Acervo: José Gomide (In Memoriam): A Noiva do Arco-íris
ARISTÓTELES NOGUEIRA
Acervo: José Gomide (In Memoriam): A Noiva do Arco-íris
O poema
"Agonia das Rosas" de Nise Campos, presente na obra "Antologia
dos Poetas Itaunenses" de 1990, revela uma profunda reflexão sobre a
efemeridade da vida e a beleza transitória das experiências humanas. O título,
"Agonia das Rosas", evoca imediatamente uma imagem de fragilidade e
decadência, sugerindo que as rosas estão sofrendo de alguma forma. Isso prepara
o leitor para uma exploração mais profunda das metáforas e temas presentes no
poema.
A primeira
estrofe estabelece uma atmosfera de quietude e resignação, com as "tardes
frias" evocando uma sensação de melancolia e contemplação. A descrição das
rosas se desfolhando lentamente sugere não apenas um processo natural, mas
também uma aceitação pacífica desse destino inevitável.
A segunda
estrofe amplia a perspectiva, conectando a imagem das nuvens cor-de-rosa ao
destino das rosas. As nuvens, associadas ao céu distante, assumem uma
tonalidade semelhante às rosas que já morreram, implicando uma continuidade
entre o ciclo da vida e a passagem do tempo.
A terceira
estrofe introduz uma reflexão sobre a brevidade da existência humana,
comparando-a a um poema que é recitado pelo vento. Essa analogia sugere que a
vida é efêmera e transitória, mas também carrega uma beleza intrínseca que
merece ser apreciada.
Na quarta
estrofe, o poema retorna ao tema das rosas, agora personificadas como seres
vivos que experimentam uma "agonia". Essa personificação destaca a
empatia do eu lírico em relação ao sofrimento das rosas, e sugere uma
identificação entre a fragilidade das flores e a fragilidade da experiência
humana.
A conclusão
do poema enfatiza a ideia de perdão e redenção, sugerindo que o último perfume
deixado pelas rosas é uma expressão de amor e reconciliação. Isso implica uma
visão positiva da mortalidade e da passagem do tempo, sugerindo que mesmo na
morte há espaço para a beleza e o perdão. No geral, "Agonia das
Rosas" é um poema que transcende a mera observação da natureza para
explorar questões mais profundas sobre a vida, a morte e a beleza efêmera.
Através de metáforas poderosas e uma linguagem evocativa, Nise Campos convida o
leitor a contemplar a fragilidade e a beleza do mundo ao seu redor.
Referências:
Organização, pesquisa e análise: Charles Aquino
Fonte: Antologia dos Poetas Itaunenses. – BH – Lemi;/Itaúna Diretoria de
Pesquisa e Extensão da Fundação Universidade de Itaúna, Nise Álvares da Silva
Campos, 1990, p.103.
Acervo: Shorpy
Análise do Texto "MOMENTO DE
CRIAÇÃO"
O título "MOMENTO DE CRIAÇÃO" sugere um instante específico em que ocorre um processo criativo. É um título evocativo que aponta para uma experiência única e pessoal do ato de criar. O texto é composto por uma série de frases curtas, quase aforísticas, que descrevem o que compõe o "momento de criação" da autora. Essa estrutura fragmentada e livre reflete a natureza multifacetada e espontânea do processo criativo.
O absoluto e o relativo —
Esta frase sugere que o momento de criação abrange tanto verdades universais
(absoluto) quanto percepções individuais (relativo). Isso indica que a criação
é um ato que conecta o macro (o todo, o universal) ao micro (o individual, o
particular). A dualidade apresentada
aqui é fundamental para entender a complexidade do processo criativo. A autora
reconhece que criar é um ato que transita entre o objetivo e o subjetivo, o
eterno e o transitório.
O efêmero e o duradouro —
Novamente, há uma oposição entre dois conceitos, agora entre o passageiro
(efêmero) e o permanente (duradouro). Isso
sugere que o ato de criação lida com elementos que podem ser momentâneos, mas
também tem potencial para deixar um impacto duradouro. A criação é, portanto,
uma forma de capturar a essência do momento e transformá-la em algo que
perdura.
O improviso — A palavra
"improviso" indica espontaneidade e liberdade na criação. O improviso
é essencial no processo criativo, permitindo que a intuição e a inspiração
fluam sem restrições. Aqui, a autora celebra a flexibilidade e a originalidade
que o improviso traz.
O riso da criança — Simboliza pureza, alegria e espontaneidade. Este elemento sugere que
o processo criativo é alimentado por uma fonte de energia pura e inocente. A
criatividade, assim como o riso de uma criança, é genuína e não contaminada por
preocupações externas.
O pranto do velhinho — Em contraste com o riso da criança, o pranto do velhinho representa a sabedoria, a experiência e talvez a melancolia. Este contraste aponta para a profundidade emocional do processo criativo, que abarca tanto a leveza da infância quanto a gravidade da velhice. A criação é, portanto, um reflexo de toda a gama de emoções humanas.
O estado afetivo da alma —
Esta frase sugere que o processo criativo é profundamente influenciado pelo
estado emocional e espiritual do indivíduo. O estado afetivo da alma é central
para a criação, indicando que a autenticidade e a expressividade do trabalho
criativo vêm do fundo do ser do artista.
A natureza — É uma fonte de inspiração e um modelo de beleza e harmonia. A conexão com a
natureza sugere que a criação busca imitar ou dialogar com a perfeição e a
complexidade do mundo natural. A natureza é tanto uma inspiração quanto um guia
para o processo criativo.
A beleza do Evangelho —
Aqui, o Evangelho é visto como uma fonte de beleza e talvez de moralidade ou
espiritualidade. A inclusão do Evangelho indica que o processo criativo também
tem uma dimensão espiritual ou transcendente. A beleza encontrada nos
ensinamentos do Evangelho serve como inspiração e elevação do espírito.
O texto "MOMENTO DE
CRIAÇÃO" de Nise Campos é uma reflexão poética sobre o processo criativo,
destacando sua complexidade e riqueza. Através de uma série de oposições e
imagens evocativas, a autora descreve o ato de criação como um fenômeno que
integra elementos contraditórios e complementares, desde a espontaneidade do
improviso até a profundidade das emoções humanas, passando pela inspiração na
natureza e pela espiritualidade. Esta abordagem holística sublinha a ideia de
que a criação é uma expressão multifacetada da experiência humana, que conecta
o efêmero ao duradouro, o individual ao universal, e o terreno ao espiritual.
Análise do poema - Se inveja é pecado ...
O poema "Se Inveja é
Pecado..." de Nise Campos, escrito em 1961, é uma confissão franca e
sincera sobre os sentimentos de inveja que permeiam a alma do eu lírico. A
estrutura do poema é simples, composta por estrofes de quatro versos com rimas alternadas,
o que contribui para a sensação de fluidez e confissão.
A temática principal do poema é a
inveja e o reconhecimento desse sentimento como um pecado. Desde o título, a
autora coloca o leitor diante da reflexão sobre a natureza pecaminosa da
inveja. Essa emoção é explorada ao longo do poema através de uma série de
exemplos de coisas simples, belas e nobres que despertam inveja no eu lírico.
A linguagem utilizada é simples e
direta, o que reforça a sinceridade da confissão. Os versos são desprovidos de
ornamentos e vão direto ao cerne da questão, expondo a vulnerabilidade do eu
lírico e sua luta contra esse sentimento pecaminoso.
Através de imagens evocativas, o
poema retrata a inveja como um sentimento que surge diante da contemplação da
beleza e da simplicidade do mundo ao redor. Desde a simplicidade de um
ranchinho humilde até a graça de uma andorinha em voo, tudo desperta a inveja
do eu lírico, que reconhece sua fraqueza diante dessas manifestações de pureza
e nobreza.
Ao final, o eu lírico volta-se
para Deus em busca de perdão, reconhecendo sua fraqueza e pecaminosidade. Essa
busca por redenção encerra o poema de forma poderosa, deixando uma sensação de
humildade e arrependimento.
Em suma, "Se Inveja é
Pecado..." é um poema que aborda de forma direta e expandida a
complexidade da inveja como um sentimento humano universal, enquanto reflete
sobre a necessidade de redenção e perdão diante desse pecado moral.
Análise do poema
O poema de Nise
Campos, datado de outubro de 1986. A flexibilidade formal permite uma expressão
mais livre dos sentimentos e ideias da autora. A linguagem é simples e direta,
facilitando a compreensão e a conexão emocional com o leitor.
O poema aborda
temas ecológicos e humanísticos, destacando a relação entre o homem e a
natureza, especificamente as árvores. A autora utiliza a árvore como um símbolo
multifacetado que representa vida, estabilidade e beleza. O contraste entre o
comportamento humano e a natureza é um tema central, com a árvore servindo como
um exemplo de constância e beneficência, enquanto o homem é descrito como capaz
de tanto o bem quanto o mal.
O poema
estabelece um claro contraste entre o comportamento humano, que pode ser tanto
destrutivo quanto criativo, e a árvore, que é invariavelmente benéfica. A
imagem do homem se transformando em "animal ou fera" quando rebelde,
contra a árvore que permanece como uma "sentinela de Deus," reforça
essa dicotomia.
A mensagem do
poema é um apelo à consciência ecológica e ao amor pela natureza. A autora
clama pela integração na "campanha do verde," destacando a
importância das árvores como pulmões da terra e fonte de vida. Há um tom
didático e esperançoso, sugerindo que a preservação da natureza é tanto um
dever quanto uma forma de redenção.
A linguagem do
poema é rica em metáforas e imagens visuais, criando uma sensação de vivacidade
e movimento. A repetição de certas estruturas, como "A árvore não," e
a utilização de contrastes, como entre a rebeldia do homem e a serenidade da árvore,
ajudam a reforçar os pontos principais e a criar um ritmo interno.
O poema de Nise
Campos é uma evocação lírica da importância das árvores e uma crítica ao
comportamento humano em relação à natureza. Através de uma combinação de
simbolismo religioso, imagética rica e um tom apelativo, a autora busca
inspirar um maior respeito e cuidado pela natureza. É uma obra que continua
relevante, especialmente em tempos de crescente preocupação ambiental.
Charles
Aquino