A história dos “Marra”
começa em Nápoles, no coração da Itália, onde, no século XV, a Inquisição
Espanhola espalhava terror entre os judeus da Europa. A “família Marra”, uma “Família
judia italquita”, viu-se forçada a abandonar seu lar, deixando para trás um
legado de cultura e tradição. Andrea Marra, um talentoso violinista e
compositor, foi um dos primeiros a migrar, encontrando refúgio e reconhecimento
em Lisboa, onde serviu à Câmara e Capela Real a partir de 1750.
Jacó Marra da
Silva, nasceu em 1750, na Comarca e termo da Vila de Chaves, Arcebispado de
Braga em Portugal, casou-se com Narcisa Antônia Rodrigues da Silva Rosa. O
Casal teve 9 filhos... A família partiu
de Cachoeira do Campo para a região de Carmo do Cajuru, Minas Gerais. Ele
trazia consigo a força de seus antepassados e o desejo de construir um novo
legado. Jacó se estabeleceu como o primeiro “Marra” na região, criando raízes
profundas e passando seus valores e tradições para as gerações futuras.
Jacó Marra da
Silva faleceu em 1815, em Carmo do Cajuru, deixando um inventário rico em
histórias, guardado no Arquivo Judiciário de Pitangui. Sua descendência seguiu
forte e determinada, com cada geração enfrentando seus próprios desafios e
triunfos...
As mulheres "Marra",
através da sua resiliência e determinação inabaláveis, personificam a
verdadeira essência e o significado do nome da família.
Francisca Marra
da Silva: Trineta de Jacó, que manteve viva a tradição musical da família,
ensinando violino para seus filhos e netos.
Balbina Marra da
Silva, filha de Cristino Marra da Silva, Tetraneta de Jacó, casou-se com Josias
Batista Gomes, descendente de Manoel Gomes Pinheiro, fundador de Carmo do
Cajuru. Com descendência igualmente em Itaúna dos Sousa Moreira Gonçalves.
Gení Batista
Quadros: Pentaneta de Jacó Marra, Mãe de Maria de Fátima, conhecida por sua
generosidade e dedicação à comunidade.
Maria de Fátima
Batista Quadros, sexta-neta de Jacó Marra, cresceu ouvindo as histórias de seus
ancestrais. Inspirada pela coragem de Jacó e pelo talento musical de Andrea,
ela decidiu investigar profundamente suas raízes, revelando um tesouro de
documentos e relatos. Seu trabalho culminou na descoberta do inventário de Jacó
e na ligação da “Família Marra” com os judeus italquitas (judeus da Itália) e
sefaraditas (Judeus Portugal/Espanha).
Muitos membros da
“Família Marra” também se destacaram na política, por exemplo, somente em Carmo
do Cajuru, Minas Gerais, tivemos quatro prefeitos: José Marra da Silva; Jadir
Marra da Silva; Geraldo César da Silva. E na vizinha cidade de Cláudio,
Benjamin Teixeira Marra.
Igualmente,
graças ao seu “tino para o comércio”, grande parte da família sobressaiu com
grande sucesso. Muitos “Marras” estão engajados no ramo do comércio atacadista,
empresas, indústrias diversas, além de redes de supermercados, entre outros, como
por exemplo, a conceituada Rede de "Supermercados Rena" que tiveram
início em Itaúna.
Destacam-se
também alguns membros da “família Marra” e um amigo do grande escritor
Guimarães Rosa, da cidade de Itaguara, Minas Gerais, é personagem de algumas
obras do autor. Inclusive citado no Discurso Inaugural da Academia Brasileira
de Letras, da cadeira de número 2 de Mário Palmério, proferido em 22 de
novembro de 1968.
“Seu Marra - o
bondoso “seu Marrinha”, feitor real, de carne e osso, do grupo de picareteiros
a que pertence o maneiroso Lalino - nem o nome dele, a condição de fiscal na
construção da rodageira, tampouco a paixão por teatrinhos e pantominas
Guimarães Rosa deixou de utilizar. “Seu Marrinha”, que mora hoje em dia em Belo
Horizonte - o nome completo é José Benjamin Marra - relata como o doutor ia, em
horas livres, assistir ao vaivém das carrocinhas de burro do aterro e puxar
conversa com os braçais da estrada. A tentação é muito forte para que se possa
a ela resistir; ouçamos Guimarães Rosa...”
O Instituto
Cultural Maria de Castro Nogueira, em Itaúna, e o Instituto Histórico de
Pitangui, guarda os registros dessa família, lembrando a todos da importância
de conhecer e honrar suas raízes. A expressão "na Marra" ressoa com
um novo significado, simbolizando não apenas a força e a determinação, mas
também a rica tapeçaria de culturas e histórias que compõem a identidade dos
Marra.
A história dos
Marra é um testemunho do poder da resiliência e da importância de manter viva a
memória de nossos ancestrais. Cada membro da família contribuiu com sua própria
nota para a sinfonia de sua linhagem, criando uma melodia que ressoa através dos
séculos.
Referência:
Organização, roteiro e arte: Historiador Charles Aquino
Texto e pesquisa: Poeta e pesquisadora Maria de Fátima Batista Quadros