Um
senhor, nascido e criado em Santanense, sempre se encontra comigo para um
“bate-papo”. Conhecemo-nos desde
crianças. Sempre gostamos de recordar coisas pitorescas de nossa terra. Seu
pai, homem bravo e autoritário, criou os filhos num tal respeito e obediência
que não mandava duas vezes.
Em
certa ocasião, ainda menino, com seus doze anos, tinha que sair a qualquer hora
da noite para buscar parteira para sua mãe, a qual todos os anos, fazia repetir
o acontecimento. A parteira morava na Fazendinha, a meia légua de distância.
Não havia luz elétrica; tudo escuridão completa.
Em
uma dessas noites lá foi ele, lanterna na mão, sozinho, muito medo, buscar a
tal parteira. Ela se pôs à sua frente, com aquelas saias de três panos; começou
a chover uma chuva bem fininha e ela suspendeu as saias pra agasalhar a cabeça.
Com a pressa de chegar, nem notou que havia coberto a cabeça, mas descoberto as
nádegas.
O
menino vinha atrás com a lanterna, iluminando onde não devia iluminar. A
vontade de rir era demais, mas não se podia desrespeitar. Chegando em casa,
entrou para seu quarto e desatou aquela risada contida no espaço de meia légua.
Seu pai incomodado perguntou-lhe se estava doido.
Respondeu: “ Estou alegre, porque vou ganhar mais um irmão.
”
Referência:
Texto:
SOUZA. Iracema Fernandes De. Itaúna
Através dos Tempos, pg. 99, 1984.
Organização:
Charles Aquino