quinta-feira, setembro 13, 2012

ITAÚNA: GRIPE ESPANHOLA


Ecos da Gripe Espanhola em Itaúna

 No ano de 1918, acabada a grande guerra, como consequência nos veio de sobra a gripe “espanhola”. ...

Aqui em Itaúna mesmo, houve muitas vidas sacrificadas. Eu sofri a gripe, ficando afastada do trabalho por mais de um mês. Quando Dr. Dário me deu alta, fui trabalhar. Mas a fraqueza era tanta, que não dei conta do serviço. Pedi o chefe (Augusto Alves) ordem de voltar para casa.

Ele consentiu. Eu morava na Rua Marechal Deodoro, e no percurso da fábrica até minha casa, descansei por oito vezes. Ainda não havia automóvel, tinha que aguentar era a pé mesmo. A saúde Pública não estava preparada. Não havia meios de enfrentar o surto epidêmico.

Artur Vilaça receitava remédios improvisados, mandava tomar muito mel, chá de folhas de pitanga e outros medicamentos que lhe vinham à ideia, mas estava custoso dar fim à doença. No meio rural, ficava gente morta sem ter quem a sepultasse, pois, os vizinhos mais próximos estavam também acamados, sem condições de prestar qualquer socorro. Nesses meios estava o povoado dos Arrudas, ao deus dará.

Moribundos, impossibilitados de se locomoverem, ficavam entre a agonia e o fim. Senhor Maurício, um fazendeiro simples, mas a quem a gripe não dera conta de derrubar, ficou de certo modo responsável pelos infelizes de seus arredores. Pensou de todo modo como haveria de resolver o problema e teve uma idéia “genial”: tinha que trazer uma carrada de rapaduras à cidade, e traria também os cadáveres para serem enterrados.

Encheu o carro de rapaduras, cobrindo-as com os corpos. Chegando à cidade, um negociante atravessou-lhe o caminho para escolher rapaduras, quase morrendo de espanto! .... Estavam todas cobertas por gente morta. Os negociantes deram alarme, uns aos outros, tendo sido o recurso para o seu Maurício despejar o produto de seu trabalho da ponte ao Rio São João.

Iracema Fernandes de Souza




Referências:
Texto: SOUZA, Iracema Fernandes. Itaúna Através dos Tempos, pg. 93, 1984.
Organização: Charles Aquino