Há poemas que nos
transportam no tempo e no espaço, resgatando lembranças, sentimentos e cenários
de um passado que permanece vivo na memória. "Itaúna", de Alberto
Olavo (pseudônimo de Mário Gonçalves de Matos), é um desses tesouros literários
que encantam pela sensibilidade e riqueza imagética.
Neste poema, publicado em 1938 na obra Último canto da tarde, o autor nos convida a um passeio nostálgico por sua terra natal, Itaúna (MG), evocando os sinos das igrejas, o chilrear das andorinhas, o gemido da pomba juruti e as tardes límpidas e finas de maio.
Cada verso pulsa com a musicalidade e a delicadeza
das paisagens mineiras, fazendo ecoar a alma e o coração de Minas Gerais.
Ler "Itaúna" é revisitar um pequeno arraial que se fez grande na memória do poeta. É sentir a brisa das montanhas, ouvir os sons que marcaram uma infância e perceber como a poesia pode eternizar o encanto de um lugar. Aceite este convite e mergulhe na poesia! Leia e deixe-se envolver pela beleza dos versos que celebram uma Itaúna cheia de vida, história e emoção.
ITAÚNA
Sinos do mês de maio em minha terra,
no azul das tardes límpidas e finas!
O vosso canto em meus ouvidos erra,
como errava nos vales e campinas...
As vossas leves músicas divinas
vibravam, a ecoar de serra em serra!
No coração da pequenina terra
cantava o suave coração de Minas ...
Ah! Não vos esqueci, por me lembrardes
aqueles céus e, no murchar das tardes,
o gemido da pomba juruti...
Ah! sim, por me lembrardes, às tardinhas,
o álacre chilrear das andorinhas,
No pequeno arraial onde nasci ...
*Alberto Olavo - 1938
Referência
OLAVO, Alberto. Último canto da tarde. Sociedade Editora Amigos do
Livro, MG, 1938, p. 47-48.
*Alberto Olavo é
o pseudônimo do escritor Mário Gonçalves de Matos, nascido em Santana do Rio
São João Acima, atual Itaúna (MG), no dia 28 de setembro de 1891, filho de
Antônio Pereira de Matos e Maria Gonçalves de Sousa Matos.
Organização e
arte: Charles Aquino