A
nossa cidade não poderia fugir ao processo evolutivo que caracteriza a história
do exercício das chamadas profissões, nunca correspondeu aos princípios rígidos
de postulados ou documentações científicas, senão à manifestação interior do
princípio de solidariedade humana guiado por uma espécie de intuição, quando
não desbancava para exploração dos menos cultos e incautos.
Existem
centenas de municípios brasileiros onde assistência dentária é ainda prestada por
práticos licenciados — direito que outrora delegava à Saúde Pública — em vista
de pequeno número de cirurgiões dentistas que se diplomavam e que somente se
identificavam com as grandes cidades. Houve época em Itaúna, quando da sua
elevação a município, que só exerciam suas atividades os práticos licenciados,
homens que deixaram para a posteridade filhos não menos dignos de seus pais.
Então é por aqui que inicio a “História da Odontologia” em Itaúna.
Viajando
pelos caminhos que nos conduz aos primeiros vagidos de uma Itaúna autônoma,
vamos encontrar FRANCISCO ASSUNÇÃO
DRUMOND, trabalhando na Rua Direita onde reside atualmente o senhor J.
Pereira.
Em
seguida vamos encontrar o Sr. ANTÔNIO
JOSE DOS SANTOS, conhecido na intimidade por Tonho do Bá, tendo praticado
com o antecessor com quem trabalhou alguns anos. Progenitor do Sr. Talles,
José, Augusto, Elvira, Dorvina, Maria Santos.
Mais
ou menos na mesma ocasião trabalhava também o Sr. MIGUEL ALVES DE SOUZA, no bairro do Serrado, fazendo dentaduras.
Progenitor dos Srs. Augusto, Alfredo, Elpídio, Dui Nicosina e Maria Alves.
Em
seguida vamos encontrar o PÉRICLES
GOMIDE, que aqui iniciou os seus trabalhos, tendo praticado inicialmente
com o Sr. Antônio José dos Santos e Miguel Alves, em viagens que os mesmos
realizavam com percursos grandes. Nestas viagens trabalhou durante nove meses
em Araxá, quando regressou, em 1902 instalou definitivamente o seu gabinete
dentário em Itaúna. Desde este período até o ano de 1944, trabalhou praticando
a clínica e prótese, atendendo sempre na atual residência à Rua Antônio de
Matos. Foi ajudante de Promotor de Justiça do termo de Itaúna, até ser
instalada a Comarca. Ingressou como agente do Correio no ano de 1910
permanecendo até 1946, quando foi aposentado.
Foi
também diretor de diversas corporações musicais que existiram naquela época,
professor de música, compositor, tendo sido presidente do “Teatro Mário Matos”
quando foi levada a revista “A Cigarra do Sertão”. Durante muitos anos foi
ensaiador de peças teatrais. Compôs os seguintes dobrados: Dengoso, Gafanhoto,
Itaúna. E as seguintes valsas: Eponina, 23 de Agosto, Sorriso, muito popular em
Itaúna.
Casado
com D. Eponina Nogueira Gomide, tendo os seguintes filhos: Orlando Gomide,
Sinésio, Sebastião, Péricles, Elza, Maria do Carmo e José. Tem
em sua casa um diploma da Universidade Escolar Internacional, concedendo o
direito de trabalhar como dentista, datada no Rio de Janeiro em 1º de março de
1913. Posteriormente foi concedida uma licença pelo Departamento Estadual de
Saúde como prático licenciado.
Encontramos
em seguida o Sr. EDUARDO CAMPOS que
aqui se estabeleceu nos primórdios do município, onde se casou com Dona
Leaudujour Nogueira. Foi um dos oradores mais fluentes por ocasião da
instalação do município. Morou algum tempo na atual residência de propriedade
do Sr. Leão José. Foi também secretário da Câmara Municipal. Transferiu
residência para Belo Horizonte, posteriormente, para Juiz de Fora onde
oficializou os seus conhecimentos no Grambery.
Atualmente reside no Rio de Janeiro e é inspetor do Ensino escolar e
ainda trabalha como dentista.
LASDILAU GUSTAVO DE MATOS,
que aqui instalou gabinete depois de ter praticado com Eduardo Campos.
Trabalhava no Serrado, em residência fronteiriça ao Dr. Augusto Gonçalves. Posteriormente
transferiu sua residência para onde é atualmente propriedade do Sr. José Rosa.
Seu irmão Sílvio de Matos ainda mora em Itaúna, sendo aposentado da Prefeitura
Municipal.
ETELBERTO FRANZEM DE LIMA,
cirurgião-dentista diplomado em Belo Horizonte que aqui esteve algum tempo,
transferindo para Belo Horizonte onde se diplomou se diplomou em advocacia e
ali fixando residência.
JOSÉ ALVES DE SOUZA,
que como prático licenciado aqui trabalhou durante muitos anos, sendo filho de
Sr. Miguel Alves. Figura estimada por todos os itaunenses pelo seu bom humor e
honestidade, teve a vida roubada tragicamente no desempenho das suas atividades
como dentista, causando na ocasião viva consternação na família itaunense.
Deixou viúva Dona Biscota e dois filhos, Célio e Lucíola esposa do sr. Dalmo
Paula, fiscal da Prefeitura.
AUGUSTO ALVES DE SOUZA,
filho do Sr. Miguel Alves, também dentista licenciado, que até hoje dedica suas
atividades como dentista licenciado, realizando unicamente trabalhos de prótese.
É o nosso muito conhecido e estimado Dui, tradicionalmente falado pelas suas
célebres pescadas e sempre bem-humoradas anedotas. Casado com Dona Elisa
Nogueira, tendo os seguintes filhos: Dirceu, farmacêutico prático, José que tem
se dedicado à prótese dentária, Marília, Leite, Messe, sendo todos casados; e
Mário que atualmente cursa o terceiro ano científico do Colégio Marconi.
JOÃO GABRIEL
trabalhou em Itaúna, oficializando, posteriormente seus conhecimentos na Escola
de Odontologia de Alfenas. Regressando a Itaúna aqui trabalhou durante muitos
anos.
JOÃO BELISÁRIO VIANA,
VITOR DRUMOND MANOEL GUIMARÃES, aqui em Itaúna
trabalharam durante anos, dando os melhores dos seus esforços para as
atividades profissionais, deixando um largo círculo de relações na família
itaunense. Os dois primeiros residem atualmente em Belo Horizonte, sendo que o
Sr. João Belizário Viana, é o chefe dos serviços de prótese no Ambulatório
Central do SESI. Manuel Guimarães transferiu residência para Belo Horizonte,
voltando em 1947 para Itaúna, aqui residindo até 1940, quando transferiu para
Itabira. Deixou um vasto círculo de relações, pelas suas qualidades morais e
profissionais.
Dr. William Leão: Cirurgião-Dentista. Oficial da Reserva e Jornalista
REFERÊNCIAS:
Texto: Prof. William
Leão (In Memoriam)
Revista Acaiaca:
História da Odontologia no município de Itaúna. p. 146,147,148,149. Ano: 1954, Org. Celso Brant, Belo Horizonte/MG.
Pesquisa: Charles
Aquino,
Acervo: Shorpy
Organização: Charles Aquino