quantos forem os seus observadores. Não sabemos
que mística tem Adilson. Se é bruxo, anjo ou feiticeiro ou mago...o que sabemos
é do encantamento que derrama em suas fotos. Tivemos a sorte de ser por ele
fotografados... no emblemático alto do Rosário...Encantado e mistificado
estamos todos. Um salve para o Mago das Lentes. Um salve para a nossa Itaúna – humana e
pitoresca...
Texto: Professor Luiz Mascarenhas
Organização: Charles Aquino