terça-feira, abril 26, 2022

ESCOLA NORMAL 1926

ESCOLA ESTADUAL DE ITAÚNA: NORMALISTAS 1926

INTERNATO DO 1º ANO NORMAL


Ecos da Escola Estadual de Itaúna

Era o ano de 1926. Itaúna ainda se vestia de manhãs frias e de ruas poeirentas, onde o som das carroças se misturava ao repicar distante dos sinos da Matriz. No alto da cidade, imponente e austera, erguia-se a Escola Normal, orgulho da instrução pública e símbolo da formação feminina de uma época em que estudar era também um ato de coragem e distinção.

Ali, entre os longos corredores e as salas iluminadas por janelas de guilhotina, formava-se o grupo das normalistas do primeiro ano, jovens vindas de diversas partes do interior mineiro. Muitas delas moravam no internato, longe das famílias, e dedicavam-se aos estudos com disciplina e delicadeza. As batas brancas, bem passadas, e os laços de fita no cabelo eram quase tão importantes quanto o caderno de caligrafia ou o compêndio de pedagogia.

Os dias começavam cedo. Às seis, o toque do sino anunciava o despertar. No refeitório, o aroma do café com leite misturava-se ao de pão fresco — preparado com o mesmo zelo com que se ensinava a costura e a boa postura. Depois vinham as aulas: Didática, Aritmética, Língua Pátria, Moral e Civismo, e, para as mais dedicadas, Piano e Canto Coral — porque ser professora, naqueles tempos, era também cultivar a harmonia da alma.

Nas horas de recreio, o pátio se enchia de risadas e confidências. Falava-se sobre os bailes da cidade, as serenatas na praça, as cartas que vinham pelo correio trazidas pelo tropeiro que passava toda semana. Algumas escreviam em diários, guardando segredos que talvez jamais fossem lidos; outras sonhavam em lecionar em escolas rurais, levando o saber às crianças das fazendas.

A diretora, sempre vigilante, zelava pela compostura e pela reputação das moças — afinal, uma normalista representava o ideal de virtude e instrução feminina. O diploma, obtido após três anos de estudos rigorosos, não era apenas um documento: era o passaporte para o respeito social, a chave para a autonomia em um tempo em que poucas mulheres ousavam trilhar caminhos próprios.

Hoje, passados quase cem anos, ainda se ouvem os ecos das vozes dessas jovens nos corredores da Escola Estadual de Itaúna, guardiã silenciosa de uma época em que o magistério era vocação e missão.

Os retratos amarelados de 1926 — com "fileiras" de moças de olhar firme e semblante sereno — revelam mais que uma turma escolar: mostram a semente de uma geração que ensinou Itaúna a ler, escrever e sonhar.

E talvez, se alguém se aproximar do antigo prédio em uma tarde de vento leve, possa imaginar o rumor das saias longas, o tilintar dos tinteiros e o suave murmúrio das vozes ensaiando a lição do dia seguinte. São as normalistas de 1926, eternas, desfilando pela memória da cidade como páginas vivas da história da educação e da mulher itaunense.

1) Luiza

2) Maria Lage

3) Maria Diniz

4) Maria Soares

5) Lysa

6) Maria Campos

7) Maria Andrade

8) Edith

9) Carmem






Referências:

Acervo: Edward Rodrigues da Silva

Colaborador: Dr. Alan Penido

Organização, Arte e Restauração: Charles Aquino