ANO DE 1911
Rio de Janeiro, segunda feira, 6 de
novembro
A
Cooperativa Itaunense de Lacticínios, organizada há pouco, vai instalar
brevemente na capital uma grande leiteria modelo, dotada de aparelhos
frigoríficos, pasteurizados, resfriadores, etc.
A
Cooperativa Itaunense de Lacticínios já está construindo na próspera vila de
Itaúna, em frente da estação, um vasto edifício para a sua sede onde vai
instalar os machinismos mais
aperfeiçoados para o tratamento do leite e produtos de lacticínios.
Dessa
nova associação fazem parte 50 associados, todos fazendeiros e criadores,
achando-se a mesma, portanto, em ótimas condições para fornecer qualquer
quantidade de leite superior qualidade a população desta capital.
Os
Srs. João Gonçalves de Souza e Luiz Ribeiro de Oliveira, diretores da
Cooperativa Itaunense de Lacticínios, já requereram à Prefeitura de Belo
Horizonte, a licença para estabelecer a leiteria naquela capital, onde, além de
leite pasteurizado ou simplesmente congelado, leite homogeneizado. Venderão
manteiga fresca e sem sal, “petits-suisses”,
queijos e requeijões, enfim, todos os produtos de laticínios.
Com
a dupla instalação de frigoríficos e mais aparelhos em Itaúna e em Belo
Horizonte, devido a pequena distância (100 km) que separa as duas localidades,
devido ainda a serem os fornecedores de leite, todos os sócios, suprimindo-se
assim todo intermediário.
A Cooperativa Itaunense de Lacticínios acha-se
em condições até hoje ainda não igualadas para o abastecimento de leite ao
consumidor.
ANO DE 1913
“19 de março de 1913 — Inaugura-se
solenemente, com a presença do Secretário da Agricultura sr. José Gonçalves de
Sousa, a Cooperativa de Lacticínios, com prédio e maquinários próprios à nova indústria.
” (JOÃO DORNAS, 1951)
Rio de Janeiro, sexta-feira, 28 de
março
Inaugurou-se
a 19 do corrente, a Cooperativa de Lacticínios Itaunense, instituição que está
destinada a prestar os melhores serviços a uma das mais prosperas industrias
daquele futuroso município.
A
cerimônia inaugural realizou-se perante numerosa assistência, sendo honrada com
a presença do Dr. José Gonçalves de Souza, secretário da agricultura; do
presidente da Câmara Municipal e várias outras pessoas gradas.
A
nova Cooperativa, aparelhada para entrar em franco e perfeito funcionamento,
está instalada em amplo e confortável edifício, possuindo as mais modernas e
aperfeiçoadas machinas, que foram
compradas a casa Arens & C., por
intermédio de seu representante nesta capital, Dr. Carlos Beaumord.
O
prédio é dividido em diversas seções. Logo a entrada, vê-se grande salão, onde
se acham localizadas as machinas para
produção e preparação de manteiga e demais subprodutos. A um lado dessa sala
está a seção de latas, provida de machinas poderosas e rápidas, e do outro a de
força motriz, que é fornecida por um motor elétrico e a vapor.
Ao
fundo no estabelecimento encontram-se a seção para a pasteurização do leite e
creme, os resfriadores, a refinação de sal e as câmaras frigoríficas. As machinas frigoríficas, que se acham ligadas
a câmara de refrigeração do leite, são de sistema modernismo, como todas as
demais machinas que figuram na
cooperativa, e comportam um possante compressor de anídrico sulfuroso com a
capacidade de 30 mil frigorias,
condensador, encanamentos e ligações de frio a câmara frigorífica,
perfeitamente isolada, de acordo com processos científicos já adotados na
prática moderna, produzindo, além do fio, necessário a refrigeração do leite,
etc., cerca de 600 quilos de gelo por dia .
A
seção da manteiga possui tudo quanto existe de novo e perfeito; tanques de
filtração, aquecedores, desnatadeira, pasteurizador para creme, refrigerador,
salgadeira e batedeira automáticas, uniformizadora e purificadora e machina a motor, que serve par a
refinação da manteiga, expurgando-a do soro.
Para
a exportação do leite, dispõe a cooperativa de todos os machinismos necessários, desde o menor lacto-decímetro até o mais
perfeito e complicado pasteurizador, podendo com eles chegar-se a completa
congelação do leite. A
refinação do sal, feita a vapor é de sistema aperfeiçoadíssimo, permitindo
trabalho contínuo, sem os inconvenientes das instalações a fogo nu.
A
fábrica de latinhas para o acondicionamento do produto, acionada por magnífico motor,
permite a confecção de latas de todos os sistemas. Possui também a cooperativa
instalações para o beneficiamento da manteiga e muitas outras.
Aos
presentes foi servida uma taça de champanhe, tendo o Sr. Mário Matos saudado o
Dr. José Gonçalves de Souza como o continuador da grande obra remodeladora de
João Pinheiro, bem como aos dignos e operosos diretores da cooperativa, coronéis
João Gonçalves de Souza e Luiz Ribeiro de Oliveira, em nome do povo Itaunense,
que via no auspício facto o progresso da futurosa
Itaúna.
Em
nome do comércio, falou o Sr. Francisco Santiago, tendo respondido a ambos os
oradores, o Dr. José Gonçalves de Souza.
Aprova os estatutos da Cooperativa Agrícola de Lacticínios Itaunense
ANO DE 1946
COOPERATIVA AGROPECUÁRIA DE ITAÚNA LTDA
COOPERATIVA AGROPECUÁRIA DE ITAÚNA LTDA
Fundada
em 7 de junho de 1946 a Cooperativa Agropecuária de Itaúna Ltda., com o apital
de Cr$ 356.000,00, reunia 79 associados, os quais seguindo o exemplo de seus
antepassados, sabiam que a união traz a força e o progresso.
Entregando
leite e creme em troca de forragens, ferramentas, tecidos, gasolina, querosene,
sal, arame farpado e etc., puderam os felizes iniciadores de hoje, criar a
Cooperativa Agropecuária de Itaúna Ltda. agrupar-se como um grupo poderoso que
lhes garante um melhor preço para o seu produto e entregar-lhes os artigos de
que necessitam por preços bem mais acessíveis dos que os encontrados no
mercado.
Entregue
que foi aos espíritos esclarecidos de Geniplo Dornas, José Carvalho Júnior,
Cândido Perilo e tendo como conselheiros os Srs. Godofredo Gonçalves de Sousa,
Antônio Gonçalves Chaves e Luiz Ribeiro Filho, hoje tornou-se uma verdadeira
potência econômica, com o capital de Cr$ 908.300,00, o que observando o seu
curto período de existência, nos faz prever um futuro bastante promissor.
Sua
atual direção está entregue ao Sr. Henrique Antunes Vilaça que é o seu Presidente.
Como diretor comercial tem o Sr. José Carvalho Júnior. Diretor Secretário o Sr.
Afonso Cerqueira Lima e como conselheiros os Srs. Artur Contagem Vilaça, José
Edward Santiago e Luiz Ribeiro Filho, contando hoje com 174 associados.
A
sua capacidade é atestada pelo grande movimento de entrada e saída de leite e
creme. Nossa reportagem examinando o movimento de 1952, pode verificar que a
Cooperativa recebeu de seus associados 3, 554.542 litros de leite, os quais em
sua quase totalidade foram transportados para a Capital, em seus três carros
tanques, onde foram entregues a Usina Central de leite para a devida
distribuição a população.
Também
a Cooperativa é associada da Fábrica de Leite em Pó que se instala na vizinha
cidade de Sete Lagoa, tendo já realizado a sua quota de capital. Já se
aperceberam todos os fazendeiros e produtores de Itaúna e cercanias, do papel
preponderante que representa a Cooperativa Agropecuária de Itaúna Ltda., na sua
economia e todos já se associaram, dela recebendo os benefícios previstos.
É
também pensamento da atual diretoria instalar uma fábrica de rações balanceadas
na própria sede no decorrer do ano de 1954. Pelo que pudemos constatar, o
município de Itaúna, não é somente zona siderúrgica, pois tem também bastante
desenvolvida a sua pecuária e agricultura.
Num
dia que não deve estar longe, a acanhada cidade de Santana do Rio São João
Acima, estará formando entre as primeiras cidades de Minas, em progresso visto
que em outros setores, de há muito o vem fazendo.
PESQUISA E ORGANIZAÇÃO: Charles Aquino
REFERÊNCIAS:
Jornal
O PAIZ: Rio de Janeiro, 6 de novembro de 1911, nº 9892, p.4.
Jornal
O PAIS: Rio de Janeiro, 28 de março
de 1913, nº 10.399, p.6.
FILHO,
João Dornas. Efemérides Itaunenses. Coleção Vila Rica, Ed. João Calazans, 1951,
p.37.
Revista
Acaiaca: Celso Brant – Diretor, 195, p.192,193.
Leis
Mineiras e Decretos: 1912, p. 976.
Textos
transcritos conforme originais.