Um
ponto comum da maioria dos moradores da Godofredo Gonçalves e região é a paixão
pelo futebol. Principalmente pelo Atlético Mineiro. Quando ainda existia o Bar
do Lava Jato – do Luizinho – a festa dos atleticanos da rua era grande!
Juntava-se até pessoas de outras partes da cidade para assistirem aos jogos
decisivos, do Mineiro ou Brasileiro. Aqueles que não iam ao Mineirão ficavam na
rua com suas bandeiras, camisas e palavras de ordem: Gaaaalllôôô!
Neca do Correio, Del do Miranda e seu
irmão Son, Busão, Ildeuzinho e Maurício da Neguita (Ral), Lucinho Lingüiça, Sr.
Fone, Galdino, Sormane. Dóse, Zezito Chaves e eu éramos parte daquela legião de
fanáticos torcedores. Aparecia por lá também o Dr. Pery Tupinabás (atleticano
doentíssimo) e o Jeferson dos Foguetes. O Jeferson soltava seus foguetes de
rabo e de lágrimas e a festa era geral nas vitórias do galo. Os cruzeirenses
eram minoria na rua, e tinham que aturar toda a baderna dos atleticanos. Certa
vez eu fui convidado pelo Lucinho para ouvir um jogo do galo em sua casa, junto
com seu pai, o Sr. Fone (outro fanatissíssimo!). Chegando lá a tensão foi tanta
que quase passei mal... A cada lance de perigo de gol (seja contra, ou a favor)
o Lucinho e o Fone iam ao delírio, me obrigando a fazê-lo também! E aquilo ia
me envolvendo, eu roendo as unhas, e tudo era uma nervosia só, ouvindo a
Ita...ti-aia...
Em certa época havia o campinho (na rua
Manoel Gonçalves) onde eram travados os duelos futebolísticos da plebe. Havia
dois times rivais, o Granada, (que eu e meu irmão defendíamos), comandado pelo
César Matos; e o Colorado, comandado pelo Lucinho Lingüiça. Estes dois times
travaram verdadeiras batalhas no campeonato do campinho. Às vezes, saia até
briga, certa vez o César "coçou" o Lucinho, e até eu que era rival do
Lúcio, fiquei com dó. Posteriormente a Neguita “adotou” o Granada, e o Lincoln
Drumond adotou o Colorado. Sob estes patrocínios os times conseguiram novos e
lindos jogos de camisas, e as partidas foram disputadas no sítio do Bebeto
Corradi (Granja Glória), num belo gramado society. Aí vieram reforços para
ambos os times, o pessoal da Francisco Santiago andou jogando no Granada
(Donta, Dê, Zezinho, Carrapa e outros). Vieram também reforços de Santanense,
como os irmãos gêmeos Alexandre e André e gente de outras partes da cidade.
Granada e Colorado acabaram quando, certa vez um menino caiu da camionete do
Lincoln, que os levava para treinar em outro campo – já que o César havia os “proibido”
de treinar no campinho.
No
dia 07/07/77 o campinho foi destruído por uma escavadeira, e hoje no local
existe um pequeno prédio – a data considerada de azar, foi mesmo, nós da rua,
que ficamos triste com a destruição do nosso berço futebolístico.
O mundo do futebol me esteve sempre
presente, certa época eu e o Joacy criamos o Joanel, um time que jogava no
campo do Esporte (hoje da Universidade de Itaúna) todos os domingos. Também aos
domingos eu e o Joacy, juntamente com seu pai, o Cabeça, íamos assistir jogos
amadores nos campos de Itaúna e região.
Foram
vários domingos que o Cabeça abarrotava seu fusca de meninos para levar o
Joanel em seus jogos, certa vez, ele conseguiu colocar todo o time, incluindo
reservas, dentro de seu carro, foram onze pessoas no fusca cor de vinho de que
ele tinha!
Texto:
Pepe Chaves — Desenhista, pesquisador, ufólogo, músico, documentarista e
jornalista.
Digitação:
Ana G. Gontijo e Ícaro N. Chaves
Organização:
Charles Aquino
Acervo:
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