sábado, fevereiro 09, 2019

ESCOLA CELUTA DAS NEVES

ESCOLA PROFESSORA CELUTA DAS NEVES
LEI Nº 775, 06 DE DEZEMBRO DE 1965
O Povo do Município de Itaúna, por seus representantes, decreta e eu, em seu nome, sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Concede os títulos de cidadã honorária de Itaúna às professoras aposentadas Celuta das Neves e Nise Álvares da Silva Campos, de acordo com a Lei Municipal que regula a matéria.
Art. 2º Revogadas as disposições em contrário, esta Lei entrará em vigor, na data de sua publicação.
Mando, portanto, a todas autoridades, a quem o conhecimento desta Lei pertencer, que a cumpram e a façam cumprir tão inteiramente como nela se contém e declara.

Prefeitura Municipal de Itaúna, 06 de dezembro de 1965
Milton de Oliveira Penido — Prefeito Municipal


BIOGRAFIA
Celuta das Neves nasceu em 12 de novembro de 1885 em Passagem de Mariana (distrito do município de Mariana – Minas Gerais), filha de Augusto de Faria Neves e Sebastiana Neves.
Formou-se normalista pelo Colégio Providência de Mariana em 1900 e lecionou na cadeira de francês no período de 1901 a 1907. Em janeiro de 1908 foi nomeada, pelo então governador João Pinheiro da Silva, professora primária em Pequi- MG, onde lecionou de 1908 a 1919. Foi transferida em 1919 para Itaúna- MG.
Em Itaúna foi professora primária de 1920 a 1942 quando se aposentou, sendo que nos últimos anos de sua carreira ocupou o cargo de vice-diretora no Grupo Escolar Dr. Augusto Gonçalves. Também ministrou aulas particulares de 1920 até a véspera de sua morte
 Segundo Silva (2018), sua mãe Deolinda Alves de Oliveira foi aluna de Celuta das Neves na zona rural, onde a mesma lecionava voluntariamente para crianças que não tinham condições de frequentar escola na cidade e, inclusive, doava materiais escolares para esses alunos.
Casou-se em 17 de agosto de 1913, em Pequi, com José Lopes de Oliveira e residiu em Itaúna até seu falecimento. Teve cinco filhos:
  • Maria Edna de Oliveira, professora do Grupo Escolar Dr. Augusto Gonçalves, nascida em 14 de março de 1915 e falecida em 12 de outubro de 1948.
  • Dora Alice de Oliveira, nascida em 05 de janeiro de 1919 e falecida em 10 de maio de 1927.
  • Eni de Oliveira, nascida em 22 de setembro de 1922 e falecida em 10 de maio de 1927.
  • Nise de Oliveira, nascida em 17 de novembro de 1927, falecida em 25 de setembro de 1962 em Belo Horizonte e sepultada em Itaúna. Lecionou no Grupo Escolar João Pinheiro em Belo Horizonte e no Grupo Escolar Dr. Augusto Gonçalves em Itaúna. Foi casada com Antônio Francisco, titular do Cartório do 5° Ofício de Belo Horizonte.
  • José Lopes de Oliveira Filho, nascido em 27 de setembro de 1924 e falecido em 03 de setembro de 2012. Trabalhou como fiscal de rendas do Estado, residiu em Itaúna e foi casado com Haideé Silva Oliveira.

FATOS MARCANTES
Segundo relato de Oliveira (2018), nora de Celuta, Dora e Eni faleceram no mesmo dia, uma de pneumonia, outra atropelada a caminho da igreja, vestida de anjo, para coroar Nossa Senhora.
Recebeu o título de Cidadã Honorária pelo decreto n° 775 de 06 de dezembro de 1965 da Câmara Municipal de Itaúna.
Celuta não teve netos e faleceu em Itaúna em 05 de junho de 1968.
 Em 1974 Celuta foi homenageada com seu nome em uma escola, construída no bairro de Lourdes em Itaúna, que denominou-se Escola Estadual Professora Celuta das Neves (Polivalente).
Em 1994, a escola foi municipalizada e passou a chamar-se Escola Municipal Professora Celuta das Neves, eternizando, assim, o nome dessa ilustre professora que muito fez pela educação em nossa cidade.
Projeto Patrimônio
Escola Municipal Professora Celuta das Neves
Relatório das Atividades Desenvolvidas
          O Projeto Patrimônio da E. M. Profª. Celuta das Neves foi desenvolvido pelos alunos, mediadores, facilitadores e articuladora do Projeto Tempo Integral, no período de junho a setembro/2018 e o tema escolhido foi a biografia da professora Celuta das Neves.
Foram realizadas as seguintes atividades:
  • Cursos de capacitação sobre patrimônio para os articuladores, mediadores e facilitadores do Projeto Tempo Integral;
  • Palestra sobre patrimônio com o professor Geraldo Fonte Boa para os alunos do Projeto Tempo Integral;
  • Escolha do tema desenvolvido;
  • Pesquisas de acervos e documentos,
  • Entrevistas com familiares e comunidade;
  • Exposição dos trabalhos dos alunos (releitura da foto da Celuta das Neves), mosaicos confeccionados na oficina de Desenho Artístico, com o facilitador Túlio;
  • Excursão dos alunos e mediadoras a alguns dos patrimônios de Itaúna, acompanhados do professor Geraldo Fonte Boa, que contou um pouco da história de cada um dos pontos visitados;
  • Montagem da biografia (dados, relatos e fotos);
  • Divulgação da conclusão do trabalho na escola (exposição da biografia).
Esse projeto foi muito interessante e de grande valor para a escola, que apesar de receber o nome dessa ilustre professora, poucos conheciam a história da Celuta das Neves.
  Itaúna, 19 de novembro de 2018
Cristiane Nogueira Santos Rodrigues
Articuladora do Projeto Tempo Integral


UMA GRANDE EDUCADORA
Luiz Otávio RABELO*
Ah, se me lembro! Lembro-me, sim, dessa admirável mulher, dessa incomparável educadora, cuja influência em minha formação educacional foi simplesmente estupenda.
Morena, simpática, elegante no trajar-se, de sorriso franco e olhares firmes, dona Celuta deixou, em minha sensibilidade de adolescente, a imagem de uma pessoa extremamente bondosa, inteligente e culta.
Ela foi para mim uma grande orientadora na minha carreira acadêmica, pois que tive com ela, durante três anos, aulas de português e matemática, antes de ingressar no Colégio Santana.
Como disse, dona Celuta era uma dessas pessoas que irradiam bondade e segurança. Era uma pessoa especial, um ser iluminado. Seus alunos se sentiam bem na sua presença e encantados com suas aulas particulares. Os livros de seu manuseio eram de autoria dos membros autores da época — Arthur de Almeida Torres, José de Oiticica, Otelo de Sousa Reis, Antônio Trajano, Ari Quintela, etc.
Foi professora e vice-diretora da Escola Estadual Augusto Gonçalves, de modo que, quando a conheci, ela já se havia aposentado e recolhido às lides do lar. Nos intervalos de seus afazeres domésticos, dava aulas particulares em sua residência, localizada na rua Godofredo Gonçalves;
Foi quando meus pais me colocaram sob os cuidados educacionais da veneranda mestra. Eu já estava bem crescidinho e precisava trabalhar. Eles queriam que eu arranjasse um emprego, preferencialmente, num escritório, sonho dourado das mães de menor poder aquisitivo do passado.
Por isso, era necessário que eu tivesse bons conhecimentos de português, matemática e datilografia. Assim, aos 14 anos, lá fui eu estudar com dona Celuta, dando a pé 8 km por dia (vinda e volta), porquanto eu morava em Santanense, perto de onde é hoje a Escola Estadual Dona Judith Gonçalves.
Aliás, naquelas “priscas eras”, muitos jovens da sociedade itaunense procuravam a escolinha de dona Celuta para aprender ou melhorar seus conhecimentos. Não havia colégio para meninos naquela época. Eu não pertencia à elite local. Pelo contrário, meu habitar social era outro.
Filho de ferroviário e operária da fábrica do bairro, eu vinha de Santanense, para aprender com dona Celuta o caminho do futuro. Graças a Deus, aprendi muito com minha saudosa mestra, na companhia de meus colegas e amigos, como os irmãos Osvaldo e Moacir, do Serafim Moreira, Maria José do Jubito e seus irmão Evandro, Antônio Calambau, Neguita, etc.
Dona Celuta era natural de Mariana – MG, onde nasceu, em 12 de novembro de 1885. Casada com José Lopes de Oliveira, alfaiate, que foi Juiz de Paz de Itaúna. O casal teve seis filhos.
Pois bem! Dona Celuta foi, como disse, uma mulher e tanto. Uma dessas pessoas que jamais se apagará de nossa memória, porquanto foi grande demais para ser esquecida.
Aliás, quem poderia esquecer uma pessoa que deu a seus contemporâneos tão belos exemplos de dignidade humana? Por isso, foi, com grande carinho, que o povo de Itaúna, através da Câmara de vereadores, lhe outorgou, o título de Cidadã Honorária de Itaúna.
Esse mesmo povo, com redobrada admiração pela sua fecunda obra educadora, colocou seu nome como patrona de uma das melhores escolas do Município, localizada no Bairro de Lourdes — Escola Municipal Professora Celuta das Neves. Essa é uma das mais justas homenagens prestadas à sua memória. Ela deu seu recado, no seu tempo, com simplicidade, dedicação e inteligência, que dignifica a mulher de todas as épocas.
A Professora Celuta das Neves faleceu em Itaúna em 5 de junho de 1968, aos 83 anos.
* Professor e funcionário da Secretaria Municipal de Educação e Cultura — SEMEC

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DO PROJETO DA ESCOLA CELUTA
RODRIGUES, Cristiane Nogueira Santos:  Articuladora do Projeto Tempo Integral.
ACERVO Escola Municipal Doutor Augusto Gonçalves, acesso em agosto de 2018.
FARIA, Maria Aparecida Morais Faria. Entrevista concedida a Cristiane Nogueira Santos Rodrigues. Itaúna, agosto de 2018
OLIVEIRA, Haideé Silva Oliveira. Entrevista concedida a Cristiane Nogueira. Itaúna, agosto de 2018.
PROJETO Político Pedagógico da Escola Municipal Professora Celuta das Neves, 2015.
REGIMENTO Escolar da Escola Municipal Professora Celuta das Neves, 2012.
SILVA, Cláudia Aparecida de Oliveira. Entrevista concedida a Cristiane Nogueira Santos Rodrigues. Itaúna, agosto de 2018.

REFERÊNCIAS DO BLOG ITAÚNA DÉCADAS
ORGANIZAÇÃO PARA SITE/BLOG: Charles Aquino
COLABORADORA:  Cristiane Nogueira Santos Rodrigues Articuladora do Projeto Tempo Integral
COLABORADORA: Larissa Nathalia – Escola Municipal Professora Celuta das Neves
RABELO, Luiz Otávio: Jornal Diário Mineiro, Itaúna, terça-feira, 06 de janeiro de 1998, p.02. (Acervo Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira – ICMC)
ACERVO: Fotografia Dona Celuta das Neves – Escola Municipal Professora Celuta das Neves
PLACA/ARTE: Dionisio Codama, São Paulo, Brasil, (Retirado da internet).
LEI MUNICIPAL E BRASÃO DO MUNICÍPIO : Prefeitura Municipal de Itaúna

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