sábado, novembro 02, 2024

EMILY EM UM MUNDO PARALELO

Era uma noite fria e silenciosa. Emily andava por uma rua estreita, cercada por prédios antigos que pareciam se inclinar sobre ela. A iluminação era fraca, e as sombras dançavam sob os poucos postes de luz. O coração dela batia acelerado; algo naquela rua parecia errado, como se ela não estivesse mais em seu mundo.

De repente, Emily parou. Diante dela, algo inexplicável: um muro invisível bloqueava sua passagem. Ela estendeu a mão para frente e sentiu uma resistência firme, como se houvesse vidro ali, mas nada visível estava entre ela e o resto da rua. Emily pressionou o muro, empurrando com força, mas ele não cedia.

Curiosa, ela tentou ver o que havia do outro lado. Ali, a paisagem era dividida em duas metades distintas: à sua esquerda, um lado negro, profundo e sombrio, onde tudo parecia distorcido, como se a escuridão tivesse vida própria. Do outro lado, um clarão branco, quase ofuscante, emanava uma sensação de calma e tranquilidade. Era como se dois mundos opostos coexistissem, separados apenas pelo misterioso muro.

Emily sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ela sabia que precisava descobrir o que aquilo significava e por que esse muro a impedia de seguir adiante. Mas uma pergunta insistente ecoava em sua mente: para qual lado ela deveria ir?

Emily ouviu um sussurro em sua mente, suave como uma brisa, que a chamava para o lado claro. Era uma voz familiar, quase maternal, que parecia envolver seu coração com uma sensação de paz. "Venha... aqui é seguro, Emily. Você encontrará respostas, luz e o caminho de volta", dizia a voz, insistente e acolhedora, como se o lado claro a esperasse há muito tempo.

Mas, então, outra sensação tomou conta dela. Uma atração sombria e poderosa a puxava para o lado negro, como se algo invisível estivesse tentando envolvê-la. "Não confie na luz", uma voz profunda sussurrava. Era enigmática e um tanto sedutora, prometendo respostas que Emily sabia que não encontraria em nenhum outro lugar. "Aqui está a verdade... o que você realmente precisa ver."

O coração de Emily batia mais rápido; a cabeça girava entre os chamados opostos. Ela sentia-se dividida, incapaz de resistir à força que cada lado exercia sobre ela. A atração para o lado escuro era quase irresistível, intensa e misteriosa, mas o lado claro oferecia a paz que tanto desejava. Ela sabia que a escolha que faria poderia mudar tudo — e não apenas para ela.

Ali, diante daquele muro invisível e de um mundo dividido, Emily percebeu que essa decisão não era só sua. Era como se algo a esperasse dos dois lados, algo que conhecia seus medos, seus desejos e que estava pronto para testá-la.

Emily respirou fundo, sentindo a tensão se acumular em seu peito. A luz suave emanava calor e esperança, enquanto a sombra pulsava com promessas de poder e conhecimento. Ela fechou os olhos por um momento, tentando se conectar com seu verdadeiro eu, com o que realmente desejava.

"Eu não posso ser consumida pela escuridão", sussurrou para si mesma. A voz da luz era um farol em meio à tempestade e, apesar do medo e da dúvida, ela sabia que a escuridão apenas a atraía com ilusões.

Abrindo os olhos, Emily dirigiu-se para a luz, permitindo que a sensação de paz a envolvesse completamente. A cada passo que dava, as sombras começavam a recuar, e a voz profunda tornava-se cada vez mais distante, como um eco que perdia força.

Quando finalmente cruzou o limite entre os dois mundos, a luz a envolveu, e ela sentiu uma conexão renovada com tudo ao seu redor. Era como se amor e sabedoria lhe fossem concedidos, com a verdade se desdobrando diante de seus olhos. Ela percebeu que não estava sozinha nessa jornada; outros estavam lá, prontos para apoiá-la.

Emily, agora cercada pela luz, virou-se para encarar as sombras que a perseguiam. "Eu não tenho medo de você", disse, com uma nova confiança. "Eu escolho a luz e a verdade que ela traz." As sombras hesitaram e, então, lentamente começaram a dissipar-se, como névoa ao amanhecer.

Com o coração leve, Emily sentiu que, ao escolher a luz, também estava se escolhendo. Ela sabia que a jornada estava apenas começando, mas estava pronta para enfrentar o que viesse, guiada pela força que havia encontrado em si mesma. Afinal, a verdadeira luz não apenas iluminava o caminho; também ajudava a encontrar a coragem necessária para caminhar.

E assim, Emily seguiu adiante, não apenas como uma viajante, mas como uma guerreira da luz, pronta para enfrentar o mundo com um novo propósito e clareza.


"Escritoras Contemporâneas"

História e direção narrativa: Mary J.

Arte e design: Charles Aquino

Apoio à leitura e inspiração para novos escritores: Professora Camila Queiroz

Ilustração criada com IA, inspirada no conteúdo do texto.