domingo, dezembro 31, 2017

ANO NOVO, VELHOS E NOVOS AMIGOS

Passei por um atropelo nos últimos dias. O meu coração, safenado, cheio de stents e outras maravilhas da moderna medicina, por pouco não me prega uma peça no dia de Natal. Tenho um axioma próprio que diz o seguinte: capeta só aparece para quem quer e dependendo do destinatário, o asmodeus aparece de forma mais branda. Foi o que me aconteceu.
Senti mal na casa de minha filha numa região mais próxima do Biocor. Chamaram a ambulância do condominio e em três tempos eu estava hospitalizado. Fui em companhia de meu filho, um craque em todas as expertises. É o próprio homem que sabia javanês, do insuperável conto de Lima Barreto. Mal-estar, sudorese e outros achaques. Nada que um bom hospital é uma bela equipe não resolvam. Eis- me hoje em casa, junto com filhos e netos. Deverei passar por outra cirurgia de peito aberto. Nada impossível para alguém que tem fôlego de vários gatos.
Farei a cirurgia ainda em janeiro, há tempo de terminar a biografia de minha mãe, que vou lançar com pompa e circunstância em Itaúna, no mês de março. Deus é grande e N.Sra. é uma baita.
Escrevo em louvor aos amigos novos e velhos. Os velhos certamente se reconhecerão. Os novos, cito de per si. Charles Aquino e Luiz Mascarenhas, que muito me ajudaram na pesquisa sobre d.Graciana. Agradeço a Patrícia Nogueira, amiga nova que ainda não conheço pessoalmente, mas como já disse, a conheci desde o flerte do Dr. Guaracy e a d.Ivete. Agradeço a velha amiga e colega, grande escritora Maria Lúcia Mendes, que não responde a e-mails .
Agradeço a Berenice, mulher do Tarefa, uma das componentes do grupo " As Graciosas da Graciana.  Agradeço ao Pedro Butão e a sua mulher, prima de meu amigo Pedro Edson. Ao Marcinho, de quem não tenho e-mail e todos os outros que de tempos em tempos se reúnem no Gula e Gole. Vocês e a cidade de Itaúna me ajudam a encarar nova cirurgia e tudo mais que vier. São amigos sinceros e desinteressados em um tempo de tanta deslealdade. Feliz ano novo a todos. Que Deus os abençoe e nos preserve para que possamos praticar o saudável exercício de jogar conversa fora. A melhor toilette mental em tempos de "Mal de Alzheimer".
Urtigão

Ps.: Em tempo: estava me esquecendo do Renilton e sua heroica Folha do Povo)


Urtigão (desde 1943) é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, que viveu em Itaúna nas décadas de 50 e 60. Causo verídico enviado especialmente para o blog Itaúna Décadas em 31/12/2017.

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terça-feira, dezembro 26, 2017

FELIZ ANO

Prof. Luiz MASCARENHAS*

  Outro dia, navegando pela Internet, deparei-me com um interessante texto, atribuído a Drummond: “Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão”. Contudo, ao verificar no site oficial do poeta Carlos Drummond de Andrade, constatei a inverdade: este escrito não é da autoria do mesmo. E isto acontece amiúde. Feitas estas considerações literárias, passemos ao cerne da questão: as fatias do tempo e a nossa existência espraiada sobre o mesmo.

No Livro do Eclesiastes podemos ler: “Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de planta e tempo de arrancar o que se plantou” (Ecl. 3:1,2). Assim se transcorre a nossa existência: feita de nossas próprias escolhas e que em dado momento, passamos a colher os frutos das mesmas; ora doces, ora amargos...

Ora, tudo no mundo em que vivemos é obra do pensamento humano. Ou seja, existe o mundo físico, real e o mundo dos significantes e significados que o próprio homem imaginou. Não estou aqui eximindo a ideia do Deus Onipotente e Criador de tudo, mas, milhares de questões foram resolvidas pelas interpretações, significados e simbolismos outorgados pelo próprio ser humano.

Uma dessas questões é o próprio tempo, sobre o qual falamos. Temos notícia de tentativas de medições e organização do tempo em calendários há milênios. No ano 46 a.C., Júlio César promoveu uma reforma do antigo calendário lunar e fixou o ano com 365 dias e 12 meses e este vigorou até o séc. XVI da Era Cristã. Por volta do ano de 1582, o Papa Gregório XIII reuniu um grupo de especialistas para corrigir o calendário juliano. O objetivo da mudança era fazer regressar o equinócio da primavera para o dia 21 de março e desfazer o erro de 10 dias existente na época. Trata-se do famoso calendário gregoriano, ainda utilizado por milhares de países até os dias que correm.

 Portanto, por entre números e datas e comemorações e efemérides, escoa a existência humana sobre a Terra. E o viver requer de nós esperanças. E ainda há os que vivem (pouquíssimos) e a imensa maioria que apenas sobrevive...

  Ao observar o burburinho, a correria, a afoiteza das pessoas nesta época – transeuntes do tempo e do espaço; assoberbados de “nada” e atarefados de grandes “vazios”; impõe-se a reflexão sobre o desafio de se estar vivo e de dotar esta vida de razões, de significados e a partir desta instrumentação ser capaz de sorrir, de amar, de sentir ou de apenas ver o vento passar...

Pois como diria Fernando Pessoa: “`as vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido ”.

         Feliz Ano! Novo ou velho, dependerá da acuidade de sua escolha e vontade.





*Professor, Historiador, Escritor / Da Academia Itaunense de Letras.




Acervo: Shorpy


segunda-feira, dezembro 25, 2017

DOCES DE NATAL


Os doces do Natal do meu tempo eram variados e feitos com fartura. Doces de frutas, seguiam mais ou menos a disponibilidade delas na época. Doces de figo em compota ou cristalizados, doces de mamão espelhado ou ralado, de laranja da terra, de cidra e compotas de goiaba. Goiabadas eram feitas para durar mais tempo. Embrulhadas na palha de banana, duravam por um bom período. O mesmo era feito com as bananadas e as marmeladas. Esse último, praticamente desapareceu. Resultado de pragas nos marmeleiros. Ensaiam uma volta tímida.
O doce de Natal, por excelência eram as rabanadas. Quase uma unanimidade, encontradiço em vários países do mundo, com nomes variados. No Brasil andou perdendo terreno para os panetones, moda importada da Itália. O panetone típico é uma espécie de pão doce, com uva passa e frutas cristalizadas. As vezes pode levar um pouco de licor, rum ou vermute. Os de chocolate, por sinal, muito doces, são tipicamente brasileiros.
A rabanada é um doce fácil de fazer e tem um sentido quase religioso. Aproveita as sobras do pão, um alimento ancestral, citado nas Escrituras e venerada antigamente como algo sagrado.
Conforme promessa, aí vai uma receita de rabanada, feita ao meu modo.
Ingredientes:  uma bisnaga " dormida " de mais ou menos 500 gramas; canela em pau e em pó e cravo da Índia; açúcar cristal açúcar de confeiteiro. Se não tiver, serve açúcar refinado; leite frio; quatro ovos; um cálice de conhaque, licor ou vinho do Porto.
Modo de fazer: corte o pão em rodelas de mais ou menos um dedo de largura. Embeba as rodelas no leite e na calda, preparada anteriormente com açúcar cristal, canela em pau e cinco dentes de cravo da Índia. Quando estiver em fervura, coloque o conhaque ou substituto. Depois de embeber as rodelas de leite, despeje um pouco de calda em cada uma delas e deixe descansar. Tomar cuidado para o pão não absorver muito leite ou calda. Não pode desmanchar. Bata os ovos, claras e gemas. Em seguida, mergulhe as rodelas de pão nos ovos batidos. Devem ser passadas no ovo dos dois lados.
Frite as rabanadas em óleo bem quente, tomando cuidado para não tostarem demais. Retire com a espumadeira e coloque na travessa forrada com papel absorvente. Polvilhe as rabanadas com açúcar de confeiteiro ou refinado, misturado com canela em pó.
O doce é muito bom e permanece delicioso até o dia seguinte. Sirva-se, ofereça aos convidados e um Feliz Natal.
Nota: aprendi fazer rabanadas com minha mãe, Graciana Coura de Miranda.


FONTE:
Shorpy Fotografia : Mulheres em uma aula de culinária no Hampton Institute em Hampton, Virginia. Fotografia de Frances Benjamin Johnston, c. 1899.
Rico em história, mergulhado na tradição, a Universidade de Hampton é uma instituição dinâmica e progressiva de ensino superior, que oferece uma ampla gama de programas técnicos, de artes liberais e de pós-graduação. Além de ser uma das melhores universidades historicamente negras no mundo, Hampton University é uma comunidade fortemente unido de alunos e educadores, que representam 49 estados e 35 territórios e nações.
A instituição historicamente negra, Hampton University é comprometida com o multiculturalismo. A Universidade atende alunos de diversas origens nacionais, culturais e económicas. Desde os seus primórdios até o presente, a instituição tem matriculados estudantes dos cinco continentes - América do Norte, América do Sul, África, Ásia e Europa - e muitos países, incluindo o Gabão, Quênia, Gana, Japão, China, Armênia, Grã-Bretanha e Rússia, bem como as ilhas havaianas e do Caribe e numerosas nações indígenas americanos. Colocando seus alunos no centro do seu planejamento, a Universidade oferece um ambiente educacional holística.


TEXTOUrtigão (desde 1943) é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, que viveu em Itaúna nas décadas de 50 e 60. Causo verídico enviado especialmente para o blog Itaúna Décadas em 25/12/2017.
ORGANIZAÇÃO E PESQUISA: Charles Aquino


quinta-feira, dezembro 21, 2017

CELEBRAÇÕES NATALINAS


Uma das maiores tradições do Natal desapareceu em decorrência da violência que assola o Brasil.

Era a Missa do Galo, celebrada do Oiapoque ao Chui, nas igrejas católicas do Brasil. Missa celebrada a meia noite, com frequência garantida de quase todos os habitantes.

As crianças ficavam em casa. Meia noite era muito tarde mesmo para adultos. Tão importante que dá causa e titulo a um dos melhores contos da língua portuguesa. Escrito por Machado de Assis, é uma obra prima.

As ceias eram esparsas. Importante mesmo era o almoço do Dia de Natal. Frango assado, leitão pernil e raramente, o peru. A ave era mais ou menos rara e poucas pessoas criavam o bicho em cativeiro.

Morto na cozinha da casa, carecia de uma dose de cachaça na véspera do abate. Diziam que era para amaciar a carne. Lembro-me do Rameh.

Machado conta a história de um peru degolado em sua casa. Atendendo ao pedido de sua mãe, dona Elza, foi dar a dose para a ave. Gostou da incumbência e deu uma dose e bebeu outra. 

Ao fim e ao cabo, quase esvaziaram a garrafa. Ele é o seu novo companheiro de gole. O peru " apagou”. Coma alcoólico. Morreu anestesiado.

Almoço de Natal tinha além das carnes, arroz de forno macarronada tutu de feijão com linguiça. Cada casa comia o que estivesse dentro de suas posses. Famílias grandes, todos ao redor da mesa, festejando o nascimento do Nazareno.

Vinho frisante Michelon ou Sangue de Boi, de garrafão. Cerveja preta, malzbier. Bebidas destiladas eram raras. Uísque, nem pensar.

Os presentes eram também escassos. O dinheiro era curto para a maioria. Quem ganhava uma bola de couro ou uma bicicleta Philips, inglesa, eram poucos. Coisa de gente rica. Carrinhos de lata ou de madeira. Os que andavam por conta própria eram movidos a corda, tal qual relógios.

O Papai Noel era lenda pagã, desaconselhada pela Santa Madre Igreja. Árvores de Natal também eram raras. Abundância de presépios, inclusive nas igrejas.

Grutas feitas de pano, engomado com grude de polvilho azedo e polvilhadas de pó de pedra e malacacheta. Uma belezura. O Deus menino deitado numa caminha de serragem.

José e Maria ajoelhados em torno da manjedoura e os três reis magos mais afastados. Um deles era negro. Sinal que naqueles tempos, nada de racismo.

Carneiros, bois e os camelos dos magos que atravessaram o deserto para render homenagem ao judeu recém-nascido.

O Natal era uma festa da família, de confraternização em torno de valores cristãos.

As sobremesas eram um caso à parte. Num próximo texto descrevo algumas e passo uma receita de doces natalinos. Prometo.



Texto: Urtigão (desde 1943) é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, que viveu em Itaúna nas décadas de 50 e 60. Causo verídico enviado especialmente para o blog Itaúna Décadas em 21/12/2017.
Organização: Charles Aquino

Acervo: Shorpy




quarta-feira, dezembro 20, 2017

MÉDICOS DE 50



Minha família mudou-se para Itaúna em 1951. Mais precisamente em fevereiro. Ficamos uns dois meses no Hotel do Sinval, na rua Estrada de Ferro, ao lado da estação ferroviária. Eu tinha sete anos e vivia às voltas com uma amigdalite que sempre me levava para a cama. Vindo de cidades menores, sem médicos, em Itaúna eles já eram fartos.
Se a memória não me trai, o primeiro que conheci foi o dr. José Drumond. A penicilina era o " santo milagroso " e era receitada sem limites. Medida em milhares de unidades e administradas com injeções. Fiquei milionário em antimicrobianos. Lembro-me também do dr. Thomaz Andrade, com consultório na rua Arthur Bernardes. Vizinho do dr. José Campos, este, também professor de Filosofia na Escola Normal. Na mesma rua morava o dr. Coutinho, ex-prefeito, casado com a d. Nair, então diretora da Escola Normal.
O dr. Ademar morava na rua Antônio de Mattos e o dr. Virgílio numa casa senhorial na mesma rua do Ginásio Sant’Ana. O Dr. Hely Gonçalves morava na rua Capitão Vicente. Se não me engano, era ginecologista e obstetra.
Inesquecível para toda a família, foi o dr. Oliveiros Rodrigues. Natural de Itaguara, entrou na nossa vida um ou dois anos depois de nossa chegada. Casado com a d.Marta de Oliveira Guimarães, diretora do Grupo Escolar dr.Augusto Gonçalves. Tornou-se grande amiga de minha mãe e o seu marido, amigo de meu pai.  Frequentaram-se durante anos e anos. Nos sábados, o casal ia na nossa casa. No domingo, a visita era retribuída.
O dr. Oliveiros, sem desdouro para os outros citados era um excelente profissional. Formado em Farmácia e posteriormente em Medicina, na antiga Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Colega de turma do político paulista Adhemar Ferreira de Barros. Era também um ótimo " papo", frequentou rodas boêmias no Rio de Janeiro e entre suas proezas, nos contou que foi namorado de Aracy de Almeida, a maior intérprete de Noel Rosa, segundo os entendidos. Aliás, Noel Rosa também começou a estudar Medicina. Trocou o estetoscópio e o bisturi pela boemia e música. Morreu tuberculoso.
Dr. Oliveiros e d.Marta não tinham filhos. Nós, eu e meus irmãos éramos tratados como tal. Por ter sido bom boêmio, entendia bem os nossos excessos juvenis. Que Deus o tenha.

Texto: Urtigão (desde 1943) é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, que viveu em Itaúna nas décadas de 50 e 60. Causo verídico enviado especialmente para o blog Itaúna Décadas em 19/12/2017.
Acervo: Shorpy


sábado, dezembro 16, 2017

GENEALOGISTAS ITAUNENSES

GENEALOGIA DESCOBRE OS LÍDERES DE NOSSAS
COMUNIDADES

 A palavra Genealogia provem da junção dos radicais gregos GEN(E), geração, LOG(OS), estudo, e o sufixo IA, ciência. Esta ciência que é o estudo das gerações que nos antecederam, é dentre os ramos do saber, a que se refere às famílias, estudando-lhes as origens, descrevendo-lhes as gerações, mostrando sua evolução e traçando, embora, resumidamente, a biografia das pessoas que as integram.

Os autores estão acordes em ser a Genealogia, hoje, um ramo difícil da História. Os trabalhos genealógicos, dados o método e o rigor exigidos na Historiografia, são todos muito complexos, pois que neles se utilizam elementos de várias ordens e espécies. Não se emprega, nesses trabalhos, apenas a documentação das famílias e fontes de referências à linhagem ou membros que as compõem, mas se baseia também no material histórico, que dá a linhagem exata da família. E do meio em que está inserida, indicando as influências que nele exerce, ou dele recebe e, ainda, seus feitos e realizações.

A investigação genealógica não tem limites. Modernamente, vai até mesmo aos caracteres fisiológicos e psíquicos dos indivíduos componentes da chamada "árvore genealógica", procurando conhecer-lhe a etiologia. Nosso trabalho hoje, aqui, mão tem esta abrangência. Antigamente a Genealogia não se revestia do rigor que se tem no presente, porque a história sofria a falta de método científico, manifestado na seleção das fontes, na avaliação da relatividade de seu valor, na forma expositiva e na citação documental. Fazia-se genealogia ao sabor de fatores pessoais e subjetivos.


GENEALOGIA É ATIVIDADE SÉRIA:
DUAS IMPORTANTES E FUNDAMENTAIS GENEALOGIAS

Pesquisando a monumental obra dos primeiros genealogistas brasileiros, Pedro Taques de Almeida Paes Leme, e sua "Nobiliarquia Paulistana, Histórica e Genealógica", 02 volumes, e Luiz Gonzaga da Silva Leme, em sua "Genealogia Paulistana", 09 volumes, entre todas as famílias estudadas, nos vários e preciosos títulos, destacamos, a título exemplificativo, algumas das principais matrizes da formação dos povos que, a partir da presença de Martim Afonso de Sousa em terras brasileiras, se espalharam pela Capitania do Rio, São Paulo e "Minas Gerais dos Cataguá".

Sabe-se que da enorme obra de Pedro Taques, de imenso valor documentário, ignora-se o paradeiro de 77 títulos de que faz menção o autor. Silva Leme, mais sóbrio como genealogista, não se limitou a descrever somente as famílias da nobreza formada de brasões, mas incluiu muitas outras oriundas de troncos humildes, meros povoadores que se tornaram nobres pelos seus feitos e cooperação no engrandecimento da terra paulista.

Abordou, em 52 títulos, famílias diversas que vieram, na maior parte, nos princípios da povoação de São Vicente e São Paulo, e poucas no fim do século XVI e princípio do XVII, em oito volumes de 550 páginas cada um, acrescidos, mais tarde, de um nono, contendo re-ratificações de sua monumental obra. Eis, em ordem alfabética, os 12 títulos escolhidos por nós, para demonstrar o início da presença portuguesa no Brasil, com repercussão em Minas Gerais.


TRONCOS PORTUGUESES EM MINAS GERAIS

Temos estudado muitas outras genealogias, chegando sempre a troncos portugueses. Estivemos em Portugal por quatro vezes. As duas últimas, em busca dos antepassados de famílias mineiras. Assim, descobrimos de nossa região, entre outras, as seguintes famílias:

ABREUS E SILVAS: vieram da freguesia de São Pedro, na vila de Óbidos (Leiria) e a partir de Mariana, ofereceram a Minas uma plêiade de filhos ilustres. AIRES GOMES: de São Felix de Gondifelos (Vila Nova de Famalicão), deram a Minas Gerais o fundador da cidade de Santos Dumont, outrora Palmira, o reinol JOÃO GOMES de cuja bisneta FRANCISCA CANDIDA DE LIMA, casada com FRANCISCO COELHO DUARTE BADARÓ, nasceram políticos ilustres, ministros que vêm projetando a família BADARÓ no cenário mineiro. O bisneto FRANCISCO DE PAULA LIMA casando com FRANCISCA BENEDITA MONTEIRO DE BARROS, filha do Visconde de Uberaba (Nhanhá da Cachoeira), 18ª neta do Barão de Paraopeba, uniu os descendentes de JOÃO GOMES aos Monteiros de Barros.

ANDRADAS: a partir do português coronel JOSÉ RIBEIRO DE ANDRADA, de Santos, São Paulo, os ANDRADAS entraram na História do Brasil com os três irmãos: o Conselheiro JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA (o Patriarca da Independência), sábio e político festejadamente conhecido, MARTIM FRANCISCO, notável estadista; e ANTONIO CARLOS RIBEIRO DE ANDRADA MACHADO E SILVA.

Desta família surgiu o ramo mineiro dos ANDRADAS, quando MARIANA GENOVEVA RIBEIRO DE ANDRADA, nascida em Santos, casou com TOMÁS ANTONIO PACHECO, natural do bispado de Guarda, Portugal, e foram residir em Bom Jesus das Almas, capela filial da cidade mineira de Curvelo. Um bisneto deste casal é o padre doutor BELCHIOR PINHEIRO DE OLIVEIRA, seis anos em Coimbra, vigário de Pitangui o qual, em 7 de setembro de 1822, achava-se às margens do Ipiranga, ao lado do Príncipe-Regente Dom PEDRO, quando o futuro imperador recebia os famosos despachos com as notícias alarmantes de Lisboa.

 Foi então que uma palavra do ilustre padre mineiro decidiu a sorte do Brasil. Em seguida, padre BELCHIOR foi eleito deputado à constituinte do novo Império independente (1823). Quando D. PEDRO I dissolveu a constituinte, o ilustre sacerdote foi preso e deportado, a bordo da mesma charrua "Lucânia", que também conduziu os Andradas, seus primos. Em 1835, já no Brasil, Pe. BELCHIOR foi eleito deputado à Assembléia Provincial. O Dr. ANTONIO CARLOS, homônimo de seu famoso tio, filho do conselheiro MARTIM FRANCISCO, é o ancestral dos não menos famosos ANDRADAS, políticos de Barbacena, em Minas Gerais.

CARNEIROS LEÃO: descendem do coronel BRÁS CARNEIRO LEÃO, nascido no Porto em 1732 e já no Brasil em 1748. Casou com ANA FRANCISCA ROSA MACIEL DA COSTA a qual recebeu, já viúva, o título de baronesa de São Salvador de Campos. Uma neta do fundador desta família, dona ANA LUISA CARNEIRO VIANA, foi casada com o glorioso e imortal DUQUE DE CAXIAS, LUÍS ALVES DE LIMA E SILVA, "o Pacificador", patrono do Exército Brasileiro. A caçula do fundador, de nome FRANCISCA MÔNICA CARNEIRO DA COSTA, casou com MANOEL JACINTO NOGUEIRA DA GAMA, ele nascido na cidade mineira de São João del-Rei. São os marqueses de Baependi.

LOPES CANÇADO: vieram do Porto, a partir de ANTÔNIO LOPES CANÇADO, o qual se casou em Itaverava com ÚRSULA DA CONCEIÇÃO. Os descendentes em Pitangui e Congonhas do Campo enobrecem vários ramos familiares do centro do estado, em inúmeras atividades sociais e políticas, na medicina, no púlpito, na indústria têxtil, no comércio e na advocacia. MAGALHÃES GOMES: originariamente de Santa Senhorinha de Basto (Cabeceiras de Basto), estabeleceram-se em Vila Rica. BRÁS GONÇALVES GOMES e JOSEFA MAGALHÃES são os pais de MANOEL DE MAGALHÃES GOMES, casado com MARIANA RODRIGUES FONTES. Do casal nasceram seis filhos. Um pentaneto do tronco foi banqueiro e empresário Dr. RUI DE CASTRO MAGALHÃES. Outro, o ilustre professor de medicina da UFMG e Reitor da Universidade de Brasília, Dr. CAIO BENJAMIM DE MAGALHÃES DIAS. O famoso cientista, professor da Escola de Engenharia da UFMG, Dr. FRANCISCO DE ASSIS DE MAGALHÃES GOMES, tetraneto, foi um dos primeiros em Minas nas pesquisas atômicas.

MASCARENHAS: grandes empresários têxteis em Minas Gerais. CAETANO GONÇALVES MASCARENHAS é o mais antigo ancestral conhecido no Brasil, em terras mineiras. Nasceu em Portugal, no Arcebispado de Braga, na Freguesia de Santo Adrião de Soutelo, no concelho de Vieira do Minho. Era proprietário em Pitangui, dono de mineração no Brumado, onde faleceu em 14 de fevereiro de 1781. Casado com a pitanguiense MARIA DA SILVA VIEIRA deixou 11 filhos. O filho órfão, de 6 anos, nascido em 1775, tutelado pela mãe, de nome ANTÔNIO GONÇALVES MASCARENHAS, casou mais tarde com JOAQUINA MARIA DA CONCEIÇÃO.

 Deste casal nasceu ANTONIO GONÇALVES DA SILVA MASCARENHAS, criado em Santa Quitéria (Esmeraldas), na fazenda de seu padrinho Visconde de Caeté, JOSÉ TEIXEIRA DA FONSECA VASCONCELOS. Casou com POLICENA MOREIRA DA SILVA, gerando 13 filhos, entre os quais se destacaram ANTÔNIO, BERNARDO e CAETANO. Esta notável família, que se ligou com as dos FERREIRA PINTO, dos VIANA, dos SOARES DINIZ, dos DINIZ COUTO, dos MACEDO GUIMARÃES, e tantas outras, é um dos maiores patrimônios, de Portugal, em Minas Gerais.

MONTEIROS DE BARROS: Descendem do norte de Portugal, entre o Douro e o Minho, onde corre agitado o rio Cávado, dos povoados de São Miguel de Marinhas e São Tiago de Carapeços. A partir do Guarda-mor MANOEL JOSÉ MONTEIRO DE BARROS que se casou em 1766, em Vila Rica, com MARGARIDA EUFRÁSIA DA CUNHA MATOS, nasceram, em Minas Gerais, oito filhos ilustres, entre eles o Visconde de Congonhas do Campo (Dr. LUCAS ANTÔNIO MONTEIRO DE BARROS) e o Barão de Paroapeba (ROMUALDO JOSÉ MONTEIRO DE BARROS). MARGARIDA EUFRÁSIA a mãe destes nobres, por sua vez, era filha do português, Guarda-mor ALEXANDRE DA CUNHA MATOS, natural de São Simões de Arões, concelho de Macieira, bispado de Vizeu, e de sua mulher ANTÔNIA DE NEGREIROS, natural da freguesia de São Sebastião, da Ilha de São Miguel. É enorme a família Monteiro de Barros em Minas Gerais.

NOGUEIRAS PENIDO: São de Penedo, que deu Penido no Brasil, bispado do Porto. Os descendentes de MANOEL NOGUEIRA e de sua mulher MARIA FRANCISCA vieram para o centro-oeste mineiro, região de Bonfim e são ascendentes de inúmeras personalidades mineiras, principalmente sacerdotes ilustres como os padres MANOEL, JOSÉ, AGOSTINHO, FRANCISCO, JOÃO DA CRUZ, JOAQUIM HONÓRIO, EUZÉBIO, todos NOGUEIRAS PENIDO e mais o Pe. JOSÉ PINTO NAZÁRIO, o monsenhor JOÃO SABINO DE LAS CASAS e o Arcebispo Dom GERALDO DE MORAES PENIDO. Também de outros competentes profissionais como o Dr. JOÃO NOGUEIRA PENIDO, médico em Juiz de Fora, onde deixou larga descendência, fruto do casamento de sua filha MARIA ANTÔNIA PENIDO com o Dr. MIGUEL NOEL NASCENTES BURNIER.

SILVAS BRANDÃO: Começaram com ANDRÉ HENRIQUES DA SILVA BRANDÃO e ISABEL SOARES DA SILVA, naturais de Oliveira de Azeméis, onde se casaram. O filho mais velho capitão JOÃO DA SILVA BRANDÃO, também de Azeméis, casou em São Caetano de Mariana com ANTÔNIA MARIA DE OLIVEIRA, filha de portugueses do Porto. Em Mariana nasceram oito filhos deste casal. Um deles, o Brigadeiro JOSÉ DA SILVA BRANDÃO é o trisavô de ANA RIBEIRO BRANDÃO, esposa do Marechal JOÃO BATISTA MASCARENHAS DE MORAES, comandante em chefe da Divisão Expedicionária Brasileira na Campanha de Itália, na 2ª Grande Guerra Mundial. 

Também trisavô de dois presidentes do Estado de Minas Gerais: Dr. FRANCISCO SILVIANO BRANDÃO (1898 - 1902) e JÚLIO BUENO BRANDÃO (1910 - 1914). FRANCISCO, eleito vice-presidente da República, faleceu antes de sua posse. SILVA XAVIER: Em Minas, ISABEL DE OLIVEIRA casou com o português ANTÔNIO DE OLIVEIRA SETUBAL. A filha caçula do casal, MARIA DE OLIVEIRA COLAÇO, casou com DOMINGOS XAVIER FERNANDES, pais de cinco filhos. A mais velha, ANTÔNIA DA INCARNAÇÃO XAVIER casou com DOMINGOS DA SILVA DOS SANTOS, gerando sete filhos. O quarto deles é o proto-mártir da Independência, que lutou pela liberdade da pátria, alferes JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER, "o TIRADENTES". Batizado na capela de São Sebastião do Rio Abaixo, filial de São João d'El Rei, a 12 de novembro de 1746, morto aos 43 anos de idade, no cadafalso, como líder maior da Conjuração Mineira, em 1789.

SOBREIROS E MACHADOS: maiores sesmeiros do centro-oeste mineiro, no início do século XVIII, representados por MANOEL TEIXEIRA SOBREIRO, fundador de Bonfim, da "Fazenda Palestina", e MANOEL MACHADO, seu sócio e concunhado, ancestral do inventor, construtor e aviador SANTOS DUMONT, chamado "Pai da Aviação". Ambos são hexanetos dos portugueses ANTÔNIO GONÇALVES e de sua mulher ANA GONÇALVES, de Salvador de Vila Cova da Lixa, então freguesia de Borba de Godim, concelho e comarca de Felgueiras, distrito do Porto, da Província do Douro Litoral.


PRESENÇA PREPONDERANTE EM MINAS GERAIS

Orgulho imenso nosso, o de saber que nossos avoengos são portugueses, na sua quase totalidade das províncias ao longo das margens do rio Douro: MINHO, TRÁS-OS-MONTES, DOURO LITORAL, ALTO DOURO, BEIRA ALTA e BEIRA LITORAL. Por isto, pretendemos realçar os aspectos positivos da presença portuguesa na fundação de cidades em nossa região, tenazmente acentuada, em todos os momentos, desde o adentramento dos bandeirantes nas "Minas Gerais dos Cataguá", a parte sul do atual estado de Minas Gerais, que integrava a Capitania do Rio de Janeiro e São Paulo. A presença portuguesa no centro oeste mineiro, depois das primeiras "entradas" dos paulistas, tornou-se tão preponderante, que o mestre de campo MANOEL NUNES VIANA, um português de VIANA DO MINHO, surgido na Bahia como preposto nas Minas Gerais da bastarda sesmeira ISABEL GUEDES DE BRITO, expulso pelo paulista Tenente General MANOEL DE BORBA GATO, precipitou os acontecimentos funestos, que só terminaram em fins de 1709, com a vitória dos portugueses, na "Guerra dos Emboabas".


PITANGUI, ÚLTIMO REDUTO DOS PAULISTAS

O arraial de Nossa Senhora da Piedade de Pitangui foi um dos últimos locais a tornar pacíficas as relações entre paulistas e reinóis. A 20 de julho de 1709, o governador da província, ANTÔNIO DE ALBURQUERQUE COELHO DE CARVALHO, a mando da coroa portuguesa, recebeu a submissão de NUNES VIANA, o "governador" rebelde, que em seguida se recolheu às suas fazendas do São Francisco. Em 4 de setembro de 1711, por ordem do mesmo governador, o então "derrotado" na "Guerra dos Emboabas", Tenente General MANOEL DE BORBA GATO, "pela confiança e zelo com que servia à sua Majestade", foi enviado à Pitangui a fim de 12 pacificar e unir os moradores lá existentes.

 E o desempenho dado pelo Tenente General à sua missão foi de tal ordem que, já em ofício de 27 de agosto de 1712, o governador ANTÔNIO DE ALBUQUERQUE, homem de grande estatura moral, pôde comunicar à sua Majestade, que se achava restabelecido o sossego das Minas e que os paulistas foragidos para São Paulo estavam regressando e se iam contentando com as sesmarias que lhe eram concedidas pelo serviço real.

Pitangui foi a sétima mais antiga vila a ser criada, ainda sob a sombra da Capitania do Rio de Janeiro e São Paulo, nas terras das Minas Gerais. Em 1711 apareceram as três vilas mais antigas: Vila do Ribeirão do Carmo, hoje Mariana; Vila Rica, hoje Ouro Preto, e Vila Real de Sabará. Em 1713, criou-se a Vila de São João del-Rei. Em 1714, a Vila de Rainha, hoje Caeté e a Vila do Príncipe, hoje Serro. A Vila de Nossa Senhora de Piedade de Pitangui surgiu em 1715.

Pitangui ficou sendo o último reduto paulista nas Minas Gerais e os portugueses, recém-vindos de além-mar, ou saídos das minas esgotadas, foram-se fixando ao seu redor, porque não tinham vez nem voz na vila nascente. Lá ocorreram levantes e rebeliões dos que se recusavam pagar os quintos do ouro exigidos pela metrópole. A principal delas foi em 1720, quando nosso parente português FRANCISCO DUARTE DE MEIRELES, de fevereiro a novembro desse ano lá esteve, na qualidade de procurador da Fazenda Real, promovendo arrematações e sequestrando bens do rebelde DOMINGOS RODRIGUES DO PRADO, "homem régulo e por natureza matador insigne", no dizer do conde de ASSUMAR, e dos chefes do movimento, "cujas casas foram queimadas, arrasadas e salgadas".

A origem de FRANCISCO DUARTE DE MEIRELES - Esse português, capitão-mor regente, filho de JOÃO DUARTE DO VALE e de dona CATARINA DE MEIRELES, casou com dona JOANA LEITE DE BORBA, filha do Tenente-general MANOEL DE BORBA GATO e de sua esposa dona MARIA LEITE. Esta, filha do famoso bandeirante FERNÃO DIAS PAES, o "descobridor das Esmeraldas". FRANCISCO DUARTE DE MEIRELES é do ramo dos Braganças Faiões e Lemes de Bragança Meireles que vieram para o Brasil.

Esta família - os Braganças do Minho - teve início em AFONSO FAIÃO, filho de dom TEODÓSIO I, quinto duque de Bragança, nascido em Vila-Viçosa. Com pouca idade, entrou no convento de Cete, entregue não se sabe a quem. Foi legitimado por FELIPE I, a pedido de dom JOÃO, que o reconheceu como seu irmão e o autorizou a usar as mesmas armas que dom AFONSO, primeiro duque de Bragança. Aos 13 anos foi apresentado como abade de Baltar pela casa de Bragança. Viveu e morreu na sua casa em Baltar , hoje conhecida pela casa da Estalagem.

 Teve uma filha bastarda, nossa tia eneavó por afinidade, educada em convento em Vila-Viçosa, dona LEONOR FAIÃO que se casou em 16 de setembro de 1608, em Baltar, com GONÇALO NOGUEIRA, nosso tio eneavô, senhor da Casa da Nogueira , em Cete. Tiveram oito filhos. Este nosso tio eneavô, era filho de outro GONÇALO NOGUEIRA que foi casado com LEONOR GONÇALVES. Deste casal nasceu MARGARIDA NOGUEIRA, nossa eneavó, irmã do senhor da Casa da Nogueira . Esta casa, em Cete, fica na província do Douro Litoral, Distrito do Porto, concelho de Paredes, na freguesia de Parada de Todêa. Quanto a MARGARIDA NOGUEIRA, casou com MANOEL ANTÔNIO: é nossa eneavó, matriz dos Nogueiras do oeste mineiro. GONÇALO NOGUEIRA, o filho, é o ancestral de FRANCISCO DUARTE DE MEIRELES, o qual provém de um dos oitos filhos dele e de LEONOR FAIÃO.

Decavô nosso, GONÇALO NOGUEIRA é tronco comum de nossa família e da família que deu origem aos Braganças do Minho, conforme estudo feito pelo genealogista português Dr. ELÍSIO DE SOUZA, que 13 visitamos em Paredes. LEONOR FAIÃO faleceu em 2 de outubro de 1633. Do casal GONÇALO NOGUEIRA e LEONOR FAIÃO nasceu a filha MARIA NOGUEIRA FAIÃO, senhora da CASA DA NOGUEIRA (1611- 1688), que se casou com ANTÔNIO MEIRELES, em Paços de Sousa e deu origem aos Braganças do Minho. A Casa da Nogueira, em Cete, hoje em ruínas, ostenta, no frontespício , o brasão dos Nogueiras. ANTÔNIO MEIRELES e MARIA NOGUEIRA FAIÃO tiveram onze filhos.

DE VISEU VIERAM FILHOS ILUSTRES - JOSÉ RABELO CASTELO BRANCO e sua mulher ISABEL MARIA GUEDES PINTO, ambos naturais de VISEU, cidade, sede de concelho e de comarca, no distrito e bispado de mesmo nome, na província da Beira Alta, da qual é a capital, onde viveram, tiveram muitos filhos, dentre os quais o Dr. JORGE DE ABREU CASTELO.

BRANCO, nascido em 1713. Este, doutor formou-se em Cânones em Coimbra. Aí, no Mosteiro de Santa Cruz, recebeu a primeira tonsura e as ordens menores. Interrompeu a carreira eclesiástica e veio para Minas Gerais em 1747, fixando residência em Mariana. Casou em 1748, em Santo Antônio do Bacalhau, capela freguesia de Guarapiranga, com JACINTA TERESA DA SILVA, natural do Salvador, concelho de Horta, na ilha do Faial, do arquipélago dos Açores, bispado de Angra do Heroísmo, filha legítima de GASPAR JOSÉ DA SILVA SOBRAL, da vila de São João Batista de Sernancelhe, sede de concelho e de freguesia, comarca de Moimenta da Beira, distrito de Viseu, bispado de Lamego, província da Beira Alta, e de dona 

BERNARDA MARIA DA CONCEIÇÃO, da vila de Nossa Senhora da Anunciação (ou Nossa Senhora de Entre as Vinhas) de Mértola, vila, sede de concelho, de comarca e de freguesia, distrito e bispado de Beja, província do Baixo Alentejo, na fronteira com a Espanha, Destes portugueses de boa cepa nasceram nove filhos. Um deles é dona JOAQUINA BERNARDA SILVA DE ABREU CASTELO BRANCO, nascida a 20 de agosto de 1752, a legendária matrona mineira JOAQUINA DO POMPÉU. Casou-se em Pitangui com o capitão INÁCIO DE OLIVEIRA CAMPOS, descobridor dos sertões entre os rios das Velhas, Parnaíba e Dourados, destruidor de quilombos de negros em Paracatu e fundador da cidade de Patrocínio.

"Dona JOAQUINA DO POMPÉU é o divisor de gerações: Antes dela, gente nobre provinda de Portugal; depois dela, uma descendência numerosa, no seio da qual repontam personalidades ilustres". Palavras de COROLIANO PINTO RIBEIRO e JACINTO GUIMARÂES, in "DONA JOAQUINA DO POMPEU", Imprensa Oficial, Belo Horizonte, 1956. Quarenta e sete anos depois, o filho de Coroliano, fraterno amigo, membro efetivo do IHGMG, DR. DEUSDEDIT PINTO RIBEIRO CAMPOS lançou outra edição do livro, ampliada e aperfeiçoada, três recheados volumes, sob o nome de "Dona Joaquina do Pompeu, sua História e sua Gente". Neste trabalho genealógico, à época de sua publicação, 2003, estão registrados 10 filhos, 86 netos, 398 bisnetos, 1.367 trinetos, 3.787 tetranetos, 8.658 pentanetos, 13.236 hexanetos, 8.279 heptanetos, 1.757 octanetos, 159 eneanetos, num total de 37.523 mineiros da gema! Incontável número de cidadãos ilustres prestadores de relevantes serviços às letras, à política, à magistratura, à igreja, à pátria e às suas comunidades.

Citemos, alguns: Dr. FREDERICO AUGUSTO ÁLVARES DA SILVA, desembargador, duas vezes vice-governador e uma vez governador de Minas Gerais; Dr. ANTÔNIO BENEDITO VALADARES RIBEIRO, advogado, secretário de estado, deputado federal em várias legislaturas, deputado à constituinte mineira; professor OSWALDO DE MELO CAMPOS, médico, catedrático da Universidade Federal de Minas Gerais; Dr. FREDERICO DE OLIVEIRA CAMPOS, deputado federal; Dr. AGRIPA DE VASCONCELOS, médico, consagrado poeta e jornalista, autor de notáveis romances históricos, membro da Academia Mineira de Letras; Dr. FRANCISCO DE CAMPOS VALADARES, advogado, deputado federal;

 Dr. MARTINHO ÁLVARES DA SILVA CONTAGEM, advogado, deputado provincial e geral no Império, orador de fama; padre JOSÉ CAMPOS TAITSON, sacerdote culto e virtuoso, diretor do Ginásio Municipal de Belo Horizonte; Dr. MARTINHO ÁLVARES DA SILVA CAMPOS, doutor em medicina, político, deputado, Secretário do Interior do Estado do Rio de Janeiro, presidente da Câmara dos Deputados, senador, presidente do Conselho do Estado no Império, Ministro da Fazenda em 1882; professor CARLOS ÁLVARES DA SILVA CAMPOS, promotor de justiça, deputado federal, professor catedrático na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, autor de obras jurídicas e filosóficas; 

Dr. BENEDITO VALADARES RIBEIRO, advogado, deputado, presidente da câmara e prefeito de sua cidade, político de alto prestígio, fundador do Partido Social Democrático, governador de Minas Gerais ao longo de 15 anos; Dr. ANTÔNIO AUGUSTO DE MELO CANÇADO, advogado, jornalista brilhante, diretor da Faculdade de Direito da Universidade Católica de Minas Gerais; Dr. SIMÃO DA CUNHA PEREIRA, advogado, deputado estadual; Dr. OVÍDIO XAVIER DE ABREU, deputado federal, secretário de estado, ministro da Fazenda, presidente do Banco do Brasil; Dr. EMÍLIO DE VASCONCELOS COSTA, prefeito, deputado estadual; Dom GERALDO PROENÇA SIGAUD, bispo ilustre;

 Dr. PAULO CAMPOS GUIMARÃES, advogado, deputado estadual, diretor da Imprensa Oficial; Dr. JOSÉ CAMPOS, médico, cultura humanista e filosófica invejáveis, professor titular de medicina legal e vice-reitor na Universidade de Itaúna; finalmente, para não citar inúmeros outros descendentes ilustres, Dr. FRANCISCO LUÍS DA SILVA CAMPOS, jurista famoso, talento precoce, professor catedrático de Direito Público Constitucional, deputado federal, responsável pela "Reforma Francisco Campos" do ensino em Minas Gerais, secretário do Interior em Minas Gerais, ministro da Educação e Saúde Pública do Brasil, consultor geral da República, secretário da Educação do Distrito Federal, poeta, escritor, conhecido como "CHICO CIÊNCIA", autor da Constituição outorgada de 1937, que implantou o Estado Novo no Brasil, com GETÚLIO VARGAS no poder.


FAMÍLIAS PORTUGUESAS NO BRASIL

BICUDOS, vieram da ilha de São Miguel, Ponta Delgada, no tempo do povoamento de São Paulo. Uma tetraneta de Antônio Bicudo Carneiro, Maria Leme do Prado, casou com Tomé Rodrigues Nogueira do Ó. Este faleceu em Minas Gerais, em Baependi, deixando descendentes ilustres, dando origem em Minas aos Nogueiras da Gama. Um hexaneto foi Marques de Baependi, Manoel Jacinto Nogueira da Gama, conselheiro de Estado, senador no Império e Marechal de Campo.

CAMARGOS, o primeiro deles, Jusepe de Camargo, ou historicamente José Ortiz de Camargo, espanhol, teria chegado ao Brasil na armada Diogo Flores de Valdés, após naufrágio na costa de Santos, na praia de Bertioga, tendo desertado e aparecendo oficialmente em 1587. Em 1602 foi eleito vereador e seu mandato foi renovado no ano seguinte. Em 1607 tomou pose no cargo de Juiz dos Órfãos de São Paulo. Grande escravocrata, prendeu índios no território das missões jesuítas, no Guayrá, no sul do Brasil. Casou-se com Leonor Domingos Carvoeiro, portuguesa, filha de Domingos Luís Carvoeiro e de Ana Camacho. Faleceu em 1679 e sua mulher em 1630, ficando do casal nove filhos. Dois deles, Fernando de Camargo, "o Tigre", e Jose Ortiz de Camargo "o Moço", foram os cabeças do partido dos Camargos contra os Pires. 

A luta entre estas famílias foi tão grave e intensa, que exigiu a presença real para estabelecer, por provisão, a forma de as duas famílias conviverem como oficiais da comarca da vila de São Paulo e da Capitania de São Vicente, pois havia criminosos de ambos os lados. Todos os filhos foram influentes nos destinos de São Paulo e Minas Gerais. O terceiro neto de "El Tigre", capitão João Lopes de Camargos, foi casado com Isabel Cardoso de Almeida. Estabeleceu-se definitivamente em Minas Gerais, na freguesia de São Sebastião, em Mariana, onde fundou a povoação que se chamou CAMARGOS, hoje cidade com o nome de Bandeirantes, em homenagem à família. Este casal enobreceu Minas Gerais com dez filhos. Entre eles os padres doutores, formados em cânones em Coimbra, João Lopes de Camargo e Inácio Lopes de Camargo.

 Entre os dez filhos, três irmãs, Florência, Ana Maria e Maria de Jesus, casaram respectivamente com os portugueses, Sargento Mor Gabriel da Silva Pereira, Tomás Teixeira e Manuel Neto de Melo. Chegaram com seus escravos, ao centro oeste de Minas e abriram uma picada de Bonfim até Pitangui, por volta de 1720; ao longo do Rio São João, no início, pela margem direita, e, depois, pela esquerda. O local em que passaram de uma para outra margem, onde acamparam por longo tempo, recebeu o nome de Passagem do Rio São João. Para atender à religiosidade das esposas, depois de 1739, construíram aí, já casados, um templo rústico, um oratório. 

Em 1750, com autorização do primeiro bispo de Mariana, Dom Frei Manoel da Cruz, iniciaram a construção de uma capela toda de pedra que só ficou pronta em 1765, quando o local recebeu o nome de Povoação Nova de Nossa Senhora Sant'Ana do Rio São João Acima, mais tarde simplificado para Sant'Ana do Rio São João Acima, nome que permaneceu até 16 de setembro de 1901, quando, já distrito, emancipou-se de Pará de Minas com o nome de ITAÚNA, onde nascemos. Tomas Teixeira e Ana Maria Cardoso de Camargo são nossos pentavós, os outros dois casais, nossos tios-pentavós. Inúmeras outras famílias itaunenses descendem destes pioneiros. Também gente de Contagem, Betim Esmeraldas e Belo Horizonte.

CARVOEIROS vieram do lugar de Marinhota, freguesia de Carvoeiro, vila de Estremadura. Domingos Luís Carvoeiro foi casado, pela primeira vez com Ana Carvalho, bisneta de João Ramalho. Este português havia deixado esposa em Portugal e, originariamente, juntou-se com MIBCY, depois chamada Bartira, finalmente a mesma mulher índia, batizada com o nome cristão de Isabel Dias com a qual se casou graças ao Padre Nóbrega.

Era filha do cacique TIBIRIÇA, famoso régulo indígena, posteriormente também batizado pelo padre José de Anchieta, com o nome de Martim Afonso Tibiriçá, em homenagem ao primeiro governador da Capitania de São Vicente e São Paulo. Pela segunda vez Domingos Luis Carvoeiro casou com Branca Cabral, natural da ilha de São Miguel, filha do governador Pedro Álvares Cabral e de sua mulher Suzana Moreira. Como vimos anteriormente quando falamos dos Camargo, Leonor Domingues, portuguesa, esposa do já citado Jusepe de Camargo, era filha do primeiro casamento desse Carvoeiro. Os Camargo e os Carvoeiro são matrizes de milhares e milhares de brasileiros, principalmente paulistas e mineiros.

CUBAS: do Porto vieram para São Vicente na companhia do donatário Martim Afonso de Sousa, pelos idos de 1531, quatro irmãos, um deles o cavaleiro fidalgo, BRÁS CUBAS, 14º, nosso quatorzeavô, fundou a cidade e o porto de Santos, faleceu em 1952. Certo é que inúmeros descendentes dos Cubas vieram para Minas Gerais, casados nas famílias Leite da Silva, Pais Leite, Rabelo, Leme e Pires. O ajudante Jose de Afonso Marinho, natural de Trás-os-Montes, casou em Furquim, antigo distrito de Mariana, um dos lugares mais antigos de Minas Gerais, com uma octoneta de Brás Cubas, de nome Ana Maria da Conceição.

FREITAS: Tornaram-se famosos os descendentes que já estavam em São Paulo, em 1632, quando Catarina de Freitas casou Luís Barros de Alcáçova, natural de Setúbal, na Extremadura. Deste casal descende o ilustre conjurador Dr. Cláudio Manoel da Costa, formado em Cânones pela Universidade de Coimbra, participante ativo, com Tiradentes, da Conjuração Mineira, por isto declarado infame, falecido, ou teria se suicidado em Vila Rica na prisão que hoje é a monumental Casa dos Contos.

GARCIAS VELHOS: naturais do Porto vieram para São Vicente trazendo os filhos em número de onze. Um deles, o padre Garcia Rodrigues Velho. Para nós, mineiros, é muito importante outro homônimo e descendente bisneto do tronco, casado com Maria Beatriz, filha do alemão Geraldo Betting. Este segundo Garcia Rodrigues Velho foi cidadão de grande autoridade, potentado em Arcos, com os quais se bateu ao lado dos Pires contra os Camargos. Dois filhos deste casal marcaram presença em Minas Gerais. A filha Maria Garcia Betim era esposa do Governador Fernão Dias Paes, o "caçador de Esmeraldas", figura ímpar que adentrou o território mineiro.

Mais um homônimo de seus ancestrais, outro Garcia Rodrigues Velho (o terceiro), pentaneto do tronco, casado com Margarida de Campos, conhecido como o "Velho da Taipa", foi juiz ordinário e Capitão-mor em Pitangui, onde o casal deixou dez filhos.

A filha, Maria Tereza Joaquina de Campos, casou com o português Sargento-Mor João Cordeiro, português de Sintra. Descendente deste casal, Rita Maria Cordeiro de São José, heptaneta do tronco, casou com o capitão de ordenanças João Fernandes Valadares, do lugar Valadares, em Portugal, dando origem à conceituada família Valadares, mineira, a qual pertence o Governador do Estado de Minas Gerais, que governou por 15 anos, Benedito Valadares. Outra filha, dos dez filhos do casal Velho da Taipa/Margarida Campos, de nome Ana Margarida de Campos, casou com Inácio Monteiro, natural da Bahia. Deste casal nasceu o heptaneto do tronco, Capitão Inácio de Oliveira Campos que se casou com a famosíssima matrona mineira Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo Branco Souto Maior, conhecida como Joaquina do Pompéu, que abordarei mais adiante quando trataremos dos Castelo Branco de Viseu, do distrito e bispado de mesmo nome da província de Beira Alta.

HORTAS: descendentes de Pedro d'Horta; algumas gerações depois vieram para o Brasil. Catarina de Figueiredo Horta foi casada duas vezes. Do segundo marido, Rafael de Oliveira (o Velho), veio para Minas o bisneto Cel. Maximiniano de Oliveira Leite, fidalgo da casa real, guarda-mor das Minas do Carmo (Mariana) que casou com Inácia Pires de Arruda, dos famosos Pires de São Paulo. Figuras ilustres deste casal marcaram presença em Minas Gerais. Dr. Jose Álvares Maciel, doutor em filosofia, tomou parte na Conjuração Mineira; Isabel Querobina de Oliveira Maciel casou com o Tenente Coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, também membro conspícuo da Conjuração Mineira, condenado a degredo.

 Dr.Gomes Freire de Andrade, professor catedrático da Escola de Farmácia de Ouro Preto, presidente da Câmara Municipal, deputado à primeira constituinte mineira na República, foi deputado estadual, federal e senador. Mons. Jose Silvério Horta, membro do Cabido Diocesano, dos mais insignes eclesiásticos da Arquidiocese de Mariana.

LEMES: originariamente do condado de Flandres, território flamengo. MARTIN LEMS, filho de outro de igual nome, cavaleiro nobre e rico, passou a Portugal por causa do comércio, e se estabeleceu em Lisboa. Não se casou, mas teve com LEONOR RODRIGUES, mulher portuguesa e solteira, cinco filhos. O mais velho, ANTÔNIO LEME (Lems = argila, aportuguesado para Leme), auxiliou a expedição de el-rei dom Afonso V, em 1463, contra os mouros na África, na tomada de Arzila e Tânger. El-rei o legitimou e o fez fidalgo de sua casa.

Um filho, outro MARTIN LEME, com carta de recomendação do infante duque dom FERNANDO à Câmara de Funchal, passou em 1483 à ilha da Madeira, onde faleceu. Casado, deixou dois filhos. O de nome ANTÔNIO LEME viveu muito abastado em sua Quinta, chamada dos LEMES, na freguesia de Santo Antônio do Campo, junto à cidade de Funchal. Casou com CATARINA DE BARROS, de cujo consórcio, entre outros, nasceu ANTÃO LEME, o primeiro LEME a vir para o Brasil. Em 1544, foi juiz ordinário de São Vicente. Seu filho, natural da ilha da Madeira, PEDRO LEME, fidalgo da casa real, casou pela primeira vez no continente, com ISABEL DIAS, natural de Abrantes, com quem teve o filho, FERNANDO DIAS PAES. Falecendo ISABEL DIAS, voltou PEDRO LEME à Ilha da Madeira com seu único filho, FERNANDO, e aí casou pela segunda vez com LUZIA FERNANDES, de quem teve a filha LEONOR LEME. 

Esta passou em companhia de seu pai para São Vicente, já casada com BRAZ TEVES (Esteves, no Brasil. O filho, FERNANDO DIAS PAES, acabou casando com sua sobrinha LUCRÉCIA LEME, filha de seu cunhado BRAZ TEVES e de sua irmã LEONOR LEME. Deles nasceram descendentes muito importantes em São Paulo e na região centro-oeste brasileira. Entre outros o já citado FERNÃO DIAS PAIS, "o Caçador de Esmeraldas", que abriu os caminhos de Minas para a corrida do ouro. Seu genro, Tenente-General MANUEL DE BORBA GATO, grande descobridor das minas de ouro em território mineiro, liderou os paulistas na chamada "Guerra dos Emboabas", fundou, com seu sobrinho por afinidade, MATEUS LEME BARBOSA, o município de Mateus Leme, perto da capital mineira.

 PEDRO TAQUES, autor da "Nobiliarquia Paulistana", é da mesma família. Também ISABEL MARIA LEITE casada em Pitangui, em 1742, com ANTÔNIO RODRIGUES VELHO. Finalmente, VERÔNICA DIAS LEITE FERRAZ e seu esposo MIGUEL DE FARIA SODRÉ, primeiro juiz ordinário de Pitangui, nossos heptavós, são os pentavós do Dr. LUÍS GONZAGA DA SILVA LEME, autor da "Genealogia Paulistana", maior obra no gênero, publicada no Brasil.

PIRES: JOÃO PIRES, chamado o Gago, natural do Porto, primeiro juiz ordinário de Santo André da Borda do Campo em 1553, foi dos primeiros nobres povoadores que no Brasil chegaram com MARTIM AFONSO DE SOUSA. Um descendente, da segunda geração no Brasil, SALVADOR PIRES, casou duas vezes. Da segunda mulher, MESSIA FERNANDES, neta de ANTÔNIO RODRIGUES e da índia batizada pelo padre Anchieta com o nome de ANTÔNIA RODRIGUES, a qual era filha do cacique PIQUEROBY, indígena famoso, maioral de Ururaí, nasceram oito filhos, que se uniram por laços matrimoniais às mais antigas famílias mineiras e paulistas, entre outras, as dos BICUDOS, dos BUENOS DE RIBEIRA, dos RAPOSOS GÓIS, dos CUNHAS GAGOS, dos ALVARENGAS, dos JORGES VELHOS, dos LEMES, dos ARRUDAS BOTELHOS, dos HORTAS, dos TAQUES, dos CAMPOS e dos TENÓRIOS.

PRADOS: JOÃO DO PRADO é natural do Alentejo, 170km a este de Lisboa. Veio para o Brasil nos princípios da colonização, pelos anos de 1531 e casou com FILIPA VICENTE, filha de portugueses. Este português fez entradas no sertão onde preou muitos índios bravios e com eles se estabeleceu em São Paulo, onde serviu em cargos do governo, inclusive o de juiz ordinário em 1588/1592. MARIA LEITE, desta família, casou com PEDRO DIAS PAES LEME. São os pais de FERNÃO DIAS PAES, o "caçador de Esmeraldas". MARIANA DO PRADO e seu marido FERNÃO DE CAMARGO, o "TIGRE", são os pais dos Camargos que vieram para Minas Gerais e aqui se tornaram troncos de importantes e numerosas famílias mineiras.

PRETOS: ANTÔNIO PRETO, de nobreza comprovada, português, prestou no Brasil relevantes serviços nas guerras contra os gentios e corsários. Pai de seis filhos que aqui chegaram e contribuíram para povoar nossa região. O quarto filho, MANOEL PRETO, capitão, potentado em arcos, destemido explorador nos sertões dos rios Paraguai e Uruguai, no sul do país, foi fundador da capela de Nossa Senhora do O', em São Paulo, em 1618. Casou com ÁGUEDA RODRIGUES que lhe deu cinco filhos. 

Um neto deste casal, MANOEL DIAS RODRIGUES, quarta geração no Brasil, casou com ANA MARIA DE OLIVEIRA. De seus três filhos, o capitão MANOEL PRETO RODRIGUES, o moço, foi um dos povoadores das minas de Pitangui, em Minas Gerais, casado com FRANCISCA DE SIQUEIRA DE MORAES, foi muito importante para nossa região. Dos nove filhos que tiveram, todos se casaram em Pitangui com pessoas de influência, tais como, MIGUEL DE FARIA FIALHO, ANTÔNIO FERRAZ DE ARAÚJO, capitães JOSÉ LEME DA SILVA e JOÃO DE MORAES NAVARRO. Apenas um, INÁCIO AGOSTINHO PRETO, morou na freguesia de São Gonçalo da vila de Campanha do Rio Verde, que se tornou a cidade matriz cultural da maioria das que se situam no sul de Minas.

TAQUES POMPEUS: FRANCISCO TAQUES POMPEU, na região de Flandres, território flamengo, passou a Portugal por causa do comércio e foi morar na vila de Setúbal, na Estremadura, ao sul do Tejo, onde se casou com IGNÊS RODRIGUES, (ou Pereira, segundo o Cônego Trindade). Do matrimônio nasceu, entre outros, PEDRO TAQUES que passou ao Brasil no caráter de secretário deste estado, em companhia de FRANCISCO DE SOUSA, sétimo governador geral, em 1591. PEDRO TAQUES já casado com ANA DE PROENÇA, filha de ANTÔNIO DE PROENÇA, moço da câmara do infante dom LUÍS, tornou-se em caráter vitalício, em 1602, juiz de órfãos de São Paulo. Faleceu em 26 de outubro de 1644, deixando seis filhos. 

Um deles, LOURENÇO CASTANHO TAQUES, foi dos primeiros bandeirantes a explorar o território de Minas, combatendo os índios cataguases. Casou com MARIA DE LARA, dando origem a todos os Laras de Minas Gerais, principalmente da região de Bonfim, Itaguara, Passa Tempo. A Prefeita de Betim é dela descendente. Um seu bisneto é o Sargentomor PEDRO TAQUES DE ALMEIDA PAES LEME, já citado, nascido em São Paulo em 1714, aplaudido autor da "Nobiliarquia Paulistana". "Estas 12 famílias abordadas deixaram descendentes que se espalharam pelo território mineiro, a partir das "entradas" dos bandeirantes paulistas, filhos dos portugueses no último quartel do século XVII, que adentraram o território dos índios cataguases para preá-los e escravizá-los e, posteriormente, em busca do ouro e de pedras preciosas".


HERANÇAS QUE CARREGAMOS EM NOSSO SANGUE

Apresentadas tantas famílias portuguesas, pioneiras na colonização do Brasil e de Minas Gerais, podemos dar um testemunho vivo das heranças que carregamos em nosso sangue. Somos pessoalmente a síntese do caldeamento étnico dos três troncos que construíram nossa nação. Dos asiáticos, temos o sangue indígena; dos europeus, o  sangue português e dos africanos, o sofrido sangue da raça negra.

O cacique PEQUIROBI é nosso pentadecavô. O cacique TIBIRIÇA e o português BRAZ CUBAS, fundador de Santos, são nossos quatorzeavós. ANTÃO LEME, JOÃO RAMALHO, GARCIA VELHO, portugueses da primeira hora, relacionados nas famílias pesquisadas, são nossos trezeavós. SALVADOR PIRES, que casou com a índia MESSIAÇU, e ANTÔNIO RAPOSO são nossos dodecavós.  ALTAZAR DE MORAES ANTAS e sua esposa BRITES RODRIGUES ANES, ANTÔNIO RAPOSO e sua mulher ISABEL DE GOES são nossos undecavós.

GONÇALO NOGUEIRA, que deu origem aos Braganças do Minho e aos NOGUEIRAS do oeste mineiro, DOMINGOS LUÍS CARVOEIRO e HELENA DO PRADO, membros de duas famílias do início do povoamento, são nossos decavós. JUSEPE CAMARGO o castelhano que casou com LEONOR RODRIGUES, de sangue lusitano, o bravo capitão FERNÃO DE CAMARGO, o TIGRE, líder do partido dos Camargos e ANTÔNIO DE FARIA SODRÉ, pai do primeiro juiz ordinário de PITANGUI, MANOEL NOGUEIRA, pai de MANOEL NOGUEIRA PENIDO, tronco de numerosa família mineira, são nossos octavós. O Capitão MANOEL PRETO RODRIGUES, preador de índios no território das missões, no Paraguai, é nosso heptavô.

MANOEL DE FREITAS SOUTO, MANOEL SOARES BRAGA, BENTO PORTILHO DE MAGALHÃES portugueses que vieram diretamente para Pitangui e o bandeirante JOÃO LOPES DE CAMARGO, um dos fundadores de Vila Rica, são nossos hexavós. JOÃO NOGUEIRA DUARTE, o português de Parada de Todêa, que plantou a fazenda Serra Negra em Capela Nova de Betim, CUSTÓDIO COELHO DUARTE, o grande e culto rábula dos povos pitanguienses e ADÃO FERREIRA GUIMARÃES, dos tradicionais GUIMARÃES mineiros, são nossos tetravós. Poderíamos continuar até chegar aos nossos dias.

 Citemos ainda que JOÃO RODRIGUES DE CARVALHO, de Chaves, de Trás-os-Montes, matriz dos GONÇALVES CANÇADOS, e o guarda-mor ANTÔNIO DE SOUSA MOREIRA, de Vila Cova de Vez de Avis, de Penafiel, tronco dos SOUSAS MOREIRAS, são ancestrais de nossos netos. JOÃO NOGUEIRA DUARTE, nosso pentavô, trouxe a pitada de sangue africano para as nossas veias, casando com CLARA MARIA DE ASSUMPÇÃO, descendente de escravos do recôncavo baiano, onde viveram na senzala de uma casa de Engenho em São Pedro de Moritiba.




Pesquisa e texto: Guaracy de Castro Nogueira (In Memoriam)
Apoio: Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira
Revisão ortográfica: José Gomes de Miranda
Coordenação Editorial: Ana Maria Nogueira Rezende
Projeto Gráfico e Impressão: Gráfica Marimelo
Organização e adaptação dos textos para o blog: Charles Galvão de Aquino