FESTA DE SÃO SEBASTIÃO E QUERMESSE
As
festas religiosas em Itaúna nas décadas de cinquenta e sessenta eram uma
boniteza. Verdadeiro instrumento de confraternização da cidade com seu povo,
sem distinção de classe social, cor ou pensamento político. Nos dias de hoje,
fala-se muito em " inclusão social", segregação e minorias. Os
teóricos de hoje deveriam se inspirar naqueles tempos antes de espalharem
pregações, que no meu sentir, acabam sendo excludentes e fomentadores de
rancores e divisão social. No entanto, deixemos de lado as digressões e vamos
ao que interessa: Festa de São Sebastião!!!
Eram
no mínimo quinze dias de festejos. Não sei qual a razão de tanto prestígio do
"Mártir da Capadócia", mas ele era, ao lado dos santos de junho
(Antônio, João, Pedro e Paulo), um dos de " maior audiência " e não
ficava nada a dever a Nossa Senhora Sant'Ana, padroeira de Itaúna no mês de
julho. Barraquinhas armadas na praça dr. Augusto Gonçalves.
Leilões de prendas e ofertas todo dia a noite. Nos fins de semana, leilão de bezerros, novilhos, leitões e cabritos. Tudo doado ao Santo, por fazendeiros e agricultores da cidade. Animais a vista, podendo ser admirados e cobiçados pelos arrematantes. Ficavam num curral improvisado, ao lado das barraquinhas. Eram tratados ali mesmo e de lá saiam para o sítio ou fazenda do novo dono, disputados acirradamente nos leiloes apregoados pelo saudoso Mineirinho, da famosa dupla caipira da Rádio Clube de Itaúna.
Leilões de prendas e ofertas todo dia a noite. Nos fins de semana, leilão de bezerros, novilhos, leitões e cabritos. Tudo doado ao Santo, por fazendeiros e agricultores da cidade. Animais a vista, podendo ser admirados e cobiçados pelos arrematantes. Ficavam num curral improvisado, ao lado das barraquinhas. Eram tratados ali mesmo e de lá saiam para o sítio ou fazenda do novo dono, disputados acirradamente nos leiloes apregoados pelo saudoso Mineirinho, da famosa dupla caipira da Rádio Clube de Itaúna.
Nem
me lembro direito de como funcionava o serviço de som. Só sei dizer que os
animais eram anunciados pelo leiloeiro, que anunciava também o nome do doador.
Era aí que a disputa se tornava aguda. Dornas a disputar com Penidos, Francos a
disputar com Nogueiras e quem sempre lucrava era São Sebastião. Disputa honesta
e bem animada pelo pregoeiro. Levava quem desse mais, pagamento na hora, sem
prestações, cheque pré-datado ou cartão de crédito. O Santo não tinha bandeira.
Valia sempre o velho e bom dinheiro.
Música
ao vivo, a cargo do "Regional do Irmãos Barão", com fôlego para toda
noite. Às vezes, incluindo Dante de Faria Matos no bandolim, Freitas Alfaiate
no piston, Donato no saxofone e
Argemiro Ferreira da Silva no trombone de vara. Noutras noites, a família do
João Bigode e seus filhos que tocavam violão e violino.
Foguetório
toda noite a cargo do "Parente", que era fogueteiro e coveiro.
Foguetes de vara qual subiam assoviando e levavam atrás a molecada a correr
para apanhar o rabo do foguete. No sábado à noite e no domingo tinha também pau
de sebo, quebra pote, pega porco e outras brincadeiras. Divertimento sadio,
cidade e redondezas reunida. Povo da roça fácil de identificar pelas botinas,
roupa de brim caqui ou calça "porta de loja". As moças com as
bochechas coradas de "rouge" e na falta dele, coradas com o papel
crepom molhado. Consumo dobrado de pão doce, pão de sal e picolés de groselha.
Um achado para o Bar Azul e para a Padaria do Vasco.
E
o tal jogo itaunense? Tratava-se do Taqui.
Simples, honesto e rápido. Antes de cada rodada, eram vendidas as papeletas com
sete letras espalhadas. Três em cima, três em baixo e uma no meio. Os prêmios,
dependendo do valor da papeleta e dos números dela vendidos eram bolos, frangos
assados, pernil de porco ou garrafas de vinho jurubeba. Na melhor das
hipóteses, um frisante Michelon. Uma
moça ajudava a rodar a "gaiola das bolinhas", tal e qual gaiola de
bingo e sorteava as letras.
O
cantador das letras era um caso à parte. Era um tal de T de Tauna, E de
"Eliude", Z de "zoios" e C de Sebastião. Os jogadores iam
marcando as letras cantadas. Quando coincidia ele ter marcado seis e cantavam a
sétima que o premiava, o ganhador gritava eufórico: " TA AQUI" !!!!!!
Eis
a razão do nome do jogo. Em tempo: não me esqueci do Pe. José Ferreira Neto e
de seu sacristão, o querido "Tio Juca". Eles merecem um capítulo à
parte.
*Urtigão (desde 1943) é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, que viveu em Itaúna nas décadas de 50 e 60. Crônica enviada especialmente para o blog Itaúna Décadas em 19/04/2017.
ACERVO
ORIGINAL: Professor Marco Elísio Coutinho
ARTE E ORGANIZAÇÃO: Charles Aquino