quarta-feira, julho 03, 2024

CARNEIRO DE OURO

Lendas em Torno da Fazenda das Peixotas e da Capela do Rosário. Nos confins de Minas Gerais, na pequena vila de Santana do Rio São João Acima, hoje conhecida como Itaúna, repousa a Fazenda das Peixotas, um lugar repleto de histórias e mistérios. Uma das lendas mais fascinantes envolve a antiga proprietária da fazenda, Felipa Peixota (ou Peixoto), uma mulher de grande coragem e astúcia.

Segundo o historiador João Dornas Filho, Felipa era conhecida por sua riqueza e engenhosidade. A história conta que, em um ato de impressionante generosidade e estratégia política, Felipa presenteou o Príncipe Regente D. João (futuro Rei D. João VI) com um "carneirinho" feito de ouro. Este presente magnífico foi produzido nas lavras de ouro da região das Lavrinhas, pertencentes a Felipa. Em troca, ela recebeu uma vasta sesmaria que abrangia Santana e se estendia ao longo do rio São João Acima, alcançando Lavrinhas, Barreiro, Cajurú, e o Rio Pará.

Embora o historiador João Dornas Filho reconheça a lenda como altamente implausível devido ao tamanho exagerado da sesmaria e à existência de documentos que atribuem as terras a outros proprietários, a história do carneiro de ouro permaneceu viva na memória dos habitantes locais. A lenda simboliza a astúcia e a determinação de Felipa Peixota em expandir suas terras e influenciar a história da região.

 A Capela do Rosário

A Capela do Rosário, situada em Santana do Rio São João Acima, também está envolta em mistério e lendas. Os antigos moradores da vila lembram-se de um tempo em que a capela seria construída no chapadão dos Capotes. No entanto, devido à prevalência de doenças na região, decidiu-se erguê-la no morro que hoje é conhecido como Rosário.

A decisão foi influenciada por Torquato Alves, um agricultor local, mas a construção da capela deve-se em grande parte à generosidade de Felipa Peixota. A fazendeira, que já havia conquistado a fama com o carneiro de ouro, doou generosamente terras para a construção da capela. A doação incluía terras agrícolas pertencentes ao Coronel Quintiliano Lopes Cançado. Em 1855, o Coronel registrou a capela como sua propriedade no livro oficial da paróquia, conforme estabelecia a Lei de 1850. Esse registro histórico encontra-se hoje arquivado no APM - Arquivo Público Mineiro.

A capela, situada no topo do morro, tornou-se um ponto de referência espiritual e cultural para os habitantes de Santana. Suas paredes guardam segredos e histórias de fé, esperança e comunidade. As lendas em torno da Fazenda das Peixotas e da Capela do Rosário são um testemunho da rica "tapeçaria histórica e cultural" de Minas Gerais, onde realidade e fantasia se entrelaçam, criando um legado que perdura através das gerações.

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“Rica Tapeçaria Histórica e Cultural”

O termo "rica tapeçaria histórica e cultural" é uma metáfora que descreve a complexidade e a diversidade das tradições, histórias e expressões culturais de uma determinada região ou comunidade. Esse termo sugere que, assim como uma tapeçaria, onde diversos fios de diferentes cores e texturas são entrelaçados para criar um desenho único, a história e a cultura de uma comunidade são formadas pela combinação de múltiplas influências, eventos e práticas culturais.

A utilização dessa metáfora em textos e discursos ajuda a enfatizar a ideia de que a cultura e a história de um lugar não são monolíticas, mas sim uma rica mistura de diferentes influências que, juntas, criam uma identidade complexa e vibrante. Por exemplo, no caso da capela mencionada  no texto, a "rica tapeçaria histórica e cultural" de Minas Gerais é formada pelas lendas locais, as histórias de fé e esperança, e as tradições comunitárias que se entrelaçam para criar um legado duradouro.

No contexto de Minas Gerai s— com sua vasta herança cultural e histórica, é um excelente exemplo de uma "rica tapeçaria". As influências indígenas, africanas e europeias, combinadas com as histórias das fazendas, igrejas e comunidades, criam um panorama cultural diversificado e profundo. As lendas e tradições locais são componentes essenciais dessa tapeçaria, refletindo a forma como a realidade e a fantasia se entrelaçam na memória coletiva do povo mineiro. Portanto, o termo "rica tapeçaria histórica e cultural" encapsula a ideia de uma herança cultural multifacetada e intrincada, que é tecida ao longo do tempo através das contribuições de muitas gerações e influências diversas.

MEMORIAL JOÃO DORNAS ✅

Referências:

Organização, arte e pesquisa: Historiador Charles Aquino

Fonte impressa: FILHO, João Dornas. “Itaúna: Contribuição para a história do município”, 1936, págs. 14-16.

Testamento Felipa Peixota: Cx91/Dc3164, 1804. ICMC. Instituto Cultural Maria de Castro.

Fazenda das Peixotas. Itaúna Décadas.

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