“VIM PARA SERVIR”
Nascido em 7 de
agosto de 1940, no povoado de Capão Escuro, então parte do município de Itaúna
(MG) e hoje pertencente a Carmo do Cajuru, Dom Mário Clemente Neto foi o décimo
quinto filho de uma grande família de vinte irmãos. Esses irmãos são frutos de
dois casamentos de seu pai, Antônio Clemente Neto, que primeiro se casou com
Maria Francisca de Jesus, com quem teve onze filhos, e posteriormente com Maria
Eulália Clemente, com quem teve mais nove filhos. Criado em um ambiente onde os
valores familiares e a fé desempenhavam papéis cruciais, Dom Mário teve uma
infância marcada pela simplicidade e pela vida em comunidade, fatores que
moldaram profundamente sua vocação religiosa.
Em 1953, Dom
Mário mudou-se para Itaúna para continuar seus estudos no Colégio Sant'Ana.
Durante esse período, conheceu o padre Adriano Turkenburg, da Congregação do
Espírito Santo, que foi uma figura decisiva e inspirou Mário Clemente a seguir
a vida religiosa. Em 1958, ele ingressou no Seminário do Caraça e,
posteriormente, estudou filosofia em Mariana. O noviciado ocorreu em
Teresópolis, Rio de Janeiro, seguido por estudos de teologia na Pontifícia
Universidade Gregoriana em Roma.
Ordenação Sacerdotal e Primeiros Anos de
Sacerdócio: Dom Mário foi ordenado sacerdote em 14 de agosto de 1966, na Igreja
Matriz de Sant’Ana em Itaúna, pelo Bispo Diocesano Dom Cristiano Pena. No dia
seguinte, celebrou sua primeira missa, marcando o início de uma jornada
devotada ao serviço e à evangelização. Trabalhou como sacerdote em diversas
paróquias, incluindo Itaúna, Mateus Leme, Itatiaiuçu, e São Paulo,
destacando-se por seu envolvimento com a Pastoral Rural e a formação de
Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão.
Missão no Amazonas, Elevação ao Episcopado
e Renúncia: A missão de Dom Mário no Amazonas começou na década de 1970,
quando ele se envolveu no projeto das igrejas-irmãs. Sua dedicação e habilidade
pastoral chamaram a atenção do bispo prelado de Tefé, Joaquim de Lange, que o
indicou como seu sucessor. Em 31 de julho de 1980, o Papa João Paulo II nomeou
Mário Clemente Neto como prelado coadjutor de Tefé. Sua ordenação episcopal
ocorreu em 19 de outubro de 1980, em Itaúna. Em 1982, ele sucedeu a Dom Joaquim
de Lange como bispo prelado de Tefé.
Durante seu
episcopado, Dom Mário Clemente Neto, CSSp, Bispo Prelado Emérito, foi um
defensor incansável das comunidades ribeirinhas e indígenas do Amazonas. Ele
trabalhou para promover a justiça social e a dignidade humana. Em 19 de outubro
de 2000, após duas décadas de serviço, ele renunciou ao cargo de bispo prelado
de Tefé devido à idade, mas continuou sua missão pastoral e espiritual.
O Legado: O itaunense Dom Mário Clemente Neto será lembrado como um verdadeiro servo de Deus e da comunidade. Sua vida e obra exemplificam o compromisso com a fé e a humanidade. Dom Mário não só levou os bons costumes de sua cidade natal a novas fronteiras, mas também trouxe de volta a inspiração e o orgulho de uma vida dedicada ao serviço altruísta e ao bem comum.
Ele serviu com devoção, amor e compromisso,
inspirando futuras gerações a reconhecer a importância de servir ao próximo e à
comunidade com humildade e dedicação. Seu trabalho no Amazonas, sua dedicação
às paróquias e comunidades rurais, e sua capacidade de inspirar e liderar são
testemunhos duradouros de sua missão. Seu legado permanecerá vivo,
lembrando-nos sempre da verdadeira essência do serviço altruísta.
Dom Mário
Clemente Neto faleceu em 8 de agosto de 2024, apenas um dia após completar 84
anos. Seu corpo foi velado na Igreja Matriz de Sant’Ana, em Itaúna, e sepultado
no Cemitério Central da cidade. Sua partida gerou uma onda de comoção e
homenagens, refletindo a profunda admiração e respeito que ele conquistou ao
longo de sua vida. Com uma trajetória de vida exemplar, Dom Mário viveu
intensamente o lema "Vim para Servir", demonstrando que essa frase
não era apenas um ideal, mas o fundamento de todas as suas ações.
Referências:
Pesquisar, arte e
roteiro: Charles Aquino
Veja também: Jornal Folha do Povo - 10 Agosto, 2024