Em
pesquisas sobre a cultura popular, especialmente em Minas, o historiador
itaunense João Dornas Filho, nos fornece estudos sobre a natureza das lendas e
sua popularização. O historiador destaca que, o Diabo, por ser peça relevante no
imaginário de um povo, não deixaria de figurar na demologia brasileira.
Dornas destaca que o Diabo no lendário do povo português é encarnado por vários nomes: Diabrete, Diacho, Danho, Dialho, Decho, Demo, Demonho, Demontes, Satanás, Mafarrico, o Inimigo, O Inimibo-mau, o Porco-sujo, Barzabu, Barzabum, Veneno, Bicho-feio, o Calheiro, o Previnco, o da Carapuça Vermelha, o Trasgo, o Manquito, O Zangão, o Cão-tinhoso, o Pedro Malazartes, o Pecado e o Ferrapeiro. No Brasil, há outros nomes: Cachia, o Capiroto, o Famalial, o Capeta, entre outros. A palavra Capeta é tida como brasileiríssima e que ficou “tradicionalmente representado por um homem de capa preta, donde, possivelmente, a expressão “o homem de capa preta”, ou abreviadamente “o capeta” (DORNAS, 182).
No
início do século XIX, um padre apóstata do arraial de Sant’Ana de São João Acima, hoje Itaúna, apareceu sob
forma de um veado.
Na
paróquia de Sant'Ana havia o pároco, o Revdº Antônio Maximiano de Campos e o
padre Delfino José Rodrigues. Certa certa vez, o padre Delfino saiu para caçar em companhia de seus cães em um domingo pela manhã. Os
caçadores correram toda manhã atrás do veado, todavia, o animal não deixava
rastro e os farejadores começaram a cansar.
No
meio do matagal já desiludido e rezando algumas Ave-marias para São Longuinho,
o padre já dava por perdido à caça ao Demonho, todavia, eis que surge o
Mafarrico ao alcance da mira da espingarda do padre Delfino. O atirador não
pensou duas vezes, apertou o gatilho o mais rápido possível — click, click,
click, a espingarda negou o maldito fogo e o veado fugiu!!!
Ao
examinar novamente a arma, o padre Delfino verificou que, “a escova estava
umedecida por líquido catinguento, que não podia deixar de ser mijo do diacho”.
Referência: FILHO,
João Dornas. Achegas de etnografia e folclore. Imprensa Publicações. Belo
Horizonte,1972, p.194.
Pesquisa e elaboração:
Charles Aquino, graduando em História 7º período, UEMG/Divinópolis. Nosso grifo* "diacho"
Acervo: Figura meramente ilustrativa da internet.