A restauração do antigo prédio da Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira, em Itaúna/MG, representa um marco na valorização histórica e na revitalização institucional.
O projeto,
conduzido pelo arquiteto Samuel Nicomedes, conta com o apoio da equipe diretiva
do Hospital Manoel Gonçalves, o provedor Antônio Guerra e o vice-provedor,
Francisco Mourão, do Ministério Público, parlamentares e empresários, visando
não apenas a recuperação do patrimônio histórico, mas também a adaptação do
espaço às necessidades contemporâneas da instituição.
A decisão de
iniciar as obras, que incluem a preservação da fachada tombada, a recomposição
do telhado, a construção de um novo hall de entrada e salas administrativas,
reflete uma postura audaciosa diante dos desafios impostos pela conservação
patrimonial. Além disso, a transferência do Centro Administrativo para o local
permitirá a ampliação do Centro Oncológico do Hospital, garantindo maior
conforto aos pacientes.
Sob a supervisão de Samuel Nicomedes, a restauração não apenas resgata a estrutura do hospital, mas também busca devolver ao prédio seu valor simbólico e espiritual. Entre as iniciativas conduzidas está a criação da futura Capela da Casa de Caridade, cuja fundação já está concluída. No passado, essa área correspondia à enfermaria, dividida entre os setores masculino e feminino.
O projeto prevê que a capela
será erguida no andar inferior, enquanto o pavimento superior será destinado a
uma sala de treinamento e reuniões para o conselho e equipes de trabalho. Além
disso, um dos desafios do arquiteto é a reintegração do altar original da
antiga capela, atualmente resguardado no Museu Francisco Manoel Franco. Sua
reinstalação na nova capela reforça o vínculo entre passado e presente,
simbolizando a harmonização entre fé e ciência no processo de cura.
O envolvimento de
Samuel Nicomedes nessa restauração transcende a responsabilidade profissional.
Desde a infância, ele nutria fascínio pelo hospital e sua arquitetura, chegando
a desenhar sua fachada ainda criança. Agora, adulto, conduz essa obra com um olhar
de respeito e devoção, assegurando que cada detalhe seja preservado entre as
ruínas.
Na década de
1980, seu pai, Vandeir José Nicomedes, e o professor Marco Elísio Chaves
Coutinho acompanharam uma equipe de televisão interessada na produção de um
documentário sobre o hospital, então já em estado de degradação. Esse fato
demonstra que a preocupação com a preservação desse patrimônio não é recente,
mas sim uma demanda histórica da cidade.
De certo, o
destino entreteceu seus desígnios para que um arquiteto audaz assumisse essa
nobre incumbência ao lado dos provedores do Hospital. Tal empreitada transcende
a mera preservação material, configurando-se como um elo inquebrantável entre o
passado e o futuro de Itaúna. Ao salvaguardar a memória e a identidade da
cidade, essa missão perpetua, simultaneamente, o legado humanitário da Casa de
Caridade, assegurando a continuidade de seu compromisso com o bem-estar da
comunidade.