terça-feira, outubro 24, 2017

ITAÚNA: NO TEMPO DAS BARATINHAS



Antigamente havia Patinete e Baratinha! São aqueles extintos carrinhos com rodas de rolamentos (rolimã), montados em uma estrutura de madeira que os meninos andavam por aí. A gente sobe em cima e sai descendo os morros.... Nas patinetes se anda de pé, segurando o guidão (tipo Walk Machine), um dos pés vai batendo no chão, para dar impulsão quando se anda em retas.
Mas eu gostava mesmo era das baratinhas, onde a gente assentava para dirigi-las. O eixo de direção ficava nos pés, o freio era um pedaço de pau, pregado do lado do corpo da baratinha (tipo alavanca), seu atrito com o chão parava o ‘veiculo’.
Teve uma época em minha infância que deu ‘crise de baratinha’! Eu lancei a mania, após meu pai cunhar uma linda baratinha a meu pedido. Ele pegou o formão, serrote e demais ferramentas e foi construindo-a no design que eu pedi: afinando, do assento para os pés. Ficou linda e diferente das tradicionais ‘quadradas’.
Eu e o Dóse meu irmão ficávamos revezando a baratinha, azucrinando os vizinhos com aquele barulho dos rolamentos em seus passeios. Minha mãe custava a deixar a gente andar, pois sabia que a gente acabava incomodando, mesmo sem haver reclamações.
Nesta época a prefeitura asfaltou as ruas do centro, com o novo asfalto nós deixamos os passeios e passamos a andar no meio das ruas, era uma maravilha! Eu me lembro que o Delmar Parreiras (que morava nas proximidades) apareceu com uma linda baratinha pintada de azul. Foram aparecendo outras baratinhas e foi virando uma festa!
Após o asfaltamento, organizamos várias corridas de baratinhas. A pista, era a rua Manoel Gonçalves, se iniciando atrás da igreja da matriz e acabando na linha férrea da avenida Dª Cota. Nos cruzamentos da Godofredo e Zezé Lima, ficava um de nós na esquina olhando para ver se vinha carro.
Nas competições eram comuns os capotamentos, raladas e trombadas naquele asfalto da rua Manoel Gonçalves. Algumas vezes, descíamos disparados, sem ninguém olhando na esquina. A adrenalina causada pelo risco de atropelamento era liberada e aquilo ficava emocionante! Para nós, passar num cruzamento ‘voando’ numa baratinha, era como brincar de roleta russa! Mas Deus protegeu!


Texto: Pepe Chaves — Desenhista, pesquisador, ufólogo, músico, documentarista e jornalista.
Digitação: Ana G. Gontijo e Ícaro N. Chaves
Organização: Charles Aquino