O texto
intitulado "Um Apelo por Morfeu" é um pedido formal dirigido a uma
comissão responsável pela construção de uma nova matriz na cidade de Itaúna. O
autor, que parece ser alguém com forte ligação afetiva e cultural com o local,
argumenta em favor de um espaço alternativo para a edificação da igreja: o
"Cemitério Velho", em vez da localização inicialmente planejada, a
Praça João Pessoa. A análise desse apelo pode ser dividida em três principais
aspectos: o contexto histórico e emocional, as justificativas práticas e a
retórica utilizada.
Contexto
Histórico e Emocional
O texto revela
uma forte conexão com a história e a memória da cidade, especialmente no que
diz respeito ao "Cemitério Velho", que é descrito como um local de
profundo respeito, onde jazem os antepassados de Itaúna. O autor apela ao
respeito pelos mortos e à importância de preservar e honrar a memória dos que
vieram antes, utilizando o espaço como o local da nova matriz. Essa escolha tem
uma dimensão simbólica forte, ao vincular a nova igreja ao local de descanso
eterno daqueles que ajudaram a construir a história da cidade. O autor defende
que o cemitério é um espaço sagrado e, por isso, seria o lugar ideal para a
nova "casa de Deus".
Justificativas
Práticas
O apelo vai além
das considerações emocionais e históricas, apresentando também argumentos
práticos para a escolha do local. O "Cemitério Velho" é descrito como
vasto, com uma área ampla e uma posição geograficamente elevada, que oferece
uma bela vista panorâmica e um distanciamento do "bulício e da trepidação
da cidade". Esses fatores são apresentados como ideais para um local de
meditação e recolhimento, características que o autor julga serem essenciais
para um templo religioso.
Além disso, o
autor argumenta que o espaço atual, se não for utilizado para a construção da
nova matriz, pode cair em abandono, tornando-se um lugar desrespeitoso e mal
cuidado, o que seria inaceitável para um local de tamanha importância histórica
e espiritual. Ele sugere que a construção da nova igreja no "Cemitério
Velho" garantiria que o local continuasse a ser tratado com respeito e
dignidade.
Retórica
O autor usa uma
série de estratégias retóricas para fortalecer seu apelo. Ele começa invocando
a consciência, o bom senso e a clareza de espírito das autoridades, destacando
que fala em nome da maioria dos cidadãos de Itaúna. Esse tipo de apelo à
autoridade e à coletividade confere legitimidade ao pedido e cria um senso de
responsabilidade pública para os destinatários do texto.
Outro elemento
importante é a repetição da ideia de que o "Cemitério Velho" é um
local de profundo respeito e que erigir um templo ali seria a escolha mais
apropriada. A ênfase no contraste entre o caráter sagrado do local e o uso
inadequado de uma praça pública para fins religiosos também reforça a ideia de
que a nova igreja merece um ambiente mais contemplativo.
O autor termina
seu apelo com um tom conciliador, afirmando que, ao seguir sua sugestão, a
comissão estará construindo um templo que perdurará por gerações. Ele propõe,
inclusive, que o alicerce do cemitério seja reutilizado, demonstrando
flexibilidade em sua proposta e ressaltando que sua intenção é colaborar para a
construção de algo duradouro.
Conclusão
O texto, em sua
totalidade, é um apelo bem construído e articulado, que combina argumentos
emocionais, históricos e práticos. A escolha do "Cemitério Velho"
como local para a nova matriz é apresentada de maneira lógica e respeitosa,
apelando tanto para o bom senso quanto para o sentimento de preservação
cultural e respeito pelos antepassados. A forma respeitosa com que o autor se
dirige à comissão e às autoridades da cidade, utilizando termos como
"douta" e "digna", reflete o tom formal e diplomático do
texto, típico de um período em que o respeito pelas autoridades era manifestado
de maneira explícita em textos públicos.
O título "Um
Apelo por Morfeu" também merece uma breve reflexão. Morfeu, na mitologia
grega, é o deus dos sonhos e do sono, o que pode indicar que o autor vê o
"Cemitério Velho" como um local de descanso eterno e pacífico, ideal
para uma casa de oração e meditação, reforçando ainda mais o tom respeitoso e
contemplativo do apelo.