segunda-feira, abril 29, 2019

ARISTÓTELES NOGUEIRA

“A GRANDE FAMÍLIA”

Aristóteles com Maria das Graças e Augusta Nogueira Soares tiveram 16 filhos.

Com Augusta Nogueira Soares teve os seguintes filhos: Santa Nogueira, Romeu Nogueira, Julieta Nogueira, José Nogueira, Margarida Nogueira, Helena Nogueira e José Caboclo.

Com Maria das Graças (Cota) teve os seguintes filhos: Laura, Conceição, Geraldo, Carmem, Afonso, Ângelo, Olga, Geraldo e José.

Aristóteles, teve um filho de outra mulher de nome Gualter.


  
 “Grande Família” o que se sabe é que todos os filhos tiveram uma ótima criação com muito amor.



Nota: Na produção intelectual de José Gomide: “A Noiva do Arco-íris”, a história de Aristóteles é contada em riquíssimos detalhes e com inúmeros “causos” de seus familiares que retratam também a história de Itaúna.

Referências:
Pesquisas sobre famílias: Guaracy de Castro Nogueira (In Memoriam) – Genealogista
Pesquisas sobre famílias:  Edward Rodrigues da Silva (Vavá) - Genealogista
Pesquisas sobre famílias:  Dr. Alan Penido - Genealogista
Pesquisas sobre famílias e Acervo:  Aureo Nogueira da Silveira – Genealogista
Pesquisa e Organização: Charles Aquino – Genealogista
Acervo: José Gomide (In Memoriam): A Noiva do Arco-íris

sexta-feira, abril 26, 2019

ORQUÍDEA PROIBIDA

Ramon MARRA*

A flor nasceu dos encantos enamorados
quando o brilho nos olhos ainda eram revelados.
Cresceu nas travessuras da vida,
sempre protegida por boas mãos.
O amor a confortava, a beleza lhe transformava,
e o carinho delicadamente a fazia diferente.
Acompanhada das sutilezas que lhe eram peculiar,
suas cores configuravam seu modo de brilhar.
Seus lindos lábios eram sorrisos largos e despretensiosos.
O cuidado, o carinho, a atenção fizeram-na crescer e
sua beleza se completou com a maturidade e floração.
Para uns despertava suspiros de aprovação, para outros porém,
as paixões brotavam da alma, algo de louca confusão.
Linda e bela, cheia de detalhes
seus encantamentos transformavam-se em poesias,
apanhados que floresciam aos olhos da fantasia.
Muitos a desejavam, muitos a estimavam,
porém aquela tão bela flor escondia uma paixão.
Para o poeta o amor brotava fascinante e,
para o ator ela era uma cena construída num ato de exuberante inspiração.
Já nos simples mortais, ela despertava algo novo e inquietante,
observados em detalhes nas silhuetas exóticas e excitantes.
O cheiro encantava, submetia, criava desejos, despertava ilusão
elevava a alma dos amantes a delírios rabiscados e cheios de emoção.
Ela inspirava, ela provocava, ela era o amor do imaginário
que nasceu depois do fogo que queimava a razão.
Sedutora, tinha uma fragilidade aparente,
porém, em sua alma e suas pétalas
trazia uma fortaleza imponente.
No imaginário, uma alucinante loucura tal,
que o admirador clamava pela libertação atemporal.
Sua presença real não passava de maquinação,
pura vontade do coração.
Linda assim,
encantadora flor,
especial e singela,
aprisionada por admiradores que derramavam seus prantos por ela.
Sonhavam o que é proibido sem esperar a mudança
aceitavam e entregavam-se ao tempo,
fazendo dele uma vigília de esperança.
Como um marinheiro em mar revolto,
desejando no imaginário horizonte a amada no porto.
Assim, até que se floresça as sutilezas do bem-querer,
a orquídea proibida será uma utopia,
traços rabiscados sobre um sonho longe da libertação.




*Pós-Graduação em Psicopedagogia 
Texto: Ramon Marra
Organização, Arte e Fotografia: Charles Aquino
Orquidário: Ralin Mileib

terça-feira, abril 23, 2019

ITAÚNA: FAMÍLIAS ITALIANAS


FAMÍLIA CORRADI — Lançaram aqui a pedra fundamental da metalurgia e da siderurgia. Construíram fundições para produtos de ferro em segunda fusão, um alto forno (o primeiro de Itaúna, durante a segunda guerra mundial, quando se podia importar nada), com maquinismos todos produzidos por eles, para a produção de gusa em primeira fusão. Deixaram uma enorme e importante família em Itaúna;

FAMÍLIA BALDISSARA — Giovanni Baldissara primeiro arquiteto de Itaúna, casou-se com uma irmã do coletor Francisco de Araújo Santiago (Nhô Chico), autor dos projetos das melhores casas tradicionais de Itaúna;

FAMÍLIA LEMBI —  José Lembi acionista da Companhia Tecidos Santanense, cidadão ilustre, casou-se na tradicional família Gonçalves de Sousa;

FAMÍLIA PÉRCOPO — Setéfano Pércopo comerciante, casou-se com Leopoldina Americana de Andrade, brasileira, e teve oito filhos: Rosina, Maria José, Fidellis, Esmeralda (c.c. Batista), Antônio, Dalci, Zulmira e Alberto, todos casados, famílias ilustres de Itaúna;

FAMÍLIA BURRINI — Quatro irmãos: Alexandrino, comerciante, casado com Narcisa Dornas, não teve filhos; Caetano, sapateiro, foi soldado condecorado na guerra da Abissínia, casado com Ceci Andrade, dois filhos; Giovanni, solteiro, morreu afogado e Ana casou-se com o italiano Umberto Salera;

FAMÍLIA SALERA — Umberto Salera comerciante, artesão marcou sua presença com seus monumentais presépios com figuras movidas a água. Deixou muitos descendentes;

FAMÍLIA CRETAZ —  Amore Cretaz chefe da aciaria elétrica da Companhia Industrial Itaunense; morreu de acidente;

FAMÍLIA VERNUCCIO   Ernesto Vernuccio montador de teares, casado com a italiana dona Irma Vernuccio, foi o cônsul honorário da Itália em Itaúna;

FAMÍLIA CORSINI —  Pasquale Corsini técnico têxtil, casado com dona Silvana Corsini, dois filhos;

FAMÍLIA PRADO —  Atílio Prado empresário madeireiro, com muitos descendentes em Itaúna;

FAMÍLIA PERILLO —  Ângelo Perillo e filhos: Antônio, Virgínio, Cândido, Geraldo e Salvador, todos casados,  foi empreiteiro na construção da Estrada de Ferro Oeste de Minas;

FAMÍLIA BIANCO — Valentin Bianco filho de italianos, em Itaúna há 12 anos, diretor superintendente do Grupo Ergon, fábrica de autopeças para a indústria automobilística, principalmente para a FIAT;


Texto: Guaracy de Castro Nogueira
Organização: Charles Aquino
Acervo: Renova Mídia

quinta-feira, abril 18, 2019

URUBU - REI

(A vida caminha assim e tal. Um voo panorâmico sobre a crise existencial)

Ramon MARRA*


Entre a aurora e o amanhecer eu resolvi voar...
Voei tão alto quanto jamais o havia feito antes.
Lá na imensidão do céu deixei que a brisa tocasse meu corpo e minha alma.
O frio me fez inclinar a cabeça e vislumbrar o mundo....
Mas qual mundo? 
Do ponto de vista daqui de cima, é mais embaixo, ou mais pra cima?
Quanta tristeza ao ver grandezas transformadas,
pela insensata sapiência degradada.
Vi a ganância e o ódio marchando ao lado da destruição.
Vi as flores brotarem do chão, 
mas nem com suas doces sutilezas, 
desarmavam as dores do coração. 
Vi a fome nos pratos cheios.
Via a tristeza no vazio das almas,
vi a ira na insignificante necessidade da imposição.
Vi a inteligência torturar a emoção,
matando multidões em nome da ilusão.
Vi a felicidade passar no bonde da história,
enquanto prepotentemente se vendiam verdades Ilusórias.
Daqui de cima pude sentir, pude ir além.
Vi coisas que os homens não veem, 
porque seus olhos aprenderam a ver o “TER” em tudo,
mas enxergar o “SER” incisivamente nas fragilidades do irmão.
Ser livre é o que sou, porém, ninguém para me corrigir, 
ninguém para me impedir, sou único, possuo o poder, eu sou um
indivisível ser, e.....
Opa!
Me dei conta...
Aqui estou voando na imensidão,
buscando as coisas do alto,
portanto, distante daquelas lá do chão.
Estou só como nunca estive, 
sozinho sim, mas longe da solidão.
Sou um ser vivo, imperfeito, buscando no amor próprio forças
para desconstruir dentro de mim, o egoísmo da dominação.
Agora, me permito estar com o outro, que me completa e me faz capaz.
Alguém que aponta seu olhar pra cima....
pra que lá,
juntos, 
encontremos a paz.





*Pós-Graduação em Psicopedagogia  

Texto: Ramon Marra
Fotografia 1: Blog Defensores da Natureza - Urubu Rei
Fotografia 2: Urubu Rei:  Cássio Corradi
Organização: Charles Aquino 

sexta-feira, abril 05, 2019

ANIVERSÁRIO NISE CAMPOS

Aniversário Nise Campos
06 de Setembro de 1980 - 73 anos

Sábado dia 5, transcorreu num ambiente saudável o aniversário da poetisa Nise Campos. A partir das 16 até 20 horas estiveram presentes Lauro de Faria matos, Francisquinho e seu violão, Antônio exímio violinista de Pará de Minas e, como cantora, Dona Maria Helena.

Variados números foram executados pelos instrumentistas e Maria Helena cantou lindas canções, numa manifestação espontânea dos presentes à aniversariante.

Os olhos da poetisa e ilustre professora Nise Campos marejaram de lágrimas da sua indivisível alegria, emoções e preciosas reminiscências.

A pedido, foram apresentados dois números de poesias do Lauro, tendo a aniversariante recitado também uma das lindas composições poéticas.

Francisquinho leu seu acróstico dedicado a aniversariante. Esperamos, com ajuda de Deus, que no próximo ano, Nise Campos, esteja bem forte e disposta, para outra passagem natalícia, porque Itaúna muito lhe deve por tantos anos de magistério.

Sua grande bagagem cultural serviu muitos itaunenses, em diversos concursos, vestibulares, visando somente praticar o bem, sem interesse pecuniário. Felicidades Dona Nise!

Cosme SILVA






Referências:
Organização E Pesquisa: Charles Aquino
Acervo: Hemeroteca Digital Brasileira
Fonte: Folha do Oeste, Itaúna/MG, 13 de setembro 1980, nº 1395, p.2
Texto: Cosme Silva
Fotografia: Nise Álvares da Silva Campos (In Memoriam)



AGONIA DAS ROSAS

Nise Campos

Na mansuetude das tardes frias,
Sem gemido, sem dor e sem lamento,
Vejo que se desfolham, lentamente, as rosas,
Numa beatitude de sonho e de renúncia...

Longe. Longe, lá no céu distante,
Há nuvens cor das rosas que morreram...
E a voz das coisas que, no silêncio falam,
Têm pena das rosas que nasceram...

Rosas, que desabrochais ao raiar das alvoradas!
Rosas, que recebeis do sol beijo ardente!
A nossa vida, que só dura um instante,
É um poema que o vento canta e que a gente escuta...

Vejo-as se desfolharem à luz do acaso triste...
E as pétalas soltas, com perfume ainda,
Vão rolando, rolando, levadas pela brisa...
Cansaram-se de viver e, só viveram um dia,
Uma vida de amor e de beleza!

Eu descubro em vós, rosas em agonia,
Uma alma da mulher, chorando uma ilusão! ...
Eu sei que o último perfume, que no jardim deixais,
É uma prece de carinho e de perdão! ...


Análise do poema  -  Agonia das rosas

O poema "Agonia das Rosas" de Nise Campos, presente na obra "Antologia dos Poetas Itaunenses" de 1990, revela uma profunda reflexão sobre a efemeridade da vida e a beleza transitória das experiências humanas. O título, "Agonia das Rosas", evoca imediatamente uma imagem de fragilidade e decadência, sugerindo que as rosas estão sofrendo de alguma forma. Isso prepara o leitor para uma exploração mais profunda das metáforas e temas presentes no poema.

A primeira estrofe estabelece uma atmosfera de quietude e resignação, com as "tardes frias" evocando uma sensação de melancolia e contemplação. A descrição das rosas se desfolhando lentamente sugere não apenas um processo natural, mas também uma aceitação pacífica desse destino inevitável.

A segunda estrofe amplia a perspectiva, conectando a imagem das nuvens cor-de-rosa ao destino das rosas. As nuvens, associadas ao céu distante, assumem uma tonalidade semelhante às rosas que já morreram, implicando uma continuidade entre o ciclo da vida e a passagem do tempo.

A terceira estrofe introduz uma reflexão sobre a brevidade da existência humana, comparando-a a um poema que é recitado pelo vento. Essa analogia sugere que a vida é efêmera e transitória, mas também carrega uma beleza intrínseca que merece ser apreciada.

Na quarta estrofe, o poema retorna ao tema das rosas, agora personificadas como seres vivos que experimentam uma "agonia". Essa personificação destaca a empatia do eu lírico em relação ao sofrimento das rosas, e sugere uma identificação entre a fragilidade das flores e a fragilidade da experiência humana.

A conclusão do poema enfatiza a ideia de perdão e redenção, sugerindo que o último perfume deixado pelas rosas é uma expressão de amor e reconciliação. Isso implica uma visão positiva da mortalidade e da passagem do tempo, sugerindo que mesmo na morte há espaço para a beleza e o perdão. No geral, "Agonia das Rosas" é um poema que transcende a mera observação da natureza para explorar questões mais profundas sobre a vida, a morte e a beleza efêmera. Através de metáforas poderosas e uma linguagem evocativa, Nise Campos convida o leitor a contemplar a fragilidade e a beleza do mundo ao seu redor.


Referências:

Organização, pesquisa e análise: Charles Aquino

Fonte: Antologia dos Poetas Itaunenses. – BH – Lemi;/Itaúna Diretoria de Pesquisa e Extensão da Fundação Universidade de Itaúna, Nise Álvares da Silva Campos, 1990, p.103.

Acervo: Shorpy



quinta-feira, abril 04, 2019

MOMENTO DE CRIAÇÃO

Eis como se resume meu momento de criação:

O absoluto e o relativo.
O efêmero e o duradouro.
O improviso.
O riso da criança.
O pranto do velhinho.
O estado afetivo da alma.
A natureza.
A beleza do Evangelho.



Análise do Texto "MOMENTO DE CRIAÇÃO"

O título "MOMENTO DE CRIAÇÃO" sugere um instante específico em que ocorre um processo criativo. É um título evocativo que aponta para uma experiência única e pessoal do ato de criar. O texto é composto por uma série de frases curtas, quase aforísticas, que descrevem o que compõe o "momento de criação" da autora. Essa estrutura fragmentada e livre reflete a natureza multifacetada e espontânea do processo criativo.

O absoluto e o relativo — Esta frase sugere que o momento de criação abrange tanto verdades universais (absoluto) quanto percepções individuais (relativo). Isso indica que a criação é um ato que conecta o macro (o todo, o universal) ao micro (o individual, o particular).  A dualidade apresentada aqui é fundamental para entender a complexidade do processo criativo. A autora reconhece que criar é um ato que transita entre o objetivo e o subjetivo, o eterno e o transitório.

O efêmero e o duradouro — Novamente, há uma oposição entre dois conceitos, agora entre o passageiro (efêmero) e o permanente (duradouro).  Isso sugere que o ato de criação lida com elementos que podem ser momentâneos, mas também tem potencial para deixar um impacto duradouro. A criação é, portanto, uma forma de capturar a essência do momento e transformá-la em algo que perdura.

O improviso — A palavra "improviso" indica espontaneidade e liberdade na criação. O improviso é essencial no processo criativo, permitindo que a intuição e a inspiração fluam sem restrições. Aqui, a autora celebra a flexibilidade e a originalidade que o improviso traz.

O riso da criança — Simboliza pureza, alegria e espontaneidade. Este elemento sugere que o processo criativo é alimentado por uma fonte de energia pura e inocente. A criatividade, assim como o riso de uma criança, é genuína e não contaminada por preocupações externas.

O pranto do velhinho — Em contraste com o riso da criança, o pranto do velhinho representa a sabedoria, a experiência e talvez a melancolia.  Este contraste aponta para a profundidade emocional do processo criativo, que abarca tanto a leveza da infância quanto a gravidade da velhice. A criação é, portanto, um reflexo de toda a gama de emoções humanas. 

O estado afetivo da alma — Esta frase sugere que o processo criativo é profundamente influenciado pelo estado emocional e espiritual do indivíduo. O estado afetivo da alma é central para a criação, indicando que a autenticidade e a expressividade do trabalho criativo vêm do fundo do ser do artista.

A natureza — É uma fonte de inspiração e um modelo de beleza e harmonia. A conexão com a natureza sugere que a criação busca imitar ou dialogar com a perfeição e a complexidade do mundo natural. A natureza é tanto uma inspiração quanto um guia para o processo criativo.

A beleza do Evangelho — Aqui, o Evangelho é visto como uma fonte de beleza e talvez de moralidade ou espiritualidade. A inclusão do Evangelho indica que o processo criativo também tem uma dimensão espiritual ou transcendente. A beleza encontrada nos ensinamentos do Evangelho serve como inspiração e elevação do espírito.

O texto "MOMENTO DE CRIAÇÃO" de Nise Campos é uma reflexão poética sobre o processo criativo, destacando sua complexidade e riqueza. Através de uma série de oposições e imagens evocativas, a autora descreve o ato de criação como um fenômeno que integra elementos contraditórios e complementares, desde a espontaneidade do improviso até a profundidade das emoções humanas, passando pela inspiração na natureza e pela espiritualidade. Esta abordagem holística sublinha a ideia de que a criação é uma expressão multifacetada da experiência humana, que conecta o efêmero ao duradouro, o individual ao universal, e o terreno ao espiritual.

 

 Referências:

Organização, pesquisa e análise: Charles Aquino
Fonte/Texto: Antologia dos Poetas Itaunenses. – BH – Lemi;/Itaúna Diretoria de Pesquisa e Extensão da Fundação Universidade de Itaúna, Nise Álvares da Silva Campos, 1990, p.102.
Acervo: Shorpy


NISE CAMPOS (FOTO 2)

Nise Álvares da Silva Campos

Memorial Nise Campos 🎥 Venha conhecer a inspiradora trajetória de Nise Álvares da Silva Campos, uma educadora, escritora e cidadã honorária que deixou um legado inestimável para a cidade de Itaúna. Nascida em Itapecerica, MG, em 1907, Nise dedicou sua vida à educação e à cultura, influenciando gerações e deixando uma marca indelével na literatura e no ensino. 
No vídeo "Memorial Nise Campos," você descobrirá como essa mulher notável transformou vidas com sua paixão pelo ensino, sua contribuição à literatura, e seu engajamento filantrópico e religioso. Um tributo emocionante que celebra não apenas suas realizações, mas também a memória de uma vida dedicada ao conhecimento e à comunidade.



Referências:
Organização: Charles Aquino
Acervo: Lindomar Batista Lage
Restauração Imagem: Charles Aquino
Imagem: Nise Álvares da Silva Campos (In Memoriam)

quarta-feira, abril 03, 2019

SE INVEJA É PECADO...

Nise Campos
1961


Nesses toscos versos essa confissão vos faço
E, nessas pobres rimas, penitenciar-me venho!
Pois, se alma peca em sentir inveja,
Esse pecado, Senhor, esse pecado eu tenho!
Invejo a simplicidade do ranchinho humilde
E a lirial beleza da criança...

Invejo os que trazem a alegria n’alma
E o conforto da fé e da esperança!
Invejo a paz que reina na aldeiazinha pobre,
Onde, cristalina, flui a água das fontes,
Invejo as caravanas que atravessam os areais desertos,
Os que transpõem os mares, os que galgam montes!

Invejo as mãos que espalham benção
Na leveza do carinho e do perdão...
Aos que distribuem a luz da graça,
Na messe do amor, na fartura do pão!

Invejo os velhinhos de cabeças brancas
Que, cansados, percorrem a grande estrada...
A esses que sofreram amargos desenganos
E que chegando vão ao fim da encruzilhada!

Invejo a trêfega andorinha
Que, em graciosos bandos, o espaço cobre...
Invejo a flor, a selva, o mar, o sol, as errantes nuvens!

Invejo tudo o que é simples, tudo o que é belo,
Tudo o que é nobre!

Perdoai-me, Senhor, porque a vós, contrita, brado:
Pois, se a alma peca em sentir inveja,
Eu tenho, meu Deus, esse pecado.


Análise do poema - Se inveja é pecado ...

O poema "Se Inveja é Pecado..." de Nise Campos, escrito em 1961, é uma confissão franca e sincera sobre os sentimentos de inveja que permeiam a alma do eu lírico. A estrutura do poema é simples, composta por estrofes de quatro versos com rimas alternadas, o que contribui para a sensação de fluidez e confissão.

A temática principal do poema é a inveja e o reconhecimento desse sentimento como um pecado. Desde o título, a autora coloca o leitor diante da reflexão sobre a natureza pecaminosa da inveja. Essa emoção é explorada ao longo do poema através de uma série de exemplos de coisas simples, belas e nobres que despertam inveja no eu lírico.

A linguagem utilizada é simples e direta, o que reforça a sinceridade da confissão. Os versos são desprovidos de ornamentos e vão direto ao cerne da questão, expondo a vulnerabilidade do eu lírico e sua luta contra esse sentimento pecaminoso.

Através de imagens evocativas, o poema retrata a inveja como um sentimento que surge diante da contemplação da beleza e da simplicidade do mundo ao redor. Desde a simplicidade de um ranchinho humilde até a graça de uma andorinha em voo, tudo desperta a inveja do eu lírico, que reconhece sua fraqueza diante dessas manifestações de pureza e nobreza.

Ao final, o eu lírico volta-se para Deus em busca de perdão, reconhecendo sua fraqueza e pecaminosidade. Essa busca por redenção encerra o poema de forma poderosa, deixando uma sensação de humildade e arrependimento.

Em suma, "Se Inveja é Pecado..." é um poema que aborda de forma direta e expandida a complexidade da inveja como um sentimento humano universal, enquanto reflete sobre a necessidade de redenção e perdão diante desse pecado moral.




Referências:
Organização, pesquisa e análise: Charles Aquino
Fonte: Itaúna Humana e Pitoresca. Coletânea de
itaunenses natos e adotivos. Org.Luís Gonzaga Fonseca.
“Se Inveja é Pecado”, Nise Campos, 1961, p.93.
Texto: Nise Álvares da Silva Campos (In Memoriam)
Acervo: Shorpy

EXALTAÇÃO À ÁRVORE

Caesalpinia férrea plantada em 1935
Praça Dr. Augusto Gonçalves - Itaúna/MG  

Nise Campos
Outubro de 1986

Itaunense, Mineiro, Gente do Brasil inteiro.
Integrem-se na campanha do verde, movimento de redenção.
O verde é a vida da terra, como a esperança é a vida do coração.

Para fazer o bem, o homem movimenta-se, anda, fala, luta,
O mesmo faz para praticar o mal,
Pois o Homem pode ser anjo ou ser chacal.

A árvores não. Ereta, firme, presa ao solo,
É da terra laboratório de oxigênio, de água e luz.
Parece até que a primeira árvore foi aqui plantada
Pelas mãos augustas de Jesus.

Quando se rebela, o Homem se transforma em animal ou fera.
A árvore não.
Quando se enfurece, ela até parece de Deus sentinela.
E como é sublime! E como é bela, varrendo o céu,
Espanando o espaço, sanando a atmosfera! ...

Ela embala o berço dos passarinhos
Que se aconchegam felizes em seus ninhos.
Ensinando ao Homem a beleza do lar,
Pois quando vem o entardecer,
Ou quando o sol torna a sair,
Eles cantam a alegria de viver.

Quando ela tomba, ao golpe do machado,
É ainda um gênio alado
Que acende a lareira e nos dá calor.
Para enfeitar a casa, lar do nosso amor ...
Amemo-la. Plantemo-la em profusão,
Porque ela é a vida e da terra o pulmão.
E no fim de nossos dias
Ela nos agasalha o corpo num gesto de perdão.

Referências:
Organização e Fotografia: Charles Aquino
Acervo: Lindomar Batista Lage
Texto: Nise Álvares da Silva Campos (In Memoriam)


Análise do poema 

O poema de Nise Campos, datado de outubro de 1986. A flexibilidade formal permite uma expressão mais livre dos sentimentos e ideias da autora. A linguagem é simples e direta, facilitando a compreensão e a conexão emocional com o leitor.

O poema aborda temas ecológicos e humanísticos, destacando a relação entre o homem e a natureza, especificamente as árvores. A autora utiliza a árvore como um símbolo multifacetado que representa vida, estabilidade e beleza. O contraste entre o comportamento humano e a natureza é um tema central, com a árvore servindo como um exemplo de constância e beneficência, enquanto o homem é descrito como capaz de tanto o bem quanto o mal.

O poema estabelece um claro contraste entre o comportamento humano, que pode ser tanto destrutivo quanto criativo, e a árvore, que é invariavelmente benéfica. A imagem do homem se transformando em "animal ou fera" quando rebelde, contra a árvore que permanece como uma "sentinela de Deus," reforça essa dicotomia.

A mensagem do poema é um apelo à consciência ecológica e ao amor pela natureza. A autora clama pela integração na "campanha do verde," destacando a importância das árvores como pulmões da terra e fonte de vida. Há um tom didático e esperançoso, sugerindo que a preservação da natureza é tanto um dever quanto uma forma de redenção.

A linguagem do poema é rica em metáforas e imagens visuais, criando uma sensação de vivacidade e movimento. A repetição de certas estruturas, como "A árvore não," e a utilização de contrastes, como entre a rebeldia do homem e a serenidade da árvore, ajudam a reforçar os pontos principais e a criar um ritmo interno.

O poema de Nise Campos é uma evocação lírica da importância das árvores e uma crítica ao comportamento humano em relação à natureza. Através de uma combinação de simbolismo religioso, imagética rica e um tom apelativo, a autora busca inspirar um maior respeito e cuidado pela natureza. É uma obra que continua relevante, especialmente em tempos de crescente preocupação ambiental.

Charles Aquino