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quinta-feira, janeiro 02, 2020

sexta-feira, dezembro 20, 2019

sábado, abril 07, 2018

ITAÚNA: ACERVO ETNOGRÁFICO


O trabalho realizado por Fábio Lopes de Lima em relação ao Museu Etnográfico Antônio Martins de Lima é uma iniciativa notável para a preservação do patrimônio cultural e histórico de Itaúna, Minas Gerais. Fundado em 2000, o museu foi inspirado pela memória do avô de Fábio, Antônio Martins de Lima, que trabalhou na restauração de monumentos históricos. A influência do avô, mestre de obras que colaborou com o SPHAN (atual IPHAN) sob a direção de Rodrigo Melo Franco de Andrade em São João del Rei, foi crucial para a formação do museu.

O principal objetivo do Museu Etnográfico era recolher, restaurar e expor objetos utilizados pelos antepassados da região, proporcionando ao público uma compreensão detalhada do modo de vida, trabalho, e das relações sociais, jurídicas, econômicas, religiosas e culturais ao longo da história. Além disso, o museu aspirava tornar-se um centro de referência para pesquisas histórico-etnográficas, funcionando como um irradiador de conhecimento e formador de conservadores da história local.

Em 2003, o acervo de 312 peças do Museu Etnográfico Antônio Martins de Lima foi tombado como patrimônio protegido pelo município de Itaúna, oficializando a importância do museu e garantindo a preservação de seus artefatos para futuras gerações.

No entanto, lamentavelmente, não há mais informações disponíveis sobre o Museu Etnográfico. Espera-se que algum dia surjam notícias sobre este importante bem material do município de Itaúna, cuja ausência de informações atuais impede a apreciação completa de seu valor cultural e histórico. A continuidade do museu e a atualização sobre seu estado são essenciais para assegurar que seu acervo e a memória cultural que ele representa sejam preservados e valorizados.

O Museu Etnográfico Antônio Martins de Lima, por meio dos esforços iniciais de Fábio Lopes de Lima, representa um compromisso profundo com a preservação da história e cultura locais. A falta de informações atuais sobre o museu é uma perda significativa, e há uma expectativa de que sua relevância e função sejam retomadas e reconhecidas no futuro.

 Acervo que pertenceu ao Museu Etnográfico Antônio Martins de Lima com 312 peças, tornou-se Patrimônio protegido e Tombado pelo município de Itaúna


PATRIMÔNIO PROTEGIDO - ITAÚNA/MG BENS TOMBADOS ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS E BENS MÓVEIS
DENOMINAÇÃO
ENDEREÇO
ANO DE TOMBAMENTO
Acervo do Museu Etnográfico Antônio Martins de Lima (312 peças)
Museu Etnográfico Antônio Martins de Lima
2003

HISTÓRICO
MUSEU ETNOGRÁFICO ANTÔNIO MARTINS DE LIMA
Fundado em 2000, por Fábio Lopes de Lima, natural de São João del Rei, neto de Antônio Martins de Lima, que trabalhou por mais de trinta anos como mestre de obras na restauração de monumentos históricos a serviço do SPHAN, atual IPHAN sob a direção de Rodrigo Melo Franco de Andrade na região de São João del rei.
A lembrança das palavras e a imagem gravada na memória de suas mãos trabalhando na confecção de carros de bois e utensílios rurais exerceram forte influência sobre os ideais da formação de um centro de conservação da nossa história.

OBJETIVOS
a)Recolher, restaurar, expor permanentemente os objetos de uso de nossos antepassados, possibilitando as pessoas observarem o modo de vida e maneira de trabalho, relações sociais, jurídicas, econômicas, religiosas e culturais de nossa sociedade no decorrer de sua história despertando o respeito por aqueles que trilharam com dificuldades o caminho já batido de nossas atividades atuais.
b)Tonar-se um centro de referência de pesquisa histórico etnográfico sendo irradiador e formador de conservadores de nossa história.
O Museu Etnográfico parte agora para a etapa de construção de um local para abrigar o seu acervo e biblioteca e construção de uma capela singela.


Referências:

Relação de Bens Protegidos e Tombados do Município de Itaúna. Disponível em: https://www.itauna.mg.gov.br/arquivos/bens-tombados-itauna_21103603.pdf

Histórico do Museu Etnográfico Antônio Martins de Lima: Acervo professor Marco Elísio, Charles Aquino
Fotografia: Prefeitura Municipal de Itaúna/MG.
Organização e análise: Charles Aquino. Pós-Graduando em História e Cultura no Brasil Contemporâneo – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).



ACERVO MUSEOLÓGICO ITAÚNA

ITAÚNA SÉCULO XIX

O acervo museológico de Itaúna, preservado pelo Coronel Francisco Manoel Franco, era uma coleção impressionante e diversificada que refletia tanto a história local quanto elementos de culturas distantes e épocas variadas. Franco, conhecido por sua hospitalidade e entusiasmo, gostava de compartilhar seu vasto museu com os visitantes, oferecendo-lhes uma visão singular de artefatos raros e curiosidades históricas.

Entre os itens mais notáveis, estavam duas estatuetas esculpidas por Aleijadinho, um tinteiro feito de lavas do Vesúvio, uma taça de Pompéia e uma caixa com a primeira Constituição do Império do Brasil, em letras microscópicas. O acervo também incluía talismãs incas, telas retratando figuras históricas como Napoleão e D. Pedro II, e uma máscara de um rei da China.

Franco também colecionava objetos mais exóticos, como um leque de ouro com as armas do Império em filigrana, e uma vasta coleção de armas antigas, incluindo maças, espingardas e lanças. Suas coleções de borboletas e insetos, assim como uma variedade de moedas romanas e brasileiras, demonstravam um interesse amplo por história natural e numismática.

Livros raros e preciosos também faziam parte do acervo, com obras de autores renomados como Shakespeare, Goethe, Cervantes e uma bíblia do século XVII. Além disso, Franco possuía peças singulares como um armário cheio de joias, louças da China e da Índia, e instrumentos de tortura de escravos, refletindo um período sombrio da história brasileira.

O acervo do Coronel Francisco Manoel Franco não só preservava uma rica herança cultural e histórica, mas também revelava o caráter multifacetado e o espírito curioso de seu proprietário. Seu museu era um testemunho de seu desejo de reviver o passado e apreciar o presente, oferecendo aos visitantes uma janela única para épocas e lugares diversos, tudo isso sob a sombra de sua personalidade marcante e entusiástica.


Quando ainda bem criança, passando pelo “beco do padre João”, minha atenção invariavelmente se voltava para a casa do cel. Francisco Manoel Franco, despertada que era pelo canto estridente de uma araponga na varanda de sua magnífica vivenda, onde também se salientava, pela originalidade, um deslumbrante globo de cristal azul opalescente (CAMARGOS, p.65).

O cel. Franco Chico Franco é amável e tem prazer em mostrar aos visitantes o seu museu de artes. Assim é que com entusiasmo, naqueles gestos de expansões muito seus, nos vai guiando e dizendo:

1) Duas estatuetas esculpidas em madeira por Aleijadinho
2) Um Tinteiro feito de lavas do Vesúvio
3) Uma taça encontrada nas ruínas de Pompéia
4) Uma caixa diminuta com estampa de D. Pedro I, contendo, em páginas e letras microscópicas, a primeira “Constituição do Império do Brasil” 1824.
5) Um talismã de esteatita dos Incas
6) Uma tela feita de cabelos reproduzindo Napoleão em seu degredo, na ilha de Santa Helena.
7) Uma tela de D. Pedro II na Quinta da Boa Vista
8) Uma tela do julgamento da célebre cortesã grega Frinéia no Areópago.
9) Uma tela com moldura artística contendo a fotografia dos 31 membros do primeiro Congresso Nacional.
10) Trabalhos em madrepérola.
11) Uma máscara de um rei da China.
12) Um par de alpercatas, vendidos pela famosa Chica da Palha.
13) Um armário grande e sólido com joias.
14) Um leque de ouro com as armas do Império em filigrana.
15) Objetos em ouro: brincos, braceletes, facas, colheres, garfos, bules açucareiros, coroas e castiçais.
16) Armas: Maças, tacapes, flechas, pequeno canhão, espingardas, dardos, trabucos, mosquetes, bacamartes de mecha, adagas, alabardas (pretorianos do tempo de César), abuses e lanças.
17) Coleções de Borboletas
18) Coleções de Insetos
19) Livros: Humolt, Martius, Saint-Hilaire, Fábulas do Esposo, Walter Scott, Shakespeare, São Tomás de Aquino, Dante com a sua divina comédia, Goethe, Cervantes e uma bíblia do século XVII.
20) Peso padrão que pertenceu a Intendência de Vila Rica usado para pesar ouro.
21) Um livro sendo a 1ª Constituição Política do Brasil, dentro de um estojo de ouro, com 3 centímetros de dimensão.
22) Um álbum com incrustação a ouro das celebridades mundiais, com 360 retratos, colecionados pelo Márquez da Penha.
23)Uma vara do Ouvidor de Sabará, com armas portuguesas e uma lança da Guarda Pretoriana de César com efígie de Nero. 
24) Um tamanquinho com que o cel. João Lima (fundador da fábrica da Itaunense) veio de Portugal 
25) Moedas de cobre do Império Romano e Colônia do Brasil
26) Moedas de prata e de ouro do Império Brasileiro
27) Uma lança autêntica usada por cavaleiros da Idade Média
28) Louças da China e da Índia
29) Uma bengala de madeira feita a canivete
30) Uma caveira de veado com chifres de pelo
31) Dois machados de pedra indígena
32) Uma palma marítima
33) Uma peia de Ferro (Instrumento para tortura de escravos. Constava de uma espécie de algema ou corrente que prendia os pés do escravo).
34) Um Libambo (Que em língua bunda significa corrente que era colocado ao pescoço. Nesta corrente de ferro, vai-se perdendo de pouco em pouco espaço cada um dos pretos escravos da maneira seguinte: pelo anel da corrente no espaço competente fazem os sertanejos, e os do comboio passar um pedaço de ferro e com ele à força de pancada fazem outro anel; e sobrepondo as pontas de ferro uma a outra, fica a mão do escravo presa, e metida nesta nova argola).

O museu do cel. Francisco Manoel Franco é de fato admirável e é também admirável a figura cavalheiresca do seu possuidor. Dentro do seu museu ele revive o passado e goza como nenhum outro o presente. Pois que ele é, na verdade, um emérito gozador da vida (Jornal de Itaúna, 1934). 



Para auxiliar minha pesquisa, foi realizado um levantamento do acervo baseado nas informações das referências bibliográficas e fontes abaixo relacionadas:


Fotografia: Biblioteca Nacional. Disponível em :< http://acervo.bndigital.bn.br/sophia/index.asp?codigo_sophia=80582

FILHO, João Dornas. Itaúna: Contribuição para história do município. 1936,p.34.

FILHO, João Dornas. Efemérides Itaunenses,1951, p.13-14

MOURA, Clóvis: Dicionário da escravidão negra no Brasil, p.164

CAMARGOS, Mozart Smith. Itaúna Humana e Pitoresca: O Museu do Chico Franco, p.65,66.

Jornal: O Estado de Minas. Ouro Preto, 17 de novembro de 1891. Nº 248

Jornal: Província de Minas. Ouro Preto, 5 de dezembro de 1885 N° 294

Jornal de Itaúna. Itaúna, 15 de maio de 1934 nº 83, p.3.

Pesquisa e Organização: Charles Aquino.  Pós-Graduação em andamento pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para o curso de História e Cultura no Brasil Contemporâneo. Possui graduação em História pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) – Divinópolis MG

Colaboração: Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira



terça-feira, abril 03, 2018

MUSEU ITAÚNA (LEI ORGÂNICA)

CAPÍTULO II
 DA EDUCAÇÃO E DA CULTURA
SEÇÃO II
 DA CULTURA


Art. 126 - O Município de ITAÚNA, outrora SANT'ANA DO SÃO JOÃO ACIMA, por seu Poder Público garante, a todos, o pleno exercício dos direitos culturais, para o que incentivará, valorizará e difundirá manifestações culturais da comunidade itaunense, mediante:
I - criação e manutenção do Museu Municipal e Arquivo Público e apoio aos de natureza particular, com verbas e pessoal, desde que integrem o sistema de prevenção da memória do Município, franqueada a consulta da documentação neles existente a quantos dela necessitem;
II - adoção de medidas adequadas à identificação cultural, histórica, natural e científica do Município;
III - adoção de incentivos fiscais que estimulem as empresas privadas a investirem na produção cultural e artística do Município, e na preservação do seu patrimônio histórico, artístico e cultural;
IV - criação e manutenção de espaços públicos equipados para a formação, difusão e pesquisa das expressões artístico-culturais;
V - adoção de ação impeditiva da evasão, destruição e descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, científico, artístico e cultural.
§ 1º - O Município, com a colaboração da comunidade, assume a responsabilidade de proteger o patrimônio cultural por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, por outras formas de acautelamento e preservação e, ainda, de repressão aos danos e às ameaças a esse patrimônio.
§ 2º - Serão tomadas, em lei municipal, determinações que visem à preservação de edifícios, logradouros, documentos-símbolo, literários, musicais e históricos, nomes e sítios de valor histórico ou artístico-cultural para o Município.
§ 3º - Será resguardada a memória histórica do Município, inclusive conscientizando-se a população, especialmente as crianças e os jovens, da necessidade de se respeitarem os valores, acontecimentos, documentos-símbolo e nomes do passado de respeitáveis ancestrais.
§ 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.


"A Lei Orgânica é uma lei genérica e de caráter constitucional. Elaborada no âmbito do município, é consoante às determinações e limites impostos pelas constituições federais e do respectivo estado, tendo sido aprovada em dois turnos pela Câmara de Vereadores, e pela maioria de dois terços de seus membros". (Câmara Municipal de Itaúna)



Registro do Museu Municipal Francisco Manoel Franco em Itaúna realizado por Hamilton Pereira. 

Organização e pesquisa: Charles Aquino

sexta-feira, março 31, 2017

FOTOGRAFIA EM ITAÚNA


HISTÓRIA DOS PHOTOGRÁPHOS EM ITAÚNA

Os trabalhos dos fotógrafos sempre contribuíram para registros históricos, disseminando a socialização na construção do indivíduo. 

Segundo nos informa o historiador e pesquisador, João Dornas Filho, o primeiro photográpho a realizar trabalhos de “freelancer” em Sant’Anna do Rio de São João Acima, hoje Itaúna, foi o italiano José Gallotti no ano de 1885. (DORNAS, p.98). Seus trabalhos eram realizados na “Província de Minas Gerais”, cujo, o período de sua estadia era temporário nas cidades por onde percorria.

O photográpho Gallotti, para o tratamento de suas fotografias, utilizava o processo Gelatno Bromuro (Placa Seca) e Emolsion Gelatine (Filho, p.4).  Este processo envolvia uma placa de vidro, o qual, se coloca uma solução de brometo de cádmio, água e gelatina, misturados com nitrato de prata.

O objetivo era melhorar a sensibilidade da placa seca já emulsionada, cujo, o tempo de exposição para fotografia seria reduzido e criando-se o conceito da Photographia Instantânea (George Eastman Museum). 

A técnica diferenciada de fotografia era inovadora e fez muito sucesso sendo aceito pelos seus clientes.  Nos cartões de fotografias, por trás, haviam marcas e logotipos:  Photographia Artística Italiana de J. Gallotti — Único processo inalterável a pousa instantânea — Emolsion Gelatine — Garantidos.

Ainda no ano de 1885, Manoel Marques da Silveira, Mariano José de Souza e Rogério Cândido de Andrade, do município de Bonfim/MG, expressaram “a mais perfeita estima e amizade” ao jovem Gallotti, escrevendo uma coluna para o jornal Liberal Mineiro, de Ouro Preto:
A César o que é de César
Esteve entre nós, por alguns mezes, o distincto photográpho, o sr. José Gallotti, moço que, a par de uma ilustração vasta e varidada, é senhor de uma educação, polidez, cavalheirismo e nobreza de caracter, que sobremaneira honrão a sua pátria, a terra de Dante; hoje uma das nações adiantadas e bem constituídas, a terra de vários gênios e honrosas tradições — a Itália. Não nos é possível descrever; entretanto, sem ofender a sua modéstia, permita-nos dizer, do alto da imprensa, que a impressão que nos causou, durante sua preciosa presença nesta cidade, é das mais gratas: esta impressão foi geral.
Tão bello é seo procedimento; tão cavalheiro e tão amável — que a todos inspira reaes sympathias; porquanto garantimos que, em qualquer parte que se achar, incontinente conquistará sinceras adesões e amizades, captando os corações de todos pelos laços do affecto e vivas sympathias.
Portanto, em qualquer parte que sua honrada profissão o levar, lhe pedimos que não se esqueça de seos amigos, os quaes, por esta forma, vimos protestar-lhe solemnmente a mais perfeita estima e amisade. Assim, pois, rendendo este público testemunho, apenas cumprimos um mandato que nossos corações, cheios de viva saudade e gratidão, nos impõem. Adeus, amigo Felicidades.
Bonfim, 14 de Junho de 1885.


No artigo sobre a expansão da fotografia em Minas Gerais no século XIX, Arruda (p.247) informa que: no ano de 1888, Gallotti chegava a cidade de Diamantina, anunciando seus trabalhos e informando sobre a qualidade do material fotográfico que possuía, o qual, eram bons e poderiam ser comparados com os da Corte e da Europa.

No acervo de fotos do Arquivo Público Mineiro, através da internet é possível acessar as fotografias que J. Gallotti tirou/revelou nos períodos de 1887 – 1890, em particular, um acervo fotográfico da família Joaquim Bernarda do Pompéu.

Depois dos trabalhos do photográpho J. Gallotti em Sant’Anna, surge Cícero Gonçalves Franco, photográpho e comerciante.  Integrante de uma numerosa família de irmãos — Ordália Gonçalves Franco, Olinto Gonçalves Franco, Democratino Gonçalves Franco, Cezostre Gonçalves Franco, Maria Augusta Franco, Ciro Gonçalves Franco, Modestino Gonçalves Franco, Vicente Gonçalves Franco e Avelino Gonçalves Franco.

Cícero Franco nasceu no distrito Sant’Anna do Rio São João Acima, no ano de 1892 no dia 8 de maio e batizado no dia 27 pelo Vigário Antônio Maximiano de Campos. Foi registrado no dia 4 de julho no Cartório de Registro Civil, Folha nº140v, Livro nº 1, sendo seus padrinhos, o cel. Manoel Gonçalves de Sousa Moreira e Ana Gonçalves de Sousa. Filho do cel. Francisco Manoel Franco e Aurora Gonçalves Franco.

O jovem Cícero tinha sua residência situada à rua Direita, hoje Av. Getúlio Vargas,  no distrito de Sant’ Anna e foi casado com Ana Gonçalves Sousa Moreira, filha de Virgílio Gonçalves de Sousa Moreira e Custódia Gonçalves Sousa, no dia 14 de junho do ano de 1919, no Cartório de Registro Civil, Folha n° 95v, Livro nº 4, o seu falecimento ocorreu no dia 18 de fevereiro do ano de 1976.

Outros photográphos (fotógrafos) vieram e alguns permaneceram “fincando raízes” registrando a história de Sant’Anna e de seu povo: Arthur Mauro, Brasilino Antônio da Silva, Benevides Garcia, Osvaldo, Antônio Gomes ...


REFERÊNCIAS:

FILHO, João Dornas. Itaúna: Contribuição para a História do Município, BH, 1936, p.98.
FILHO, Jorge da Cunha Pereira. Recanto das Letras: História, poesia e fotografia. Fóssil. Disponível em: <http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/3948604.pdf >.
George Eastman Museum: The Gelatin Silver Print – Photographic Processes. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=iSBFrPWPS80 >.
Liberal Mineiro, Ouro Preto, ano VIII, n74, p.3, 25 de junho 1885.
 ARRUDA, Rogério Pereira de. A Expansão da fotografia em Minas Gerais: em estudo por meio da imprensa, 1845 – 1889. Disponível em:< http://dx.doi.org/10.1590/S0104-87752014000100011 >.
Instituto Cultural Maria Castro Nogueira: Genealogia da Família Franco. Orgs. Dr. Alan Penido, Aureo Nogueira da Silveira, Guaracy de Castro Nogueira (in memoriam).
Acervo Fotográfico: Instituto Histórico Pitangui -  IHP
Fotografia: Vandeir Santos / Charles Aquino

PESQUISA E ELABORAÇÃO: Charles Aquino, graduando em História pela UEMG/Divinópolis/MG, 7º período.

quarta-feira, julho 13, 2016

PRIMEIRO MUSEU DE ITAÚNA

O primeiro museu de Itaúna pertenceu ao comerciante Cel. Francisco Manoel Franco, mais conhecido como Chico Franco, cujo acervo situava-se em sua própria residência, no antigo beco do Padre João (hoje Rua cel. Francisco Manoel Franco, esquina com avenida Getúlio Vargas).

O historiador João Dornas Filho informa em seu livro Efemérides Itaunenses que não deixando nunca de atender à sua vocação de antiquário inteligente e arguto, o que lhe permitiu organizar um pequeno museu, no qual se encontravam peças de elevado valor histórico e real, como belíssima coleção de moedas de cobre do Império Romano e da Colônia do Brasil , e moedas de prata e ouro do Império brasileiro; uma lança autêntica usada pelos cavaleiros da Idade Média; uma curiosíssima miniatura da primeira Constituição do Império, contida numa boceta circular para se trazer no bolso; louças da China e da Índia; armas antigas desde o arco e flecha dos selvagens brasileiros até colubrinas e fuzis mais recentes; quadros, bustos, bibelôs, joias, etc.

Sendo o Curador de seu próprio museu, Chico Franco participava de vários eventos relacionados à exibição de objetos de valores histórico, cultural e artísticos. No ano de 1885 em sua cidade natal, Sabará, o antiquário participou de uma Exposição Regional Sabarense, sendo presenteado com uma medalha de prata e menção honrosa por apresentar os seguintes artefatos: Uma bengala de madeira feita a canivete, uma caveira de veado com chifres cobertos de pelo, dois machados de pedra indígena e uma palma marítima [1].

No livro Itaúna: Contribuição Para a História do Município, o historiador João Dornas Filho exibe uma fotografia [2] referente a dois instrumentos de tortura para escravos, que pertenceram ao museu do Chico Franco, sendo estes: uma Peia de Ferro[3] e um Libambo [4].

O cel. Franco, segundo o historiador itaunense Guaracy de Castro Nogueira, foi uma das personalidades mais atuantes do distrito de Sant’Ana do São João Acima (hoje Itaúna), nas duas últimas décadas do século passado. No ano de 1857, aos 6 de janeiro, nascia Francisco Manoel Franco, que mais tarde se casou, em primeiras núpcias, com a senhora dona Amélia Gonçalves de Sousa, vindo a falecer em 1885. Ainda no mesmo ano, desposou a senhora dona Aurora Gonçalves de Sousa, irmã da falecida. 

No ano de 1878, chegava à Sant’Ana de São João Acima (hoje Itaúna), o cel. Franco, tornando-se um comerciante bem-sucedido na cidade, onde conseguiu adquirir um bom patrimônio e fortuna, todavia, prestou à sua terra adotiva os mais assinalados serviços.  No ano de 1889, em 21 de abril, diretamente vinculado ao Centro Republicano de Ouro Preto, o cel. Franco foi eleito primeiro-secretário.

 Aos 20 de julho de 1890, segundo informa o historiador Guaracy, o cel. Chico Franco era um grande apreciador das belas artes e organizou, juntamente com outros companheiros, a Companhia de Teatro Santanense, tendo o objetivo de construir um prédio destinado a apresentações teatrais e outras diversões públicas.

Comerciante bem estruturado na cidade e de visão empreendedora, já no ano de 1891 aos 23 de outubro, em casa do cidadão Antônio Pereira de Matos, situada à rua Direita (hoje Getúlio Vargas), com vários acionistas presentes e demais autoridades da cidade, assinavam e declaravam constituída a primeira Acta da Assembleia Geral de Instalação da Companhia de Tecidos Santannense [5].  Neste momento, o cel. Francisco Franco era empossado no Conselho Fiscal da empresa, mediante o estatuto da companhia, no Capítulo VIII, Art.40, sendo também, um dos acionistas com o número de 50 ações.

Alcançada a emancipação política e instalado o município em 2 de janeiro de 1902, foi nomeado Coletor Federal, cargo este, que exerceu durante várias épocas até a sua aposentadoria. Participou, em 14 de abril de 1918 da fundação do Clube Itaunense, precursor do atual Automóvel Clube, cujo objetivo era proporcionar diversão aos seus associados e manter um salão para leitura.  O cel. Francisco Manoel Franco veio a falecer no dia 27 de novembro de 1941, com 84 anos de idade.


Por Guaracy de Castro Nogueira: História Oral [6]

Segundo Ilca Dornas de Araújo, neta do cel. Francisco Manoel Franco, quando este morreu, o interventor do Estado Benedito Valadares Ribeiro (hoje seria o cargo de Governador do Estado de Minas Gerais) não quis deixar o acervo do coronel saísse do Estado de Minas Gerais. Foi quando veio a Itaúna um conde siciliano e a referida coleção foi negociada verbalmente e levada para São Paulo.

Naquela ocasião, porque a amante do conde tinha fugido com outro e levado do mesmo o dinheiro disponível, este ficou desesperado e suicidou-se. Então, ao invés do acervo voltar ao seu local de origem, foi deixado lá, tomando rumo ignorado. De tudo, ficou esta história talvez não verdadeira, mas bem bolada, como dizem os italianos.

Apreciando a relação das referidas peças, feita pelo escritor João Dornas Filho, concluímos que as mesmas se realçavam principalmente por ser cunho curioso. Portanto ligavam-se sob dado aspecto à arte e História e não condiziam com nosso contexto local e regional, valorizando o que era autenticamente nosso. Numa reunião ocorrida no gabinete do prefeito Osmando Pereira da Silva, foi de nossa iniciativa a proposta de dar ao atual Museu Municipal de Itaúna o ilustre nome de Francisco Manoel Franco.


Acesso ao Acervo do Chico Franco

Vídeo: Registro do Museu Municipal de Itaúna por Hamilton Pereira. 


Referências:
Organização, Pesquisa e Arte: Charles Aquino
Biblioteca Nacional. Disponível em :< http://acervo.bndigital.bn.br/sophia/index.html >
FGV: Fundação Getúlio Vargas: Disponível em< http://cpdoc.fgv.br/acervo/historiaoral
FILHO. João Dornas. Itaúna: Contribuição para história do município. 1936,p.34.
FILHO. João Dornas. Efemérides Itaunenses,1951, p.13-14
LOPES. Nei: Dicionário Afro-Brasileiro, p.133.
MOURA. Clóvis: Dicionário da escravidão negra no Brasil, p.164
Jornal: O Estado de Minas. Ouro Preto, 17 de novembro de 1891. Nº 248
Jornal: Província de Minas. Ouro Preto, 5 de dezembro de 1885 N° 294

[1] Jornal: A Província de Minas, p.1.
[2] A fotografia destes instrumentos poderá ser vista também no site da Biblioteca Nacional no endereço do Link :< http://acervo.bndigital.bn.br/sophia/index.html >, com o título: Instrumentos de tortura para os escravos [iconográfico], do Museu do cel. Francisco Manoel Franco.

[3] Peia de Ferro: Instrumento para tortura de escravos. Constava de uma espécie de algema ou corrente que prendia os pés do escravo. LOPES, Nei: Dicionário Afro-Brasileiro, p.133.

[4] Libambo: Que em língua bunda significa corrente que era colocado ao pescoço. Nesta corrente de ferro, vai-se perdendo de pouco em pouco espaço cada um dos pretos escravos da maneira seguinte: pelo anel da corrente no espaço competente fazem os sertanejos, e os do comboio passar um pedaço de ferro e com ele à força de pancada fazem outro anel; e sobrepondo as pontas de ferro uma a outra, fica a mão do escravo presa, e metida nesta nova argola.

De ordinário é o libambo lançado na mão direita; porque temem os funidores que, ficando livre a mão direita, podem os escravos com outro ferro, ou ainda abrir com pau o anel que os prende. O libambo das escravas é outro; em separado; e soltas as crianças, a que se dá o nome de crias.  MOURA. Clóvis: Dicionário da escravidão negra no Brasil, p.164.

[5] Jornal: O Estado de Minas. Ouro Preto, 17 de novembro de 1891. Nº 248

[6] O QUE É HISTÓRIA ORAL?
A história oral é uma metodologia de pesquisa que consiste em realizar entrevistas gravadas com pessoas que podem testemunhar sobre acontecimentos, conjunturas, instituições, modos de vida ou outros aspectos da história contemporânea. No Brasil, a metodologia foi introduzida na década de 1970, quando foi criado o Programa de História Oral do CPDOC.

As entrevistas de história oral são tomadas como fontes para a compreensão do passado, ao lado de documentos escritos, imagens e outros tipos de registro. Caracterizam-se por serem produzidas a partir de um estímulo, pois o pesquisador procura o entrevistado e lhe faz perguntas, geralmente depois de consumado o fato ou a conjuntura que se quer investigar.

Além disso, fazem parte de todo um conjunto de documentos de tipo biográfico, ao lado de memórias e autobiografias, que permitem compreender como indivíduos experimentaram e interpretam acontecimentos, situações e modos de vida de um grupo ou da sociedade em geral. Isso torna o estudo da história mais concreto e próximo, facilitando a apreensão do passado pelas gerações futuras e a compreensão das experiências vividas por outros.

Fundação Getúlio Vargas: Disponível em> http://cpdoc.fgv.br/acervo/historiaoral