sexta-feira, junho 02, 2017

ITAÚNA: RUA DO FUTEBOL

Um ponto comum da maioria dos moradores da Godofredo Gonçalves e região é a paixão pelo futebol. Principalmente pelo Atlético Mineiro. Quando ainda existia o Bar do Lava Jato – do Luizinho – a festa dos atleticanos da rua era grande! Juntava-se até pessoas de outras partes da cidade para assistirem aos jogos decisivos, do Mineiro ou Brasileiro. Aqueles que não iam ao Mineirão ficavam na rua com suas bandeiras, camisas e palavras de ordem: Gaaaalllôôô!
         Neca do Correio, Del do Miranda e seu irmão Son, Busão, Ildeuzinho e Maurício da Neguita (Ral), Lucinho Lingüiça, Sr. Fone, Galdino, Sormane. Dóse, Zezito Chaves e eu éramos parte daquela legião de fanáticos torcedores. Aparecia por lá também o Dr. Pery Tupinabás (atleticano doentíssimo) e o Jeferson dos Foguetes. O Jeferson soltava seus foguetes de rabo e de lágrimas e a festa era geral nas vitórias do galo. Os cruzeirenses eram minoria na rua, e tinham que aturar toda a baderna dos atleticanos. Certa vez eu fui convidado pelo Lucinho para ouvir um jogo do galo em sua casa, junto com seu pai, o Sr. Fone (outro fanatissíssimo!). Chegando lá a tensão foi tanta que quase passei mal... A cada lance de perigo de gol (seja contra, ou a favor) o Lucinho e o Fone iam ao delírio, me obrigando a fazê-lo também! E aquilo ia me envolvendo, eu roendo as unhas, e tudo era uma nervosia só, ouvindo a Ita...ti-aia...
         Em certa época havia o campinho (na rua Manoel Gonçalves) onde eram travados os duelos futebolísticos da plebe. Havia dois times rivais, o Granada, (que eu e meu irmão defendíamos), comandado pelo César Matos; e o Colorado, comandado pelo Lucinho Lingüiça. Estes dois times travaram verdadeiras batalhas no campeonato do campinho. Às vezes, saia até briga, certa vez o César "coçou" o Lucinho, e até eu que era rival do Lúcio, fiquei com dó. Posteriormente a Neguita “adotou” o Granada, e o Lincoln Drumond adotou o Colorado. Sob estes patrocínios os times conseguiram novos e lindos jogos de camisas, e as partidas foram disputadas no sítio do Bebeto Corradi (Granja Glória), num belo gramado society. Aí vieram reforços para ambos os times, o pessoal da Francisco Santiago andou jogando no Granada (Donta, Dê, Zezinho, Carrapa e outros). Vieram também reforços de Santanense, como os irmãos gêmeos Alexandre e André e gente de outras partes da cidade. Granada e Colorado acabaram quando, certa vez um menino caiu da camionete do Lincoln, que os levava para treinar em outro campo – já que o César havia os “proibido” de treinar no campinho.
No dia 07/07/77 o campinho foi destruído por uma escavadeira, e hoje no local existe um pequeno prédio – a data considerada de azar, foi mesmo, nós da rua, que ficamos triste com a destruição do nosso berço futebolístico.
         O mundo do futebol me esteve sempre presente, certa época eu e o Joacy criamos o Joanel, um time que jogava no campo do Esporte (hoje da Universidade de Itaúna) todos os domingos. Também aos domingos eu e o Joacy, juntamente com seu pai, o Cabeça, íamos assistir jogos amadores nos campos de Itaúna e região.
Foram vários domingos que o Cabeça abarrotava seu fusca de meninos para levar o Joanel em seus jogos, certa vez, ele conseguiu colocar todo o time, incluindo reservas, dentro de seu carro, foram onze pessoas no fusca cor de vinho de que ele tinha!


Texto: Pepe Chaves — Desenhista, pesquisador, ufólogo, músico, documentarista e jornalista.
Digitação: Ana G. Gontijo e Ícaro N. Chaves
Organização: Charles Aquino
Acervo:  depositphotos