1856
— Primeiras Sementes do Desejo de Emancipação: Neste ano surgiram as
primeiras discussões sobre a necessidade de emancipação do distrito de Sant’Ana
do São João Acima, que então pertencia ao município de Pará de Minas. Esse
período foi caracterizado pelo início das articulações políticas locais, onde
lideranças começaram a reconhecer a importância de se ter uma administração
própria para atender às demandas crescentes da região. Contudo, a falta de
estrutura política e a pouca influência dos líderes locais na política
provincial impediram que os esforços resultassem em sucesso imediato.
1874
— Reforço no Movimento Emancipacionista: Neste período, novas movimentações
foram feitas para impulsionar a emancipação. O crescimento econômico da região,
com a agricultura e a pecuária se expandindo, criou um cenário propício para a
renovação das tentativas de separação. Porém, mais uma vez, as barreiras
políticas e a resistência de figuras influentes no município de Pará de Minas
frustraram os esforços dos emancipacionistas.
1877
— Persistência nas tentativas: A
perseverança das lideranças locais foi novamente testada em 1877, quando se
intensificaram os movimentos políticos em prol da emancipação. Nessa época,
figuras influentes do arraial de Santana começaram a se destacar na luta,
promovendo reuniões e debates entre os habitantes locais. Apesar das
dificuldades, a mobilização popular cresceu, plantando as bases para as futuras
tentativas.
1879 —
Avanços Políticos: Dois anos depois, as discussões sobre a emancipação
ganharam mais força. As dificuldades vividas pela população local, que
enfrentava longas distâncias para resolver questões administrativas em Pará de
Minas, tornaram a emancipação um clamor popular. A pressão exercida pelos
moradores e líderes locais, intensificou-se, ainda que os resultados práticos
só fossem aparecer anos depois.
1890 — Ventos
Republicanos: Ainda em 1890,
aproveitando os "ventos republicanos", os líderes de Sant’Ana do Rio
São João Acima intensificaram seus esforços pela emancipação do município. Antes
mesmo da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, o arraial de
Sant’Ana já demonstrava um forte alinhamento com os ideais republicanos. Um
marco desse pioneirismo foi a fundação do Clube Republicano 21 de Abril, em
1889, sendo um dos primeiros movimentos republicanos em Minas Gerais. Liderado
por figuras proeminentes da região, o clube foi fundamental para mobilizar a
população em torno das ideias republicanas. No entanto, a instabilidade
política do novo regime dificultou a aprovação das demandas locais, tornando o
processo mais desafiador do que o esperado.
1902
— Consolidação da Emancipação: Em 2 de janeiro de 1902, a emancipação de
Itaúna foi consolidada com a instalação da Câmara Municipal. A nomeação do Dr. Augusto Gonçalves de Souza Moreira como o primeiro prefeito marcou o início da
administração municipal própria, estabelecendo as bases políticas e
administrativas do novo município. Seu papel foi fundamental não apenas na
gestão inicial, mas também no fortalecimento das bases, contribuindo significativamente
para o desenvolvimento do município.
Longa Jornada:
A história da emancipação de Itaúna é marcada por uma longa jornada de
pertencimento a diferentes municípios, refletindo as transformações políticas e
administrativas que moldaram a região ao longo de décadas. Antes de alcançar
sua autonomia, a área que hoje compreende o município de Itaúna passou por
várias mudanças de jurisdição, pertencendo a diferentes municípios em momentos
distintos: Sabará: 1711, Pitangui: 1715, Bonfim: 1847, Pará de Minas: 1848, Pitangui: 1850,
Pará de Minas: 1858, Pitangui: 1872, Pará de Minas: 1874 e finalmente, em 1901,
Itaúna se tornou um município autônomo.
Inicialmente, em 1711, a área fazia parte do município de Sabará, um dos primeiros centros administrativos da Capitania de Minas Gerais. Poucos anos depois, em 1715, Itaúna foi incorporada ao vasto território de Pitangui, que na época era um dos principais núcleos urbanos da região. Pitangui manteve sua influência sobre a área até a metade do século XIX.
Em 3 de abril de 1847, por meio da Lei nº 334, a Paróquia de Santana de São João Acima foi incorporada ao Município de Bonfim. Com o passar do tempo e o desenvolvimento econômico da região, a necessidade de uma administração mais próxima se fez sentir, em 1848, Itaúna foi desmembrada e passou a pertencer a Pará de Minas. Este vínculo durou por alguns anos, mas em 1850, o território de Itaúna voltou a ser parte de Pitangui, refletindo as mudanças nas delimitações municipais que ocorriam na época.
Novamente, em
1858, Itaúna foi incorporada ao município de Pará de Minas, onde permaneceu até
1872, quando mais uma vez voltou a integrar Pitangui. Essas constantes mudanças
de jurisdição foram um reflexo das complexas dinâmicas políticas e econômicas
que caracterizavam a região naquele período. Finalmente, em 1874, Itaúna foi
novamente colocada sob a administração de Pará de Minas.
Já em 1901, após
sua emancipação pela Lei nº 319, a vila de Itaúna começou a se consolidar como um importante
centro regional. O progresso da vila foi reconhecido pelo governo do Estado de
Minas Gerais, e esse reconhecimento foi oficializado pela Lei nº 663, de 18 de
setembro de 1915, que alterou a divisão judiciária do estado e conferiu à vila
de Itaúna o status de cidade. Em 24 de janeiro de 1925, pela Lei nº 879, Itaúna
foi elevada à categoria de comarca.
Esse processo de
evolução administrativa reflete o crescimento e a importância que o município
adquiriu ao longo do tempo, impulsionado pelo desejo de suas lideranças e pela
perseverança de seu povo em alcançar autonomia e desenvolvimento. A elevação do
antigo arraial de Sant’Ana do Rio São João Acima, hoje Itaúna, à condição de
cidade e comarca marcou o início de uma nova era, consolidando o município como
um polo regional de progresso e prosperidade.
REFERÊNCIAS:
Organização,
pesquisa, roteiro e arte: Historiador Charles Aquino
Acervo:
Instituto Cultural Maria Castro Nogueira – Guaracy de Castro Nogueira (In
Memoriam)
APM — Arquivo
Público Mineiro — Fundo Assembleia Legislativa Provincial 1835-1891 — Cx.
40
Coleção das Leis
e Decretos do Estado de Minas Gerais 1915, pg. 32, 41.
FILHO, João
Dornas. Efemérides Itaunenses, Coleção Vila Rica, 1951, págs. 111, 112,
113, 166, 179, 206, 207, 208.
Itaúna em Detalhes
- Enciclopédia Ilustrada de Pesquisa, 2003, NOGUEIRA, Guaracy de Castro [et
al], pg. 20, 21.
Jornal do
Comércio, Rio de Janeiro, 21 de novembro de 1879, nº 324
O Bom Senso, 30
de abril de 1856, nº 406
O Estado de Minas
Gerais, Ouro Preto, 11 de outubro de 1890, nº 94, 105
O Estado de Minas
Gerais, Ouro Preto, 3 de outubro de 1893, nº 298
Revista Acaiaça
nº 56, org. Celso Brant, 1952, p. 72, 73, 74.
Leis e Decretos do Estado de Minas Gerais - Ano 1901 - pág. 26.
Prefeitura Municipal de Itaúna : História de Itaúna XIX e XX
SOUZA, Miguel
Augusto Gonçalves de. História de Itaúna, BH, Ed. Littera Maciel Ltda, 1986, p.
MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça. Memória do Judiciário Mineiro. Comarcas de Minas. Organizadores: Desembargador Lúcio Urbano Silva Martins e Rosane Vianna Soares. Coordenação: Andréa Vanessa da Costa Val. Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 2016. v. I, p. 576-578.