quinta-feira, maio 09, 2024
segunda-feira, junho 13, 2022
MEMORÁVEL PROFESSOR ITAUNENSE
O legado do professor Jesus Ferreira é marcado por uma vida dedicada à educação musical e à promoção da arte, especialmente entre os deficientes visuais. Desde sua formação no Instituto São Raphael, onde demonstrou seus talentos intelectuais e musicais, até sua atuação como regente e compositor, Ferreira deixou uma marca eterna no cenário musical brasileiro.
Sua trajetória incluiu importantes conquistas, como sua participação como solista na Orquestra Sinfônica de São Paulo e sua vitória em um concurso de violão no Rio de Janeiro. Além de suas realizações artísticas, Ferreira também se destacou como educador, trabalhando em instituições como o Instituto Padre Chico em São Paulo. No entanto, é notável sua decisão de retornar a capital mineira, onde continuou a reger o Coral São Raphael e a contribuir para a comunidade local. Sua dedicação ao ensino da música e sua participação em diversos eventos e congressos internacionais demonstram seu compromisso com o desenvolvimento cultural e educacional.
O professor Ferreira deixou um legado não apenas através de suas composições e performances, mas também através de sua influência como mentor e líder comunitário. Sua contribuição para a música brasileira e para a promoção da inclusão de pessoas com deficiência visual é digna de reconhecimento e admiração. Através de sua música e de seu trabalho educacional, ele iluminou as almas e deixou um impacto duradouro na sociedade.
PROFESSOR JESUS FERREIRA
JESUS FERREIRA iniciou seus estudos no Instituto São Raphael desde tenra idade, onde
logo mostrou seus talentos intelectuais e musicais. Ele fez grandes avanços na
pesquisa acadêmica, mas dedicou sua vida à música. No instituto estudou teoria
musical, harmonia e contraponto para os cursos de violino e regência.
Após
sua formação no Instituto São Raphael, seguiu para a cidade de São Paulo,
trabalhando de início, em casas noturnas e durante o dia, em entidades para
deficientes visuais. No famoso e conhecido Conservatório Dramático e Musical
da capital paulistana, conquistou seu diploma agora como violinista, passando
pelos ensinamentos dos mestres Dinorá Milloni Ferraz, Zacarias Autuori, Mário
de Andrade entres outros especais. Chegou a participar como solista da
Orquestra Sinfônica de São Paulo. Após
10 anos, sem esquecer de suas raízes, em 1949 o professor Jesus Ferreira
retorna a sua cidade natal, Itaúna, Minas Gerais para realizar um recital de
violino, sendo bastante aguardado pelo público itaunense.
No
ano de 1959, ao ganhar em primeiro lugar o concurso de violão na cidade do Rio
de Janeiro e tendo grandes oportunidades de ampliar seus sonhos nas terras
cariocas, decidiu voltar para Minas Gerais no ano seguinte, onde passou a reger
a direção do Coral São Raphael. Nas décadas de 1971 e 1973 foi homenageado pelo
Lions Club com Certificado de Colaborador e Medalha de Honra ao Mérito,
pelos trabalhos de representante do Instituto São Raphael no Conselho Nacional
para o Bem Estar dos Cegos no Rio de Janeiro.
Em
1974 o Coral regido pelo professor Jesus Ferreira seguiu para Porto Alegre na
missão de cumprir um de seus mais importantes trabalhos: Participar do
Congresso Internacional de Coros, sendo aclamados por todos os presentes após
gloriosa apresentação, sendo desativado o grupo no mesmo ano. O Coral retorna
com suas atividades no ano 1976 novamente com regência do professor Jesus,
agora, denominado “Coral de Ex-alunos ARS Vita”, iniciando apresentações em
terras paulistas por 10 dias consecutivos entre bares, lanchonetes, rádios,
televisão e no Instituto de Cegos Padre Chico. O ano de 1975 o professor Jesus Ferreira foi um dos ilustres protagonistas que participou e ajudou o município
de Itaúna, Minas Gerais a conquistar o título de “PRIMEIRA CIDADE EDUCATIVA
DO MUNDO”.
No
ano de 1989 o Coral de Ex-alunos é desativado, todavia, ainda no mesmo ano, o
professor e Diretor do Instituto São Raphael, José Juvenal da Cruz Filho em
parceria com o Diretor de Planos e Programas da Coordenadoria de Apoio e
Assistência ao Deficiente, conseguiram junto a igreja Batista do Barro Preto de
Belo Horizonte, um espaço no auditório para novamente realizarem os trabalhos
musicais, com isso, o professor Jesus Ferreira é novamente convidado a
participar. O Diretor José Juvenal registra que foi mais uma época gloriosa e
harmoniosa junto ao professor Jesus Ferreira, que lamentavelmente no ano de
1995, seus trabalhos foram interrompidos devido as condições frágeis de saúde que não permitiu continuar como regente. O professor e Diretor José Juvenal ressalta
ainda, que Jesus Ferreira “amblíope desde criança, além de musicólogo e
professor foi exímio violinista, pianista e compositor, [...] que seu xará
Jesus, o tenha recebido e o ajude a continuar alegrando e iluminando as almas
por onde esteja”. O memorável professor
Jesus Ferreira veio a falecer 04 abril de 1998.
JESUS FERREIRA nasceu no município de Itaúna, Minas
Gerais em 29 de junho de 1916. Filho de José Ferreira da Silva (Zé Carreiro da
Várzea da Olaria) e Conceição Caetano Ferreira, neto paterno de João de Deus
Ferreira e Castorina Maria de Jesus e pelo lado materno, neto de João Caetano e
Luiza Caetano. Casou com HERMÍNIA GOBBO FERREIRA nascida no município de
Sacramento, Minas Gerais em 20 de janeiro de 1910 e batizada aos 20 de abril
1911 na Paróquia de Nossa do Patrocínio do Santíssimo Sacramento; registrada no
Registro Civil do Ipiranga São Paulo, assinado pelo Oficial de Registro Civil e
Escrivão de Paz Geraldo de Barros Brotero em 01 de junho de 1940; filha de João Gobbo e Maria Scalon.
O casal teve 3 filhos
biológicos e um adotivo: Professor José Gobbo Ferreira, Coronel
do Exército e doutor em Engenharia Aeroespacial, nascido aos 28 de fevereiro de
1941 às 20 horas a Rua Sousa Pereira no município de Sorocaba, Estado de São
Paulo; registrado pelo Escrivão do Juízo de Paz e oficial do Registro Civil,
Delmino Malheiro de Almeida e pelo Oficial Maior, Possidonio F.M. Quertchetti; Cleia
Marcia Gobbo Ferreira, Técnica de Enfermagem; Terezinha Gobbo
Ferreira, nascida no dia 8 de outubro de 1946, às 8:00 hs no prédio de
número 1871 da Avenida do Estado, Subdistrito (Santa Efigênia) São Paulo,
assinado pelo Oficial Arnaldo Leal – Serventuário da Escrivania do Juízo de Paz
e oficial do Registro Civil das Pessoas; e José Carlos Munhoz.
Assim teve 10 irmãos: parte de pai, José Ferreira, Geraldo Ferreira, Vital
Ferreira, Constança, Aparecida e Aurora; por parte de mãe, Cosme Caetano da
Silva, Terezinha, Agostinho e Maria São Gonçalo. Florescendo ainda mais 9 netos
e 4 bisnetos.
CURRICULUM VITAE
PROFISSÃO:
Professor,
violinista, pianista, compositor, arranjador musical, regente Coral
ESCOLAR:
Primário
- Instituto São Raphael 1927/1930
Ginasial
Instituto São Raphael 1931/1935
Superior
- Conservatório Dramático e Musical de São Paulo 1945
Curso
de Extensão Cultural de regência e Técnica Vocal feito na Escola de Música da
UFMG em 1973
REGISTROS:
Registros
no MEC: Canto orfeônico - º 3518 29/09/1961
Educação
Musical 8503 – 04/03/1969
Violino
nº 709
TRABALHOS:
Professor
de dicção - Instituto Pestalozzi, 1935 Belo Horizonte/MG;
Professor
de Música - Instituto Padre Chico – São Paulo 1937/1939;
Adjunto
da Direção Técnica - 1940-1945 da Associação Promotora de Instrução e Trabalho
para Cegos – APIT / São Paulo/SP;
Gerente
Técnico - SOT para cegos São Paulo - 1946/1960;
Professor
de Educação Musical Efetivo nível P3E MASP;
Representante
anual como delegado do Instituto São Rafael (Assembleias de Conselho Nacional
para o Bem estar dos Cego, sediado no RJ);
Regente
do Coral São Raphael – Belo Horizonte/MG – 1966/1974
Coral
de Ex-alunos ARS VITA - 1975/1989/1995
OBRAS:
Publicação
de obras musicais: “Noite de Estio”; “Faz-de-Conta” (Irmãos Vitale Ed. SP);
“Coleções Noites Brasileiras”, Canções de Minha Terra”, Cenas Infantis” entre
outras.
Autor
do Hino Oficial do Município de Itaúna
Compôs
peças para violino, violoncelo, instrumento de sopro e canto.
Arranjos
para coral, Orquesta e Banda
Parcerias
com Mestres Eládio Peres Gonçalves e Carlos Alberto Pinto Fonseca.
Foi
um dos artistas consagrados que participou do projeto e ajudou o município de
Itaúna a obter o título de “Cidade Educativa do Mundo” em 1975.
Organização,
pesquisa e arte: Charles Aquino - Historiador Registro nº 343
(CDMSP): https://spcity.com.br/do-conservatorio-dramatico-musical-de-sao-paulo-praca-das-artes
FILHO, José
Juvenal da Cruz. Agentes da Luz O Instituto, 2003, Ilustradas, p.49,50.
NOGUEIRA, Guaracy
de Castro. In Enciclopédia Ilustrada de Pesquisa: Itaúna em
detalhes. Ed. Jornal Folha do Povo, 2003, p. 28 a 31.
Apoio a pesquisa
e Acervo:
Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira / Patrícia Gonçalves Nogueira
Apoio a Pesquisa
e Acervo: Professor Giovanni Vinicius (sobrinho
de Jesus Ferreira)
Apoio a Pesquisa: Cosme Caetano da
Silva (In Memoriam)
Apoio a Pesquisa: Itaúna em
Décadas (Blog / Site): Disponível em:
https://itaunaemdecadas.blogspot.com
/
https://itaunadecadas.com.br
Acervo: Museu Municipal Francisco Manoel Franco –
Violino: Disponível em: https://www.itauna.mg.gov.br/imgeditor/file/Violino.pdf
Fontes Impressas
da Biblioteca Nacional Digital do Brasil:
Correio da Manhã
– Rio de Janeiro, Domingo, 1 de Dezembro de 1935, nº 12589
Correio da Manhã
– Rio de Janeiro, Quarta-Feira, 19 de Agosto de 1936, nº 12.812
Correio
Paulistano – São Paulo, Quarta-Feira, 19 de Outubro de 1949, nº 28692
Correio Paulistano
– São Paulo, Quarta-Feira, 23 de maio, nº 30717
Diário Carioca –
Rio de Janeiro, Sábado 28 de Janeiro de 1939, nº77
Diário de
Notícias – Rio de Janeiro, Domingo 9 de Outubro de 1949, nº 8272
Diário de
Notícias – Rio de Janeiro, Domingos 26 de Junho de 1949, nº 8182
Folha do Oeste –
Itaúna, 24 de Julho de 1949, nº 32
Gazeta de
Notícias – Rio de Janeiro, 25 de Janeiro de 1927, nº 21
Jornal do Brasil
– Rio de Janeiro, Quinta-feira, 26 de Janeiro de 1939, nº 22
Jornal do
Commercio – Rio de Janeiro, Sexta-Feira, 29 de Outubro de 1937, nº 25
O Malho – Rio de
Janeiro, 16 de Março de 1929, nº 1383
Family Search:
Disponível em:
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3Q9M-CS6V-8BVM
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3Q9M-CSDY-R9ZC-S
terça-feira, dezembro 03, 2019
INÁCIO CAMPOS CORDEIRO
Soldado da Força Expedicionária Brasileira - FEB
terça-feira, novembro 26, 2019
domingo, fevereiro 10, 2019
PROFESSOR JARBAS SOUSA
- O referido projeto denomina logradouro Público visando homenagear um importante cidadão itaunense.
- Diante do exposto, passo a emissão do meu voto.
quarta-feira, julho 20, 2016
PROFESSOR PLÁCIDO TEIXEIRA COUTINHO
A História da Educação em Sant’Anna de São João Acima (hoje Itaúna), termo da Vila de Pitangui, pertencente à Comarca do Rio das Velhas, foi construída a partir de um grande esforço coletivo, tanto de professores quanto da comunidade que possuíam o mesmo ideal e desejo de ter um ensino local, isso "bem antes do Governo do Estado cogitar da instrução intensiva" (DORNAS, 1951, p.156). A criação da primeira escola pública no século XIX, regida pelo mestre Francisco Zeferino[1] foi determinada pela Lei Mineira nº 511 de 3 de julho de 1850 que no seu Artigo 3°, §3.º, estabelecia a criação das "Cadeiras do 1º gráo de instrucção primaria para o sexo masculino na Freguezia de Sant'Anna de São João Acima, Municíop de Pitangui" (Livro da Lei Mineira, 1850).
No ano de 1831, foi realizado o primeiro censo no distrito de Sant'Anna de São João Acima, com dados de 2.757 habitantes existentes na vila, sendo 869 mulatos, 843 brancos, 552 crioulos, 448 pretos e 45 africanos. O censo fornecia diversos dados como o número de quarteirões e fogos [2]; o nome e profissão dos moradores; sua cor e país de origem; se eram livres ou escravos; filhos legítimos ou expostos[3], estado civil, idade e ocupação profissional. (Itaúna em Detalhes, 2003.Fascículo:22).
No quesito Ocupação (profissão), já figurava o nome de dois Mestres das Primeiras Letras: Quintilianno Jose Pinto, pardo, casado, da idade de 29 anos, morador no Quarteirão de número 1 e Fogo de número 2; Serafim Cardoso, branco, casado, da idade de 55 anos, morador no Quarteirão de número 10 e Fogo de número 6. (Poplin-Minas 1830). Importante observar que, no distrito de Sant'Ana, várias tentativas de ensino foram montadas pela iniciativa privada e mesmo com as dificuldades enfrentadas naquela época, a cidade mostrou ser um grande Polo Educacional.
Em 13 de maio de 1889, era instalada a primeira escola noturna do arraial, a Sociedade Progresso Santanense, na qual, o Dr. Augusto Gonçalves de Souza Moreira e o farmacêutico João de Araújo Santiago, ministravam aulas gratuitas, sendo somente remunerado o professor Joaquim Marra da Silva (DORNAS, 1936, p.42).
A Cia. Tecidos Santanense, também conhecida como Fábrica da Cachoeira, estabelecida após o ano d 1891, possuía uma escola dentro da fábrica, sendo ministradas aulas pela professora Jesuína Americana Brasileira e Silva[4]. Já no ano de 1893, era inaugurado o Externato Santanense, pela iniciativa dos senhores Joaquim Augusto Pereira Lima, Francisco Santiago, Cornélio Lima e Joaquim Marra da Silva, o instituto funcionou, porém, pouco tempo. Sobre estes estabelecimentos de iniciativa privada, Ruy Lourenço Filho ressalta: Não confundamos o aspecto de administração geral, que envolve o aspecto político-social, com o da administração escolar, considerada pelo tipo, forma e funcionamento das instituições de ensino.
Dois tipos fundamentais existem: o da escola isolada e o da escola agrupada. O primeiro é o da escola de um só professor, a que se entregam 40, 50 ou às vezes, mais crianças. Funciona quase sempre em prédio improvisado. A segunda toma o nome de “escolas reunidas” [...]. Aqui o prédio oferece melhores condições de conforto e higiene, mesmo quando adaptado [...]. O material é menos precário. Aí temos a escola comum dos meios urbanos. (FILHO,2002 v.6, p.45).
No dia 8 de dezembro de 1873 na capital de Minas Gerais, Ouro Preto, era realizada uma reunião dos irmãos da ordem de São Francisco de Assis, para celebrar uma grande festa em consagração "à N.S. da Conceição, padroeira da mesma ordem, com uma grande e variada exposição, cujo resultado será applicado às obras da capella". Um dos vários irmãos devotos que iria recolher assinaturas para ajudar nas obras da capela local era um jovem de dezoito anos de idade de origem portuguesa, Plácido Teixeira Coutinho, que no ano de 1877, contemplava a notícia da sua aprovação do processo de naturalização de cidadão brasileiro, expedida pelo Ministério do Império (Diário do Rio de Janeiro, 1877).
Passados alguns anos, casado e pai de família, o senhor Plácido estava residindo na freguesia de São Gonçalo do Ibituruna, termo de São João Del Rei, exercendo a profissão de professor público de instrução primária. No dia 23 de maio de 1881, entrava com pedido à inspetoria geral da instrução pública, solicitando sua transferência para a freguesia de Mateus Leme, termo do Pará, solicitação esta, aceita no dia 27 de maio do mesmo ano. A notícia da transferência do professor Plácido para outra freguesia, não agradou a várias pessoas. Em carta publicada no jornal A Província de Minas, aos 10 de julho do ano de 1881, intitulada Os pais de famílias, via-se claramente a insatisfação e tristeza que a ausência do professor Plácido estaria causando aos pais e alunos daquele local. O motivo desta insatisfação se encontrava retratado na carta: o professor estaria sofrendo grande pressão e perseguição do subdelegado, o Sr. João José Gomes, da freguesia de São Gonçalo do Ibituruna, para que deixasse o cargo à disposição.
De fato, assim que o professor conseguiu carta de transferência, o filho do subdelegado, Joaquim Ernesto Gomes partiu às presas para o termo de São João Del Rei e constava que "veio nomeado interinamente para reger a cadeira com promessa de ser provido nella oportunamente". Naquela mesma carta os autores ainda expõem que: o filho do subdelegado, ao contrário do professor Plácido, havia captado a antypathia geral, e sobre tudo tido e havido como um chapado analfabeto, sem o menor conhecimento das regras da grammatica e da orthographia, da arithimetica e do systema métrico, da geografia e até do catecismo romano, semelhante nomeação é a morte da escola pública nesta infeliz freguesia pela falta indubitável de frequência, que já se vão dando com a retirada de alguns meninos para as escolas de Nazareth e de Bom Sucesso, na certeza de que forem lecionados pelo tal Joaquim Ernesto Gomes (A Província de Minas, 1881).
Passados quase sete anos, desde a transferência para a freguesia de Mateus Leme, no dia 26 de janeiro de 1888 era anunciado no jornal A Província de Minas os resultados finais dos exames aplicados nos anos de 1886 e 1887 na Escola Pública Matheus Leme pelo professor Plácido, cujo, alunos eram avaliados em três tipos de grau de classificação: Aprovados com Distinção; Aprovados Plenamente e Aprovados Simplesmente. Sobre os tipos de grau de classificação dos exames, assim expressa a doutoranda Fernanda Cristina C. da Rocha, que pesquisou o Grupo Escolar Rocha nos anos 1910-1916:
Não é
possível precisar o que significava cada grau de classificação dos alunos no
GEPR. Parece-me que o grau era conferido de acordo com a nota alcançada no
exame final. Porém, não é possível saber se a direção seguia rigorosamente as
determinações legais. Segundo o regimento, se os alunos lançassem nota igual ou
superior a cinco, seriam considerados aprovados. Alcançando nota 5 eram
aprovados simplesmente, se obtivessem nota de 6 a 9 eram aprovados plenamente e
nota 10, aprovados com distinção. Os alunos que não alcançassem média 5 nos
exames de final de ano seriam considerados não preparados, e repetiriam o ano (ROCHA,2016, p.39).
No dia 28 de setembro do ano de 1889, o jornal A Província de Minas, anunciou que a Instrução Pública estaria exonerando, a pedido, o professor Plácido Teixeira Coutinho de trabalhos escolares na freguesia de Vargem Grande, termo de Juiz de Fora e concedendo sua mudança para o distrito de São Caetano, termo de Queluz. Ali permaneceria o professor Plácido por um período de três anos, sendo transferido depois, a pedido, para o distrito de Sant’Anna do São João Acima (hoje Itaúna), termo do Pará (Jornal A Ordem, 1892).
Recém-chegado ao distrito de Sant'Ana, o professor Plácido Teixeira Coutinho ministrava aulas noturnas gratuitas para alunos da primeira instrução primária, tendo de início matriculados nove alunos. A época da sua chegada, no início de 1893, as escolas isoladas formadas pela inciativa privada em Sant'Anna do São João Acima, somadas com presença da escola do Estado, eram responsáveis pela cidade e gozavam de grande privilégio na parte educacional. Após cinco anos morando no distrito de Sant'Ana do São João Acima (hoje Itaúna), o professor Plácido TeixeiraCoutinho de cinquenta e quatro anos de idade, mudaria o seu destino.
Em uma manhã do dia 7 de dezembro de 1899, aproximadamente às 10 horas, o desespero beirava ao insuportável do limite e a falência da esperança tornava-se presente. Com isso, "sua morte foi proveniente de suicídio por um tiro de garrucha disparado no ouvido", dentro do cemitério da cidade, sendo o declarante do óbito o Sr. Lindolfo Antônio da Silva. O jornal O Pharol do ano de 1902 noticiou que: "por conta do governo do Estado, vae ser internada no hospício nacional a louca Elisa de Oliveira Coutinho. A desventurada mocinha perdeu a razão por ser iludida com promessa de casamento". Esse teria sido o amargo motivo que há três anos, seu pai ao saber da história e "ralado de desgostos, suicidou-se".
O professor Plácido Teixeira Coutinho brindou com o destino o golpe amargo da vida, todavia, suas atitudes educativas foram luzes!
REFERÊNCIAS:
ELABORAÇÃO E PESQUISA: Charles
Aquino
ACERVO: Maria Lúcia Mendes, Professor Marco Elísio, Charles Aquino
FILHO, João Dornas. Efemérides
Itaunense. Coleção Vila Rica. Ed. João Calazans. Belo Horizonte, MG, 1951.
APM. Arquivo Público Mineiro:
Coleção Leis Mineiras (1835-1889). Disponível em: http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/leis_mineiras/brtacervo.php?cid=1168
. Acesso em: 20/07/2016.
ITAÚNA em detalhes: Enciclopédia
Ilustrada de Pesquisa.
POPLIN-MINAS 1830: Lista
Nominativa: Distrito de Santana do Rio São João Acima, Topônimo Atual: Itaúna,
Termo Pitangui, Comarca Rio das Velhas. Disponível em:
http://www.poplin.cedeplar.ufmg.br
.Acesso em:20/07/2016.
FILHO, Ruy Lourenço Lourenço Org. Tendências da Educação Brasileira:
Coleção Lourenço Filho v.6, Brasília-DF, Inep/MEC, 2002.
MOREIRA, Lúcio Aparecido. AS FONTES
DO MEDO NA EDUCAÇÃO: estudo de caso de uma Escola construída onde existiu um
cemitério. Belo Horizonte, 2013, p.23.
ROCHA, Fernanda Cristina Campos: A
repetência e a reprovação em um grupo escolar mineiro, nas primeiras décadas do
século xx. Revista Intersaberes, vol.11, n.22. Jan –abr 2016. Disponível:http://www.grupouninter.com.br/intersaberes/index.php/revista/article/view/1001
. Acesso em: 20/07/2016.
GIL, Natália e CALDEIRA. Sandra: escola Isolada e Grupo Escolar: a
variação das categorias estatísticas no discurso oficial do governo brasileiro
e de Minas Gerais. Disponível em:
http://seer.ufrgs.br/estatisticaesociedade/article/view/24543 . Acesso em:
20/07/2016.
SOUZA, Miguel Augusto Gonçalves. ITAÚNA: sua trajetória política, social, religiosa, econômica e cultural, desde a criação do Arraial de Santana do São João Acima, em 14 de outubro de 1765, até a data do centenário de instalação do município:1765-2002.
Fontes impressas Hemeroteca Digital Brasileira:
A ACTUALIDADE – Ouro Preto, 2 de
Julho de 1881 – nº 64, p.1.
A ACTUALIDADE – Ouro Preto, 2 de
junho de 1881 – nº 55, p.2.
A ACTUALIDADE – Ouro Preto, 31 de
Maio de 1881 – nº 54, p.2
A ACTUALIDADE – Ouro Preto, 31 de
Maio de 1881 – nº 54, p.3
A ORDEM – Ouro Preto, 9 de julho de
1892 – nº 164, p.3
A PROVÍNCIA DE MINAS – Ouro Preto, 10
de Julho de 1881 – nº 56, p.3.
A PROVÍNCIA DE MINAS – Ouro Preto, 26
de Janeiro de 1888, n° 511, p.4.
A PROVINCIA DE MINAS – Ouro Preto, 28
de Setembro de 1889 – nº 613, p.2.
DIARIO DE MINAS – 22 de Agosto de
1866 – nº 62, p.1.
DIARIO DE MINAS – Ouro Preto, 16 de
Outubro de 1873 – n° 147, p.4.
DIARIO DO RIO DE JANEIRO – Rio de
Janeiro, 4 de Julho de 1877 – N°178
LIBERAL MINEIRO – Ouro Preto, 17 de
Junho de 1884 – nº 67, p.2.
MINAS GERAES – Ouro Preto, 18 de
Março de 1893 – nº 75, p.1.
MINAS GERAES – Ouro Preto, 22 de Março
de 1893 – nº 79, p.3.
O PHAROL – Juiz de Fóra, 7 de maio de
1902 – nº 116, p.1.
[1]O homem que exigia dos paes dos meninos que estes levassem um toco de madeira para se assentarem e uma garrafa d’agua para se dessedentarem, deixando fama de grande algoz dos seus alunos. FILHO. João Dornas: Itaúna – Contribuição para a História do Município, 1936, p.40.
[2] FOGO: Casa ou residência. O
distrito possuía 400 fotos, cujo, levantamento incluía os filhos casados e
escravos dos moradores.
[3] EXPOSTO: Recém-nascido abandonado
pela mãe em outra casa; enjeitado. Geralmente eram colocados nas portas das
casas, entregues a orfanatos administrados por freiras.
[4] Jesuína Americana Brasileira e Silva era proprietária de uma escola no distrito de Itatiaiuçu e havia trabalhado em outras escolas nos distritos de Mateus Leme e Entre Rios.