Há
tempos, escrevi neste espaço sobre os barbeiros da cidade, na minha época. O
texto, suscitou polêmicas. Deixei de relacionar alguns e não foi de propósito.
Escrevi sobre os barbeiros que cortaram meu cabelo e com os quais tive
conhecimento. O titular do blog ficou de corrigir a falha, tendo inclusive,
como bom historiador que é, feito uma gravação com dois dos esquecidos e
publicar alguma coisa sobre eles. Escrevi também sobre os sapateiros. Nada de
polêmica. O ofício, quase desaparecido, não deixou herdeiros no lugar.
Faço
o preambulo, na quase certeza de esquecer alguma "Venda" e deixar o
espaço para acréscimos, se necessário. Na época em que vivi na cidade, nos anos
cinquenta e sessenta do século passado, Itaúna tinha quatro armazéns de secos e molhados, os quais passo a enumerar.
O
principal e mais frequentado do lugar era o armazém do SEVERINO LARA. Ficava na travessa "Arthur Vilaça" bem
próximo do sobrado de jardim e varanda do Coronel do mesmo nome e que deu
batismo a pequenina rua. Severino era natural de Itaguara e comprara o
"negocio" do Joaquim Português. Era genro de Seu Arthur e tinha dois
filhos, Arthurzinho e Magda. O filho foi meu amigo. Grande ou até maior do que
o pai, morreu de forma trágica. A filha, foi minha colega de ginásio. Casou-se
com um militar de sobrenome Rocha. Nunca mais os vi. Severino, homem bom e
prestativo também morreu prematuramente. Fui no velório e enterro.
Tinha
também o armazém do ZÉ ROSA. Na rua
Gonçalves da Guia, bem próximo do Grupo de Cima. Era atacadista e pouco vendia
a varejo. Lembro-me do seu endereço telegráfico. JOROSAN - sigla tirada do nome
do dono: José Rosa dos Santos.
Pelas
bandas da Lagoinha, tinha o Armazém do ADOLFO
MENDES. Negócio sortido e procurado. Adolfo Mendes era irmão do Sinho
Mendes, padeiro e tio da escritora Maria Lúcia Mendes.
Quase
na Praça da Estação, debaixo de um belo sobrado, tinha o Armazém do ATÍLIO PRADO. Acho que ele era
português. Creio que vendeu o estabelecimento para o Messias Assis, que anos
depois mudou de endereço e rebatizou o negócio para Armazém ASSIS.
As
VENDAS eram mais numerosas. Bem na
entrada da cidade ficava a venda do Serafim. Na rua Silva Jardim, logo abaixo
do Grande Hotel. Era tradicional e vendia de quase tudo, incluindo carne de
porco e toucinho.
No
caminho da Casa de Caridade tinha uma Venda. Na beira da estrada de ferro, logo
depois da travessia. Não sei e nunca soube quem era o dono. Na rua XV de
Novembro, lembro-me de duas Vendas. A maior e mais sortida era a Venda do ZÉ JORNAL. Pai do Roberto Jornal e do Xele.
Mais para frente, na esquina da rua João Dornas, em frente ao Campo vermelho,
tinha a Venda do JUCA. Quando
criança ia sempre lá, buscar cachaça para meu pai curtir pimenta.
Na
rua direita, em frente à casa de meus pais, ficava a Venda do JOSIAS. Pai de muitos filhos e filhas.
De poucas palavras, sempre ensimesmado. A Venda era na frente de sua
residência. Vendia até nos domingos, mesmo com as portas fechadas. Bastava
chama-lo, no alpendre. A exceção ficava para a sexta-feira da paixão. Não
vendia nada, nem para a família. Não atendia nem caso de vida ou morte. Questão
de princípios.
A
outra venda ficava lá no caminho do MIRANTE.
Não me lembro de quem era. Sei que existia porque bebi pinga por lá e também
comprava foguetes.
Em
Santanense, tinha a Venda da CASA DO
POVO, do pai do Dinarte. Morreu cedo. Sua mãe, viúva, tocou o negócio
durante muitos anos. Criou o filho e ajudava muita gente. Mulher trabalhadora e
exemplar, travou amizade com minha mãe na época em que trabalhou no bairro.
De
outras, não me lembro. Aliás, lembrei-me agora do Armazém do SAPS - Serviço de abastecimento da
Previdência Social. Ficava debaixo do Automóvel Clube, já na rua Capitão
Vicente. Coisa de governo, criação de Getúlio Vargas. Por lá trabalhou o Tiaca,
excelente figura e bom amigo. Como sempre acontece com as coisas do governo,
mudou de nome. Trocado para COBAl. Não demorou a fechar.
*Urtigão
(desde 1943) é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, que viveu em
Itaúna nas décadas de 50 e 60. História enviada especialmente para o blog
Itaúna Décadas em 25/06/2017.
Acervo
fotográfico: Fabinho Augusto. Disponível em: http://historiaderolandia.blogspot.com.br/2013/12/vendas-antigas-do-norte-do-parana-n-3.html
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Fotografia meramente ilustrativa.
Fotografia meramente ilustrativa.