Lei Municipal 1870/85— CEP: 35681-232
Denomina logradouro público: Rua Monsenhor Hilton / Conjunto Habitacional Jadir Marinho de Faria
O Povo do Município de Itaúna, por seus representantes decreta, e eu, em seu nome sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º — As ruas do Conjunto Habitacional Jadir Marinho de Faria, Zona 08, terão as seguintes denominações:
[...] 03 – Monsenhor Hilton a rua que tem seu início na rua Prefeito Antônio Dornas, passando pelas quadras 18,24,25,26,27, 28 e terminando na rua Dona Sinhá.
Sala das Sessões, em 8 de outubro de 1985
João Viana da Fonseca — vereador
JUSTIFICATIVA
Monsenhor Hilton Gonçalves de Sousa
Estamos em 1912, no último dia 31 de dezembro, nas despedidas do ano velho, que acena para o ano novo de 1913. Nos derradeiros momentos, quando todos festejam a passagem do ano, no velho casarão da Avenida Getúlio Vargas, Dona Custódia de Souza Moreira festeja de um modo todo peculiar, trazendo ao mundo mais um herdeiro, de uma prole numerosa de 15 filhos.
Seu pai, Virgílio Gonçalves de Souza Moreira o deixou muito cedo, com apenas 1 ano e 8 meses. São suas essas palavras: "Como seria bom, se eu pudesse ter conversado e discutido vários assuntos com meu pai".
Menino estudioso, inteligência brilhante, começou seus estudos no Grupo Escolar Dr. Augusto Gonçalves, surpreendeu por sua rara inteligência, ao ser alfabetizado antes dos sete anos, só porque ia à escola com sua irmã, professora, e lá ficava brincando embaixo da mesa. Gostava de trabalhar, nos momentos de folga escolar, no Armazém de seu cunhado Augusto Rodrigues, como também no Armazém de seu outro cunhado Cícero Franco. O menino Hilton transportava também, a correspondência dos correios, fazendo longas caminhadas.
Sentiu vocação para ser padre e, apoiado pela família, principalmente sua mãe e o então vigário Padre Cornélio Pinto da Fonseca. Foi estudar em Belo Horizonte, no Seminário do Coração Eucarístico de Jesus, pelos idos de 1925. Continuava bom aluno, obediente e aplicado. Sentindo, no entanto, dúvidas sobre sua vocação, pediu permissão à sua mãe, para se retirar do Seminário. Claro, essa sua decisão entristeceu muito aos seus familiares, mas foi aceita e respeitada. Fez opção pela carreira de professor indo lecionar em Sete Lagoas. Nessa época escreveu um romance ainda inédito intitulado "A Voz do Coração".
Sua mãe adoeceu e o fez voltar para Itaúna para fazer-lhe companhia nos últimos anos de sua vida. Passou a lecionar Português e Matemática na Escola Normal Oficial de Itaúna. Durante toda a sua vida gostou muito das coisas do campo e, seu tempo livre empregava-o como hortelão, cuidando de uma enorme horta no fundo da sua casa.
Pouco depois da morte de sua mãe, em 1936, o jovem Hilton sentiu novamente o chamado de Deus e, agora, sobe os degraus do Seminário muito mais firme, convicto da vocação e mais ligado à Deus. As dúvidas e as indecisões ficaram para trás. Padre Hilton viveu sua vida dedicada à Deus plenamente!
Seus estudos e orações foram coroados de êxito com sua ordenação em 1944, na Matriz de Sant'Anna, com uma grande festa. Teve por padrinhos seu irmão Manoel Gonçalves de Sousa e o Prefeito da cidade de Itaúna Dr. Lincoln Nogueira Machado. A cerimônia foi oficializada por sua Exº. Revmº. Dom Antônio dos Santos Cabral, Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte.
Veio trabalhar em sua cidade na Paróquia do Coração de Jesus de Santanense, onde seria sua última paróquia. Com seu dinamismo e disponibilidade, dedicou -se inteiramente ao serviço de Deus. Foi um percurso brilhante por suas realizações, tanto no campo espiritual, quanto no administrativo. Homem íntegro, com imensa capacidade de trabalho, sabia ser culto, sem ser pedante; polido, sem ser piegas; forte, sem ser autoritário; profundamente educado, sem ser bajulador.
No dia 20 de fevereiro de 1985 uma avalanche desabou sobre todos nós! Era o último dia de carnaval no Grêmio Paroquial de Santanense, a música tocava alegremente e os foliões dançavam despedindo-se do carnaval. E veio a notícia fulminante, que ninguém esperava ou acreditava: Monsenhor Hilton morreu!
Foi uma morte rápida, como ele sempre desejou! E ele nos deixou! De um momento para o outro ficamos órfãos, perdemos nosso pai. Nunca vimos uma quarta-feira de cinzas tão cinza! O silêncio rolou pelas ruas, os soluços retumbavam, as lágrimas escorreram pelas faces das pessoas incrédulas, tristes, familiares, amigos, enfim, todos que tiveram o privilégio de usufruir de sua companhia e amizade. No momento de sua morte ele estava em sua casa à Rua Acácio Baeta nº 99 em Santanense, com sua sobrinha, quase filha, Marisa Gonçalves de Sousa.
No entanto, sua passagem, em nossa paróquia, nos trouxe imensos benefícios espirituais, já que era preocupadíssimo com suas ovelhas, as quais muito amava. Transmitia a fé e os ensinamentos como ninguém e trabalhou arduamente pelo reino de Deus. Eternamente continuará vivo em nossas lembranças e em nossos corações!
O presente projeto que ora apresentamos aos senhores vereadores dá denominação a logradouros públicos no conjunto habitacional Jadir Marino de Faria. Trata-se de ilustres itaunenses, cuja memórias não devem ser apagadas. Os serviços que prestaram a nossa terra, justificam nossa proposição e desejamos preservar a lembrança destas grandes personalidades.
Sala das Sessões, em 8 de outubro de 1985
José Coelho Neto — Presidente da Câmara
Nomeio relator o nobre colega Geraldo Magela de Assis Oliveira.
Sala das Sessões, 10 de outubro 1985
João José Joaquim de Oliveira — Presidente da Comissão
O presente Projeto de Lei nº 78/85, está em conformidade com a legislação vigente, competindo a esta Casa a sua apreciação
Sala das Sessões
Aprovado em 1ª discussão em 15/10/1985
Aprovado em 2ª discussão em 22/10/1985
Aprovado em 3ª discussão em 23/10/1985
José Simonini Filho — Relator
Milton Nogueira de Oliveira — Membro
José Coelho Neto — Presidente da Câmara
Geraldo Magela de Assis Oliveira — Secretário
Osmando Pereira da Silva — Presidente da Comissão
João José Joaquim de Oliveira — Presidente da Comissão de Justiça
A Comissão de Justiça e Redação nada tem a modificar na redação original do presente projeto de Lei n° 78/85.
Sala das Sessões, em 23 de outubro de 1985
REFERÊNCIAS:
Texto biográfico: Marisa Gonçalves de Sousa
Organização e Elaboração: Charles Aquino.
Acervo: Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira, Charles Aquino.
Fotografia: Antônio Gomes
Acervo e Projetos de Leis dos Logradouros: Câmara Municipal de Itaúna.
Pesquisa: Charles Aquino Patrícia Gonçalves Nogueira.
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