SANT'ANA
DE SÃO JOÃO ACIMA
Tivemos
o prazer de hospedar durante os dias da festa da Semana Santa aos Revmos.
Padres Euzébio Nogueira Penido, Domingos Ferreira Martins e José Marinho; o
primeiro digno vigário de Itatiaiuçu, o segundo de Mateus Leme e terceiro do
externato municipal da cidade do Pará.
Estes
preclaros sacerdotes vieram acolitar o nosso digno e estimável vigário padre
Antônio Maximiano de Campos durante os festejos da Semana Santa, e que depois
de uma curta demora entre nós, regressaram a suas residências, deixando gravados
em nossos corações os mais gratos sentimentos de simpatia que angariaram de
todos quantos tiveram a ventura de tratar de perto com tão ilustres sacerdotes.
Retiraram-se deixando-nos a grata reminiscência dos dias que com eles tivermos
a felicidade de passar.
Estiveram
deslumbrantes os festejos da Semana Santa nesta localidade. Às 7 horas da noite
de quarta-feira de trevas, depois do sermão do pretório em que o Revmo. Vigário
Antônio Maximiano de Campos fez mais uma vez ouvir a sua eloquentíssima palavra
em uma ligeira e lindíssima alocação análoga ao ato.
Saia da Igreja dos Passos a linda procissão do Senhor dos Passos que seguiu na maior ordem possível até ao encontro, onde o ilustrado e Revmo. Padre Domingos Ferreira Martins, do alto da tribuna sagrada derramou em lindíssimas palavras comoventes e cheias de fé o seu eloquente sermão, que foi geralmente apreciado.
Saia da Igreja dos Passos a linda procissão do Senhor dos Passos que seguiu na maior ordem possível até ao encontro, onde o ilustrado e Revmo. Padre Domingos Ferreira Martins, do alto da tribuna sagrada derramou em lindíssimas palavras comoventes e cheias de fé o seu eloquente sermão, que foi geralmente apreciado.
O
Revmo. Padre Martins mostrou a sua muita proficiência e o seu vasto
conhecimento de história santa, mostrando diversos pontos e fazendo comparações
em uma linguagem sã e cheia de virtudes.
A
procissão da Santíssima Virgem que vinha ao encontro, estava sumptuosíssima —
duas alas em que aproximadamente se encontravam cento e oitenta virgens, todas
na melhor ordem seguiram a imagem que parecia contemplá-las e à sua candidez.
Seguia-se
a procissão e ao entrar na matriz orou o digno e Revmo. Padre José Marinho,
honra de sua classe, em um brilhante e sublime discurso, burilado pelo seu
muito saber; narrou a vida de Cristo fazendo comparações que pareciam saídas
dos lábios do Divino Mestre.
Quinta-feira,
no mesmo horário do dia anterior, saía da matriz a procissão de Dores, essa
tocante e bem ornamentada. Era calculado superior a seis mil o número dos
devotos, filhos do cristianismo que prestavam justa e respeitada homenagem à
Santíssima Virgem.
A imagem era conduzida por quatro virgens e estava colocada em um rico e bem ornado andor. Percorreu as ruas de seu trajeto e chegada que foi à matriz. Usou da palavra, o nobre orador sacro o Revmo. Padre José Marinho que não menos que no dia antecedente mereceu os aplausos dos ouvintes.
A imagem era conduzida por quatro virgens e estava colocada em um rico e bem ornado andor. Percorreu as ruas de seu trajeto e chegada que foi à matriz. Usou da palavra, o nobre orador sacro o Revmo. Padre José Marinho que não menos que no dia antecedente mereceu os aplausos dos ouvintes.
Às
7 horas da noite de sexta-feira da paixão assomou à tribuna sagrada o lustrado
Revmo. Sr. Padre Domingos Martins. As últimas palavras caídas dos lábios do
Redentor ao gênero humano, foram as primeiras d’aquele preclaro sacerdote — Consumatum est; foi esse o tema do Revmo.
Padre Martins.
E depois, conforme o seu discurso ia ordenando assim, e foram os apóstolos procedendo a tão linda e solene, quão tocante e sublime cerimonia do descimento da Cruz, àquele que exalou o último suspiro almejando a nossa salvação.
E depois, conforme o seu discurso ia ordenando assim, e foram os apóstolos procedendo a tão linda e solene, quão tocante e sublime cerimonia do descimento da Cruz, àquele que exalou o último suspiro almejando a nossa salvação.
O
Revmo. Padre Martins coordenou uma série de pensamentos tão tristes e em
palavras tão repassadas de dor que os ouvintes derramaram copiosas lágrimas.
Dalí seguiu-se a procissão cuja numerosidade e aglomeração de devotos era
incalculável.
Todas
as procissões foram feitas com a maior pompa e respeito possível e foram a
acompanhados pelo Revmo. Padre Euzébio Nogueira Penido.
Sábado
de aleluia houve missa cantada pelo Revmo. Padre Nogueira Penido acolitado
pelos digníssimos padre Antônio Maximiano de Campos e José Marinho. Meu voto de
louvor, pois, à comissão encarregada dos festejos, que forma verdadeiramente
dignos de encômios.
Correspondente
do Jornal Gazeta de Oliveira, 14/04/1893.
FONTE & TEXTO: GAZETA
DE OLIVEIRA. ANO XII. Nº 554, DOMINGO 1 DE MAIO DE 1898, p.2.
PESQUISA e ORGANIZAÇÃO:
Charles Aquino
ACERVO:
IHP - Instituto Histórico de Pitangui / Prof. Marco Elísio
FOTOGRAFIAS:
Padre Antônio Maximiano de Campos / Igreja Matriz de Itaúna