Segundo o
historiador João Dornas Filho, Felipa era conhecida por sua riqueza e
engenhosidade. A história conta que, em um ato de impressionante generosidade e
estratégia política, Felipa presenteou o Príncipe Regente D. João (futuro Rei
D. João VI) com um "carneirinho" feito de ouro. Este presente
magnífico foi produzido nas lavras de ouro da região das Lavrinhas,
pertencentes a Felipa. Em troca, ela recebeu uma vasta sesmaria que abrangia
Santana e se estendia ao longo do rio São João Acima, alcançando Lavrinhas,
Barreiro, Cajurú, e o Rio Pará.
Embora o
historiador João Dornas Filho reconheça a lenda como altamente implausível
devido ao tamanho exagerado da sesmaria e à existência de documentos que
atribuem as terras a outros proprietários, a história do carneiro de ouro
permaneceu viva na memória dos habitantes locais. A lenda simboliza a astúcia e
a determinação de Felipa Peixota em expandir suas terras e influenciar a
história da região.
A Capela do
Rosário, situada em Santana do Rio São João Acima, também está envolta em
mistério e lendas. Os antigos moradores da vila lembram-se de um tempo em que a
capela seria construída no chapadão dos Capotes. No entanto, devido à
prevalência de doenças na região, decidiu-se erguê-la no morro que hoje é
conhecido como Rosário.
A decisão foi
influenciada por Torquato Alves, um agricultor local, mas a construção da
capela deve-se em grande parte à generosidade de Felipa Peixota. A fazendeira,
que já havia conquistado a fama com o carneiro de ouro, doou generosamente
terras para a construção da capela. A doação incluía terras agrícolas
pertencentes ao Coronel Quintiliano Lopes Cançado. Em 1855, o Coronel registrou
a capela como sua propriedade no livro oficial da paróquia, conforme
estabelecia a Lei de 1850. Esse registro histórico encontra-se hoje arquivado
no APM - Arquivo Público Mineiro.
A capela, situada
no topo do morro, tornou-se um ponto de referência espiritual e cultural para
os habitantes de Santana. Suas paredes guardam segredos e histórias de fé,
esperança e comunidade. As lendas em torno da Fazenda das Peixotas e da Capela
do Rosário são um testemunho da rica "tapeçaria histórica e cultural" de Minas
Gerais, onde realidade e fantasia se entrelaçam, criando um legado que perdura
através das gerações.
História narrada em áudio! Imperdível!
“Rica
Tapeçaria Histórica e Cultural”
O termo "rica tapeçaria histórica e cultural" é uma metáfora que descreve a complexidade e a diversidade das tradições, histórias e expressões culturais de uma determinada região ou comunidade. Esse termo sugere que, assim como uma tapeçaria, onde diversos fios de diferentes cores e texturas são entrelaçados para criar um desenho único, a história e a cultura de uma comunidade são formadas pela combinação de múltiplas influências, eventos e práticas culturais.
A utilização
dessa metáfora em textos e discursos ajuda a enfatizar a ideia de que a cultura
e a história de um lugar não são monolíticas, mas sim uma rica mistura de
diferentes influências que, juntas, criam uma identidade complexa e vibrante.
Por exemplo, no caso da capela mencionada no texto, a "rica tapeçaria
histórica e cultural" de Minas Gerais é formada pelas lendas locais, as
histórias de fé e esperança, e as tradições comunitárias que se entrelaçam para
criar um legado duradouro.
No contexto de
Minas Gerai s— com sua vasta herança cultural e histórica, é um excelente
exemplo de uma "rica tapeçaria". As influências indígenas, africanas
e europeias, combinadas com as histórias das fazendas, igrejas e comunidades,
criam um panorama cultural diversificado e profundo. As lendas e tradições
locais são componentes essenciais dessa tapeçaria, refletindo a forma como a
realidade e a fantasia se entrelaçam na memória coletiva do povo mineiro. Portanto,
o termo "rica tapeçaria histórica e cultural" encapsula a ideia de
uma herança cultural multifacetada e intrincada, que é tecida ao longo do tempo
através das contribuições de muitas gerações e influências diversas.
MEMORIAL JOÃO DORNAS ✅
Referências:
Organização, arte e pesquisa: Historiador Charles Aquino
Fonte impressa: FILHO, João Dornas. “Itaúna: Contribuição para a história do município”, 1936, págs. 14-16.
Testamento Felipa
Peixota: Cx91/Dc3164, 1804. ICMC. Instituto Cultural Maria de Castro.
Fazenda das Peixotas. Itaúna Décadas.