Prof.
William Leão, nunca
soubemos se era sírio ou libanês. Naquele tempo, todos os imigrantes vindos do
Oriente Médio, na voz do povo eram turcos. A confusão se dava por uma razão
simples. Antes da Grande Guerra de 1914/18, toda a região pertencia ao Império
Turco-Otomano. Todos que vinham de lá tinham passaporte turco. Daí a
denominação comum que recebiam.
William
Leão era tão brasileiro ou mais do que qualquer um de nós. Seu pai, o velho
Leão José viera daquelas bandas. Nunca soubemos se da Síria ou do Líbano. O
professor William era também cirurgião dentista. Morava num belo sobrado na
Praça dr. Augusto Gonçalves, esquina de rua Silva Jardim. Lá também tinha o seu
gabinete dentário. Lecionava Ciências Naturais, matéria obrigatória a partir da
terceira série do ginásio. Atualmente, acho que tem o nome de Biologia. Dá no
mesmo.
Era
tenente da reserva. Nas solenidades notadamente no Sete de Setembro, botava
farda e ficava garboso assistindo o desfile do Tiro de Guerra 80, dos
estudantes da Escola Normal e do Ginásio Santana, ao lado de outras
autoridades.
Era
político. Vereador dedicado e vice-prefeito em várias gestões, incluindo a
administração pioneira de Milton Penido, que conseguiu dar a Itaúna um título inédito:
foi eleita uma das dez cidades de maior progresso no Brasil. Bom professor,
amigo dos alunos e sabedor da matéria. Tive a honra de substitui-lo por um
breve período no final de 1962, na Escola de Contabilidade. Curso noturno. Era
engraçado dar aula para meus companheiros de farra. Deu certo.
Do
mestre William Leão, contava-se o seguinte caso: em uma prova final de
Ciências, uma das perguntas, aliás, bem simples, pedia que o aluno escrevesse o
nome dos dois ossos do braço.
O primeiro
da fila de carteiras sabia a resposta e escreveu: cúbito e radio.
O segundo,
entre sussurros, pediu-lhe ajuda, ao que ele respondeu entre os dentes: cúbito
e radio. Mal entreouvido, o " sabido " escreveu na prova:
Rádio Clube;
O terceiro
da fila também pediu ajuda e o " sabido " deu-lhe a dica: " Rádio
Clube. Mas não coloque igual. Disfarce!!! Prontamente o terceiro escreveu"
Emissora de Itaúna!!!!
O quarto
e último da fila também pediu ajuda. O
terceiro, sem pestanejar disse-lhe: "Emissora de Itaúna”, mas
disfarce.
No
que foi prontamente atendido pelo quarto aluno, que em triunfo escreveu: os
ossos do braço são ZYZ4 !!!!
Sem comentários.
* Urtigão (desde 1943) é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, que viveu em Itaúna nas décadas de 50 e 60. "Causo" enviado especialmente para o blog Itaúna Décadas em 11/04/2017.
Acervo fotográfico: Professor Marco Elísio Chaves Coutinho
Obs.: Alunos em aula de física e química a cargo do professor William Leão na Escola Normal de Itaúna. Década 60.
Alguns alunos foram identificados: Irdevan Nogueira Júnior, Artur Bitelo, professor William Leão, Maria Nilse e Dr. Helton.