quarta-feira, setembro 05, 2012

RUA SILVA JARDIM

( Fotografia década: 50)

As Memórias da Rua Silva Jardim

Em 1910, Itaúna estava deixando para trás suas raízes rurais e abraçando um novo tempo de progresso. As vacas que antes vagavam livremente pelas ruas deram lugar ao desenvolvimento que agora florescia na cidade. A Rua Silva Jardim, sempre um marco central, testemunhava a transformação ao seu redor. Com a chegada do grupo escolar, a estrada de ferro e a iminente inauguração da fábrica de tecidos Itaunense, a cidade estava em pleno vapor de crescimento.

Eu, ainda um garoto, via tudo isso com olhos curiosos e cheios de esperança. Participava do cotidiano de maneira simples, mas significativa. Na época do calçamento da Rua Silva Jardim, minha missão era levar refrescos para os trabalhadores. Com um pote de água, rapadura raspada e limões, preparava uma limonada para saciar a sede da turma nas horas mais quentes. Outro pote, com água pura e fresca, era coberto com um pano limpo e deixado à sombra da casa do Sr. João Lucas, sempre pronto para ser apreciado.

A Rua Silva Jardim também guardava lembranças doces da minha infância. Com alguns réis na mão, caminhava até a casa de dona Mariquinhas do Juca Constantino para comprar roscas. Treze roscas por quinhentos réis, com um vintém de porcentagem, eram uma pequena fortuna para um menino. Cada mordida nas roscas macias e açucaradas era um pedaço do céu, um tesouro saboroso que carregava para casa.

Ao longo dos anos, a Rua Silva Jardim permaneceu como um símbolo das minhas memórias mais queridas. A transformação da cidade nunca apagou o encanto daqueles dias simples, onde a inocência e a alegria de viver eram abundantes. Mesmo com o progresso, as lembranças das tardes sob o sol, das limonadas compartilhadas e das roscas saborosas continuaram a iluminar minha alma, um testemunho eterno da minha infância em Itaúna.


Referência:
Narrativa histórica baseada em fatos reais: Charles Aquino
SOUZA, Iracema Fernandes De. Itaúna Através dos Tempos. pág: 64,1984.
Organização: Charles Aquino

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