Antigamente
havia Patinete e Baratinha! São aqueles extintos carrinhos com rodas de
rolamentos (rolimã), montados em uma estrutura de madeira que os meninos
andavam por aí. A gente sobe em cima e sai descendo os morros.... Nas patinetes
se anda de pé, segurando o guidão (tipo Walk Machine), um dos pés vai batendo
no chão, para dar impulsão quando se anda em retas.
Mas
eu gostava mesmo era das baratinhas, onde a gente assentava para dirigi-las. O
eixo de direção ficava nos pés, o freio era um pedaço de pau, pregado do lado
do corpo da baratinha (tipo alavanca), seu atrito com o chão parava o
‘veiculo’.
Teve
uma época em minha infância que deu ‘crise de baratinha’! Eu lancei a mania,
após meu pai cunhar uma linda baratinha a meu pedido. Ele pegou o formão, serrote
e demais ferramentas e foi construindo-a no design que eu pedi: afinando, do
assento para os pés. Ficou linda e diferente das tradicionais ‘quadradas’.
Eu
e o Dóse meu irmão ficávamos revezando a baratinha, azucrinando os vizinhos com
aquele barulho dos rolamentos em seus passeios. Minha mãe custava a deixar a
gente andar, pois sabia que a gente acabava incomodando, mesmo sem haver
reclamações.
Nesta
época a prefeitura asfaltou as ruas do centro, com o novo asfalto nós deixamos
os passeios e passamos a andar no meio das ruas, era uma maravilha! Eu me
lembro que o Delmar Parreiras (que morava nas proximidades) apareceu com uma
linda baratinha pintada de azul. Foram aparecendo outras baratinhas e foi
virando uma festa!
Após
o asfaltamento, organizamos várias corridas de baratinhas. A pista, era a rua
Manoel Gonçalves, se iniciando atrás da igreja da matriz e acabando na linha
férrea da avenida Dª Cota. Nos cruzamentos da Godofredo e Zezé Lima, ficava um
de nós na esquina olhando para ver se vinha carro.
Nas
competições eram comuns os capotamentos, raladas e trombadas naquele asfalto da
rua Manoel Gonçalves. Algumas vezes, descíamos disparados, sem ninguém olhando
na esquina. A adrenalina causada pelo risco de atropelamento era liberada e
aquilo ficava emocionante! Para nós, passar num cruzamento ‘voando’ numa
baratinha, era como brincar de roleta russa! Mas Deus protegeu!
Texto:
Pepe Chaves — Desenhista, pesquisador, ufólogo, músico, documentarista e
jornalista.
Digitação:
Ana G. Gontijo e Ícaro N. Chaves
Organização:
Charles Aquino
Acervo
disponível em: https://br.pinterest.com/pin/472807660854354994