Charo era uma
jovem mexicana de sorriso sereno e olhar profundo, sempre à procura de encantos
escondidos nos cantos mais inesperados do mundo. Sua busca a levou a Ouro
Preto, essa cidade brasileira esculpida em história e encanto, onde as ladeiras
contavam segredos, e cada pedra parecia sussurrar as lembranças de quem já
havia passado por ali.
Ao caminhar por
Ouro Preto, Charo se perdia nas ruas estreitas e íngremes, ladeadas por
casarões antigos que pareciam guardar, em suas paredes, o peso de séculos de
história. A cidade pulsava uma beleza singular, onde o antigo e o novo
coexistiam em harmonia, criando um universo onde o tempo parecia suspenso.
Charo pensava nas ruas de Ouro Preto como fragmentos de um passado que, de
alguma forma, sobrevivera e ainda estava vivo ali, resistindo, florescendo em
meio ao presente.
Numa dessas caminhadas, numa noite estrelada, Charo chegou à Praça Tiradentes, onde a iluminação fazia brilhar o cenário com um toque quase mágico. A praça estava cheia de vida e de um silêncio profundo ao mesmo tempo. Foi então que ela encontrou um jovem que também parecia encantado pelo cenário ao redor. Ele era um estudante de Pedagogia, e seus olhos brilhavam com a mesma curiosidade que ela sentia. Ele se aproximou e, com um sorriso tímido, ofereceu-lhe uma flor e perguntou: De onde você é? A moça, com um sorriso, respondeu: ¡Soy de México!
— Esta flor me recuerda los colores de tu tierra — disse, com um suave acento-¿Aceptado?
Charo aceitou a
flor, e ali, sentados na calçada da praça, trocaram histórias sobre suas
terras, suas vidas e o que os havia levado até aquele lugar mágico. Ele falava
sobre como o estudo e a preservação da memória cultural podiam fazer com que a
história de um povo nunca se perdesse. Cada palavra reforçava a crença de Charo
de que ela estava em um lugar onde o tempo era um guardião cuidadoso, sempre
atento ao passado e acolhendo o presente com afeto.
No dia seguinte, o jovem estudante a levou para conhecer os tesouros de Ouro Preto. Começaram pelo Mirante do Morro São Sebastião, de onde puderam ver a cidade inteira em seu esplendor, cercada pelas montanhas verdes e banhada pela luz suave da manhã. Charo sentiu ali uma paz indescritível, como se pudesse enxergar sua própria alma refletida naquela paisagem imensa.
Visitando o Museu
da Inconfidência, ela conheceu as histórias dos que lutaram pela liberdade, e a
Igreja São Francisco de Assis a envolveu com sua arquitetura barroca, cheia de
detalhes e com o toque de um Brasil antigo, que Charo sentia em cada esquina.
No topo do Pico do Itacolomi, ela encontrou algo mais que uma paisagem:
encontrou um pedaço de si mesma, uma certeza de que ali sempre haveria um lugar
onde o tempo, o passado e o presente, poderiam conviver.
Quando chegou a
hora de retornar ao México, Charo levou consigo muito mais do que apenas
lembranças. Ouro Preto havia lhe mostrado o valor de preservar, não apenas as
coisas materiais, mas também as histórias, as pessoas e as emoções. Ela
compreendeu que o verdadeiro legado de um lugar não são apenas suas construções
ou suas paisagens, mas a memória de um povo que luta para manter sua identidade
viva, mesmo com o passar dos anos.
De volta à sua terra natal, Charo mantinha viva em sua mente, coração e alma os detalhes daquela viagem. Em suas lembranças, Ouro Preto sempre seria um pedaço de eternidade, uma cidade onde o tempo se tornou aliado da história, guardando os sonhos e as lutas de quem ali viveu. E, de uma maneira mágica, Charo soube que um pouco dela também ficara naquela cidade, nos fragmentos de histórias que ela agora conhecia e carregava consigo, com a promessa de que, onde quer que estivesse, preservaria a memória e a beleza de um povo.
"Escritoras Contemporâneas"
História narrativa: Lótus Negra
Arte e design: Charles Aquino
Ilustração criada com IA, inspirada no conteúdo do texto.