quarta-feira, outubro 31, 2012

BANDEIRA ITAÚNA (PARTE 1)

 BANDEIRA DE ITAÚNA

A bandeira de Itaúna foi escolhida por concurso público, instituído pela Lei nº 328, de 10 de Agosto de 1956, pelo então Prefeito Municipal, Dr. Milton de Oliveira Penido.
Pela Portaria nº 659, de 08 de Setembro de 1956 foi designada a Comissão Julgadora, composta dos seguintes membros: Dr. Marcelo Dornas de Lima (engenheiro), Dr. José Drumond (médico) e Dr. Lincoln Nogueira Machado (médico). Foram apresentadas dezenas de propostas e, de conformidade com o Edital, a Comissão se reuniu no dia 10 de Setembro de 1956, na Rádio Club de Itaúna, às 19 horas. Foi vencedora a Bandeira idealizada por EPONINA MARIA DO CARMO NOGUEIRA GOMIDE SOARES. A bandeira foi oficialmente instituída pela Lei nº 330, de 11 de outubro de 1956.

MARIA DO CARMO, como era mais conhecida, nasceu em Itaúna no dia 23 de Agosto de 1927, filha de Péricles Rodrigues Gomide (LIQUE) e Eponina Nogueira Gomide. Era professora e funcionária da extinta Coletoria Estadual, hoje Superintendência Fazendária. Casou-se com HOLMES SOARES com que teve seis filhos: Jerusa (falecida), Holmes Jr, Huáscar, Naiúra, Helder e Hebert, chegando a falecer no dia 09 de Maio de 1979.

Já a Lei Municipal nº 4.123, sancionada pelo Prefeito Eugênio Pinto, em 11 de outubro de 2006, alterou a redação do Artigo 2º da Lei nº 330, definindo-a da seguinte forma:
“Essas cores serão reunidas numa bandeira confeccionada nos moldes da técnica dispostas num retângulo, de cor branca, com duas faixas na diagonal, de cima para baixo, partindo do mastro nas cores verde e vermelho escuro, sendo vermelho escuro a faixa de baixo".

Eponina Maria do Carmo Nogueira Gomide Soares
 
 PARTE 2 ✅

Regulamentação do Hasteamento
A bandeira é composta de 3 cores com os seguintes detalhes :
1 -  Fundo branco de cor neutra, representando todas as bandeiras dos estados brasileiros.
2 -  Uma faixa verde  homenageando a bandeira do Brasil.
3 -  Uma faixa vermelha homenageando Portugal e aqueles que vieram colonizar o Brasil.
4 - Seu hasteamento deverá ocorrer entre 8 e 18 horas. Fora deste horário, deverá ser iluminada por holofotes.


Organização: Charles Aquino
Pesquisa: Juarez Franco, Charles Aquino
Acervo: Prefeitura Municipal de Itaúna
Acervo Fotográfico: Huáscar

domingo, outubro 28, 2012

ESTRADA DE FERRO ITAÚNA


Inicia-se a construção do ramal da Estrada de Ferro de Minas, que ligaria Belo Horizonte a Divinópolis, sendo empreiteiro das obras o engenheiro Emílio Schnoor.
Quando o Governo Hermes da Fonseca resolveu cumprir os projetos do seu antecessor, ligando Belo Horizonte à Oeste de Minas, os municípios de Pará e Itapecerica se esforçaram denodada e justamente por atrair o ponto de junção das linhas e, se o conseguissem, privariam Itaúna desse grande melhoramento.
O Dr. Augusto Gonçalves foi incansável no evitar essa solução, conseguindo modificar os projetos em deliberação.
Um dos traçados desse ramal, segundo estudos dos engenheiros José Francisco Cantarino e Guilherme Greenalgh (1904-1908) e que foi aceito, por instâncias do Dr. Augusto, por um decreto do Governo Federal pra base dos estudos definitivos, passaria nas seguintes localidades: Chôro (perto da antiga estação de Alberto Isaacson), Salgado, Santanense, Itaúna,Soledade, Mateus Leme, Capela Nova e Belo Horizonte.
Por este traçado a estrada percorreria o município de Pará desde o rio Paraopeba até a fazenda do Azambuja, e de Água Limpa até o Chôro, em extensão de 50 km; enquanto percorreria o município de Itaúna na distância de 42 km.
De Belo Horizonte ao Chôro, passando por Itaúna, a distância pelo traçado Cantarino – Greenalgh, seria de 134 quilômetros.
Havia outro traçado estudado (porém não adotado) autoria dos engenheiros Eduardo Pôrto, José de Góis Artigas e José Duarte Pinto, de Belo Horizonte ao Chôro, mas passando pela cidade do Pará, com 156 km e 155 mts.
Em 1926, quando se cogitava de uma ligação mais curta com o sul de minas, estudou-se uma linha que partisse de Itaúna e fosse ter à Andrelândia, também estação da Rede Mineira de Viação.
O serviço de construção do ramal iniciou-se em 4 de abril de 1909, sendo seu empreiteiro o engenheiro Emílio Armand Henri Schnnoor.


Fonte: FILHO, João Dornas. Efemérides Itaunense, 1951, ps.42-43.
Organização e pesquisa: Charles Aquino. Pós-Graduando em História e Cultura no Brasil Contemporâneo – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).


sexta-feira, outubro 26, 2012

ÁGUA ITAÚNA (PARTE I)

Século XX

Vejamos o que nos diz nosso conterrâneo e Historiador João Dornas Filho em seu livro "Efemérides Itaunenses".

A Lei Municipal nº 311 desapropria por utilidade pública as nascentes da fazenda do Descoberto para o abastecimento d'água à cidade. O abastecimento d'água potável à cidade tem a sua origem numa festa do Divino, em 1884. É que, sendo festeiro ou imperador da festividade o capitão Custódio Coelho Duarte, este fez com que a água do Descoberto (depois fazenda de Alfredo Gonçalves) viesse ter ao Largo da Matriz em rêgo aberto pelos seus escravos.

 A água se destinava ao povo que concorresse às festas, pois até essa data não havia água na Praça da Matriz. Mais tarde, em cumprimento a uma promessa feita aos eleitores de Santana pelo deputado geral Dr. Antônio Felício dos Santos, uma lei da Província, de 1887, concedia nove contos de réis para a canalização dessa água, que feita em madeira pelo carpinteiro Antônio Joaquim Marques, e por muitos anos serviu à população.
Sant'Ana 31 de janeiro de 1918


Minha avó materna Avantjour Nogueira, falecida há 42 anos e aos 85 de idade, já nas décadas de 60 e 70 contou-me várias vezes que, quando se mudou para o casarão onde criou os filhos e viveu o restante de sua vida, à Avenida Getúlio Vargas (já foi assunto deste site), ainda havia restos do "rego" acima descrito por João Dornas e com um filete d'água ainda passando. Pessoalmente conheci o rego, já sem a madeira, destruída pelo tempo e seco atravessando o quintal de um lado a outro em direção ao centro da cidade. Esta água, canalizada por rego, era do Córrego do Sumidouro.

Análise do texto

O texto "Século XX", extraído do livro "Efemérides Itaunenses" de João Dornas Filho, oferece uma rica descrição histórica da evolução do abastecimento de água na cidade de Itaúna, revelando a importância das iniciativas comunitárias e políticas na melhoria das infraestruturas locais. A análise crítica deste texto pode ser dividida em várias vertentes: a narrativa histórica, o impacto social, a memória familiar e a transformação urbana.

A descrição de Dornas Filho começa com a Lei Municipal nº 311, que desapropriou as nascentes da fazenda do Descoberto para o abastecimento de água na cidade. Esta iniciativa é contextualizada dentro de um evento religioso, a festa do Divino de 1884, quando o capitão Custódio Coelho Duarte utilizou seus escravos para trazer água da fazenda ao Largo da Matriz. Este fato mostra a conexão entre as festividades religiosas e as melhorias urbanas, destacando o papel dos líderes comunitários na implementação de infraestruturas essenciais.

A narrativa prossegue com a concessão de recursos pela Província, através do deputado Dr. Antônio Felício dos Santos, para a canalização da água. Esta etapa, realizada em 1887, é um marco significativo, pois ilustra o envolvimento das autoridades políticas na solução de problemas comunitários, assegurando o abastecimento de água à população.

A obra de Dornas Filho expõe a relação entre os eventos culturais e o desenvolvimento urbano, ressaltando como as festividades religiosas podem influenciar diretamente as melhorias na infraestrutura pública. A iniciativa de canalizar a água para a cidade não apenas atendeu a uma necessidade básica da população, mas também promoveu o bem-estar coletivo durante eventos de grande congregação, como a festa do Divino.

 

Memória Familiar

O relato da avó materna do autor, Avantjour Nogueira, adiciona uma camada pessoal e emocional ao texto. As memórias de Avantjour, que viveu nas décadas de 60 e 70, servem como um testemunho vívido das mudanças que ocorreram na cidade ao longo dos anos. Ela recorda a presença do rêgo, mesmo que já deteriorado, como um vestígio palpável da história e da transformação urbana de Itaúna. Esta memória familiar não só enriquece a narrativa histórica, mas também conecta o passado ao presente de forma tangível e emocional.

A destruição gradual do rêgo de madeira, observada pelo autor durante sua infância, simboliza a transição de métodos rudimentares para técnicas mais avançadas de abastecimento de água. A persistência do filete d'água remanescente atesta a durabilidade e a importância do sistema original, mesmo com o avanço do tempo e das tecnologias.

O texto de João Dornas Filho, complementado pelas memórias familiares, oferece uma visão detalhada e multifacetada da evolução do abastecimento de água em Itaúna. Ele ilustra como a união de esforços comunitários, religiosos e políticos pode resultar em melhorias significativas para a infraestrutura urbana. A inclusão de memórias pessoais adiciona profundidade e humanidade à narrativa, ressaltando a importância de preservar e valorizar os testemunhos históricos individuais como parte integrante da memória coletiva de uma comunidade.

Esta análise evidencia a relevância de estudos históricos locais para compreender melhor a evolução das infraestruturas e o impacto das ações comunitárias no desenvolvimento urbano. Além disso, destaca a importância de documentar e compartilhar memórias familiares, que enriquecem e humanizam as grandes narrativas históricas.







Referências:
Texto: Juarez Nogueira Franco
Organização, Análise e pesquisa: Charles Aquino
FILHO, João Dornas. Efemérides Itaunenses João Dornas Filho, p.26, 1951, ed. Calazans
Revisão e Arquivo: Prof. Marco Elísio Chaves Coutinho

quarta-feira, outubro 24, 2012

RENA SUPERMERCADO

Juventino Aeraphe Da Silva (Sr. Juvico)

Supermercados RENA - O Fundador

A Família de Juventino Aeraphe da Silva tem raíz no libanês MADIG MOSLCH AERAPH, que para se naturalizar Brasileiro necessitou alterar seu nome para FRANCISCO JOSÉ DA SILVA e receberia depois o apelido de "CHICO TURCO".  Nascido na cidade libanesa de Kfar Matta, a 80 quilômetros de Beirute, no Oriente Médio, em 1878, era filho de JOSEPH MOSLEH AERAPH e SALMA MOSLEH. Sua chegada ao Brasil se deu em 1905, portanto aos 17 anos de idade. Veio em busca das riquezas do Ouro em companhia do irmão FAND MOSLEH AERAPH que optou por morar na Argentina, e do primo GUSTAVO, fixou morada no povoado de Pedras, em Itatiaiuçu, então distrito de Itaúna. Logo que chegou ao país procurou a Comunidade Libanesa do Brasil para filiar-se como vendedor ambulante e foi em suas andanças como vendedor libanês pelos municípios, distritos e povoados em volta de Itatiaiuçu que CHICO TURCO iniciou sua vida de comerciante. Andava a pé, levando sua mala, visitando fazendas nas grotas e cafundós.

Durante seu trabalho de Mascate, conheceu FRANCISCA MARRA DA SILVA, que tinha ficado viúva aos 13 anos de idade e sem filhos, na fazenda do pai desta, Gregório Esteves Gaio (tio de meu avô José Esteves Gaio). O casamento foi realizado três anos depois quando CHICO TURCO se naturalizou brasileiro e já havia se estabelecido como comerciante em Itatiaiuçu, além de plantador de café na Serra dos Vieiros, ocasião em que também comprava, vendia e trocava mercadorias por ouro. Com a mulher FRANCISCA, também apelidada de CHICA TURCA, teve 11 filhos: Juventino Aeraphe da Silva, Juversina Maria de Jesus, José Francisco da Silva (Juca Turco), Antônio Quirino da Silva (primeiro Prefeito Municipal de Itatiaiuçu em 1963), Amim Geraldo da Silva, Farid José da Silva (Dico Turco), Afonso Carmo da Silva, Divina Conceição da Silva, Lourdes Maria da Silva, Jandila da Conceição Silva e Jalile da Conceição Silva.

JUVENTINO AERAPHE DA SILVA, o Sô JUVICO, o filho mais velho de CHICO TURCO, nasceu em Itatiaiuçu no dia 25/ 01/1908 e faleceu em 18/01/1970. Casou-se em primeiras núpcias com MARIA DA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA que faleceu subitamente cerca de 11 anos depois, deixando-o com 5 filhos pequenos: ANTÔNIO (Tote) então com 9 anos, IRACEMA, GETÚLIA, SHERIFE e MÁRO (faleceu ainda criança). Ficou viúvo por pouco tempo, casando-se novamente com MARIA CAROLINA MORAIS DA SILVA (Dª ZINHA), com quem teve mais 9 filhos: PLÍNIO (Lili), ÁLVARO (Loro), SIGMAIR (Dil), BENIGNO NABOR, RENATO ARNALDO, APARECIDA, MÚCIO, JUVENTINO WANDEIR (Wands) e ZILÁ. Dª ZINHA ou Dinha ZINHA como a chamavam os filhos do primeiro matrimônio assumiu a responsabilidade de criar como se fossem seus, os filhos de Juvico que também a chamavam de mamãe. Em Itatiaiuçu Sô JUVICO mantinha a família com a loja de tecidos e armarinho, onde seu filho NABOR desde bem pequeno com 7 anos já o ajudava muito e com quem aprendeu a contar como seu braço direito.

Como grande empreendedor Sô Juvico teve a visão de crescer seu comercio e resolveu junto com Nabor a abrir uma loja em Itaúna! Então em 28 de Junho de 1957, Nabor com 15 anos de idade, veio para Itaúna sozinho montar e tomar conta da loja em sociedade com seu pai, a loja São Sebastião de Itatiaiuçu foi montada na Rua Antonio Corradi esquina com a Av Jove Soares onde criaram o que é hoje o maior ponto Comercial de Itaúna. O Sr. JUVICO veio com a família 6 meses depois que o novo negócio estava já estabilizado.

A loja sortida com artigos variados como sapatos, aviamentos, bijuterias, artigos de perfumaria, logo fez sucesso na cidade.  Muito comunicativo Sô JUVICO ficou muito conhecido por toda vizinhança e aos poucos foi cativando seus fregueses, sempre muito simpático com todos. Todos os meses Sr. JUVICO e seu filho NABOR pegavam suas "malas" e iam para Belo Horizonte fazer compras.

Bons comerciantes e grande visão de futuro, foram percebendo a necessidade dos clientes e resolveram ampliar o negócio, instalando bancas onde vendiam frutas, doces e bolinhos feitos por Dª ZINHA, a matriarca da família. Logo foram aparecendo novos fregueses e o Sr. JUVICO, que dividia com NABOR a administração dos negócios, viu-se obrigado a diminuir a loja de armarinhos e acrescentar a venda produtos alimentícios. Nascia assim a "VENDA DO JUVICO". O negócio foi prosperando. Em 1967, onde hoje está Loja Matriz, à Rua Antônio de Matos, estava o casarão do Sr. Juquita Antunes (pai do Dr. Délio e onde ele e os irmãos nasceram. Conheço bem tal fato porque defronte, onde está hoje a Padaria do Zé Brotinho e o escritório da Cemig, existia o casarão e a oficina de meu avô ZECA FRANCO, onde passei parte de minha infância).

Em 16/08/67 alugaram dois cômodos e transformaram as 2 janelas em portas, inaugurando a primeira filial. Nesta época Nabor passou a contar com a ajuda do irmão RENATO para tomar conta da filial e posteriormente se tornar sócio do negócio.  Em 1970 faleceu o Sr. JUVICO, deixando para seus filhos a missão de continuar os negócios. Em 1972 NABOR montou o primeiro armazém da cidade, na praça Dr. Augusto Gonçalves, com o nome de "Pegue e Pague" ou seja, a filosofia do autosserviço, usando prateleiras onde os próprios fregueses escolhiam as mercadorias e pagavam na saída. Estava inaugurado um modelo que era novidade pelo mundo, o modelo do Supermercado, na época também chamado de Armazém. Neste ínterim o Sr. Juquita Antunes vendeu seu casarão e os agora sócios RENATO e NABOR transferiram a filial para a Lagoinha, onde hoje está a sorveteria Kalafrio.

Em 1973, onde existia o casarão, estava pronto o atual prédio e surgiu aí a oportunidade de comprar um ponto na Rua Antônio de Matos. NABOR e RENATO uniram todas as suas forças e se desfizeram de suas duas lojas para montar o primeiro RENA em 1974. RENA leva as iniciais seus sócios RE de Renato e NA de Nabor e ainda o slogan: Real Economia Na Alimentação.

FRUTOS DO TRABALHO e da vida do grande visionário "JUVENTINO AERAPHE DA SILVA", o eterno SÔ Juvico!

 

Texto: Juarez Nogueira Franco

Fontes de Consulta:

Guaracy de Castro Nogueira

Nágela Chaves Silva Maromba  -  (neta)

Valdete Silva Nogueira e Franco - (neta)

Organização: Charles Aquino

 

sexta-feira, outubro 19, 2012

CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO ITAÚNA

IMPORTANTES DATAS NA HISTÓRIA DE ITAÚNA
1901 / 1902


EMANCIPAÇÃO POLÍTICA / 16 SETEMBRO 1901

Não há dúvidas de que o dia 16 de setembro de 1901 é a data mais importante para a História de Itaúna - Emancipação Política, sendo até Feriado Municipal, através da Lei Estadual nº 319. Entretanto, foi a partir do dia 2 de janeiro de 1902 que Itaúna passou a existir de fato, desmembrando-se do município de Pará de Minas, graças, principalmente, a três grandes figuras de nossa História: Dr. Augusto Gonçalves de Sousa Moreira, Sr. Josias Nogueira Machado e Major Senócrit Nogueira.

Vejamos o que nos conta o Historiador JOÃO DORNAS FILHO, sobre os dias 16 de setembro de 1901 e 02 de janeiro de 1902 em seu livro "Efemérides Itaunenses”:

...A criação do Município foi assim mais uma imposição da necessidade do arraial de Santana e uma questão de conforto e comodidade para a sua população. O pagamento dos impostos, as questões judiciárias e as transações comerciais eram então, para os Santanenses, problemas difíceis. Todos estes fatores concorreram para insuflar a ideia da emancipação e, em 1901, resolveram pleitear do Legislativo a elevação de Santana a sede de Município.

Após diversas reuniões, estabeleceram uma propaganda organizada e elegeram uma comissão para coordenar o movimento, tendo sido escolhidos o Dr. Augusto Gonçalves de Sousa Moreira, Josias Nogueira Machado e Senócrit Nogueira (DORNAS, 1951, pág.111).

DR. AUGUSTO GONÇALVES DE SOUZA MOREIRA era a força política, contando com as melhores relações no Legislativo. Muitos dos seus antigos colegas de assembleia eram, na época, figuras em evidência na administração do Estado. Foi o intelectual, todas as representações enviadas à Câmara foram escritas pelo seu próprio punho e assinadas pela comissão em conjunto. É, sem favor algum, o criador do Município, o seu organizador e dirigente por largos e proveitosos anos. Inteligente, culto e conciliador, conseguiu em torno de si, enquanto viveu, a unanimidade do povo itaunense.

JOSIAS NOGUEIRA MACHADO era o cidadão querido do povo, simples, afável e entusiasta de sua terra. Fazendeiro forte e grande comerciante, largamente relacionado, cunhado e amigo íntimo do Dr. Augusto, a quem deu todo seu apoio e prestígio para se conseguir a vitória tão desejada.

SENÓCRIT NOGUEIRA com pouco mais de 30 anos, empenhou todo o ardor da sua mocidade em movimentar a ideia, sacudindo os tímidos e coordenando as forças na direção do fim visado. Foi o agitador, elemento de ligação de primeira ordem, de insulflamento à rebeldia e de propaganda. Foi o nosso Tiradentes, sem compromissos políticos que lhe tolhessem os passos, loquaz e acima de tudo animado por um entusiasmo sem limites.

Eis, em pouco traços, os três homens que agrupados, promoveram e coordenaram os elementos necessários à nossa emancipação, conseguida por nº 319, em 16 de setembro de 1901, assinado pelo Presidente do Estado Dr. Silviano Brandão. Foi nosso intérprete na Câmara, não se pode esquecê-lo, o deputado santanense Dr. José Gonçalves de Sousa, uma das maiores e melhores figuras da história do Município.

Cuidou-se imediatamente da eleição dos vereadores. O Prefeito e Vice-Prefeito de hoje eram chamados, na época, Presidente da Câmara e Vice-Presidente. Não havia eleição direta dos Presidentes e Vice-Presidente da Câmara. Elegiam-se os vereadores, estes é que escolhiam entre os seus pares o Agente Executivo. Depois de 1930 é que se estabeleceu a eleição direta.

Criado o Município em 16 de setembro de 1901 e procedida a eleição, o primeiro corpo de vereadores tomou posse em 20 de janeiro de 1902.

A primeira administração do Município ficou assim constituída:
Dr. Augusto Gonçalves de Sousa Moreira
Presidente da Câmara Itaúna
Padre Antônio Maximiliano de Campos 
Vice-Presidente Itaúna
Jove Soares Nogueira
Vereador Itaúna
Mardoqueu Gonçalves de Sousa
Vereador Itaúna
Luiz Ribeiro de Oliveira
Vereador Itaúna
Flávio José de Faria Santos
Vereador Itaúna
Padre Euzébio Nogueira Penido
Vereador Itatiaiuçu
Antônio Faria
Vereador Cajuru
Luiz Augusto da Silva
Vereador Conquista

O padre Antônio Maximiliano de Campos exerceu o seu mandato apenas um mês e 28 dias, tendo falecido em 28-2-1902, depois de quase 40 anos de convívio conosco. Em substituição do padre Antônio Maximiliano de Campos, na Câmara, foi eleito vereador o Sr. Rogério Cândido de Andrade (DORNAS, 1951, págs. 111, 112,113).

A Lei Mineira nº 319, desta data, cria vários municípios e declara no seu número 5: "De Itaúna, composto dos distritos de Santana do Rio de São João Acima, Carmo do Cajuru e do povoado dos Tinocos, desmembrados do município do Pará (de Minas), e dos distritos de Itatiaiuçu e Conquista (Itaguara), desmembrados do município de Bonfim.

O povoado dos Tinocos, que ficará anexado ao distrito de Santana, tem as seguintes divisas: da serra do Itatiaia, e pelas divisas do distrito de Mateus leme com as de Santana, segue-se até o alto da serra do Caxambu e por esta até à serra da Saudade e daí até o córrego do Betume; segue-se por esta até à barra do ribeirão e daí, procurando o vau do morro Grande, continua-se em direção ao ribeirão de Antônio Maia, e daí em diante pelas divisas do distrito de Bicas com o de Mateus Leme."

...E, por força da Lei nº 319, de 16 de setembro de 1901, foi criado o município de Itaúna.
Estava, assim, vencida a batalha na qual se empenharam denodadamente os Drs. Augusto Gonçalves, Senócrit Nogueira e Josias Nogueira Machado (DORNAS, 1951. pgs. 166,178,179).


INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO / 02 JANEIRO 1902

O dia 2 de Janeiro amanheceu embandeirado de alegria popular.  Às primeiras horas da manhã a população fora despertada por uma salva de 21 tiros e pela alvorada triunfal executada pelas duas bandas de música da localidade. Ao meio dia, reunidos em frente da casa do Cel. Josias Machado, organizou-se um préstito cívico que conduziria ao edifício da Câmara Municipal as autoridades eleitas para o governo do novo município.

Este préstito desfilou na seguinte ordem: à frente, a banda de música de Emílio de Melo, precedendo às grandes alas de povo; ao centro das alas, um grupo de senhoritas, vestidas de branco e ornadas com as cores nacionais, representava os distritos de Itaúna, trazendo cada uma, a tiracolo, um fitão amarelo com o nome do distrito. Eram as seguintes: Laudjour Nogueira, Itaúna; Raquel Nogueira, Conquista, hoje Itaguara; Leonor de Matos, Itatiaiuçu. Mariquinhas Alves, Cajuru; Dagmar Guimarães, Serra Azul.

Junto a estas senhoritas foram colocadas as pessoas ilustres que se achavam presentes e membros da nova Câmara. Fechava o cortejo a banda de música do Cel. Josias Machado, que porfiava com a de Emílio de Melo no executar os mais vibrantes dobrados ao espoucar de foguetes e das ovações.

Chegados à frente da Câmara, os membros desta foram saudados pelo Sr. Enéas Chaves, que os convidou a entrar no edifício. Entrados, o Presidente da Municipalidade, Dr. Augusto Gonçalves, depois de tomar assento e convocar os camaristas, declarou solenemente instalado o município e empossados todos os membros do seu governo. Vivas frenéticos e os primeiros acordes do Hino Nacional cobriram as últimas palavras do novo Presidente, saudadas ainda por uma salva de 21 tiros (DORNAS, 1951, pgs. 206, 207).

.... Encerrada a sessão de instalação foi servida aos convidados e ao povo, nos salões da Câmara, lauta e rica mesa de doces e bebidas. E à noite teve lugar o baile de gala no Paço Municipal, tendo início às vinte horas, após o Hino Nacional, os compassos da primeira quadrilha da noite (DORNAS, 1951, pg. 208).

A partir deste dia 02 de Janeiro de 1902, Itaúna passou a existir realmente, porque até então só existia de direito, isto é, criada pela Lei Estadual nº 319 de 16 de setembro de 1901. 
Somente quem teve o privilégio de ler João Dornas, tem ou tinha conhecimento de tão importante data. O único ano em que houve comemoração foi o de 1952 (cinquentenário), conforme atesta a carta anexa, escrita pelo Major Senócrit Nogueira, dirigida ao Dr. Antônio Augusto de Lima Coutinho — DR. COUTINHO - então Prefeito Municipal.




Referências:
FILHO, João Dornas. Efemérides Itaunenses, Coleção Vila Rica, 1951, págs. 111,112,113,166,179, 206 ,207, 208.
Leis e Decretos do Estado de Minas Gerais - Ano 1901 - pág. 26. Disponível em: https://archive.org/details/coleodosdecreto00bragoog         
Pesquisa: Charles Aquino, Juarez Franco
Organização: Charles Aquino