segunda-feira, junho 24, 2024

JESUS DO BANJO

 A poeta Vera Alice dos Santos, em seu relato poético sobre seu pai, Jesus Taveira dos Santos, traça um retrato afetuoso e reverente de um homem que, apesar das dificuldades e simplicidade da vida, deixou um legado marcante tanto no âmbito do trabalho quanto no universo musical. Conhecido carinhosamente como "Jesus do banjo" ou "Figo", foi um trabalhador dedicado e um músico talentoso, cuja presença trazia alegria a todos ao seu redor.

Jesus Taveira exerceu sua função nas décadas de 1950 e 1960 na Cia. Industrial Itaunense. A poeta recorda com carinho que ele trabalhava descalço, “não gostava de sapatos ou botinas”, uma escolha que reflete uma autenticidade e ligação profunda com suas raízes e a realidade de seu tempo. Esse detalhe aparentemente simples, destacado por Vera Alice, poderia simbolizar uma resistência silenciosa à padronização e uma conexão visceral com o chão que pisava, reforçando a imagem de um homem genuíno e resiliente.

Além de sua vida laboral, Jesus Taveira era conhecido por seu talento musical. Durante os dias da semana, à noitinha, ele entoava canções com uma voz mansa e suave, criando momentos de comunhão e alegria familiar, onde todos faziam coro. Esses momentos eram pequenas celebrações diárias, onde a música servia como um laço de união e felicidade.

“Jesus do banjo” transformava-se no músico vibrante que dedilhava com destreza as cordas de seu banjo. Suas apresentações nas festas juninas, serenatas e encontros dos amantes da música eram aguardadas com expectativa, pois ele conseguia, através de seu talento, criar uma atmosfera de alegria e celebração que encantava a todos.

Através das memórias da poeta Vera Alice, emerge a figura de um homem que, apesar das limitações e dificuldades da vida, encontrou na música uma forma de expressão e um meio de alegrar aqueles ao seu redor. Sua dedicação tanto ao trabalho quanto à música é um testemunho de sua força e paixão pela vida. O legado de Jesus Taveira, portanto, não é apenas de um trabalhador esforçado, mas também de um artista cuja música continua a ressoar nas memórias e corações daqueles que tiveram a sorte de ouvi-lo.

Vera Alice dos Santos, com sua narrativa poética, consegue capturar a essência de seu pai, oferecendo ao leitor uma visão íntima e tocante de um homem cuja simplicidade e talento deixaram uma marca inesquecível na vida de sua família e comunidade itaunense.

 

Veja o incrível: Acróstico -  Jesus do Banjo 


Referências:

Arte, pesquisa e organização: Charles Aquino

História oral, escrita e acervo: Poeta Vera Alice dos Santos em 2016 (In Memoriam)

SANTOS. Vera Alice do. Essências. 1ª Coletânea do Grupo de Escritores itaunenses. Ed. Vide, 2015, p. 119.