sábado, abril 27, 2024

ASSOCIAÇÃO DE SANTA ZITA EM ITAÚNA


   Hoje, 27 de abril, celebra-se o dia de Santa Zita, virgem de Lucca, venerada padroeira das “Empregadas Domésticas”. Nascida em 1218 no povoado de Monsagrati, localizado perto da cidade de Lucca, na região italiana da Toscana, Zita vinha de uma modesta família camponesa. Envolvida no trabalho das famílias opulentas da nobreza, ela receberia sustento e roupas em troca de seu serviço dedicado. No entanto, este arranjo assemelhava-se a um “regime de servidão”, pois ela apresentava-se como uma dependente perpétua das famílias a quem servia. 

   Entre as décadas de 50 e 70, na próspera cidade de Itaúna, localizada na região Centro-Oeste de Minas Gerais, um notável coletivo de mulheres altruístas, predominantemente de ascendência africana, formou a Associação de Santa Zita. Sobre esse período, tivemos a oportunidade de conversar com quatro ex-trabalhadoras domésticas que fizeram parte da Associação Santa Zita de Itaúna (segundo grupo). Estas pessoas, Dona Edite Marques de Oliveira Melo (80 anos), Dona Geni Ferreira Pinto (86 anos), Dona Vicência Maria de Jesus (94 anos), e sua irmã, Dona Custódia Maria da Cruz Santos (96 anos), ainda emanam simpatia, vitalidade e devoção.


   Nas entrevistas, todas expressaram o profundo impacto que a Associação Santa Zita teve nas suas vidas, tanto em termos de crescimento espiritual como de desenvolvimento profissional. O Padre José Ferreira Neto, que desempenhou um papel fundamental de “guardião” da associação, foi amplamente citado com blandícia por todas as ex-integrantes. Recordavam-no com grande saudosismo, reconhecendo que, embora pudesse ter sido visto por alguns como um sacerdote vigoroso, porém, para elas foi um defensor amável e lépido. Durante entrevista, uma das participantes revelou que havia organizado uma apresentação teatral improvisada para o Padre Zé Netto, apesar de sua aversão a surpresas. No entanto, o resultado revelou-se inesperadamente agradável, pois “o padre caiu na gargalhada” e apreciou a experiência.

   A primeira missa era celebrada às 6h na Igreja da Matriz, momento que elas lembram ter participado antes de iniciarem o seu labor às 7h. Refletindo sobre a história de Santa Zita, uma das ex-domésticas relembrou as árduas horas que dedicou à casa dos patrões. Trabalhando incansavelmente sete dias por semana, carregou uma carga de trabalho superior a 8 horas por dia — “O patrão gostava de almoçar e jantar”. Contudo, para além das suas funções profissionais dentro das casas destas famílias, estas trabalhadoras domésticas também realizavam um trabalho afetivo e social, muitas vezes cuidando de crianças na ausência dos seus ocupados tutores.

   Neste período específico, o Dr. Célio Soares de Oliveira, Prefeito Municipal em exercício, aprovou oficialmente a Lei nº 509, em 29 de março de 1960. O artigo primeiro desta lei concedia permissão para doação de um terreno na vila Nogueira Machado à "Associação de Santa Zita". Os artigos segundo e terceiro estipulavam que este terreno se destinava à construção de uma residência para “as domésticas idosas e desamparadas”. Porém, se nada fosse construído no prazo de três anos, o terreno reverteria a “Patrimônio Municipal”.

   Já em 30 de janeiro de 1963, o prefeito alterou a Lei nº 509, passando pela Lei nº 627. A modificação refere-se especificamente ao artigo primeiro, que passou a ter a seguinte redação: “Fica o senhor Prefeito Municipal autorizado a doar à Associação de Santa Zita, 1 (um) lote de terreno com 600 m2 (seiscentos metros quadrados) [...] à Rua Antônio Orlando, nesta cidade”.

   As fiéis seguidoras de Santa Zita de Itaúna relembraram com alegria as diversas visitas e trabalhos espirituais que realizaram ao lado do padre Netto em diferentes localidades de Itaúna, especialmente no Córrego do Soldado. Além disso, em 1972, o Cônego José Netto organizou uma “romaria” à Basílica de Nossa Senhora Aparecida com as “domésticas de Itaúna” durante o “Ano Marial”. Este evento reuniu devotos de todos os estados, que foram calorosamente recebidos pelo Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta. A história desta experiência inesquecível foi rememorada por todas em seus depoimentos.

   Conta-se que aqueles que fizeram a “peregrinação” ao Santuário de Aparecida, buscando também a intercessão de Santa Zita, tiveram suas orações atendidas no mesmo ano. Ainda na década de 1972, um marco significativo foi alcançado com a promulgação da Lei 5.859/1972, que visava definir os direitos dos trabalhadores domésticos e garantir-lhes uma vida profissional mais digna. Uma devota seguidora de Santa Zita, diz se lembrar deste período, nos relata recordar vividamente, sobretudo, do momento em que cumpria diligentemente as suas tarefas diárias de limpeza e ouviu as notícias transmitidas pela rádio. Pouco depois, o seu empregador abordou-a e informou-a de que, a partir desse dia, ela teria direito a todos os benefícios exigidos pela lei recém-promulgada.

   No interior da igreja Matriz de Sant'Ana em Itaúna, comumente chamada de Igreja Matriz, encontra-se a venerada imagem de Santa Zita, que anualmente era adornada com uma coroa pelas irmãs devotas e com procissão ao seu redor. O estimado Maestro Henrique cuida de alguns artefatos que foram gentilmente cedidos para nossa pesquisa, entre eles o estandarte e diversos itens associados à Associação Santa Zita. O Maestro teve um papel significativo guiando-nos até às irmãs devotas e oferecendo “pistas” valiosas ao longo de nossa jornada investigativa.

   A ausência de Dona Ivolina Gonçalves foi profundamente sentida na esfera administrativa. Esta associação teve também o seu valor na ajuda às pessoas que se encontravam desempregadas, onde eram recomendadas, muitas vezes pela administradora, que rapidamente conseguia colocá-las num local de trabalho “casa de família”. Com a morte da coordenadora em 1977, o grupo ficou disperso e não deu mais seguimento com a Associação.

   Vale ressaltar dois detalhes dignos de nota. O primeiro detalhe envolve uma iniciativa legislativa conhecida como Projeto de Lei Municipal número 08/2011, de autoria do Edil Lucimar Nunes Nogueira e aprovada oficialmente por Lei de número 4.545 pelo Prefeito Municipal Eugênio Pinto em 18 de fevereiro de 2011. Essa lei instituiu o “Dia Municipal da Empregada Doméstica em Itaúna, que deverá ser comemorado anualmente no dia 27 de abril. É importante ressaltar que esta data comemorativa foi incluída no Calendário Oficial de Eventos de Itaúna. Passando para o segundo detalhe, a Associação Santa Zita possuía CNPJ válido com o CEP número 35680-030, no município de Itaúna, iniciando em 31/07/1972 com atividades de associações de defesa dos direitos sociais e organizações associativas ligadas à cultura e arte.

   O compromisso inabalável da virgem de Lucca com a caridade cristã conquistou seu amplo reconhecimento entre os pobres. Apesar de viver do trabalho, ela permaneceu firme em sua missão. Ao longo da sua vida, Santa Zita dedicou-se a prestar assistência aos menos favorecidos e aos doentes. Esta devoção altruísta persistiu até a sua morte, aos sessenta anos, em 27 de abril de 1278.

   Com o passar dos anos, a notícia de sua santidade se espalhou e, em 1652, um fato surpreendente foi revelado após a exumação de seu corpo — estava perfeitamente conservado, desprovido de quaisquer sinais de decomposição, o cadáver havia secado e transformado em estado mumificado. Assim, este acontecimento extraordinário solidificou a sua canonização em 1696, sancionada pelo Papa Inocêncio XII. Em 11 de março de 1955, o Papa Pio XII proclamou Santa Zita "protetora universal das servas” ou “padroeira das empregadas domésticas”.

   Atualmente, seu corpo continua repousando em uma capela que leva seu nome, encerrada em um relicário de vidro, venerado pelos devotos, localizada no interior da Basílica de São Frediano, igreja romana em Lucca, na Itália. Hoje recordamos também o 746º aniversário da morte desta santa medieval que viveu no século XIII e continua a viver no coração dos seus fiéis.

   Assim, utilizando registros imagéticos, relatos orais, fontes primárias e impressas, reunimos informações valiosas sobre esta associação e essas incríveis trabalhadoras domésticas, que consideramos um testemunho significativo dos aspectos tangíveis e intangíveis do patrimônio cultural de Itaúna.

Segundo grupo da Associação Santa Zita em Itaúna 

Padre José Ferreira Netto



Você está convidado a ler a mais recente edição do Tabloide Pedra Negra, que destaca a rica história da Associação Santa Zita de Itaúna. Nesta edição, são explorados os valiosos testemunhos das ex-integrantes dessa importante associação, que prestou apoio espiritual e profissional às empregadas domésticas da cidade entre as décadas de 50 e 70. 

A história de Santa Zita, padroeira das empregadas domésticas, inspira a narrativa, que também relembra a dedicação do Padre José Ferreira Neto e o impacto da legislação em favor dos trabalhadores domésticos. Leia o tabloide e conheça mais sobre este notável legado de fé, solidariedade e trabalho comunitário que moldou parte da história de Itaúna. Não perca a oportunidade de mergulhar nesse capítulo essencial da nossa memória coletiva. Tabloide versão completa

Referências: 

Texto, pesquisa e arte: Charles Aquino - Profissão Historiador Registro nº 343.

Apoio a pesquisa: Luiz Assis - Centro Pastoral Padre Jose Ferreira Neto

Apoio a pesquisa: Maestro Henrique - Paróquia Sant'Ana de Itaúna/MG

Apoio a pesquisa: Professor Pe. José Raimundo Batista Bechelaine

Razão Social: Associação Santa Zita: CNPJ: 16.814.329/0001-26

Câmara Municipal de Itaúna: LEI Nº 509, de 29 de março de 1960

Câmara Municipal de Itaúna: LEI Nº 627, de 30 de janeiro de 1.963

Câmara Municipal de Itaúna: Projeto de Lei nº 08/2011

Câmara Municipal de Itaúna: LEI No 4.545, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2011

Câmara dos Deputados - Palácio do Congresso Nacional: LEI Nº 5.859/1972


sábado, abril 20, 2024

GONÇALVES PELA EUROPA

   Na década de 1911, o capitalista Manoel Gonçalves de Souza Moreira, “impulsionado por sua inata necessidade de evoluir e aprender, realizou longa viagem de instrução e recreio à Europa, fato não muito comum, para aqueles tempos” (Souza,2002). Acompanhou-o nesta aventura sua esposa, Maria Gonçalves de Souza Moreira — Dona Cota. O casal itaunense embarcou a bordo do S.S. Konig Wilhelm II, navio a vapor de propriedade da renomada empresa de transporte transatlântico Hamburg America Line (HAPAG), com sede em Hamburgo, na Alemanha. 
   A HAPAG rapidamente se estabeleceu como líder no mercado global, atendendo à população imigrante alemã com destino à América do Norte e Europa Oriental. O navio a vapor em si ostentava um tamanho impressionante de aproximadamente 9.500 toneladas e uma potência formidável de 7.200 cavalos. Com um alcance médio de 1.572 milhas e uma velocidade de cruzeiro de 15½ nós, a embarcação foi uma prova de sua eficiência e sustentabilidade. 
   Após o regresso da Europa, Manoel Gonçalves de Souza Moreira, já com idade avançada, refletiu profundamente sobre o que deveria acontecer com a significativa riqueza que acumulara. Sem filhos e com profundo carinho pela cidade natal de Itaúna, tomou uma decisão profunda movida pelo seu espírito cristão e fraterno. Esta decisão moldaria o rumo da sua vida: estabelecer uma “Casa de Caridade” na sua cidade natal e doar generosamente uma parte substancial da sua considerável fortuna para a criação de uma instituição.  Esta instituição se dedicaria à construção e manutenção de um hospital, de um lar para idosos e de um pavilhão projetado especificamente para pacientes com tuberculose. Além disso, conforme previsto em seu testamento, parte dos recursos seria investida na educação dos jovens de Itaúna (NOGUEIRA, 2014). 
   Por essas ações conquistou o maior respeito, admiração e eterna gratidão de todos os itaunenses, tornando-se nosso maior patrono. Em 20 de julho de 1920, aos 68 anos, faleceu em Belo Horizonte e foi sepultado em Itaúna, conforme sua vontade, ao lado da "Casa de Caridade", que orgulhosamente leva seu nome como testemunho de sua benevolência. Dona Cota, que também era sua prima com quem se casou, foi uma pessoa única em Itaúna e sem dúvida a mais generosa filantropa do século XX em nossa cidade, por sua natureza profundamente compassiva (NOGUEIRA, 2014).

ROTA DO CRUZEIRO MARÍTIMO

S.S. Konig Wilhelm II 1907

INFORMAÇÕES DE VIAGEM AOS PASSAGEIROS

Refeições: É servido: 7 as 10 h café da manhã do relógio em primeiro lugar, e 12 as 13 hs almoço do meio-dia, às 7 horas do jantar da noite. Para cada refeição são impressos menus especiais. Espaços de mesa são instruídos pelo Comissário Chefe. 15 minutos antes do início da refeição, um sinal é dado; um segundo sinal indica o início das refeições. As crianças comem no berçário.
Música: Os concertos da banda no navio encontram-se no convés – manhã de 10 as 11 hs e no salão da primeira cabine durante o jantar.
Cabanas: Luz elétrica em cada conexão de cabines. Recomenda-se que os passageiros mantenham suas cabines fechadas durante sua permanência no porto.
Espaço para bagagem: Nas cabines apenas pequenas peças de bagagem podem ser acomodadas, a bagagem pesada deve ser arrumada no espaço, que está disponível diariamente.
Banhos: Os banheiros estão localizados a bordo, onde os passageiros podem obter banhos quentes a qualquer momento gratuitamente. Por favor, entre em contato com o comissário de bordo para fazer arranjos. A água usada é água do mar.
 Ginásio: O ginásio no convés do barco Primeiro para passageiros de primeira classe é destinado a homens das 8 as 10 h apenas, e novamente das 3 as 4 h. Mulheres das 10 h e das 4 as 5 h.
Ginástica: lugar sob a supervisão de um atendente de ginásio. O acesso de crianças não é permitido.
Sala de fumar: A sala de fumo está aberta de manhã cedo até meia-noite. É proibido fumar nas cabines, salões e sob o convés.
Salões: Estão abertos e serão fechados às 11 horas.
Médico e Farmácia: O steamer possui um médico nacionalmente certificado a bordo. Viajantes que ficam doentes durante a viagem são tratados gratuitamente e não cobram nada pelos medicamentos administrados. No entanto, o médico do navio está autorizado a exigir a taxa usual de viajantes para os passageiros que procuram tratamento de uma condição que não ocorreu durante a viagem.
Um intérprete está a bordo: Está disponível para interpretar todos os desejos ao pessoal operacional.
Barbeiro: O barbeiro pode cobrar por seus serviços. A remuneração é lançada na lista de preços da empresa.
Biblioteca: A biblioteca do navio consiste em obras em alemão, espanhol, inglês e francês e pode ser lida gratuitamente pelos passageiros durante a viagem. A biblioteca é gerenciada pelo administrador da biblioteca.
Cartas e telegramas: Para aceitar cartas e telegramas, que estão programados para entrega na próxima porta, o Primeiro Purser requer apenas o cálculo. Papel de carta e envelopes são administrados aos passageiros pelo mordomo do salão gratuitamente.
Cofre: O dinheiro e os objetos de valor podem ser entregues ao comissário de guarda no cofre localizado no quadro, mas sem responsabilidade adicional da Empresa.
 Câmbio monetário: O dinheiro estrangeiro pode ser trocado por viajantes pelo comissário de bordo do navio.
Jogos de entretenimento: como hoopla, shuPeboard, dominó, sapato, dama e etc., estão a bordo e disponíveis para os passageiros a qualquer momento.
Operação: Os comissários têm instruções para acomodar os desejos de nossos viajantes da maneira mais polida sempre que possível. Pede-se aos passageiros que denunciem qualquer reclamação sobre operação negligente ou comportamento rude do mordomo para o mordomo chefe.
Sistema de telegrafia sem fio: Está disponível para nossos passageiros. Nossos funcionários do telégrafo podem fornecer informações imediatas.
Lavanderia: Na lavanderia a bordo para homens, mulheres e crianças, o preços são da tarifa padrão. Para mais informações, veja a câmara Steward.

Oficiais/funcionários/Passageiros

O DESTINO DO NAVIO A VAPOR KONIG WILHELM II
USS Madawaska 1918

Em 23 de março de 1907, a renomada empresa alemã Stettiner Maschinenbau AG Vulcan construiu o navio Konig Wilhelm II. Posteriormente, a estimada companhia de navegação transatlântica Hamburg America Line (HAPAG) adquiriu a propriedade do navio.
    Quando a Primeira Guerra Mundial começou em 1914, o navio encerrou as operações em Nova York. Três anos depois, em 1917, o navio foi apreendido pelo governo dos EUA e recebeu um novo nome, USS Madawaska. Durante a Primeira Guerra Mundial, o navio embarcou em 10 viagens transatlânticas, transportando cerca de 12.000 homens para a Europa. Após o armistício de 1918, o navio embarcou em mais sete viagens, retornando com segurança 17.000 homens de volta para casa.
    O navio foi transferido para o Departamento de Guerra do Exército dos EUA em 1919 e depois passou por outra reconstrução em 1922. Foi durante esta reconstrução que o navio recebeu o novo nome US Grant (AP-29) e foi designado como Tropa Real. O navio desempenhou um papel crucial na Segunda Guerra Mundial, servindo como meio de transporte para soldados. O Grant continuou a ser utilizado por quase vinte anos, principalmente para fins de transporte de soldados por mar.
    Quase perdendo-a em 1939, o americano US Grant escapou por pouco do desastre quando ficou preso no traiçoeiro Inner Reef em Guam. No entanto, depois de dois dias, o navio foi reflutuado com sucesso. A Marinha dos EUA assumiu o controle do Grant em 1941. No ano seguinte, em 1942, ela desempenhou um papel na Operação Aleutian, transportando tropas para Kodiak e Cold Bay. Foi durante uma dessas viagens, especificamente durante a rota de Seattle para o porto holandês, que o navio encontrou um ataque de um submarino japonês em 20 de julho de 1942. Felizmente, o Grant evitou habilmente os torpedos e permaneceu ileso. Servindo no Alasca até 1944, continuou a cumprir suas funções.
US Grant (AP-29) 1938

    Após seu descomissionamento em 1945, o navio foi devolvido ao Exército dos EUA e estacionado em Seattle até 1946. Posteriormente, em 1948, o navio foi vendido à Boston Metals Co. Por seu serviço durante a Segunda Guerra Mundial, o US Grant, anteriormente conhecido como navio a vapor Konig Wilhelm II, foi premiado com uma estrela de batalha.
 
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Primeira Nota:

    O nome do navio a vapor S.S. Konig Wilhelm II, foi construído em homenagem ao rei Wilhelm II que governou o ducado de Wurttemberg (território alemão) de 1891 a 1918. Ele nasceu em Stuttgart em 1848 e morreu em 2 de outubro de 1921 em Bebenhausen. Este rei popular foi forçado a renunciar em 1918 no final da Primeira Guerra Mundial. Após sua renúncia, ele nunca mais entrou na cidade-residência real de Stuttgart, estabelecendo-se em Tübingen. Seu desejo era ter um túmulo simples no antigo cemitério de Ludwigsburg. Ele é memorializado com uma estátua dele andando com seus cães em frente ao Wilhelmspalais, a residência real em Stuttgart.

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Segunda Nota:

    Ao analisar um trecho da obra do Dr. Miguel Augusto Gonçalves de Souza (2002), verifica-se que a data informada sobre a viagem de Manoel Gonçalves de Souza Moreira está errada. O autor registrou que Manoel havia feito sua viagem à Europa em 1912, porém, ao pesquisarmos essa informação, foi encontrado um anúncio no jornal "O Paiz" informando que o casal Gonçalves de Souza havia retornado da Europa em 1911, ou seja, a viagem ocorreu antes a data informada.
    Já o pesquisador  Dr. Guaracy de Castro Nogueira foi acautelado ao informar sobre a viagem de Manoel. O historiador somente registra que Manoel Gonçalves de Souza Gonçalves “ ao regressar de sua viagem à Europa em Paris, na cidade Luz, já idoso, passou a meditar […]”
JORNAL O PAIZ RJ / SEGUNDA,10 DE JULHO 1911


REFERÊNCIAS:

Organização, pesquisa e arte: Charles Aquino -  Profissão Historiador Registro nº 343.

SOUZA, Miguel Augusto Gonçalves de: Itaúna: sua trajetória política, social, religiosa, econômica e cultural, desde a criação do Arraial de Santana do São João Acima, em 14 de outubro de 1765, até a data do centenário de instalação do município: 1765-2002. BH, Santa Clara, 2002, p.127.

Nogueira, Guaracy de Castro, 2014. Biografia de Manoel Gonçalves de Souza Moreira. Disponível em: https://itaunacaridade.blogspot.com/2014/12/manoelzinho-e-dona-cota.html  

Sousa, Monsenhor Hilton Gonçalves de. Manoel Gonçalves. Disponível em: https://itaunacaridade.blogspot.com/2014/12/manoel-goncalves-de-souza-moreira-entre.html  

Nogueira, Guaracy de Castro Nogueira. Dona Cota. Disponível em:  https://itaunacaridade.blogspot.com/2014/12/maria-goncalves-de-souza-moreira-dona.html  

Nogueira, Guaracy de Castro Nogueira. Manoelzinho e Dona Cota. Disponível em:  https://itaunaemdecadas.blogspot.com/2013/11/batismo-manoel.html

Enciclopédia Ilustrada de Pesquisa: Itaúna em detalhes, 2003, p.36.

Nav Source Online: Service Ship Photo Archive. Disponível em: http://www.navsource.org  

Gjenvick-GjonvikArchives: Disponível em: https://www.gjenvick.com  

Acervo fotográfico: Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org

Instituto Cultural Maria Castro Nogueira

Ships Nostalgia. Disponível em: http://www.shipsnostalgia.com  

 

quinta-feira, abril 18, 2024

EDUCAÇÃO, JUSTIÇA & ARTE


A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) marcou presença no lançamento do projeto Educação, Justiça e Arte, realizado nesta terça-feira (16/4) pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O objetivo do projeto é utilizar expressões artísticas e culturais para abordar questões sensíveis e contemporâneas relacionadas ao direito à educação de qualidade para crianças e jovens.

A iniciativa, que acontecerá de abril a novembro deste ano, reúne promotores de Justiça do MPMG, cartunistas de diversas regiões do país e membros da comunidade escolar de Minas Gerais em uma série de atividades educativas e culturais.

Promovido pelo Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Defesa da Educação (Caoeduc), em colaboração com o Observatório de Comunicação (Lei.A) e a Cartuminas, o projeto conta com a parceria da SEE/MG. A curadoria artística está a cargo de Eduardo Evangelista, conhecido como Duke, chargista, cartunista e ilustrador.

O secretário de Estado de Educação, Igor de Alvarenga, presente na solenidade, ressaltou a importância da linguagem artística, como charges e desenhos, para permitir que os estudantes expressem suas ideias de forma mais acessível. “A linguagem, por meio de charges, desenhos, traz uma sensibilidade, uma leveza, para que o estudante possa expressar, de fato, aquilo que ele às vezes tem dificuldade de falar ou escrever. É importante que essa forma de comunicação esteja presente ainda mais nas escolas”, afirmou.

O projeto “Educação, Justiça e Arte” foi concebido para aproximar a população do trabalho do Ministério Público e ampliar o entendimento sobre os direitos coletivos, especialmente o direito à Educação.

A coordenadora do Caoeduc e promotora de Justiça, Ana Carolina Zambom, destacou o papel do Ministério Público como defensor da sociedade e explicou a importância de tornar sua atuação compreensível para todos, especialmente crianças, adolescentes e jovens. “Como você fala para alguém sobre os seus direitos, se você não se faz entender? Isso se acentua quando estamos falando com crianças, adolescentes e jovens. Então, a nossa busca é encontrar meios de aproximar a sociedade do trabalho do Ministério Público”, ressaltou.

Fonte e imagem: https://www.educacao.mg.gov.br/mpmg-lanca-projeto-artistico-e-cultural-educacao-justica-e-arte-com-a-participacao-da-secretaria-de-educacao/

Saiba mais: https://www.instagram.com/caoeduc.mpmg/

 

domingo, abril 14, 2024

SACRÁRIO ITAUNENSE

   Os cemitérios destacam-se entre os locais onde a história realmente ganha vida. Na narrativa histórica de uma cidade, existem determinados lugares que desempenham o papel de testemunhas silenciosas e guardiões de registros passados, encapsulando memórias e narrativas daqueles que outrora habitaram os seus espaços. Os cemitérios servem não apenas como locais de descanso definitivos, mas também como repositórios inestimáveis de legado histórico. Nestes espaços sagrados, as histórias do passado são ressuscitadas através da presença de monumentos, lápides, placas e gravuras. Estes lugares apresentam uma oportunidade incomparável de mergulhar no patrimônio material e imaterial que salvaguardam, proporcionando um vislumbre diversificado e cativante da tapeçaria rica em experiências humanas do nosso passado e da riqueza da nossa cultura.

   Os cemitérios são um testemunho real de museus ao ar livre — que demonstram tendências reais por meio de artefatos físicos neles presentes — repletos de elementos arquitetônicos e artísticos que refletem estilos em evolução de diferentes períodos ao longo dos séculos. Dentro do patrimônio arquitetônico e artístico da região, cada estrutura, seja um grande mausoléu exibindo opulência através de esculturas complexas ou uma humilde lápide marcando os séculos passados, narra silenciosamente a sua própria história. 

   No entanto, para além do patrimônio tangível, os cemitérios proporcionam uma visão daquilo que é conhecido como patrimônio imaterial: as histórias, tradições e memórias que pertencem aos lugares. Cada lápide — cada nome registrado em uma placa — contém um vislumbre das vidas e dos legados daqueles que ali jazem, como uma cápsula do tempo. As histórias não se concentram apenas em personalidades notáveis, mas também incluem registros de pessoas simples e eventos comuns que fizeram parte da comunidade ao longo do tempo, retratando aspectos comuns e extraordinários.

   Além disso, as pessoas frequentam os cemitérios como locais de oração e reflexão sobre questões universais relacionadas com a morte, a perda ou o legado — o que proporciona uma experiência emocional ou filosófica que contribui com outra camada de valor cultural intangível para a compreensão ou apreciação mais profunda do nosso patrimônio cultural. Este espaço não só nos leva de volta ao passado, mas também nos torna conscientes da importância de conservar e proteger a riqueza histórica dos nossos antepassados como membros de uma sociedade — rica ou pobre — ao mesmo tempo que nos convida a considerar a igualdade devido à mortalidade.

CEMITÉRIO SÃO MIGUEL ARCANJO SANTANENSE (Breve)

CEMITÉRIO PARQUE JARDIM SANTANENSE (Breve)

CEMITÉRIO CENTRAL SÃO JOSÉ  ✅

CEMITÉRIO CÓRREGO DO SOLDADO (Breve)

CEMITÉRIO ADRO DO ROSÁRIO (Breve)

CEMITÉRIO VELHO (Breve)

VISITA GUIADA (Breve)


Referências:

Apoio Cultural Itaúna Décadas & Jadapax

Imagem meramente ilustrativa: Matt Botsford

Texto, arte e organização: Charles Aquino

quinta-feira, abril 11, 2024

CONCURSO LITERÁRIO

   Na década de 1977, Itaúna sediou um concurso de literatura brasileira no cinema nacional, organizado pela Embrafilme, Ministério da Educação e Diários Associados, reforçando seu status de “Cidade Educativa”. No âmbito deste evento, o filme “O Seminarista” foi exibido simultaneamente em diversas cidades. Em reconhecimento à importância desta competição, foi concedido um total de Cr$ 18.000,00 (Dezoito mil cruzeiros) em prêmios.

  O processo de seleção consistiu na escolha das três melhores obras sobre o filme, inspiradas no romance de Bernardo Guimarães, que determinariam os vencedores deste concurso. Seriam atribuídos prémios em dinheiro aos vencedores, com uma generosa quantia de dez mil para o primeiro lugar, cinco mil para o segundo lugar e três mil para o terceiro lugar. A prestigiosa cerimônia onde seriam entregues esses prêmios estava marcada para o dia 21 de outubro, no renomado Palácio das Artes, em Belo Horizonte.

   Para participar do concurso, os participantes teriam que submeter um trabalho composto de uma a três páginas oficiais. O trabalho deveria incluir um resumo e comentários opcionais relacionados tanto ao filme quanto ao livro que inspirou sua trama. Podiam concorrer estudantes do ensino médio ou superior com idade mínima de 16 anos. As inscrições permaneceram abertas até o dia 7 de outubro. Os interessados poderiam enviar a carta de inscrição para a Embrafilme, na Avenida dos Andradas número 377, em Belo Horizonte, ou para o Cine Rex, em Itaúna. O filme foi exibido simultaneamente em Itaúna e Belo Horizonte, estreando em 12 de outubro de 1977.

 

Referência:

Pesquisa: Charles Aquino

Fonte Impressa: Acervo da Hemeroteca Digital Brasileira

O Processo, Conselheiro Lafaiete, 2ª quinzena de junho de 1977, nº82, p.2

Imagem: https://www.cineplayers.com/filmes/o-seminarista


Filme disponibilizado por:  Cine Brasil América
 
“O SEMINARISTA”

DIREÇÃO: Geraldo Santos Pereira

ROTEIRO: Geraldo Santos Pereira (roteiro), Afonso Henrique Neto (roteiro), Alphonsus de Guimarães Filho (roteiro), Bernardo Guimarães (romance)

GÊNERO: Drama, Romance

ORIGEM: Brasil

DURAÇÃO: 101 minutos

Adaptação do romance homônimo de Bernardo Guimarães publicado em 1872, que analisa e critica o celibato clerical, um grande problema religioso. 

 Elenco:

Louise Cardoso .... Margarida

Eduardo Machado .... Eugênio

Raul Cortez .... Padre Diretor

Liana Duval .... Umbelina

Ida Gomes

Urbano Lóes

Lídia Mattos .... Hermínia Antunes

Nildo Parente .... Capitão Antunes

Fernando Reski

Xandó Batista .... Padre Confessor

Ricardo Arantes

Gustavo Pelli


sexta-feira, abril 05, 2024

FUNÇÃO E TAREFA DO HISTORIADOR

A FUNÇÃO E TAREFA DO HISTORIADOR
    A função do historiador envolve o estudo dos acontecimentos históricos por meio do exame de fontes, utilizando um referencial teórico e metodológico. Além disso, os historiadores têm a tarefa de examinar e decifrar estes acontecimentos, abordando-os sempre de um ponto de vista crítico e considerando as suas potenciais consequências no presente e no futuro.

    Ao investigar os anais da história, os historiadores escolhem cuidadosamente entre uma variedade de fontes, incluindo documentos oficiais, manuscritos, fotografias, artefatos, descobertas arqueológicas e relatos orais. Através da análise destes materiais históricos, consideram o meio social, econômico e cultural da época em exame, estabelecendo ligações com o conhecimento científico existente.

    O objetivo deste esforço é apresentar algumas reflexões sobre as responsabilidades dos historiadores à luz do processo crescente de transformação da sociedade contemporânea numa cultura orientada para o patrimônio. Para além das tarefas convencionais dos historiadores na identificação e preservação de ativos tangíveis e intangíveis, os seus esforços suscitam a contemplação de preocupações éticas e políticas.

    A tarefa de um historiador é aprofundar e analisar eventos históricos. No entanto, é crucial ter cautela e evitar cair na armadilha do anacronismo, um passo em falso ou erro que é amplamente considerado inaceitável no campo da investigação histórica. O anacronismo normalmente surge quando as perspectivas atuais são impostas ao passado.

    Quando os historiadores examinam o passado, podem inadvertidamente introduzir o anacronismo ao aplicarem as suas ideias atuais ao seu estudo. Isto leva a uma interpretação do passado que se alinha com o pensamento atual, em vez da mentalidade do período específico que está sendo estudado. O anacronismo também prevalece na análise e discussão de certos termos ou conceitos. Por exemplo, a compreensão de “direita” e “esquerda” durante a Guerra Fria não pode ser diretamente aplicada ao seu significado nos dias de hoje. Apesar das limitações, as pesquisas desses acontecimentos históricos continuam a ser uma valiosa fonte de informações que pode melhorar substancialmente a nossa compreensão de ocorrências passadas.

    No dia 17 de agosto de 2020 ocorreu a sanção oficial da regulamentação da profissão de historiador no Brasil com a promulgação da Lei nº 14.038. Esta lei serve para reger e fiscalizar a prática dos historiadores profissionais no país.

 Em breve ... artigos e entrevistas. 


Texto, arte e elaboração: Charles Aquino - Profissão Historiador Registro nº 343.

Referências:

https://www.camara.leg.br/noticias/685095-LEI-QUE-REGULAMENTA-PROFISSAO-DE-HISTORIADOR-E-PUBLICADA-APOS-DERRUBADA-DE-VETO

http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1250

https://www.todoestudo.com.br/sociologia/anacronismo

http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/RevPat34_m.pdf

http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/218

https://legis.senado.leg.br/norma/32553822#:~:text=Disp%C3%B5e%20sobre%20a%20regulamenta%C3%A7%C3%A3o%20da%20profiss%C3%A3o%20de%20Historiador%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias

Imagens meramente ilustrativas