Prof.
Luiz MASCARENHAS*
Tolerância tem sido a bandeira de muitos. Entretanto, é o
que menos se vivencia no mundo atual. Nas redes sociais – terra de ninguém- o
tão decantado individualismo tem alcançado nível alfa. Primeiro, existe a possibilidade de se
excluir. Assim, sem maiores delongas. Não agrada? Exclui-se. Exclui-se um
comentário ou até mesmo o “amigo” virtual... E não dado por satisfeito, outro
mecanismo permite o ápice da exclusão:
bloquear. Como se pudéssemos “deletar” o outro da face da Terra.
Em uma primeira análise, poderá parecer apenas uma atitude
inofensiva- parte de uma “brincadeira” virtual. Contudo, o ato do brincar
reproduz a vida real. Foi sempre assim. A criança brinca reproduzindo o mundo
dos adultos e ao qual um dia será inserida.
Passamos a agir – sintomaticamente- no nosso cotidiano, da
mesma forma que – na busca pelo nosso “sacrossanto” individualismo e na
intolerância virtual - agimos todos os dias diante das telas de nossos
aparelhos eletrônicos... seja o ipod, iphone, o celular ou o pc.
Atitudes simples no mundo virtual que se revelam torpes e
destituídas dos mais caros valores que a Humanidade buscou construir durante
milênios – como a fraternidade e a solidariedade entre os homens.
Eu, eu, eu, eu,... Cada vez mais preocupados consigo mesmos.
Esses são os seres humanos do atual mundo em que vivemos. O que, em certa medida,
poderia fazer unicamente bem a cada um, está tornando-se uma mazela sem precedentes.
O que EU quero, o que EU desejo, o que EU sonho, porque EU mereço...o
individualismo ganha enormes proporções e não para de crescer na sociedade
atual.
A internet e o
isolamento que produz (por trás da ilusão de uma vida social intensa que as redes
“sociais”- tão populares - oferecem), o
mundo capitalista e a necessidade de se destacar dentro dele e o afastamento de
conceitos de fé, família, vida em comunidade, enfim, várias são as razões que
levam o ser humano a cada vez mais pensar apenas em si mesmo. Inclusive a
deturpação da religião cristã salta aos olhos. O que tinha por base a
fraternidade e a vida comunitária, hoje se torna um show de milagres para se
nutrir o mais sombrio individualismo e não é necessário ser um teólogo para
apurar-se esta grave deformidade.
Historicamente não é uma característica exclusiva da
sociedade atual, mas dentro dela, tem ganhado dimensões nunca antes vistas. E
esse exagero de individualismo pode ser a raiz dos nossos maiores problemas. Quem
para pra pensar no outro? Para refletir o verdadeiro sentido de companheirismo,
amizade? Quem enxerga o problema do outro como sendo seu problema também? Infelizmente...poucas
pessoas. O individualismo exagerado gera problemas pessoais e que se refletem
no coletivo da Sociedade. Indivíduo doente, sociedade doente.
Dificilmente uma pessoa que pensa, em maior parte, em si mesma, sabe o verdadeiro valor de uma amizade, vibra com as conquistas do outro, tem com quem compartilhar suas próprias conquistas; não conhecem os melhores, maiores, mais puros e verdadeiros sentimentos.
Dificilmente uma pessoa que pensa, em maior parte, em si mesma, sabe o verdadeiro valor de uma amizade, vibra com as conquistas do outro, tem com quem compartilhar suas próprias conquistas; não conhecem os melhores, maiores, mais puros e verdadeiros sentimentos.
E esse individualismo exacerbado gera nossos maiores
problemas sociais. Pensar no outro, é também, questão de cidadania. Não é a corrupção a falta de empenho e
preocupação dos governantes com os problemas da população? E a violência
gratuita? Qual foi a origem de tantas guerras, tantas mortes que o mundo viu? A
resposta é uma só: a consequência é o individualismo, o egoísmo.
E engana-se aquele, que pensa que ao ajudar alguém está sendo bom. Você está apenas cumprindo seu dever de cidadão. O problema é que cumprir esse dever - que deveria ser algo comum - hoje é tão raro, que se tornou virtude para os que assim o fazem. E tudo isso independe de religião ou crença em algo sobrenatural.
E engana-se aquele, que pensa que ao ajudar alguém está sendo bom. Você está apenas cumprindo seu dever de cidadão. O problema é que cumprir esse dever - que deveria ser algo comum - hoje é tão raro, que se tornou virtude para os que assim o fazem. E tudo isso independe de religião ou crença em algo sobrenatural.
Trata-se
tão somente da consciência cidadã que se abre para os problemas do outro. Uma
Sociedade jamais poderá ser plenamente feliz se algum de seus membros estiver
na infelicidade; seja material ou não. Portanto, ao invés de
se fazer o bem, “barganhando” um lugar no céu, pode-se e deve-se fazê-lo pela
paz na Terra.
Acervo: Shorpy
* Bacharel em Direito / Licenciado em
História pela UNIVERSIDADE DE ITAÚNA
Historiador/ Autor de “Crônicas Barranqueiras” e
coautor de “Essências” e “Olhares Múltiplos”/
Cidadão Honorário de Itaúna