O poema “O
Silêncio de Meu Pai”, escrito pelo professor Phonteboa e incluído no minilivro
“Presença Paterna” – uma obra de dimensões singulares (2,6 x 3,4 cm) e fonte no
tamanho 4,5 –, é uma peça literária cuidadosamente elaborada para
"afetar" profundamente seus leitores. Lançado em 2024, este
minilivro, apesar de seu formato diminuto, revela-se grandioso em cada palavra,
ampliando-se em significado à medida que o leitor mergulha na mensagem que o
autor pretende transmitir. Phonteboa destaca que cada um tem seu próprio jeito
de se tornar presente, e é precisamente essa presença silenciosa que o poema
captura com maestria.
O poema explora a
profundidade e a complexidade do silêncio como um meio de comunicação poderoso
e, muitas vezes, subestimado. Através do silêncio do pai, o eu lírico
experimenta uma conexão íntima e profunda que vai além das palavras. Este
silêncio é apresentado não como ausência, mas como presença repleta de
significados e sentidos, algo que ocupa "todos os espaços" do ser do
filho, desencadeando reações e reflexões profundas.
A insistência em
falar, por parte do filho, pode ser vista como uma tentativa de preencher um
vazio que, na verdade, não existe, pois o silêncio do pai já está pleno de
significado. Isso reflete a dificuldade humana em aceitar e compreender o
silêncio como uma forma legítima e rica de comunicação, especialmente em uma
sociedade onde o falar é muitas vezes mais valorizado que o ouvir.
À medida que o
poema avança, o silêncio do pai adquire uma dimensão transcendente. Torna-se
"uma pausa no barulho do mundo", um momento de introspecção e busca
por novos significados, novos pensamentos. É neste ponto que o silêncio se
transforma em eternidade – quando o pai se vai, seu silêncio permanece como um
legado, algo que agora o filho compreende em sua totalidade.
O desfecho do
poema é especialmente tocante. O eu lírico, ao perceber a eternidade do pai no
silêncio, cala-se, indicando que finalmente compreendeu e aceitou o poder desse
silêncio. O silêncio do pai não é mais algo a ser preenchido ou rompido, mas
respeitado e honrado.
Em termos
literários, o poema utiliza a repetição do verso "O silêncio de meu
pai" para enfatizar a centralidade dessa ideia na vida do eu lírico. O uso
de paradoxos, como "o silêncio que comunica" e "o silêncio que
ocupa todos os espaços", reflete a complexidade do tema e a rica
ambiguidade do silêncio como uma forma de expressão.
No geral, o poema
é uma reflexão profunda sobre a comunicação não-verbal, o legado dos pais, e a
transformação do silêncio em um espaço de memória e conexão espiritual. É um
convite à introspecção e à valorização dos momentos de quietude, tanto na vida
quanto na morte. O professor Phonteboa, com sua obra pequena em dimensões
físicas, mas imensa em profundidade emocional, nos lembra que a presença se
manifesta de formas diversas e que o silêncio, muitas vezes, é a mais eloquente
delas.
O silêncio de meu
pai era repleto de significados ...
Estava ali ao meu
lado por um longo tempo sem pronunciar som algum
E como comunicava
...
O silêncio do meu
Pai ocupava todos os espaços de meu ser
E provocava em
mim reações descabidas
E eu insistia em
falar...
E não ouvia
plenamente o silêncio de meu pai.
O silêncio de meu
pai
Era uma pausa no
barulho no mundo
Era uma busca de
um novo sentido
De um novo
momento
De um novo
pensamento.
O silêncio de meu
pai
É, agora, eterno.
E, então, percebo
que meu pai tornou-se eterno
No próprio
silêncio que era o silêncio de meu pai.
No silêncio de
meu pai
Calo-me.
Referências:
PHONTEBOA G. Presença Paterna. O Silêncio de Meu Pai. 1ª Ed. Itaúna/MG, 2024, p.39-42.
Contato do Autor: phonteboa@gmail.com
Elaboração, arte e análise do poema: Charles Aquino