A trajetória do missionário amazonense do município de Tefé,
o Espiritanto Revd. Pe. Cáuper, é no mínimo fascinante e gloriosa! Após sair da
exuberante Amazônia, percorreu por plagas lusitanas, passando pelas Gerais
e fincando suas raízes na cidade maravilhosa, que o recebeu de braços abertos —
o Rio de Janeiro.
O INÍCIO
Em
uma viagem pela América Latina, no ano de 1893, após visitar um colégio que os Espiritanos haviam inaugurado no ano de 1891 em
Lima (Perú), o visitador das obras espiritanas, Pe. Xavier Libermann em
trânsito pelo Brasil, passou pela cidade do Rio de Janeiro e encontrou com o
recém nomeado primeiro Bispo de Manaus, D. José Lourenço da Costa Aguiar, o
qual, demonstrou interesse e necessidade em trazer missionários para a diocese
daquele município brasileiro.
Este aproveitou a oportunidade para falar das grandes
necessidades da nova diocese, pediu a ajuda da Congregação e convidou o Pe.
Xavier para a sua tomada de posse em Manaus. Então, o Pe. Xavier teve
oportunidade de conhecer o cónego Dupuy, sacerdote secular francês, que era
vigário da paróquia de Sta. Teresa em Tefé, que influenciará na vinda dos
Espiritanos para Tefé. A cidade de Manaus tinha apenas 2 padres para 50 000 habitantes,
e no interior havia só 5 ou 6 padres. (ESPIRITANA, 2004, p.8)
Chegando em Paris, o Pe. Xavier levou o pedido
à direção da Congregação, “defendendo o envio dos Espiritanos aos índios da
Amazônia” (ESPIRITANA, 2004, p.8).
No
ano de 1896, o Bispo José Lourenço segue para Europa para pedir apoio ao
Conselho Geral e reforçar o pedido do Espiritano Padre Xavier. O desideratum foi alcançado e no dia 13 de
abril de 1897 em Lisboa, os missionários, padre Parissier e padre Friederich,
desembarcaram em Manaus e os outros, padre Xavier Libermann e o irmão Donaciano
seguiram viagem até o município de Tefé do estado do Amazonas. Instalados no local e trabalhando muito, os Espiritanos
construíram a “Escola Agrícola e Industrial de Bocca de Tefé”, contendo
internato, carpintaria, curtume, torno mecânico, fábrica de chocolate, de
vinho, caju, entre outros. (ESPIRITANA, 2002, p.56)
MISSIONÁRIO CÁUPER
No
ano de 1913, dava início a construção do Seminário de São José, com destino a
formação de padres. Após a conclusão do seminário em 1921 e com a mesma
finalidade de trabalho e formação, criou-se também um internato no mesmo local.
Nascido no município de Tefé do estado do Amazonas, no dia 6 de março de 1919,
Manuel de Lima Cáuper, foi um dos primeiros a passar pelo seminário
(ESPIRITANA, 2002, p.57).
Na
década de 30, o jovem missionário Cáuper seguiu para Portugal com objetivo de estudar
na cidade de Braga, realizando o seu noviciado no ano de 1942. Os votos
perpétuos e ordenação sacerdotal, foram recebidos no Brasil em outubro de 1947
na Catedral de Santa Tereza, em Tefé. Homem simples e usando sua batina somente
nas horas de cerimônia, o Padre Manuel de Lima Cáuper, foi missionário por dois
anos no alto dos rios amazonenses.
MINAS GERAIS
Em
Minas Gerais, passou pela cidade de Curvelo, chegando no início da década de 50
à Itaúna, seu trabalho era ensinar em ginásios e seminários das
congregações. O estabelecimento que trabalhou
no município itaunense, denominava-se, Ginásio Sant’Ana, hoje Colégio Santana, cujo local
era administrado pelos padres missionários da Congregação do Espírito Santo
(Tombo II, p.20,26).
O
provedor responsável, era o Pe. Pedro Schoonakker auxiliados pelo missionário
Pe. Cáuper e os padres holandeses. Em 1954, era iniciado os trabalhos do
Seminário denominado “Menor de Nossa
Senhora de Fátima”, com um número
de treze alunos matriculados (Tombo II, p.28). O reitor responsável, foi o Revdo.
Padre Adrianus Petrus Turkemburg e mais dois padres integrando os
serviços — Pe. Martinho Cools e Pe.Luiz Turkenburg. No ano de 1955, no dia 9 de
março a cidade recebeu a visita do Superior Geral dos Padres do Espírito Santo, o
Revdo. Padre Francisco Griffin (Tombo II, p.42).
(clicar na imagem para melhor visualização)
CONGRESSO VICENTINO DIOCESANO: DIVINÓPOLIS &
LUZ
Central
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Dom Cristiano de
Araújo Pena, Bispo Diocesano, Bispo Divinópolis
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Central
|
Dom Belchior
Joaquim da Silva Netto, Bispo Diocesano de Luz
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Organizadora
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Pe. Antônio
Wiemers, vigário de Santanense, Itaúna
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Organizadora
|
Pe. Martinho
Cools, vigário de vila Padre Eustáquio, Itaúna
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Organizadora
|
Antônio Fonseca
de Faria, presidente Conselho Diocesano, Itaúna
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Organizadora
|
José Augusto de
Carvalho, presidente Conselho Particular, Itaúna
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Finanças
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Dr. Célio Soares
de Oliveira, Prefeito Municipal, Itaúna
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Hospedagem
|
Dr.Guaracy de
Castro Nogueira, Gerente da Cia. Itaunense, Iaúna
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Propaganda
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Dr. Milton de
Oliveira Penido, Itaúna
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Secretário
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Dr. Lauro
Antunes de Morais, Itaúna
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Arte
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Pe. Manoel de
Lima Cáuper, Itaúna
|
Arte
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Dona Wanda
Nogueira Corradi, Itaúna
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Ornamentação
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Murilo Santos
Guimarães, Itaúna
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Ornamentação
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Dona Artumira de
oliveira, Itaúna
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Recepção
|
Antônio Henrique
da Fonseca, Itaúna
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Recepção
|
Dr. Ivan
Perillo, Itaúna
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BANDEIRAS: Foram confeccionadas mais de trezentas bandeiras de Itaúna, que foram colocadas na frente das casas.
ESCUDO DO CONGRESSO: No centro deste escudo um coração dentro
deste uma lâmpada com uma chama, simbolizando a missão do Vicentino — a
caridade ardente. Em cima do escudo — 2º Congresso Vicentino – Itaúna Julho
1962. Em baixo — “Deus Charitas est”. Na frente de todos as casas e nos postes
da praça e ruas principais foi colocado o escudo.
DISTINTIVO DO CONGRESSO: Foi o escudo impresso e cada congressista
trazia em seu paletó. A confecção foi dádiva do Banco Minas Gerais S.A.
PROGRAMA DO CONGRESSO: Foi uma obra artística. Na capa uma vista da
praça com a matriz de Itaúna em cor, contendo os seguintes dizeres: 2º
Congresso Vicentino Diocesano de Divinópolis e de Luz — “Unidos na Caridade de
Cristo” De 28 de Junho a 1º de Julho de 1962. Itaúna — Minas Gerais.
FRUTOS MISSIONÁRIOS
Pe.
Adriano Turkemburg foi bastante influente na vida de um garoto itaunene — Mário
Clemente Neto, nascido no ano de 1940, em uma comunidade rural denominada,
Capão Escuro, que chegou a pertencer a Itaúna, após o ano de 1948 passou para
Carmo do Cajuru. Sendo o 15º filho de uma numerosa família de 20 irmãos, Mário
não hesitou quando recebeu o convite do padre missionário para servir a Deus.
Diante da resposta, o garoto que acabar de se formar no Ginásio Sant’Ana,
iniciava uma grande jornada. Passando pelo seminário de Mariana, Teresópolis,
no Rio e chegando até Roma, onde estudo teologia e várias línguas, além do
latim.
ORDENAÇÃO SARCEDOTAL
Itaúna
assistiu com grande alegria a e emoção a ordenação de um de seus filhos: Mário
Clemente Neto, pertencente à Congregação dos padres do espírito Santo, que
dirige o Ginásio Sant’Ana, no dia 14 de agosto às 10 horas na matriz Sant’Ana.
A igreja foi ricamente ornamentada. O oficiante foi o Bispo Diocesano Dom
Cristiano Pena, acompanhado de um grande número de sacerdotes, regulares do Espírito
Santo e Franciscanos, bem como os seminaristas destas mesmas entidades (Tombo
II, p. 80).
PRIMEIRA MISSA
Dia 15 de agosto, festa da Assunção de Nossa
Senhora; o Pe. Mário Clemente Neto celebrou a sua 1º missa, foi concelebrada
com mais quatro padres, entre os quais, o vigário e o superior dos padres do
espírito Santo. O côro foi dos seminaristas dirigido pelo Pe. Geraldo. A pregador foi o pe. Manoel de Lima Cáuper, sendo para todos, momentos de grande emoção e piedade (Tombo II, p.80).
Dom
Mário Clemente Neto, CSSp até hoje exerce um grande trabalho no Amazonas, no
município de Tefé. Escreveu um livro “Vim para Servir” – Cartas de Um
Missonário.
Em
sua passagem por Itaúna, Padre Cáuper realizou grandes trabalhos missionários e
culturais. Orador pujante de grande eloquência, também nas festivas datas
cívicas – como nos vistosos desfiles de 7 de setembro- estava sempre à frente
do microfone, a inflamar os jovens alunos para o amor à pátria! Sendo músico, dotado de grande inspiração e
amor por nossa terra barranqueira de Sant’anna, compôs um hino em homenagem à
cidade: “Avante Itaúna” e outro em louvor às bodas de prata sacerdotais do
então pároco de Sant’anna: “Hino ao Pe. José Netto” (no ano de 1962). Outro
presente para a comunidade itaunense, seria o hino que compôs para os
trabalhadores:
HINO OFICIAL DA COMPANHIA INDUSTRIAL
ITAUNENSE
Letra & Música: Revmo. Pe. Manuel de Lima
Cáuper
Ao
primeiro clarão da alvorada,
Vibra
ao longe a sirene de alerta!
Operários,
à fina sagrada! ...
Que
o trabalho enobrece e liberta.
CÔRO:
Avante
operários da Itaunense ...
Nós
somos a voz do progresso a marchar!
Nós
somos a força indomável que vence
Cumprindo
o dever: Trabalhar! Trabalhar!
Capital
e trabalho marchando
Bem
unidos em prol do amanhã.
São
as forças da paz no comando
Das
vitórias da ordem cristã!
Operários
da Itaunense,
Eia,
pois: — Trabalhar! Produzir!
A
riqueza que a toso pertence
Vem
trazer-nos ditoso porvir.
Dando
as mãos, no valor fatigante,
À
conquista do mesmo ideal,
Operários,
patrões: — Sempre avante!
Pela
nossa vitória vinal.
Operários,
cristãos, brasileiros,
Demos
graças, num preito de fé.
Ao
patrono comum dos obreiros,
Nosso
guia fiel São José.
Ao
fulgor deste cinquentenário,
Celebremos
a glória, o louvor
Desse
nobre varão lengendário
Nosso
grande e imortal fundador.
Foi
aproximadamente uma década de dedicação, trabalho e amor, que Padre Cáuper
realizou e deixou nos corações itauneses, cuja, missão rendeu bons frutos e
seus ecos, ressoam nos corações das gerações que o conheceram até hoje.
PESQUISA e ORGANIZAÇÃO:
Charles Aquino,
graduando em História, 8º período, UEMG/Divinópolis/ MG.
REFERÊNCIAS:
LIVRO DO TOMBO II:
Paróquia de Sant’Anna de Itaúna.
Missão Espiritana: Revista
das Circunscrições Espiritanas Lusófonas. Província Portuguesa da Congregação
do Espírito Santo, junho 2002 vol 1, e 2004 vol 5, p.8,9,56,57.
Diocese de Divinópolis:
Biografia Mário Clemente Neto. Disponível em: https://www.diocesedivinopolis.org.br/index.asp?c=padrao&modulo=conteudo&url=05585&ss=7
História Província
Portuguesa: A restauração da província de 1910 aos nossos dias. Disponível em: https://view.publitas.com/cssp/historia-da-provincia-portuguesa/page/254-255
p.423.
Homenagem ao Padre
Missionário: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FXFfVzXIE6U&feature=channel_page
Acervo: Formandos 1957 no Colégio Santana/Itaúna: Marcos Lacél
Camargos.