sábado, abril 01, 2017

A PRIVADA TURCA DO BAR AZUL

A grande falha de bares e restaurantes em todo o Brasil sempre foi o banheiro. Noutros tempos então, era de arrepiar. Tive um amigo, caixeiro-viajante, que andava com um sabonete no bolso do paletó. Ao entrar nos banheiros, fosse do trem, das pensões, hotéis e bares, sacava o sabonete do bolso e botava no nariz. Só parava de cheirar quando saia do lugar. Bom remédio para despistar o mau cheiro.

O Bar Azul não fugia a regra, localizado na praça Dr. Augusto Gonçalves de Itaúna, ao lado do Cine Rex, era também o último porto para necessidades orgânicas urgentes. Durante o dia, de sua porta saía também o ônibus para Itatiaiuçu. Banheiro muito frequentado.

Além do mictório, para resíduos sólidos, tinha uma privada turca. Um negócio abominável. Assentado direto no chão, com um buraco para receber " as encomendas" e dois lugares para colocar os pés. Tinha descarga. Menos mal. O indivíduo "apertado" ficava de cócoras e se arranjava.

Um cidadão estava acocorado na privada do Bar Azul, já no final de seu "descarrego", quando entrou de supetão um indivíduo com problemas intestinais. Mal teve tempo de abrir a porta, baixar as calças e " mandar fogo". Não chegou a ver o outro devidamente agachado.

O pobre diabo, tomou um banho de merda, começando pela cabeça e por todo o costado. Sem meios de protestar, todo enlameado e fedorento, teve uma reação inusitada. Enfiou a mão no buraco e de lá retirou uma porção de excremento e atirou na cara do cagão. Em seguida bradou triunfante: " Se é guerra que você quer, tome guerra"!!!!!!


*Urtigão (desde 1943) é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, que viveu em Itaúna nos anos cinquenta e sessenta. Crônica escrita e enviada especialmente para o blog Itaúna Décadas em 01/04/2017