A história dos moinhos d'água em
Itaúna é um fascinante capítulo na trajetória dessa cidade. Nas palavras do
historiador itaunense João Dornas Filho, esses moinhos não eram apenas
estruturas de moagem, mas centros pulsantes de atividade, onde o milho era
transformado em fubá de angu, um alimento essencial na dieta local. Suas cerca
de vinte casinhas formavam uma cena pitoresca e vital para a subsistência da
população.
A descrição do memorialista
Osório Fagundes adiciona uma dimensão poética à imagem dos moinhos,
comparando-os a um "bando de garças sobre as águas do açude". Essa
analogia evoca uma sensação de harmonia entre a natureza e a atividade humana,
onde a engenhosidade humana se funde com a paisagem natural. Já o Professor
Marco Elísio Chaves Coutinho nos transporta para essa época em que esses
moinhos pontilhavam as margens do rio São João, um testemunho tangível da
economia e da vida cotidiana da comunidade.
Esses moinhos d'água não são
apenas estruturas físicas, mas símbolos de uma época passada, onde a vida
seguia o ritmo das águas do rio São João. Eles representam a habilidade humana
de se adaptar e aproveitar os recursos naturais para sustentar a comunidade. A
história desses moinhos nos lembra da importância de preservar e valorizar
nosso patrimônio histórico, para que as gerações futuras possam entender e
apreciar as raízes de sua própria cidade.
Na
freguesia de Sant'Ana do Rio São João Acima, hoje Itaúna, aproximadamente final do século XIX, existiram por muitos anos moinhos d’água que ficavam às margens
do rio São João. O historiador itaunense João Dornas Filho, elenca que, “era uma série de casinhas, cerca de vinte,
onde se moía, o milho para o fubá de angu” e o memorialistaOsório Fagundes, informa que, “de longe pareciam um bando de garças sobre
as águas do açude”!
O
moinho hidráulico de herança europeia, das quais, suas origens alçam ao período
helenístico pelo mundo mediterrânico, segundo nos informa o professor Francisco
de Carvalho, foi um importante marco nas paisagens rurais do Brasil, seja em
grandes fazendas ou em pequenos sítios. No Brasil, a partir do século XVII, irão
aparecer registros de moinhos hidráulicos nas colônias, surgindo a fabricação
em maior escala, entre o final do século XVIII e início do século XIX devido a
importância do milho no sistema de transporte do país que possibilitava a
alimentação de pessoas e de animais domésticos.
Entre esses períodos, existiram alguns tipos de moinhos movidos pela energia cinética
das águas: Os Moinhos de Água ou de Azenha, que eram movidos por uma roda
d´água vertical, mais comuns na região sul do país e os Moinhos Horizontais,
conhecidos também como Moinhos de Rodízio, mais comuns nas regiões do
centro-oeste e sudeste, tendo como fato excêntrico do século XVIII, a existência de um moinho
de vento na cidade de Ouro Preto, hoje, um patrimônio cultural e natural protegido. E foi a
partir da grande abundância de águas nos riachos e ribeirões do nosso Planalto
Brasileiro, que possibilitou a instalação e o funcionamento de vários moinhos
em um mesmo local, conseguindo utilizar a mesma leva d’água.
Discorrendo
sobre o funcionamento do moinho de fubá (horizontal ou de rodízio), o
carpinteiro, Antônio Barcelos, funcionário da fazenda Ponte Alta do município
de Pitangui/MG, explica o funcionamento: seria importante construir
uma represa que irá acumular água, ou então, construir um açude, que neste caso,
o curso da água poderá ser mudado através de bicas, geralmente feitas de
madeira. Chegando o volume d´água até ao
moinho, a roda horizontal ou rodízio,
irá acionar um eixo vertical que estará atrelado ao Mó de Baixo, o qual, o Mó de
Cima irá girar triturando os grãos de milhos.
Abaixo o professor Francisco de Carvalho faz
um desenho das peças de um moinho de fubá horizontal.
O Almanak Administrativo, Civil e Industrial da província de Minas Gerais (1875),
organizado por Antônio Assis Martins, traz informações sobre Itaúna, o qual, era distrito pertencendo administrativamente a Villa do Pará, hoje Pará de Minas, da comarca de Pitangui, com as seguintes informações: quatro Juízes de
Paz; 1 Escrivão; 1 Subdelegado; 3 Suplentes; 1 Pároco; 1 Delegado da Instrução Escolar;
1 Professor Escolar; 3 Inspetores de Quarteirão; 5 Oficiais de Justiça; 1
Padre; 1 Boticário; 1 Capitalista; 5 Negociantes de Fazendas; 5 Ditos de
Molhados; 9 Tropeiros; 5 Possuidores de Engenho de Cana; 33 Cultivadores de
Gêneros Alimentícios; 1 Entalhador; 2 Carpinteiros, 1 Forneiro; 3 Ferreiros; 2
Oleiros; 2 Pedreiros; 2 Fabricantes de Arreios; 3 Alfaiates; 1 Caldeireiro e 2
Estalajadeiros.
Da
listagem acima, dos 33 Cultivadores de
Gêneros Alimentícios, Serafim Caetano Moreira, seria um dos comerciantes
atuantes em Itaúna. Segundo o historiador João Dornas, o primeiro moinho
construído na cidade, teria sido o do senhor Serafim, aproximadamente no ano de
1880 e junto desse, foram sendo construídos muitos mais, tendo uma impressão
excêntrica de aldeia lacustre. O historiador informa que:
Esses moinhos foram causa de muita
briga e muito motim, pois se atribuía ao açude que os movia uma febre maligna
no local. Várias vezes os povos se
reuniram, como em 1910 para arrombar o açude, obrigando os seus proprietários e
as autoridades a pegarem em armas para defender a s suas propriedades.
Nestes últimos anos, depois que a
cidade foi abastecida de força elétrica, esses moinhos foram caindo em ruínas e
desaparecendo. E a grande enchente de abril de 1926, a maior que se tem na
memória em Itaúna, destruiu o restante dessa pitoresca lembrança de Sant´Ana de
São João Acima ... (DORNAS, 1936).
Em fins do século XIX, parte da família
Caetano Moreira se estabeleceram por definitivo no município de Itatiaiuçu na
“Fazenda Medeiros”, cujo irmãos, José Caetano Moreira, Manoel Caetano Moreira e
Antônio Caetano Moreira, deixaram testamento informando ser naturais da
freguesia de Congonhas do Campo e filhos legítimo de Caetano Moreira e Maria da
Conceição, todavia, deixaram grande descendência em Itaúna.
REFERÊNCIAS:
FILHO, João Dornas.
Itaúna: Contribuição para a História do Município, 1936, p.95 a 97.
FAGUNDES, Osório Martins.
Fragmentos de um Passado, 1977, p.624.
ALMANAK: Administrativo,
Civil e Industrial da Província de Minas Geraes, 1875, p.396,397,398. GOMES, Carla Neves Almeida.
MORRO DA QUEIMADA – OURO PRETO: os benefícios da categorização paisagem
cultural para sua gestão. Disponível em: http://www.forumpatrimonio.com.br/paisagem2014/artigos/pdf/141.pdf
. Acesso em: 30/01/2018
Pesquisa, organização e
acervo: Charles Galvão de Aquino. Pós -Graduando em História e Cultura no Brasil Contemporâneo - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
MOINHOS DO PROFESSOR
Professor
Marco Elísio Chaves Coutinho fala sobre a história dos moinhos d’água que existiram na cidade de Itaúna. Os moinhos d'água que dominar…Read More
ITAÚNA: PRAIA DOS MOINHOS
A história dos moinhos d'água em
Itaúna é um fascinante capítulo na trajetória dessa cidade. Nas palavras do
historiador itaunense João Dornas Fil…Read More
MOINHOS DE SANTANA O Professor Marco Elísio Chaves Coutinho enfatiza que "VISITAR A HISTÓRIA" dos moinhos d’água é fundamental para a história do município de Itaú…Read More