sexta-feira, abril 26, 2019

ORQUÍDEA PROIBIDA

Ramon MARRA*

A flor nasceu dos encantos enamorados
quando o brilho nos olhos ainda eram revelados.
Cresceu nas travessuras da vida,
sempre protegida por boas mãos.
O amor a confortava, a beleza lhe transformava,
e o carinho delicadamente a fazia diferente.
Acompanhada das sutilezas que lhe eram peculiar,
suas cores configuravam seu modo de brilhar.
Seus lindos lábios eram sorrisos largos e despretensiosos.
O cuidado, o carinho, a atenção fizeram-na crescer e
sua beleza se completou com a maturidade e floração.
Para uns despertava suspiros de aprovação, para outros porém,
as paixões brotavam da alma, algo de louca confusão.
Linda e bela, cheia de detalhes
seus encantamentos transformavam-se em poesias,
apanhados que floresciam aos olhos da fantasia.
Muitos a desejavam, muitos a estimavam,
porém aquela tão bela flor escondia uma paixão.
Para o poeta o amor brotava fascinante e,
para o ator ela era uma cena construída num ato de exuberante inspiração.
Já nos simples mortais, ela despertava algo novo e inquietante,
observados em detalhes nas silhuetas exóticas e excitantes.
O cheiro encantava, submetia, criava desejos, despertava ilusão
elevava a alma dos amantes a delírios rabiscados e cheios de emoção.
Ela inspirava, ela provocava, ela era o amor do imaginário
que nasceu depois do fogo que queimava a razão.
Sedutora, tinha uma fragilidade aparente,
porém, em sua alma e suas pétalas
trazia uma fortaleza imponente.
No imaginário, uma alucinante loucura tal,
que o admirador clamava pela libertação atemporal.
Sua presença real não passava de maquinação,
pura vontade do coração.
Linda assim,
encantadora flor,
especial e singela,
aprisionada por admiradores que derramavam seus prantos por ela.
Sonhavam o que é proibido sem esperar a mudança
aceitavam e entregavam-se ao tempo,
fazendo dele uma vigília de esperança.
Como um marinheiro em mar revolto,
desejando no imaginário horizonte a amada no porto.
Assim, até que se floresça as sutilezas do bem-querer,
a orquídea proibida será uma utopia,
traços rabiscados sobre um sonho longe da libertação.




*Pós-Graduação em Psicopedagogia 
Texto: Ramon Marra
Organização, Arte e Fotografia: Charles Aquino
Orquidário: Ralin Mileib

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