Estive
no fim de semana em Itaúna. Bem recebido por vários e fiéis amigos, dedicamos
todo o dia do sábado, 15/07/2017, a " jogar conversa fora". Um dia
inteiro de " toilette mental",
sem compromisso com esposas e com horários. Exercício contra a demência e o temido
Mal de Alzheimer, que assola gente de nossa idade. Deveremos fazer outras reuniões
e exercitar com mais assiduidade o bom e velho hábito de conversar.
Diferentemente
de outras viagens a Itaúna, um dos meus cicerones levou-me gentilmente a vários
lugares da cidade, nos quais pude identificar pontos marcados do meu passado e
ainda, observar o progresso do município.
Estivemos
no Morro do Rosário e lá, surpreendi-me com uma estátua do Cristo Redentor, que
me pareceu uma novidade marcante. Nada contra o Cristo e sua efígie. Sou
católico (desleixado) e mesmo que não fosse, não teria a temeridade de
insurgir-me contra o Jesus de Nazaré. Afinal, a favor dele existem mais de um
bilhão de criaturas, fiéis à religião ensinada por ele. Se tal não bastasse,
sempre é bom lembrar que ele também é venerado pelos muçulmanos, que somam mais
um bilhão e meio. Sem dúvida, o filho de Deus, criado por um carpinteiro meu
xará na Palestina, é uma unanimidade.
Pelo
meu anfitrião, fiquei sabendo também que depois que erigiram a estátua do
Cristo no alto do Rosário, existem alguns em Itaúna, em vez de chamarem este
local histórico de Morro do Rosário, denominação consagrada, com mais de
duzentos anos de uso, quer chamar, ou talvez, mudar o local de “Morro do de “Morro
do Cristo”.
Novidade, no meu sentir, despropositada e
bajuladora. Cristo não precisa de salamaleques e tampouco de agrados. Existem
estátuas do Redentor em variados lugares, com ênfase para o Rio de Janeiro,
lugar onde reina soberano há muitas décadas. Clones existem por toda parte. Até
em Belo Horizonte, perdido num bairro distante, depois do Barreiro.
Na
cidade maravilhosa, não trocaram o nome do Corcovado, depois da construção da
estátua mais famosa da cidade e do Brasil. Por lá, o Corcovado não perdeu seu
nome de batismo. O Morro do Rosário em Itaúna tem uma bela tradição. Tradição
de festas de Reinado, que se estendiam por quase uma semana, culminando no dia
quinze de agosto, data na qual o catolicismo celebra a Assunção de Nossa Senhora.
Assunção da mãe de Jesus, levada aos céus por anjos, para fazer companhia ao
filho ilustre. Por favor, não troquem o nome do morro. Tenho certeza que nem o
próprio Jesus aprovaria a mudança.
*Urtigão
(desde 1943) é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, que viveu em
Itaúna nas décadas de 50 e 60. Causo verídico enviado especialmente para o blog
Itaúna Décadas em 15/08/2017.