Era uma noite
fria e silenciosa. Emily andava por uma rua estreita, cercada por prédios
antigos que pareciam se inclinar sobre ela. A iluminação era fraca, e as
sombras dançavam sob os poucos postes de luz. O coração dela batia acelerado;
algo naquela rua parecia errado, como se ela não estivesse mais em seu mundo.
De repente, Emily parou. Diante dela, algo inexplicável: um muro invisível bloqueava sua
passagem. Ela estendeu a mão para frente e sentiu uma resistência firme, como
se houvesse vidro ali, mas nada visível estava entre ela e o resto da rua.
Emily pressionou o muro, empurrando com força, mas ele não cedia.
Curiosa, ela
tentou ver o que havia do outro lado. Ali, a paisagem era dividida em duas
metades distintas: à sua esquerda, um lado negro, profundo e sombrio, onde tudo
parecia distorcido, como se a escuridão tivesse vida própria. Do outro lado, um
clarão branco, quase ofuscante, emanava uma sensação de calma e tranquilidade.
Era como se dois mundos opostos coexistissem, separados apenas pelo misterioso
muro.
Emily sentiu um
calafrio percorrer sua espinha. Ela sabia que precisava descobrir o que aquilo
significava e por que esse muro a impedia de seguir adiante. Mas uma pergunta
insistente ecoava em sua mente: para qual lado ela deveria ir?
Emily ouviu um
sussurro em sua mente, suave como uma brisa, que a chamava para o lado claro.
Era uma voz familiar, quase maternal, que parecia envolver seu coração com uma
sensação de paz. "Venha... aqui é seguro, Emily. Você encontrará
respostas, luz e o caminho de volta", dizia a voz, insistente e
acolhedora, como se o lado claro a esperasse há muito tempo.
Mas, então, outra
sensação tomou conta dela. Uma atração sombria e poderosa a puxava para o lado
negro, como se algo invisível estivesse tentando envolvê-la. "Não confie
na luz", uma voz profunda sussurrava. Era enigmática e um tanto sedutora, prometendo
respostas que Emily sabia que não encontraria em nenhum outro lugar. "Aqui
está a verdade... o que você realmente precisa ver."
O coração de
Emily batia mais rápido; a cabeça girava entre os chamados opostos. Ela
sentia-se dividida, incapaz de resistir à força que cada lado exercia sobre
ela. A atração para o lado escuro era quase irresistível, intensa e misteriosa,
mas o lado claro oferecia a paz que tanto desejava. Ela sabia que a escolha que
faria poderia mudar tudo — e não apenas para ela.
Ali, diante daquele muro invisível e de um mundo dividido, Emily percebeu que essa decisão não era só sua. Era como se algo a esperasse dos dois lados, algo que conhecia seus medos, seus desejos e que estava pronto para testá-la.
Emily respirou
fundo, sentindo a tensão se acumular em seu peito. A luz suave emanava calor e
esperança, enquanto a sombra pulsava com promessas de poder e conhecimento. Ela
fechou os olhos por um momento, tentando se conectar com seu verdadeiro eu, com
o que realmente desejava.
"Eu não
posso ser consumida pela escuridão", sussurrou para si mesma. A voz da luz
era um farol em meio à tempestade e, apesar do medo e da dúvida, ela sabia que
a escuridão apenas a atraía com ilusões.
Abrindo os olhos,
Emily dirigiu-se para a luz, permitindo que a sensação de paz a envolvesse
completamente. A cada passo que dava, as sombras começavam a recuar, e a voz
profunda tornava-se cada vez mais distante, como um eco que perdia força.
Quando finalmente
cruzou o limite entre os dois mundos, a luz a envolveu, e ela sentiu uma
conexão renovada com tudo ao seu redor. Era como se amor e sabedoria lhe fossem
concedidos, com a verdade se desdobrando diante de seus olhos. Ela percebeu que
não estava sozinha nessa jornada; outros estavam lá, prontos para apoiá-la.
Emily, agora
cercada pela luz, virou-se para encarar as sombras que a perseguiam. "Eu
não tenho medo de você", disse, com uma nova confiança. "Eu escolho a
luz e a verdade que ela traz." As sombras hesitaram e, então, lentamente
começaram a dissipar-se, como névoa ao amanhecer.
Com o coração
leve, Emily sentiu que, ao escolher a luz, também estava se escolhendo. Ela
sabia que a jornada estava apenas começando, mas estava pronta para enfrentar o
que viesse, guiada pela força que havia encontrado em si mesma. Afinal, a
verdadeira luz não apenas iluminava o caminho; também ajudava a encontrar a
coragem necessária para caminhar.
E assim, Emily
seguiu adiante, não apenas como uma viajante, mas como uma guerreira da luz,
pronta para enfrentar o mundo com um novo propósito e clareza.
História e
direção narrativa: Mary J.
Arte e design:
Charles Aquino
Apoio à
leitura e inspiração para novos escritores: Professora Camila Queiroz
Ilustração criada com IA, inspirada no conteúdo do texto.